
Eu não estava doido quando escrevi minha dissertação. O cara que pesquisou a vida toda o setor concorda comigo.
Nacionalização do Setor Bancário Brasileiro
Abril 4th, 2012 § 3 Comentários
Fuentes: http://fernandonogueiracosta.wordpress. ... rasileiro/
O grande avanço dos bancos públicos no crédito obscureceu sua perda geral de peso no sistema financeiro. Eles alcançaram 43% dos empréstimos bancários em 2011, mas em ativos, patrimônio líquido e depósitos cederam espaço aos grandes bancos privados nacionais. Já os bancos estrangeiros retrocederam quase uma década e meia em participação de mercado, retornando à situação existente após o HSBC adquirir o Bamerindus, em 1996, na era neoliberal de privatização de crise e concentração bancária, privatização de bancos estaduais, desnacionalização do setor. A crise nos Estados Unidos e na Europa acelerou essa perda de mercado diante dos grandes concorrentes locais.
O patrimônio dos bancos públicos encolheu dois pontos percentuais, para 14,6%, enquanto nos privados nacionais houve expansão de 16,4%. O Banco do Brasil está com índice de Basileia, indicador usado pelas autoridades para medir a capacidade de empréstimos dos bancos, de 14%, acima dos 11% mínimos exigidos, mas abaixo de Itaú Unibanco, Bradesco e Santander. A Caixa tem 13%.
Carolina Mandl (Valor, 28/03/12) mostra que os bancos estrangeiros perderam mercado para os locais nos principais indicadores da força de uma instituição financeira. As matrizes, principalmente na Europa, passam por processos de desalavancagem. É natural que os bancos estrangeiros reduzam ou vendam operações em alguns países.
Se considerado o patrimônio líquido, a fatia dos estrangeiros na soma total das instituições que estão no Brasil caiu de 33,62% para 19,17% nos últimos dez anos. Foi a maior redução entre os itens analisados pelo Banco Central: patrimônio, operações de crédito, ativos e depósitos. Nos empréstimos, a perda foi de 12,9 pontos percentuais, encerrando 2011 em 17,58%. (ver gráfico acima)
Não foram poucos os casos de saída do Brasil. Com problemas na Escócia, o Royal Bank of Scotland (RBS) anunciou sua saída do país em outubro do ano de 2011. A notícia veio apenas quatro meses depois de o banco receber a licença para operar no país. O RBS avaliou que não seria prudente se comprometer com um novo investimento, em momento em que a matriz precisava de injeção de capital. O WestLB também já noticiou que, como parte de uma reestruturação dos bancos estatais da Alemanha, está colocando todos os seus ativos à venda, o que inclui a unidade brasileira.
O presidente do BNP Paribas na América Latina afirmou que daqui para frente o banco francês deve colocar mais ênfase nas operações que consumam menos capital no Brasil. “Estamos mais focados na desintermediação bancária. Para o cliente, tanto faz o meio como conseguirá o dinheiro.” O executivo do BNP não descarta a venda de participação em alguns negócios que o banco tem no país, que incluem banco, financeira, distribuidora de seguros e até uma empresa de gestão de frotas.
O português Banco Espírito Santo (BES) vai na mesma linha de direcionar sua atividade para operações que não demandem capital, como gestão de recursos.
Mesmo Santander e HSBC, os dois principais bancos europeus de varejo com presença no Brasil, foram afetados pelos problemas da matriz. Apesar de bastante capitalizado no país, o Santander desacelerou nos últimos dois anos a expansão da carteira de crédito. Isso desagradou os investidores do banco, já que a instituição levantou R$ 13,2 bilhões em uma oferta de ações em 2009 com o objetivo de ganhar mercado no Brasil. O banco espanhol também vendeu uma fatia da subsidiária brasileira com o objetivo de fortalecer sua estrutura de capital na Espanha.
O HSBC, por sua vez, já tentou se desfazer de alguns ativos, como da financeira Losango e das carteiras de financiamento a veículos e de crédito consignado para não correntistas. Por enquanto, o banco ainda não teve êxito nessa estratégia, mas em diversos países como Estados Unidos e Polônia, o HSBC já vendeu operações.
Apesar dessa coleção de casos, a redução da presença dos estrangeiros no país não é um tema que tem preocupado o governo brasileiro. A interpretação da equipe econômica é que, de forma geral, apesar de estarem encolhendo, os bancos estrangeiros estão saudáveis no país, sem impor riscos ao sistema. Isso porque, ao mesmo tempo em que o patrimônio deles está se reduzindo, as operações de crédito também vêm perdendo espaço recentemente, sem criar um descompasso.
Um eventual problema poderia ser a concentração do crédito entre poucos bancos em mercado já bastante concentrado. Os quatro maiores bancos do país detêm 69,2% do mercado, e os dez maiores, 90%.
A avaliação, entretanto, é que a demanda por licenças de bancos asiáticos e americanos para operar no país possa compensar essa atual debandada.
Novos bancos nacionais também podem conquistar esse mercado deixado para trás. O BTG Pactual, por exemplo, já afirmou que pretende ter uma atuação mais forte nas operações de crédito depois que levantar recursos com sua oferta iniciais de ações, prevista para acontecer ainda no primeiro semestre deste ano de 2012.