LeandroGCard escreveu:Você ainda não entendeu, talvez por não ter lido meus posts mais antigos.JL escreveu:Ou é 8 ou é 80, ou se projetar ter uma força naval com não sei quantos sub nucleares e um Nae com Sea Gripen ou não se tem nada. Não vejo assim, um país do tamanho do Brasil e que irá ter quatro submarinos bem capazes em breve, precisa ter um mínimo de escoltas eficientes, um mínimo, mesmo que o resto da esquadra de superfície seja como você disse Leandro de força policial naval.
Agora quanto a projetar e desenvolver aqui estas corvetas, veja que a história recente demonstra que isto tem muitos problemas, mesmo em épocas melhores e agora estamos em uma bruta crise e o pessoal precisa por na cabeça que já fizemos uma opção que foi o programa de submarinos.
O resto vai ficar muito difícil. A Marinha vai mingar queiram ou não, se não vierem escoltas novas.
Mas aqui impera uma vaidade absurda que não somos capazes de reconhecer as impossibilidades e os que escrevem sobre isso logo recebem o rótulo de complexo de vira-lata, mas a dureza do negócio é que iremos deixar de sermos vira-latas quando parecemos com os de raça.
Na prática NÃO FAZ A MENOR DIFERENÇA o que a MB tem ou deixa de ter em termos de plataformas, sejam subs, escoltas, porta-aviões ou naves interestelares. E muito menos ainda as quantidades de cada coisa. O Brasil não pode apontar nenhum inimigo no mundo e tem por tradição secular e princípio diplomático repudiar o uso da força para a resolução de problemas entre as nações e colocar a autodeterminação dos povos acima de qualquer outra consideração, então JAMAIS irá tomar a iniciativa de atacar ninguém ou mesmo usar a força militar para pressionar qualquer outra nação. E nosso território e população são grandes demais para que qualquer inimigo consiga de forma efetiva dominar nosso país por qualquer tempo razoável sem se meter em um conflito de baixa intensidade que se arrastaria por anos e anos sem definição, com um custo enorme para o agressor, muito acima de qualquer potencial retorno para ele. Então NÃO PRECISAMOS de forças armadas regulares como as nações mais ameaçadas ou menores, uma milícia nacional armada com equipamento leve e no máximo alguns sistemas anti-carro e AAe leves seria mais do que o suficiente para nós do ponto de vista estritamente militar (e nossos militares sabem perfeitamente disso).
Por outro lado, NENHUM país de porte maior do que uma simples cidade-estado consegue no mundo moderno se desenvolver sem uma economia baseada em inovação, E O MAIOR ALAVANCADOR DA INOVAÇÃO NA ECONOMIA É JUSTAMENTE O SETOR INDUSTRIAL. Mas isso apenas se ele privilegiar o desenvolvimento local de produtos, e não a simples fabricação de algo já existente lá fora (neste caso a inovação é feita e beneficia o país de origem do produto em questão, e não o fabricante). E para isso é necessário que existam empresas nacionais pujantes nas áreas de tecnologia e com expertise em projeto e gerenciamento técnicos, setores muito específicos que não se pode aprender em uma faculdade ou centro de pesquisa, mas apenas nas próprias indústrias de perfil inovador. É por isso que os países mais desenvolvidos e os que pretendem um dia chegar lá colocam sua prioridade nos desenvolvimentos locais de produtos industriais (inclusive militares) em lugar da simples produção sob licença de projetos importados.
Mas no caso do Brasil a maioria esmagadora da indústria de bens de consumo e capital (o setor onde a inovação é mais importante e difundida) instalada em nosso território é composta por empresas estrangeiras que não tem nenhum interesse em desenvolver nada inovador por aqui, muito pelo contrário. O Brasil já é há décadas um depositório de produtos ultrapassados vendidos por valores que as mesmas empresas nem sequer sonham em cobrar lá fora por seus produtos mais avançados. Um dos poucos setores industriais em que o nosso país ainda poderia tentar desenvolver alguma coisa seria justamente no militar, pois aí considerações de segurança dificultam que os estrangeiros tragam seus produtos mais avançados para produzir aqui e nosso governo pode a qualquer momento favorecer as empresas nacionais por questões estratégicas. Portanto o desenvolvimento e a produção local de equipamentos e sistema bélicos poderia ser uma espécie de “bastião” da tecnologia e expertise nacionais em termos de desenvolvimento de produtos inovadores, que poderia depois extrapolar para os demais setores industriais como já comentei em um post anterior.
Isso sim poderia trazer benefícios muito maiores ao país do que o momentâneo aumento na nossa capacidade de defesa com a aquisição de sistemas/plataformas de prateleira, ou de projetos estrangeiros para a simples fabricação local. Este é o ponto. Os efeitos potenciais disso sobre nossa economia poderiam ser imensos, infinitamente maiores que a simples posse e operação de qualquer equipamento militar estrangeiro, que na falta de inimigos no máximo serviriam para super-trunfo. Por isso quaisquer iniciativas de desenvolvimento local do que fosse possível em termos de equipamentos militares (e é claro que nem tudo é possível, mas muita coisa sim, e algumas já estão sendo feitas) deveria ter prioridade absoluta por parte de nossos governantes e na verdade de toda a nossa sociedade (mas claro que aí já é esperar demais) sobre a simples operacionalidade de forças armadas que não tem perspectivas concretas de serem empregadas para nada realmente útil no horizonte previsível.
Leandro G. Card
ESPLÊNDIDO!
Mas, seguindo o sentido do próprio post "quotado", fazer casco de navio e importar o resto dos insumos me parece tão sem sentido quanto comprar navio pronto. A diferença? O CASCO! Só isso!
E este paradigma não vai mudar tão cedo, temo...