MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
25/04/2013 - 09h04
Desemprego tem a menor taxa para março em 11 anos, diz IBGE
PEDRO SOARES
DO RIO
(...)
Fonte: Folha de São Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/20 ... anos.shtml
Desemprego tem a menor taxa para março em 11 anos, diz IBGE
PEDRO SOARES
DO RIO
(...)
Fonte: Folha de São Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/20 ... anos.shtml
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Para não falar apenas do maluco Cezar Maia contra o governo. Há alguns meses apareceu outro na carta capital acusando a imprensa golpista de maquiar os números da economia e que na realidade o país iria crescer 7% em 2012.
- LeandroGCard
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Imaginem a maravilhosa imagem do país que este tipo de coisa passa para o resto do mundo.
Nem dá para dizer que é porque o país é pobre e tem outras prioridades, os recursos já estão liberados e mesmo assim nada. Vergonhoso. Se quando o dinheiro já está na conta é assim, imagine em programas em que ainda é preciso arranjá-lo.
Nem dá para dizer que é porque o país é pobre e tem outras prioridades, os recursos já estão liberados e mesmo assim nada. Vergonhoso. Se quando o dinheiro já está na conta é assim, imagine em programas em que ainda é preciso arranjá-lo.
Leandro G. CardPaís aplica apenas 11% de fundo para proteger Amazônia
Passados cinco anos desde o anúncio de doações da Noruega e da Alemanha, governo terá de renegociar prazo para investir recursos
LÍGIA FORMENTI, BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo - 28 de abril de 2013
Criado há cinco anos para financiar projetos de preservação da floresta, o Fundo Amazônia já recebeu um "cheque" de R$ 1,29 bilhão, mas só desembolsou 11,4% desse total. Por causa da demora, o Brasil agora tenta renegociar com países doadores, Noruega e Alemanha, a ampliação do prazo para aplicação dos recursos, inicialmente previsto para dezembro de 2015.
"A imagem que fica é ruim", constata Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental e integrante do Comitê Orientador do Fundo Amazônia. "O incômodo e o desgaste do Brasil no cenário internacional somente será evitado se o País conseguir reverter a tendência de aumento no ritmo do desmatamento."
Os alertas de desmatamento na Amazônia Legal aumentaram 26% entre 1º de agosto de 2012 e fevereiro de 2013, em comparação ao período anterior.
O fundo é formado por doações da Noruega, Alemanha e da Petrobrás. A captação de recursos está condicionada à redução das emissões de gases efeito estufa resultantes do desmatamento. A verba é repassada para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), encarregado de analisar, aprovar, contratar e acompanhar os projetos.
Para Elisabeth Forseth, conselheira da Embaixada da Noruega, houve demora no processo de formação da carteira de projetos. Ela avalia que iniciativas até agora apoiadas não refletem o tamanho dos recursos disponíveis, mas diz estar confiante numa maior rapidez da análise das propostas.
No Ministério do Meio Ambiente, o diretor do departamento de Políticas para o Combate ao Desmatamento, Francisco Oliveira Filho, também diz acreditar que o ritmo nas avaliações e liberações de recursos será mais intenso nos próximos dois anos. A maior velocidade, afirma, seria resultado de uma mudança na lógica da escolha dos projetos que serão beneficiados com financiamento.
A ideia agora é dar prioridade a projetos "estruturantes". Isso significa que a preferência será dada para propostas de maior impacto e abrangência. Um projeto voltado para várias comunidades ribeirinhas, por exemplo, terá preferência a outro endereçado a apenas um grupo de moradores. Oliveira Filho atribui o ritmo lento inicial ao período de adaptação. Algo que, para ele já foi superado.
Burocracia. Para o diretor do Museu da Amazônia, Ênio Candotti, a lentidão não surpreende. "É um reflexo da própria contradição do governo sobre o desenvolvimento da região. De um lado, existem estratégias de conservação. De outro o PAC, cuja filosofia é desenvolvimento nacional a qualquer custo, doa a quem doer."
Tanto Candotti quanto Adriana Ramos identificam boa vontade na equipe do BNDES para avaliação e liberação de recursos do fundo. "O problema é que não se pode organizar ações na Amazônia do Rio de Janeiro ou de São Paulo. O apego à burocracia, à assinatura, aqui não funciona", afirma Candotti. "A lógica tem de ser outra: o apego ao resultado e não ao processo."
Adriana diz que a delegação ao BNDES para a análise e liberação de recursos era vista com bons olhos. "Acreditava-se que o contato com o tema faria com que o banco refletisse mais sobre o viés ambiental dos investimentos, de forma geral. Algo que não ocorreu."
Apesar da necessidade da prorrogação, o BNDES, por meio da assessoria de imprensa, afirma não haver demora no uso dos recursos. Se comparado o desempenho com fundos análogos, diz o banco, o Fundo Amazônia está sempre em primeira ou segunda posição quando considerados os critérios de compromisso de doações em favor do fundo, número de projetos ou valores.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
da Folha de SP , de hoje
Indústria fraca reduz previsões para o PIB
Com reação abaixo do esperado em março, setor encolhe 0,5% no 1º tri e analistas já esperam que país cresça só 2% no ano
Apesar de medidas de estímulo, retomada é frágil, dizem analistas; indústria é responsável por 25% da economia
MARIANA SALLOWICZ DO RIO
Bancos e consultorias revisaram para baixo as previsões de crescimento da economia para o primeiro trimestre e para o ano, após o IBGE divulgar uma recuperação da indústria em março abaixo do que era esperado.
O Bradesco reduziu de 3,5% para 2,8% a estimativa de expansão do PIB neste ano e de 4% para 3,5% a para 2014.
"Nossa revisão foi influenciada pela incorporação recente de resultados mais fracos de atividade econômica", disse em relatório Octavio de Barros, diretor de pesquisas e estudos econômicos.
A indústria, que encolheu 0,5% no primeiro trimestre, tem participação de 25% no PIB, segundo o IBGE, que vai divulgar os dados da atividade econômica no fim do mês.
A consultoria Tendências projetava expansão de 1,1% no primeiro trimestre ante os três meses anteriores, número que está sendo revisto e deve ficar entre 0,8% e 0,9%. Na comparação anual, a estimativa caiu de 2,2% para 2%.
"Temos visto uma indústria errática e com sinais de recuperação lenta", afirma Alessandra Ribeiro, economista da Tendências.
A consultoria LCA previa alta de 1,3% no PIB nos três primeiros meses do ano, número que passou para 1,2%. A estimativa para 2013 caiu de 2,8% para 2,6%.
O Itaú estuda rever as projeções.
O RESULTADO
Após o tombo de 2,4%, a produção industrial teve leve alta de 0,7% em março ante o mês anterior.
Apesar de ter sido beneficiada por diversas medidas de estímulo, a indústria ainda apresenta uma frágil retomada, afirmam especialistas.
"O cenário mostra que deveremos ver ao longo do ano as altas se alternando com as baixas", diz Fernanda Consorte, economista do Santander, que não mudou as projeções.
"A indústria mostra melhora neste início de ano, mas não quer dizer que vai muito bem. Ainda há uma distância a ser percorrida em relação aos patamares em que o setor já operou", afirma André Macedo, técnico do IBGE.
Segundo ele, há uma diferença de 3,7% entre o dado de março e o de maio de 2011, patamar recorde.
A alta mensal atingiu 13 dos 27 setores analisados pelo IBGE.
A indústria de veículos, uma das beneficiadas pelas medidas de estímulo do governo, teve a maior influência positiva. A produção subiu 5,1% em março, eliminando parte da queda de 8,1% verificada no mês anterior.
O economista da LCA Rodrigo Nishida destaca também o desempenho positivo da produção de bens de capital (máquinas e equipamentos), o que sinaliza retomada dos investimentos.
"Em 2012, foi exatamente esse setor que puxou o resultado para baixo."
O setor teve alta de 11,7% nos três primeiros meses do ano, considerando as taxas acumuladas por mês.
Já a indústria de alimentos teve o maior peso negativo no resultado, com queda acumulada de 4% nos últimos dois meses da pesquisa.
Os principais motivos para a retração foram a inflação em alta e as exportações menores.
Diretor do Bradesco diz que dados de março foram só um fator a mais' para revisar PIB
- LeandroGCard
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
E no entanto só temos olhos para o pré-sal... .
Leandro G. CardA revolução do gás
Celso Ming - O Estado de S.Paulo - 08 de maio de 2013
Há pelo menos dois anos, o governo brasileiro e as lideranças da indústria já sabem que está em curso uma revolução energética nos Estados Unidos, que pode alijar do mercado global boa parte do sistema produtivo nacional - se uma mudança de atitude não vier a tempo.
A novidade, de só três anos, é a obtenção em larga escala de gás e de petróleo nos Estados Unidos por meio de fraturamento das rochas de xisto.
No ano passado, os Estados Unidos foram o país que mais elevou a produção de petróleo no mundo (mais 780 mil barris diários) e passou a colocar volume enorme de gás a uma mera fração do preço pago no resto do mundo: US$ 2,8 por milhão de BTU nos Estados Unidos ante entre US$ 10 e US$ 12 por milhão de BTU na Europa e no Brasil (veja o gráfico).
São dois os efeitos de enorme alcance estratégico: (1) até 2025, os Estados Unidos deverão ser autossuficientes em petróleo e gás, avalia a Agência Internacional de Energia; e (2) a abundância da oferta de gás e seu baixíssimo preço começam a transferir para os Estados Unidos bom número de investimentos em petroquímica, fertilizantes hidrogenados, química básica (soda e cloro), metalurgia de não ferrosos e outros setores eletrointensivos - como os de cerâmicas, vidro e, provavelmente, cimento. Esse novo movimento de capitais inviabiliza projetos de investimento em outras regiões do Planeta, entre as quais o Brasil.
Os Estados Unidos contam com enormes formações de xisto em regiões altamente industrializadas, o que dispensa pesados custos em infraestrutura de transporte (oleodutos e gasodutos).
A nova tecnologia consiste em injeção a alta pressão de mistura de água, areia e produtos químicos em perfurações horizontais. O processo de microfraturamento da rocha (fracking) libera hidrocarbonetos que sobem à superfície.
A única objeção à essa técnica tem natureza ambiental. A injeção de produtos químicos, sobretudo benzeno, aumenta o risco de contaminação dos lençóis freáticos. Por outro lado, a dispensa de carvão e óleo combustível na produção de energia termoelétrica deve contribuir para a melhora das condições do ar.
A presidente da Petrobrás, Graça Foster, advertiu várias vezes que não há como concorrer com esse gás. É fator que ameaça desde já a sobrevivência de amplos setores da indústria no Brasil, dependentes não só de gás como matéria-prima, mas também de energia elétrica de baixo custo para sua produção.
O governo Dilma sabe que o Brasil também conta com enormes reservatórios de xisto. Cálculos da Agência Nacional do Petróleo indicam que há somente em três bacias (Parecis, Recôncavo Baiano e Parnaíba) potencial de produção de quase 17 trilhões de metros cúbicos de gás. No entanto, o governo brasileiro está ainda muito longe de definir uma política de exploração desse potencial e também de assegurar viabilidade futura para o setor produtivo.
É claro que esse fato estratégico relativamente novo exige redefinição drástica da política industrial brasileira. Não somente para garantir a competitividade, neste momento ainda mais ameaçada, mas também para tirar proveito da nova tecnologia.
- knigh7
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/20 ... ntes.shtml11/05/2013 - 23h00
Indústria brasileira tem o pior desempenho entre países emergentes
ÉRICA FRAGA
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
O desempenho da indústria brasileira em 2012 foi o pior entre 25 nações emergentes e importantes economias da América Latina.
A queda de 2,6% na produção industrial do país foi, de longe, a mais acentuada do grupo. O Egito, segundo pior colocado, registrou contração de 1,9%.
A indústria brasileira como componente do PIB (Produto Interno Bruto) --que, além da produção de manufaturados, inclui setores como construção civil e energia elétrica-- também amargou a maior contração no mundo emergente. A queda desse indicador foi de 0,8%.
Pouco brasileira, indústria acumula entraves
Exportações de metais caem 18% em abril
Os dados são da consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit) e mostram que o retrato de crise no setor é renitente. Em 2011, o resultado da produção industrial brasileira já figurava entre os três piores do grupo analisado.
Segundo especialistas, os números confirmam que problemas domésticos têm exercido maior influência sobre a trajetória da indústria do que a crise externa.
"Esses dados causam muita preocupação. A crise externa existe e afetou todos, mas fomos piores do que os demais", afirma Flávio Castelo Branco, gerente de política econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
DESACELERAÇÃO GLOBAL
Robert Wood, analista da EIU, diz que a expansão do comércio global de produtos manufaturados desacelerou de 6,3%, em 2011, para 2,5% no ano passado.
Esse movimento, afirma Wood, levou a uma perda de fôlego da indústria mundial. "Em um cenário de oferta excedente de produtos manufaturados, países com competitividade baixa, como o Brasil, sofreram mais."
O encolhimento da indústria brasileira em 2012 contrasta com a expansão robusta do setor em alguns países asiáticos. O desempenho também foi inferior ao dos principais mercados latino-americanos e até ao de países emergentes da Europa, região que está no epicentro da crise internacional.
Em 2013, a indústria deve ter melhor desempenho, de acordo com economistas. Mas os dados já divulgados apontam uma recuperação ainda frágil.
Segundo Castelo Branco, da CNI, a confiança dos empresários brasileiros, que ensaiou uma retomada no início deste ano, já mostra sinais de arrefecimento.
"Este ano será melhor, mas é uma recuperação fraca, considerando o resultado muito ruim de 2012."
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Voltamos com a “Coluna do Leitor”. Hoje o leitor Marcos Jr., do site Minuto Produtivo, parte de conceitos básicos sobre o que é a inflação para mostrar o quanto a preocupação quanto ao seu retorno por aqui tem razões de ser que não se explicam por teorias conspiratórias amalucadas.
Afinal, o que é inflação?
“[...]a inflação foi uma conquista desses dez últimos anos do governo do presidente Lula e do meu governo.” (Dilma Rousseff)[...]
Antes de falar de fato sobre o assunto é necessário fazer uma breve explicação sobre o que é inflação. Isso servirá de base para comentar o tema e a conspirata do “lobby do tomate”.
A inflação significa a perda do poder de compra da moeda de um país. Também pode ser traduzida pela alta generalizada de preços na economia.
Ela pode trazer efeitos negativos para o funcionamento da economia, uma vez que: ela produz distorções econômicas, pelo fato dos preços não subirem simultaneamente; causa concentração de renda, pois a população mais pobre tem menos possibilidades de se defender, enquanto a população mais rica pode reajustar sua renda ou recuperá-la, por exemplo, no mercado financeiro; por fim, pode inibir o investimento produtivo, causando impasse no crescimento econômico, uma vez que ambientes com alta inflação podem dificultar o cálculo de ganhos, perdas e as comparações, atiçando ganhos especulativos, levando o governo a se defender com o aumento da taxa de juros.
A teoria econômica trabalha basicamente com três explicações para a inflação, a saber:
· Inflação de demanda: quando existe muita demanda (dinheiro) para pouca oferta (bens e serviços). Os keynesianos usam a aceleração excessiva da economia, defendendo uma política monetária restritiva (diminuindo o dinheiro em circulação) e uma política fiscal contracionista (o que leva a redução da demanda). Os monetaristas atribuem a inflação ao descontrole monetário do governo devido aos excessos fiscais (promove emissão de moeda para cobertura de déficits, desvalorizando-a). Neste caso, existe uma defesa maior da política monetária em detrimento da fiscal;
· Inflação de custos: é basicamente gerada por duas fontes. 1) aumentos de salários ou lucros que não são proporcionais à produtividade; 2) choques de oferta (provocados por situações naturais, como quebras de safra, ou provocados por situações políticas, como o racionamento de energia de 2001 e a crise cambial de 2002).
Para esse caso, recomenda-se usar a política monetária apenas para evitar a propagação desses choques por toda a economia, bem como outras opções mais eficazes, como a maior abertura para importações ou as negociações de preços e salários entre governo, empresários e sindicatos de trabalhadores.
· Inflação inercial: diagnosticada aqui por economistas brasileiros que elaboraram diversos planos de combate à inflação que culminaram no Plano Real. Trata-se da indexação generalizada na economia: preços, impostos, salários, contratos e aluguéis são reajustados com base em alguns índices de inflação. Assim, a alta generalizada de preços é “empurrada” para frente, realimentando a inflação.
E como a inflação se tornou preocupação no governo Dilma?
Para entender como ela voltou a aparecer como um dos principais temas de discussão no que se refere à economia brasileira (assim como o PIBinho), precisamos voltar um pouco no tempo – 2010, ainda no governo Lula.
A economia brasileira, naquele ano, cresceu 7,5% (o melhor resultado em quase um quarto de século), ainda que a inflação tenha fechado consideravelmente acima do centro da meta (5,9%, 1,4% acima do centro, mas 0,6% abaixo do teto da meta – é permitida uma tolerância de 2% para mais ou para menos).
Tal desempenho em plena crise econômica mundial (presente até hoje) somado a outros fatores acabou garantindo a eleição de nossa Presidenta da República.
Ainda no segundo semestre de 2010, as expectativas apontavam para um crescimento menor porém ainda expressivo do PIB (5,5%) e uma inflação menor (5%) no ano seguinte.
E, então, começa 2011. Dilma Rousseff toma posse como a primeira mulher a ser presidente do Brasil. Parecia que os bons tempos que a economia viveu sob o comando de Lula continuariam. Apenas parecia. A inflação não só não cedeu como ultrapassou o teto da meta (6,5%) ainda no primeiro semestre do ano. Após várias altas sucessivas de juros e um corte bilionário no orçamento, a inflação conseguiu cravar o teto. Quanto ao crescimento, as previsões foram revistas sucessivamente, até que no final o país cresceu 2,7%. Era o início de um novo padrão de crescimento econômico, o PIBinho.
No final de 2011, mais expectativas: apesar do recrudescimento da crise econômica iniciada em 2008, esperava-se uma inflação menor, porém ainda acima do centro da meta (5,4%) e um crescimento do PIB entre 4% e 5%, impulsionado pela sequência de desonerações para diversos setores produtivos.
E chega 2012. Com ele, as baixas prometidas (IPI reduzido para automóveis e linha branca são alguns exemplos).
A inflação, de fato, ficou menor em comparação ao ano de 2011, apesar de que, no final, continuou acima do previsto inicialmente (5,8%).
Porém, o crescimento econômico, que era tão aguardado por conta das reduções de impostos não ocorreu. Pior, diferente do ano retrasado, em que o valor real era metade do esperado, o crescimento econômico fechou o ano passado em “incríveis” 0,9%.
Um quinto em relação ao esperado, o que fez com que o primeiro biênio do governo Dilma se tornasse um dos piores em desempenho do PIB nos últimos 20 anos.
Para 2013, uma previsão um pouco mais cautelosa para o crescimento da economia (em torno de 3%). A inflação foi fixada em 5,7%. Mais uma vez, acima do centro da meta. Ah, para 2014, no que se refere à alta generalizada de preços, idem.
Só com base nisso (e nos conceitos de inflação, especialmente os relacionados a de demanda e à inercial), já dá para pensar em como tal tema virou (ou terá/teria de virar) preocupação no governo atual. Até porque, se as previsões para 2013 e 2014 se confirmarem, o governo Dilma fechará sem conseguir chegar ao centro da meta de inflação. E diferente da gestão anterior, nem um crescimento do PIB (normalmente uma taxa alta de tal variável pode alimentar a inflação) que justifique isso é esperado.
Para se ter uma ideia de que realmente há motivo para colocarmos as barbas de molho, este mês a inflação acumulada em 12 meses está próxima de 6,6%, acima do teto da meta. Na última reunião do Copom, o Banco Central decidiu fazer uma pequena elevação na taxa básica de juros (de 7,25% a.a. para 7,5% a.a.) como forma de “domar a fera”.
A tese do “lobby do tomate”. E por que eu diria que ela é estapafúrdia.
Antes de falar sobre a tese do “lobby do tomate”, é necessário que se explique o porquê do tomate ter entrado nessa jogada. Devido às fortes chuvas, que levaram a prejuízos na safra, e o diesel mais caro (afinal, nosso país tem a brilhante ideia de se transportar por longas distâncias usando rodovias) fez o preço do principal ingrediente da salada quase que triplicar nos últimos 12 meses.
Consequência simples, óbvia e lógica: o tomate virou um dos vilões da inflação neste ano, com direito a piadas repetidas ad nauseam nas redes sociais.
Pouco antes da reunião que sacramentaria a alta da Selic (após mais de seis meses sem aumentar), algumas pessoas (defensoras mais exaltadas do governo, ou, melhor, do partido que hoje está no poder) resolveram defender a tese de que “setores da imprensa conservadora, elitista e golpista, aliados à oposição e a especuladores financeiros que não observam mais no Brasil uma chance de ganhar mais dinheiro” estariam usando o tomate como fator de pressão para que o Banco Central aumentasse a taxa de juros. Mas, claro, por que cargas d’água ninguém pensou nisso antes?
Bem, a contra-argumentação precede de duas hipóteses: a primeira, de que realmente tais setores malignos para o Brasil (mwahahahaha!), usaram o tomate como “arma” para justificar o aumento da Selic.
Mas qual o conceito de inflação mesmo? Ah, se trata de uma alta generalizada de preços na economia de um país, certo?
Certo! Com base nisso, qual a chance de que mexer em um indicador macroeconômico (como a taxa de juros) com base na alta do preço de UM produto? Simplesmente ridícula, para não dizer zero! Se esses lobistas que torcem tanto contra o nosso incrível e maravilhoso país conseguiram convencer o Copom a subir a Selic por causa do aumento de um único produto, parabéns a eles por que a lábia que eles tiveram para convencer Tombini e sua trupe foi impressionante! Quanto aos membros do comitê, a lixeira para jogar seus livros de economia é logo ali.
Tá, mas vamos pensar que essa explicação não convenceu, ou ainda considerar a segunda hipótese: de que o “lobby do tomate” é apenas um nome simbólico (assim como o tomate apenas é um mero símbolo do atual momento da inflação), para dizer que existe uma pressão da imprensa, da oposição e de especuladores financeiros para que a taxa de juros aumentasse de forma a aumentar os ganhos no Brasil (ora, não é mais fácil dar nome aos bois? Para quê, então, esse rodeio todo? Ah, antes de mais nada, não estou afirmando necessariamente que esse lobby não existe). Tomemos então as explicações sobre a inflação (especialmente a inercial) e seus efeitos negativos, além de claro, uma breve identificação dos fatos:
· Em 2010, a inflação fechou acima do centro da meta;
· Em 2011, também. Mais precisamente, fechou no TETO da meta;
· Em 2012, também;
· Neste ano, espera-se que ela feche acima do centro da meta. E neste momento está, inclusive, acima do TETO da meta;
· E, para o ano que vem, a expectativa é a mesma: acima do centro da meta;
· Em tempo: diferente de 2010, NÃO está havendo um crescimento do PIB que justifique tais valores de inflação.
Se a equipe econômica do Governo Federal não está conseguindo cumprir a meta estabelecida de inflação e espera que isso também se repita para o próximo ano, das duas, uma: ou o centro do target não é realista ou simplesmente não está sendo feito o esforço necessário para se chegar a esse resultado (uma possibilidade não necessariamente exclui a outra).
E se pensarmos que o conceito de inflação inercial também se aplica às expectativas futuras, temos uma verdadeira armadilha para este ano: a expectativa da inflação para o ano que vem pode tornar difícil o combate à atual, que no final torna mais difícil ainda o combate dessa para o próximo ano.
Considerando isso e os fatos apresentados, além de que ambientes com alta inflação podem servir de isca para aqueles que querem ganhar dinheiro com especulações, poderíamos dizer que na melhor das hipóteses, supondo que o “lobby do tomate” venceu, o governo ajudou a “se derrotar”.
Resumindo: de qualquer forma querer colocar os especuladores financeiros no centro do problema, apenas para tirar a culpa do governo federal na condução da economia, me soa um tanto infundado.
Só lembrando que o tomate já deixou de ser o vilão da inflação. O feijão e o leite são os candidatos a serem os próximos.
Encerrando
Diferente de três anos atrás, os ventos favoráveis à nossa economia pararam de soprar. E, sim, devemos estar de olho na alta dos preços dos produtos e serviços no Brasil. Até porque, além dos dados apresentados, nos próximos anos espera-se uma forte demanda, principalmente dos turistas estrangeiros, devido aos grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Se considerarmos que nossa capacidade produtiva pode não ser suficiente, pode estar por vir um momento de forte pressão inflacionária. Quem viver, verá.
Marcos Jr.
Editor do Minuto Produtivo (http://minutoprodutivo.blogspot.com.br/)
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http://reaconaria.org/colunas/colunadol ... -inflacao/
Afinal, o que é inflação?
“[...]a inflação foi uma conquista desses dez últimos anos do governo do presidente Lula e do meu governo.” (Dilma Rousseff)[...]
Antes de falar de fato sobre o assunto é necessário fazer uma breve explicação sobre o que é inflação. Isso servirá de base para comentar o tema e a conspirata do “lobby do tomate”.
A inflação significa a perda do poder de compra da moeda de um país. Também pode ser traduzida pela alta generalizada de preços na economia.
Ela pode trazer efeitos negativos para o funcionamento da economia, uma vez que: ela produz distorções econômicas, pelo fato dos preços não subirem simultaneamente; causa concentração de renda, pois a população mais pobre tem menos possibilidades de se defender, enquanto a população mais rica pode reajustar sua renda ou recuperá-la, por exemplo, no mercado financeiro; por fim, pode inibir o investimento produtivo, causando impasse no crescimento econômico, uma vez que ambientes com alta inflação podem dificultar o cálculo de ganhos, perdas e as comparações, atiçando ganhos especulativos, levando o governo a se defender com o aumento da taxa de juros.
A teoria econômica trabalha basicamente com três explicações para a inflação, a saber:
· Inflação de demanda: quando existe muita demanda (dinheiro) para pouca oferta (bens e serviços). Os keynesianos usam a aceleração excessiva da economia, defendendo uma política monetária restritiva (diminuindo o dinheiro em circulação) e uma política fiscal contracionista (o que leva a redução da demanda). Os monetaristas atribuem a inflação ao descontrole monetário do governo devido aos excessos fiscais (promove emissão de moeda para cobertura de déficits, desvalorizando-a). Neste caso, existe uma defesa maior da política monetária em detrimento da fiscal;
· Inflação de custos: é basicamente gerada por duas fontes. 1) aumentos de salários ou lucros que não são proporcionais à produtividade; 2) choques de oferta (provocados por situações naturais, como quebras de safra, ou provocados por situações políticas, como o racionamento de energia de 2001 e a crise cambial de 2002).
Para esse caso, recomenda-se usar a política monetária apenas para evitar a propagação desses choques por toda a economia, bem como outras opções mais eficazes, como a maior abertura para importações ou as negociações de preços e salários entre governo, empresários e sindicatos de trabalhadores.
· Inflação inercial: diagnosticada aqui por economistas brasileiros que elaboraram diversos planos de combate à inflação que culminaram no Plano Real. Trata-se da indexação generalizada na economia: preços, impostos, salários, contratos e aluguéis são reajustados com base em alguns índices de inflação. Assim, a alta generalizada de preços é “empurrada” para frente, realimentando a inflação.
E como a inflação se tornou preocupação no governo Dilma?
Para entender como ela voltou a aparecer como um dos principais temas de discussão no que se refere à economia brasileira (assim como o PIBinho), precisamos voltar um pouco no tempo – 2010, ainda no governo Lula.
A economia brasileira, naquele ano, cresceu 7,5% (o melhor resultado em quase um quarto de século), ainda que a inflação tenha fechado consideravelmente acima do centro da meta (5,9%, 1,4% acima do centro, mas 0,6% abaixo do teto da meta – é permitida uma tolerância de 2% para mais ou para menos).
Tal desempenho em plena crise econômica mundial (presente até hoje) somado a outros fatores acabou garantindo a eleição de nossa Presidenta da República.
Ainda no segundo semestre de 2010, as expectativas apontavam para um crescimento menor porém ainda expressivo do PIB (5,5%) e uma inflação menor (5%) no ano seguinte.
E, então, começa 2011. Dilma Rousseff toma posse como a primeira mulher a ser presidente do Brasil. Parecia que os bons tempos que a economia viveu sob o comando de Lula continuariam. Apenas parecia. A inflação não só não cedeu como ultrapassou o teto da meta (6,5%) ainda no primeiro semestre do ano. Após várias altas sucessivas de juros e um corte bilionário no orçamento, a inflação conseguiu cravar o teto. Quanto ao crescimento, as previsões foram revistas sucessivamente, até que no final o país cresceu 2,7%. Era o início de um novo padrão de crescimento econômico, o PIBinho.
No final de 2011, mais expectativas: apesar do recrudescimento da crise econômica iniciada em 2008, esperava-se uma inflação menor, porém ainda acima do centro da meta (5,4%) e um crescimento do PIB entre 4% e 5%, impulsionado pela sequência de desonerações para diversos setores produtivos.
E chega 2012. Com ele, as baixas prometidas (IPI reduzido para automóveis e linha branca são alguns exemplos).
A inflação, de fato, ficou menor em comparação ao ano de 2011, apesar de que, no final, continuou acima do previsto inicialmente (5,8%).
Porém, o crescimento econômico, que era tão aguardado por conta das reduções de impostos não ocorreu. Pior, diferente do ano retrasado, em que o valor real era metade do esperado, o crescimento econômico fechou o ano passado em “incríveis” 0,9%.
Um quinto em relação ao esperado, o que fez com que o primeiro biênio do governo Dilma se tornasse um dos piores em desempenho do PIB nos últimos 20 anos.
Para 2013, uma previsão um pouco mais cautelosa para o crescimento da economia (em torno de 3%). A inflação foi fixada em 5,7%. Mais uma vez, acima do centro da meta. Ah, para 2014, no que se refere à alta generalizada de preços, idem.
Só com base nisso (e nos conceitos de inflação, especialmente os relacionados a de demanda e à inercial), já dá para pensar em como tal tema virou (ou terá/teria de virar) preocupação no governo atual. Até porque, se as previsões para 2013 e 2014 se confirmarem, o governo Dilma fechará sem conseguir chegar ao centro da meta de inflação. E diferente da gestão anterior, nem um crescimento do PIB (normalmente uma taxa alta de tal variável pode alimentar a inflação) que justifique isso é esperado.
Para se ter uma ideia de que realmente há motivo para colocarmos as barbas de molho, este mês a inflação acumulada em 12 meses está próxima de 6,6%, acima do teto da meta. Na última reunião do Copom, o Banco Central decidiu fazer uma pequena elevação na taxa básica de juros (de 7,25% a.a. para 7,5% a.a.) como forma de “domar a fera”.
A tese do “lobby do tomate”. E por que eu diria que ela é estapafúrdia.
Antes de falar sobre a tese do “lobby do tomate”, é necessário que se explique o porquê do tomate ter entrado nessa jogada. Devido às fortes chuvas, que levaram a prejuízos na safra, e o diesel mais caro (afinal, nosso país tem a brilhante ideia de se transportar por longas distâncias usando rodovias) fez o preço do principal ingrediente da salada quase que triplicar nos últimos 12 meses.
Consequência simples, óbvia e lógica: o tomate virou um dos vilões da inflação neste ano, com direito a piadas repetidas ad nauseam nas redes sociais.
Pouco antes da reunião que sacramentaria a alta da Selic (após mais de seis meses sem aumentar), algumas pessoas (defensoras mais exaltadas do governo, ou, melhor, do partido que hoje está no poder) resolveram defender a tese de que “setores da imprensa conservadora, elitista e golpista, aliados à oposição e a especuladores financeiros que não observam mais no Brasil uma chance de ganhar mais dinheiro” estariam usando o tomate como fator de pressão para que o Banco Central aumentasse a taxa de juros. Mas, claro, por que cargas d’água ninguém pensou nisso antes?
Bem, a contra-argumentação precede de duas hipóteses: a primeira, de que realmente tais setores malignos para o Brasil (mwahahahaha!), usaram o tomate como “arma” para justificar o aumento da Selic.
Mas qual o conceito de inflação mesmo? Ah, se trata de uma alta generalizada de preços na economia de um país, certo?
Certo! Com base nisso, qual a chance de que mexer em um indicador macroeconômico (como a taxa de juros) com base na alta do preço de UM produto? Simplesmente ridícula, para não dizer zero! Se esses lobistas que torcem tanto contra o nosso incrível e maravilhoso país conseguiram convencer o Copom a subir a Selic por causa do aumento de um único produto, parabéns a eles por que a lábia que eles tiveram para convencer Tombini e sua trupe foi impressionante! Quanto aos membros do comitê, a lixeira para jogar seus livros de economia é logo ali.
Tá, mas vamos pensar que essa explicação não convenceu, ou ainda considerar a segunda hipótese: de que o “lobby do tomate” é apenas um nome simbólico (assim como o tomate apenas é um mero símbolo do atual momento da inflação), para dizer que existe uma pressão da imprensa, da oposição e de especuladores financeiros para que a taxa de juros aumentasse de forma a aumentar os ganhos no Brasil (ora, não é mais fácil dar nome aos bois? Para quê, então, esse rodeio todo? Ah, antes de mais nada, não estou afirmando necessariamente que esse lobby não existe). Tomemos então as explicações sobre a inflação (especialmente a inercial) e seus efeitos negativos, além de claro, uma breve identificação dos fatos:
· Em 2010, a inflação fechou acima do centro da meta;
· Em 2011, também. Mais precisamente, fechou no TETO da meta;
· Em 2012, também;
· Neste ano, espera-se que ela feche acima do centro da meta. E neste momento está, inclusive, acima do TETO da meta;
· E, para o ano que vem, a expectativa é a mesma: acima do centro da meta;
· Em tempo: diferente de 2010, NÃO está havendo um crescimento do PIB que justifique tais valores de inflação.
Se a equipe econômica do Governo Federal não está conseguindo cumprir a meta estabelecida de inflação e espera que isso também se repita para o próximo ano, das duas, uma: ou o centro do target não é realista ou simplesmente não está sendo feito o esforço necessário para se chegar a esse resultado (uma possibilidade não necessariamente exclui a outra).
E se pensarmos que o conceito de inflação inercial também se aplica às expectativas futuras, temos uma verdadeira armadilha para este ano: a expectativa da inflação para o ano que vem pode tornar difícil o combate à atual, que no final torna mais difícil ainda o combate dessa para o próximo ano.
Considerando isso e os fatos apresentados, além de que ambientes com alta inflação podem servir de isca para aqueles que querem ganhar dinheiro com especulações, poderíamos dizer que na melhor das hipóteses, supondo que o “lobby do tomate” venceu, o governo ajudou a “se derrotar”.
Resumindo: de qualquer forma querer colocar os especuladores financeiros no centro do problema, apenas para tirar a culpa do governo federal na condução da economia, me soa um tanto infundado.
Só lembrando que o tomate já deixou de ser o vilão da inflação. O feijão e o leite são os candidatos a serem os próximos.
Encerrando
Diferente de três anos atrás, os ventos favoráveis à nossa economia pararam de soprar. E, sim, devemos estar de olho na alta dos preços dos produtos e serviços no Brasil. Até porque, além dos dados apresentados, nos próximos anos espera-se uma forte demanda, principalmente dos turistas estrangeiros, devido aos grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Se considerarmos que nossa capacidade produtiva pode não ser suficiente, pode estar por vir um momento de forte pressão inflacionária. Quem viver, verá.
Marcos Jr.
Editor do Minuto Produtivo (http://minutoprodutivo.blogspot.com.br/)
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Sobre a inflação,
O Brasil é um país esquisito. Utiliza metas de inflação que tem como base a utilização da taxa de juros básica para controlar a inflação de demanda provocada pelo aquecimento da economia e pressão de demanda. Entretanto, o índice de preços oficial abrange um pacote de bens sem distinguir as flutuações de preços sancionais (exemplo, tomate e produtos agrícolas), variações cambiais e do mercado internacional que nada tem a ver com inflação de demanda. Portanto, o índice de inflação e meta são enganosas. Não dizem qual a inflação real do país e servem para guiar a política monetária para o lado errado. Por exemplo, elevar as taxas de juros por causa do preço do tomate. Não tem sentido.
Em outros países que adotam o regime de metas de inflação como EUA e Grã-Bretanha se preocupam com inflação de demanda. Não tem problemas em retirar produtos agrícolas e outros efeitos que representam distorções na medição da inflação de demanda. Além disso, dilatam o prazo da meta para mais de 12 meses calculado a partir do ciclo econômico de cada país que é uma característica individual, adicionam preocupações da sociedade com trabalhadores, empresários e situação econômica. Nada demais e está nos estudos sobre metas de inflação e medidas de controle de preços.
O negócio do pleno emprego e o país não cresce é questão estrutural e é coerente. O país tem baixo investimento em tecnologia, capital físico e humano. Assim o crescimento de longo prazo fica limitado a 2-3% ou menos com muito esforço. O crescimento alto que teve na década de 2000 era puxado por demanda com maior renda dos trabalhadores e nível de emprego. Ótimo para curto prazo e criação de boas expectativas do futuro, mas não se sustenta se não trouxer investimento para uma mudança estrutural. Nos últimos anos achou o limite. Agora é necessário investimento para romper a restrição estrutural que demanda anos e uma organização bem mais sofisticada.
A situação é tão sus generis que os trabalhadores conseguem impor aumentos cima da inflação e ter ganhos reais. Por que eles tem poder de negociação e as empresas não tem para onde expandir a produção que não seja contratando mais trabalhadores. Adicionalmente, caçam os mais qualificados para poder ampliar a produção seja no nacionais e estrangeiros. Em parte, explica a atração de profissionais qualificados do exterior.
Esse foi o tema de uma redação que fiz terça passada. Lembro que teve colegas que não souberam escrever sobre o problema.
O Brasil é um país esquisito. Utiliza metas de inflação que tem como base a utilização da taxa de juros básica para controlar a inflação de demanda provocada pelo aquecimento da economia e pressão de demanda. Entretanto, o índice de preços oficial abrange um pacote de bens sem distinguir as flutuações de preços sancionais (exemplo, tomate e produtos agrícolas), variações cambiais e do mercado internacional que nada tem a ver com inflação de demanda. Portanto, o índice de inflação e meta são enganosas. Não dizem qual a inflação real do país e servem para guiar a política monetária para o lado errado. Por exemplo, elevar as taxas de juros por causa do preço do tomate. Não tem sentido.
Em outros países que adotam o regime de metas de inflação como EUA e Grã-Bretanha se preocupam com inflação de demanda. Não tem problemas em retirar produtos agrícolas e outros efeitos que representam distorções na medição da inflação de demanda. Além disso, dilatam o prazo da meta para mais de 12 meses calculado a partir do ciclo econômico de cada país que é uma característica individual, adicionam preocupações da sociedade com trabalhadores, empresários e situação econômica. Nada demais e está nos estudos sobre metas de inflação e medidas de controle de preços.
O negócio do pleno emprego e o país não cresce é questão estrutural e é coerente. O país tem baixo investimento em tecnologia, capital físico e humano. Assim o crescimento de longo prazo fica limitado a 2-3% ou menos com muito esforço. O crescimento alto que teve na década de 2000 era puxado por demanda com maior renda dos trabalhadores e nível de emprego. Ótimo para curto prazo e criação de boas expectativas do futuro, mas não se sustenta se não trouxer investimento para uma mudança estrutural. Nos últimos anos achou o limite. Agora é necessário investimento para romper a restrição estrutural que demanda anos e uma organização bem mais sofisticada.
A situação é tão sus generis que os trabalhadores conseguem impor aumentos cima da inflação e ter ganhos reais. Por que eles tem poder de negociação e as empresas não tem para onde expandir a produção que não seja contratando mais trabalhadores. Adicionalmente, caçam os mais qualificados para poder ampliar a produção seja no nacionais e estrangeiros. Em parte, explica a atração de profissionais qualificados do exterior.
Esse foi o tema de uma redação que fiz terça passada. Lembro que teve colegas que não souberam escrever sobre o problema.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Obituário de um povo
Paulo Metri (*)
Ao que tudo indica, o que ainda resta de povo brasileiro independente morrerá nos dias 14 e 15 de maio próximos. Como um povo sem independência não passa de gado pacífico e, para não deixar tudo para a última hora, começo a preparar o seu obituário. Depois do nome do falecido, "Povo Brasileiro Independente", vem a mensagem fúnebre:
"Com muita tristeza, cumpre-nos o infeliz dever de comunicar a passagem do povo brasileiro independente. Doloridamente, informamos que o enfermo vinha, há anos, sofrendo de doença drenadora da sua energia vital. No passado, a doença era conhecida como 'entreguismo' e, hoje, é mais reconhecida como 'neoliberalismo' acoplado a 'globalização'. Nela, as veias da sociedade estão abertas e conectadas a sanguessugas externas, que drenam as riquezas naturais e os lucros obtidos no país".
"Este povo descende de índios guerreiros, brasileiros originários, que tinham o pecado de serem atrasados tecnologicamente. Suas terras foram invadidas, há 513 anos, por usurpadores europeus e brancos. Estes, sem escrúpulos para dominar, mataram os que não aceitavam serem escravos, não importando se eram praticamente todos. Não contentes, trouxeram povos da África para trabalhar à força e, assim, se fartarem com este capitalismo cruel. Posteriormente, outros imigrantes, forçados por guerras e pela fome de outras terras, aqui desembarcaram para contribuir com sua força de trabalho para a então incipiente transferência de mais valias. Então, esta mescla de povos de diversas origens compõe o brasileiro, que tem sido secularmente explorado por locais e estrangeiros. Durante sua existência, o brasileiro tem tido períodos de conquista de graus de independência e, infelizmente, outros de perda".
"Com a chegada da modernidade, a sofisticação e a desfaçatez do sistema de exploração atingiram seus auges. Foi criado um arcabouço jurídico e institucional dissimulado, em que a principal drenagem de sangue do paciente se dá para o exterior. Entretanto, graças à sofisticação, não existem mais grilhões, pelourinhos e açoites, para se terem súditos servis, bastando somente existir canais de mídia, que desinformam e criam alienados facilmente manipuláveis. Ajudam a manipulação, também, os políticos, representantes dos usurpadores, que administram o sistema, permitindo o sangue do moribundo se esvair. A escravidão atual se estabelece pela negação à instrução e à informação correta, que permitiriam existir a cidadania".
"O pouco que restava do povo brasileiro independente deu seu último suspiro nos dias 14 e 15 de maio de 2013, quando aconteceu a décima primeira rodada de leilões de blocos do território nacional para exploração de petróleo, a maior doação de patrimônio público a grupos estrangeiros já promovida pelo governo brasileiro, desde nossa independência. Não foram incluídos os anos como colônia, porque não se sabe o valor exato do ouro roubado por Portugal. Estima-se que o super-lucro, acima de um lucro normal, das empresas estrangeiras com esta rodada será de US$ 675 bilhões, a serem realizados em 25 anos, valor que nenhum governante poderia doar, mesmo havendo a pequena compensação para nosso povo, que são os royalties".
"O cortejo fúnebre será observado em cada petroleiro que encostar em uma plataforma, na nossa costa, e zarpar com seu casco cheio do nosso petróleo indo para algum lugar no exterior, durante 25 anos. Ele deixará aqui a falta de recursos para educação, saúde, saneamento, habitação, transporte, ciência e tecnologia, meio ambiente e tudo mais que irá representar um baixo IDH".
Este obituário está pronto. Temo pelo pior que pode acontecer nos dias fatídicos 14 e 15. Mas ainda tenho grande esperança que a presidente Dilma irá reconhecer os danos contundentes desta entrega e irá cancelá-la. Alerto a presidente que o presidente da Shell não lhe disse, na recente audiência concedida, que, se ganhar blocos, não irá comprar plataformas no Brasil, não encomendará desenvolvimentos aqui e, como consequência, gerará muito poucos empregos no país, levará toda a produção do nosso petróleo para o exterior, não construirá refinarias e oleodutos aqui, e não venderá o petróleo para a Petrobrás. Enfim, não ajudará o abastecimento do Brasil, nem o desenvolvimento brasileiro. Contudo, pagará os 10% de royalties NOTA DO TÚLIO - é verdade isso? Não pagamos (Petrobrás) uns 80% em Países onde extraímos? -, e só não pagará mais impostos porque a lei Kandir o impede.
É interessante notar o mundo fictício de ênfases tendenciosas, criado pela mídia. Sobre o mensalão, foram dadas as mais variadas cifras como prejuízo infligido à nação, dependendo da fonte da informação. Mas nenhuma delas, por pesquisa na internet, suplantou o valor de R$ 100 milhões. Pois bem, ouvimos sobre este caso durante uns três meses, todos os dias, cobertura jornalística farta. Este valor é cerca de 13.000 vezes menor que o atual roubo do petróleo e, no entanto, a mídia divulga praticamente nada sobre esta rodada.
Aproveito para dar um recado aos representantes das petroleiras estrangeiras. A revogação das concessões desta 11ª rodada, se ela ocorrer, em ano futuro, é algo possível, com a alegação verdadeira de que o povo não foi consultado sobre a realização da rodada e, se fosse esclarecido e indagado, teria negado sua realização. O contra-argumento, que os contratos de concessão são atos jurídicos perfeitos e, por isso, devem ser respeitados, poderá não prevalecer, à medida que o sistema escolhido para expressar a vontade popular foi imperfeito.
(*) Conselheiro do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Esse quer manter o cabide de empregos e proteção do setor de qualquer jeito. Se tirar a passionalidade e ideologia não sobra nada. talvez, algumas bromas.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Sei lá, estou preocupado e repito a questão em azul: é verdade isso de só 10%? É mentira que pagamos - Petrobrás - muito mais para extrair em outros Países?
O fato é que estou pouco ligando para a ideologia ou mesmo IDEOLOGICE do autor de um texto, se o julgo digno de discussão posto e pronto. Aliás, isso atrapalha a tigrada de ME rotular, afinal, volta e meia posto "à direita" e em outro ponto, "à esquerda". Não sou preconceituoso nem sectário, quero é SABER!
O fato é que estou pouco ligando para a ideologia ou mesmo IDEOLOGICE do autor de um texto, se o julgo digno de discussão posto e pronto. Aliás, isso atrapalha a tigrada de ME rotular, afinal, volta e meia posto "à direita" e em outro ponto, "à esquerda". Não sou preconceituoso nem sectário, quero é SABER!
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Está parte de 10% é da broma. O que vai ficar no país é bem maior. Se juntar a parte da produção partilhada, impostos e outros passa de 50% do valor do petróleo.
E está difícil cumprir as exigências de participação da industria nacional por não estar preparada. Hoje os estaleiros estão congestionados de pedidos. Apesar dos investimentos privados na ampliação da capacidade. Outros ramos ligados ao petróleo andam crescendo. Ainda falta o básico que seriam refinarias privadas. Quem sabe vem alguma surpresa nos próximos meses.
E está difícil cumprir as exigências de participação da industria nacional por não estar preparada. Hoje os estaleiros estão congestionados de pedidos. Apesar dos investimentos privados na ampliação da capacidade. Outros ramos ligados ao petróleo andam crescendo. Ainda falta o básico que seriam refinarias privadas. Quem sabe vem alguma surpresa nos próximos meses.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Então o texto é viagem mesmo?
VALEWS, estou mais tranquilo agora.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Isto seria fundamental.Bourne escreveu:Outros ramos ligados ao petróleo andam crescendo. Ainda falta o básico que seriam refinarias privadas. Quem sabe vem alguma surpresa nos próximos meses.
Mas infelizmente, mesmo que venham agora entrariam em produção já pelo menos dez anos atrasadas... .
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Se virem, é capaz de terem protestos contra por estarem vendendo ao grande capital internacional com proteção da imprensa golpista.