Acho até meio estranho este comentário. Na iniciativa privada o uso de testes psicológicos é utilizado extensivamente, eu mesmo passei por alguns em minhas mudanças de emprego e atualmente como diretor não dispenso uma boa avaliação psicológica dos candidatos a vagas em meu departamento, justamente para detectar características como iniciativa, agressividade, capacidade de entrosamento, etc... . Nossa experiência prática é que todas as vezes que utilizamos estes destes de forma adequada a equipe selecionada mostra excelente desempenho profissional, e nas vezes em que eles não foram aplicados ou o foram por psicólogos pouco experientes (e nos poucos casos em que os resultados foram ignorados) o pessoal contratado acabou dando dor de cabeça.vilmarmoccelin escreveu:Imagino que esse Coronel usou os TG justamente com a idéia de "descarregar" parte do peso das costas do EB e passar pra grandes prefeituras, não que eu concorde, mas imagino que a idéia foi essa.jauro escreveu: Isso faz bastante sentido e poderia funcionarde imediato.
Isso também faz sentido, desde que a solução não seja o TG.
TG não é do EB e sim das prefeituras. O EB só entra com a instrução e alguns poucos MEM.
Algumas idéias são bem interessantes, parecidas com o funcionamento de alguns exércitos grandes, o USArmy, por exemplo. Muitos temporários nas bases, justamente onde se necessita de um número maior (Tenentes e 3o Sargentos) e se tirar desse grupo os que são aptos pra subir e passar a ser militar "de carreira").
Agora, o que eu achei bem estranho foi essa parte aqui:
Possui dois erros, um, não existe essa de medir vocação guerreira com teste psicotécnico, muito menos colocar nota nisso...Ter cursado um Tiro de Guerra deve ser um dos pré-requisitos para os candidatos á Escola Preparatória, que equivaleria a um curso de sargentos no CPQR. Para o ingresso, uma média ponderada da prova intelectual com um exame psicotécnico que possa medir a vocação guerreira. Um chefe militar não pode ter como aspiração uma carreira dedicada à burocracia de tempo de paz.
Quando a pátria está em perigo, todos entram na luta, mas o sucesso é mais difícil quando ela não é conduzida por guerreiros vocacionados.
Na verdade foi uma surpresa para mim saber que até hoje este tipo de teste ainda não é utilizado pelas FA's, principalmente para a seleção de candidatos à oficial.
Aqui acho que a idéia seria ter este pré-requisito para as academias militares (principalmente a AMAN), justamente no caso do candidato não vir de uma escola preparatória. Neste caso concordo plenamente, e já discutia este assunto com ele e meu pai décadas atrás. A posição de meu pai era de que os oficiais deveriam ter uma certa "aura de nobreza", e não deveriam ter nenhuma formação em conjunto com praças, compondo uma "elite social" dentro da força. Já nós achávamos esta idéia ridícula, embora a tenhamos ouvido de vários oficiais de patente muito superior a de meu pai que era um simples tenente QOA (depois capitão).O segundo erro que eu percebi é justamente esse pré-requisito de ingressar na Escola Preparatória... Pra quem não sabe existem Alunos com 15 anos na prep... Ou seja, longe de ingressar no serviço militar obrigatório... E a própria Prep possui uma formação similar à de um Recruta.
Só para esclarecer, conheço pessoalmente o coronel Gélio Fregapani já há muito tempo, pois ele foi colega de meu pai na BPQD e moramos na mesma quadra em Brasília. Minha irmã foi durante algum tempo a melhor amiga da segunda filha dele, e eu costumava chamá-lo de "Tio Frega".Um conceito que sempre achei interessante é o que o USArmy usa pra mobiliar seu oficialato. Existem os temporários, que engrossam o número de Tenentes e são de N origens (formados em faculdades civis, militares cursando o ensino superior ou formados e que foram recomendados para o oficialiato...) e existem os de carreira, sendo estes em parte saídos da Academia (West Point) e em parte saídos de faculdades civis e que cursaram o curso de formação de oficiais depois. Desse jeito eles contam com oficiais com formação acadêmica bem diversificada... Sem contar que os próprios oficiais egressos de West Point estudaram com outros Cadetes que não tinham a intenção de serem militares de carreira, e sim administradores, políticos e por aí vai... O próprio ingresso na academia é feito de forma bem interessante, mas acredito que inaplicável no contexto atual do Brasil.
É um homem de inteligência e iniciativa extraordinárias, e apesar de ter os dois pés bem firmes no chão não se deixa prender por conceitos convencionais ou pela pura tradição, quando percebe que conceitos e idéias originais podem ser empregadas com mais eficácia.
E por incrível que pareça, apesar de um oficial eficiente e combativo o coronel Fregapani é no fundo um pacifista, e sequer consegue conceber a idéia de que unidades militares do Brasil venham a ser empregadas em território de uma outra nação em mais do que missões humanitárias ou de manutenção da paz, que requeririam apenas unidades mínimas. Por isso a ênfase dele na proteção do nosso próprio território, e a constatação de que na falta de adversários realmente ameaçadores em nosso continente a maior ameaça teria que necessariamente vir de fora, na forma de alguma potência estrangeira com grande capacidade de projeção de poder militar. Daí decorre todo o restante da discussão.
Abraços à todos,
Leandro G. Card