A primeira coisa que notei ao retirar a fita adesiva que prendia a tampa é que ela não encaixava bem, deixando uma enorme fresta. O resultado é que as abelhas cobriram totalmente o "teto" da colmeia com uma camada espessa e muito dura de geoprópolis (mistura de resinas vegetais e barro), formando uma segunda tampa quase totalmente vedada. Havia apenas um pequeno furo inclinado, por onde escapou uma única abelha que voou para o local onde a colmeia fica instalada e ficou pairando por lá, certamente muito surpresa. De resto pude ver apenas uma grande população de pequenos ácaros esbranquiçados que vivem em simbiose com estas abelhas, alimentando-se da parte orgânica do lixo delas e ajudando assim na limpeza interna da colmeia. Eles são tão importantes para as abelhas que elas sempre levam alguns com elas ao formarem novas colônias.
Sem poder ver mais nada decidi separar a caixa superior da inferior, para ver se conseguia acessar o ninho. Isso foi um pouco trabalhoso, pois as abelhas também haviam "colado" uma parte na outra com uma espessa parede de geoprópolis, e tive que cortá-la à faca para poder separar as duas caixas. Com a separação a tampa do invólucro de cerume (mistura de resinas vegetais com a cera que as próprias abelhas produzem) que reveste o ninho ficou presa na parte superior, deixando alguns favos e muitas abelhas, umas 30 ou 40, expostos. A maioria das abelhas que vi eram ainda jovens, de cor marrom ao invés de preta, e incapazes de voar. Mas mesmo as mais maduras também não tentaram sequer decolar, e correram todas para o canto mais escuro da caixa ficando lá quietinhas, se escondendo.
Eu imaginava que minha varanda ficaria cheia de abelhas esvoaçando para todo lado, mas fora três ou quatro na plataforma onde fica a colmeia (a primeira que escapou e outras que voltaram do campo) não se via mais nenhuma abelha. Estas mandaçaias são umas palermas mesmo, não tem idéia de como se defender, dá até pena
![Rolling Eyes :roll:](./images/smilies/icon_rolleyes.gif)
Dentro do ninho pude ver uns poucos favos novos em construção e alguns recém fechados (ainda escuros), indicando que há uma rainha fazendo postura (caso contrário haveria mais células abertas e as fechadas seriam mais claras). Mas não pude ver a rainha, que estava escondida em algum lugar, talvez na caixa superior onde a tampa de geoprópolis não me deixou ver nada. Em volta do ninho havia diversos potes de mel, a maioria já fechados mas com três ainda abertos sendo abastecidos (um estava quase cheio, outro pela metade e o terceiro vazio). Isso significa que elas não estão tendo dificuldades em encontrar néctar nas redondezas, uma preocupação que eu tinha por morar praticamente no centro da cidade e não existirem muitas árvores nativas na região. Mas devido ao pequeno espaço desta caixa eu achei os potes de mel menores do que deveriam de acordo com o que pesquisei, embora o número deles seja grande. E eu já havia observado várias operárias trazendo bastante pólen para casa, então acho que ao menos por hora elas estão muito bem.
Antes de montar novamente as caixas eu raspei (não sem muita dificuldade, pela dureza) uma boa parte da geoprópolis que havia entre as caixas, o que me permitiu alinhá-las e fechá-las melhor. Daqui a umas duas semanas vou abrir a caixa novamente para outra inspeção, para ver se continua tudo OK. Desta vez eu não retirei nenhum mel, mas da próxima se o progresso delas for visível vou recolher pelo menos um pouco para provar.
Mas só um pouco, pois o inverno está chegando e elas provavelmente vão precisar das suas reservas.
Leandro G. Card