O grande pecado do AMX não se deve intrinsecamente ao seu projeto, mas ao timing e às dificuldades financeiras, principalmente do lado brasileiro.
A Itália queria um caça subsônico que complementasse o Tornado, sobretudo em missões CAS. O Brasil se agregou a essa necessidade italiana que considerou compatível com a sua própria. Até hoje é um dos maiores projetos de cooperação tecnológica Norte-Sul já realizados.
Com relação aos benefícios do programa AMX, me parece que há muita falta de conhecimento sobre a história da Embraer.
Benefícios à Embraer derivadas do programa AMX:
Tecnologias incorporadas através do programa AM-X
– Aerodinâmica transônica;
– Sistemas de navegação e ataque digitais;
– Sistema de comando de vôo “fly-by-wire”;
– Usinagem mecânica de peças complexas (CNC 5 e 6 eixos) e projeto e fabricação de peças em material composto;
– Ampliação do uso de sistemas CAD-CAM.
Contribuição econômica decorrente das tecnologias do AMX
– Dois mil aviões comerciais, entregues, ou pedidos firmes >
US$ 55 bilhões, em geral exportados.
Fonte: AIAB:
http://defesa.gov.br/arquivos/pdf/cienc ... a/AIAB.pdf
(...) Com o AMX, a Empresa se capacitou em participar de cooperações
internacionais de grande envergadura, aperfeiçoou métodos e
processos, e dispôs de uma receita que a manteve funcionando
no difícil e crítico início dos anos 90. Entre as melhoras nos
processos e métodos, podem ser citadas a fabricação de grandes
peças usinadas em 5 eixos, técnicas de conformação de asa
(aplicada depois ao CBA-123), material composto e sistema
aviônico integrado. É importante destacar ainda a criação do
Comunicado de Discrepância, documento utilizado para análise de
não-conformidades de fabricação. Os procedimentos de ensaio
em vôo foram otimizados e equipamentos de ensaio, tanto de
solo quanto em vôo, foram adquiridos. O sistema de CAD
(Computer Aided Design ou Projeto Assistido por Computador) foi
introduzido na Embraer ao final dos anos 70. Por ocasião do início
do Programa AMX, a Embraer encontrava-se em posição de relativo
destaque nesta área, o que contribuiu para o desenvolvimento do
avião no lado brasileiro.(...)
(...) O Eng. Francisco de Assis Ferreira Gomes, da gerência de Programas
de Aeronaves de Combate, destaca a importância deste trabalho
de coordenação internacional no projeto e desenvolvimento do
sistema aviônico da aeronave AMX. "O trabalho pioneiro empreendido
pela equipe baseada em Caselle criou o alicerce do que é hoje
uma sólida capacidade técnica e profissional da Embraer em
desenvolvimento e integração de sistemas complexos e com
sofisticados software embarcados. A relevância daquele
empreendimento se reflete, hoje, não apenas no desenvolvimento
dos programas de defesa, mas também em programas da área
comercial onde é possível ser constatado que o desenvolvimento,
a integração e certificação de sistemas e software foram também
viabilizados por meio de complexos laboratórios de integração,
envolvendo todos os sistemas destas aeronaves", disse.(...)
(...)
O acordo entre o Brasil e a Itália para desenvolvimento do AMX
incluía a capacitação tecnológica em áreas ainda não disponíveis
ou totalmente desenvolvidas no país. Entre as diversas tecnologias
selecionadas, coube à Embraer, a de sistemas de trem de pouso e
componentes hidráulicos. Assim nasceu a Embraer Divisão
Equipamentos (EDE).
(...)
(...)
Tudo o que a Embraer tinha a oferecer naquele momento era sua capacidade tecnológica,
a possibilidade de ser privatizada e um estudo de mercado
indicando um potencial de venda de 400 aeronaves em dez anos.
No programa do ERJ 145, a Embraer utilizou tecnologias acumuladas
nos desenvolvimentos do AMX e CBA-123. Os principais parceiros
foram a Gamesa, Sonaca, Enaer, C&D, Liebherr, Hamilton Standard,
Honeywell, Goodrich e Allison, esta última atualmente do Grupo
Rolls Royce.
(...)
Fonte: História da Embraer (
http://www.aer.ita.br/~bmattos/HistoryEmbraer.pdf)[/color]