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Mensagem
por FCarvalho » Sáb Ago 17, 2019 2:16 am
Há a clara intenção de que o CR-29 em um primeiro momento seja o projeto a concorrer diretamente com os Airbus A330, que é atualmente a família de jatos wide body com mais encomendas e fabricada no mercado. E com o lançamento da -800/900 ainda deve se manter por bastante tempo dominando a sua faixa de atuação.
A Boeing não tem propriamente algo com que concorrer com o avião europeu, já que a linha de produção do 767 foi fechada algum tempo e o projeto do NMA não tem prazo certo para ser lançado, ou mesmo se será.
O mercado nessa nível de aeronaves praticamente é dominado pela Airbus, e a demanda pelos A330 continua sendo bastante expressiva, tendo tanto as versões LEO como a NEO uma procura relativamente grande, tanto usados como novos.
É nesse meio aí que o CR-29 vai entrar batendo a fim de estabelecer uma concorrência direta no mercado russo e chinês, sendo que este último é praticamente óbvia a sua adoção por todas as empresas aéreas do país que atuam em voos internacionais e também fazem voos internos em rotas de grande demanda.
Ainda em tempo, a UAC mantém nos seus planos versões maiores do MS-21, além da -400, que por enquanto respondem pela designação de MS-X, e que evoluiriam até o porte dos 757 e 767. Mas esse processo vai ser bem demorado e cuidadoso tendo em vista não atrapalhar o investimento da parceria com os chineses. A previsão é que esse planejamento siga até 2035.
Dependendo do desempenho das 3 versões planejadas do CR-929, pode ser que o próximo passo, no pós 2040, seja a CRAIC começar a pensar em um concorrente para a faixa superior onde habitam A350, 787 e 777.
Aliás, este último encontra hoje vários problemas para conseguir manter o cronograma de desenvolvimento, e pode ser que ele também acabe encontrando limitações de mercado, já que a Airbus começa a pensar em versões substitutas do A380 por meio da família A350, com uma versão maior do -1000.
Note-se que isso pode mudar também se o projeto NMA da Boeing conseguir sair do papel na próxima década pois isso porá uma pressão a mais no jogo, em vista da substituição de uma massiva frota de 757 e 767 que ainda voa pelo mundo.Este com certeza não é um mercado desprezível, muito pelo contrário, e deve ser atacado pela CRAIC com a versão -500 ou algum derivado do avião original que se aproxime da solução proposta pela Boeing.
Há de se notar também o esforço em relação ao A321 como um substituto à altura dos 757, e que por enquanto tem no A321XR o seu modelo concorrente. Sem nada a apresentar no curto neste nicho, americanos, russos e chineses vão ter que trabalhar muito para evoluir suas família do MS-21 e do C-919 de forma que eles possam efetivamente concorrer com o produto da Airbus.
Mas pode até aí haver surpresas, já que o desenvolvimento conjunto do CR-929 tem possibilitado uma sinergia bastante eficiente no cronograma de desenvolvimento daquela aeronave. E isso pode ser retornado quando quando da oportunidade de se pensar, também, em um concorrente comum para a dupla NMA e A321.
É bom lembrar que a Airbus começa a trabalhar um novo conceito para substituir os A320 e derivados lá pela década de 2030. Isso com certeza é fruto da aquisição dos C-Series, e também, da observação da concorrência, pois novos produtos devem entrar no mercado a partir daquela década, seja na forma do substituto do 737, seja da evolução dos MS-21 e C-919.
Ninguém pode e vai ficar parado em termos de P&D nos próximos dez anos. E eles prometem ser muito interessantes e movimentados para o mercado de aeronaves comerciais.
A ver.
abs
Carpe Diem