Cassio escreveu: Sáb Dez 02, 2023 7:07 am
Mas aí é que está... Cadê a demanda das FA??
Se a FAB vai de algo da Embraer como você diz, o que sobra para a DESAER? 12 aeronaves para o EB? Isso não justifica um projeto.
Lembre que a DESAER não quer apenas um cliente, quer alguém que banque não só o desenvolvimento como todo a construção da fábrica.
E a demanda das nossas FA (se existir, pois por enquanto são desejos), não me parece suficiente para tal investimento.
Se a DESAER ficar com o pires na mão esperando por milhões do governo por causa de um ppt, vai morrer sem nada.
Tem que fazer a lição de casa. Se empresas por aí, com protótipos de mísseis, viaturas e sistemas de defesa até já com protótipos estão a míngua, imagina uma startup apenas com um ppt.
E ainda mais para produzir algo que não agrega nada em termos de tecnologia ao pais. Nada que já não tenhamos ou saibamos fazer.
Tivemos a NOVAER que estava a anos luz da DESAER, com produtos voando, com verdão civil oferecida e nem assim não deu em nada. Então não vejo motivos para acreditar na DESAER.
Temos uma enorme frota de aeronaves nos aeroclubes que já está ficando velhinha, temos muita demanda por aeronaves agrícolas... Porque não começar por aí?
Vamos por partes.
A demanda das ffaa's para aeronaves leves da FAB está estabelecida oficialmente, só não foi divulgada à público. Os números foram informados ao PR no começo do ano, enquanto o EB determinou, também oficialmente, sua demanda em 12 aeronaves. Está no planejamento estratégico de uma e outra força armada. A falta de um RFI, RFQ ou RFP neste momento, não quer dizer que a demanda não exista. Ela existe e o poder público tem plena ciência dela. Só não está no cronograma de curto prazo do governo sua realização.
Quanto ao que a DESAER quer, lamento, mas não faço ideia, além daquilo que sabemos de público. Há tempos não há notícias ou informações sobre o estado da empresa. Obviamente que os produtos dela se encaixando naquilo que são as demandas apresentadas pelas forças, é dever do ministério da defesa orientar o que pode e deve ser feito em termos de apoio à BIDS, tal como reza a PND, END e Livro Branco da Defesa. Se o MD é capaz, ou não, ou mesmo tem vontade\intenção de orientar na prática tais encaminhamentos relativos aquela empresa e a aviação de transporte das ffaa's, a saber.
Quanto a agregar tecnologia, penso que nem tudo pode ser feito, ou deixar de se fazer, tendo como premissa obrigatória este aspecto do mundo aeronáutico. O Cessna C-408, e outros aviões similares que estão aí há décadas, são prova de que nem sempre é necessário e\ou impositivo que toda nova solução\produto para o nível de aviação de que se trata o ATL-100 tenha que ser algo revolucionário ou inovador. As vezes, fazer o básico bem feito, e como avanços concretos onde realmente interessa aos operadores é a grande sacada em que novidades tecnológicas podem fazer de fato toda a diferença.
Atualmente a única coisa realmente diferente neste setor é a questão da motorização elétrica e dos novos combustíveis ecológicos. Ambas tecnologias ainda sem maturidade para serem implementadas no curto prazo comercialmente. Para a realidade da maioria, senão todas, as empresas que trabalham no Brasil hoje na aviação geral, transporte regional e táxi aéreo (mercado foco do avião da DESAER), fazer bem o serviço com ganhos reais onde os custos operacionais mais apertam estas empresas já é um baita ganho. E isto o projeto do ATL-100 consegue fazer sem precisar apresentar inovações industriais e tecnológicas desnecessárias. Paras as necessidades das ffaa's, robustez, simplicidade de manutenção e logística, capacidade de carga e pessoal adequadas, e principalmente, alta taxa de disponibilidade, são mais importantes do que novidades tecnológicas e de engenharia. Idem para o setor privado.
É só perguntar para qualquer táxi aéreo aqui da região o que eles acham, se tivessem que escolher entre um ATL-100 e um Caravan para o tipo de trabalho que eles fazem, que não é apenas o que está descrito no CNPJ delas.
Enfim, creio que esperar pelo patrocínio do Estado, mesmo sendo ele a via de acesso mais lógica e racional à concretização dos projetos da DESAER frente às demandas que se tem, públicas e privadas, tão concretas quanto reais, para o médio e longo prazo, infelizmente não irá acontecer em tempo previsto, mesmo MD, MCTI, MJ e demais ministérios e órgãos públicos que poderiam se beneficiar direta e indiretamente dos projetos da empresa, tendo plena ciência da sua existência e dos amplos benefícios para suas atividades fim, além da iniciativa privada, no campo comercial, industrial, tecnológico e PDI.
Como sempre digo, Defesa no Brasil não dá voto, e nem gera marketing pessoal eleitoral. E se não elege político, então não serve para nada. Próximo da fila...