14 de Outubro, 2011 - 10:44 ( Brasília )
Os comandantes de aviões com um sistema de satélite potente podem ficar a meio mundo de distância de seus alvos sem qualquer problema.
EUA: O piloto sumiu - O investimento em aeronaves não-tripuladas leva pilotos do front para o joystick
Conheça algumas armas da guerra à distância
http://www.defesanet.com.br/tecnologia/ ... o-joystick
Ingrid Tavares
Um piloto observa o campo inimigo com as 3 câmeras do nariz da nave Raven e faz rasantes a quase 100 km/h. Ele não está dentro do avião — controla tudo em terra firme, com a ajuda de um console portátil, uma espécie de joystick com alguns botões acoplados. Bem parecido com um jogo de videogame, não fosse uma missão da Força Aérea Americana para achar esconderijos de grupos terroristas.
Desde os ataques do 11 de Setembro, os EUA passaram a investir pesado em aviões não-tripulados, os chamados drones. No ano do atentado às torres gêmeas, o Pentágono tinha 50 unidades. Passados dez anos, já são 7 mil, com funções diferentes — desde os que são lançados por catapultas, como o Shadow, até aqueles, ainda em testes, que simulam ser pássaros e insetos. Sai o piloto indomável, ao menos da cabine, e entra a tecnologia de ponta.
O novo profissional mantém a farda, mas trabalha perto de casa, agora. Os comandantes de aviões com um sistema de satélite potente podem ficar a meio mundo de distância de seus alvos sem qualquer problema. A base do modelo Global Hawk, por exemplo, está no norte da Califórnia, já que a “baleia branca voadora”, como é conhecido entre os militares, puxa coordenadas de GPS de satélites no espaço para sobrevoar o Afeganistão. Tudo no piloto automático.
Já o Reaper, que domina as missões no Iraque, é guiado de trailers em Las Vegas. Com quase 170 naves, é o substituto dos famosos caças do filme Top Gun, que fez de Tom Cruise uma estrela em 1986. Ainda mais diante da crise mundial: o modelo sai por módicos US$ 10,5 milhões, menos de 10% do preço do cultuado F-22, que custa US$ 150 milhões.
Mas o pessoal não pensa só em dinheiro: outro grande argumento para o uso dos drones é que o avanço das armas de defesa em solo tornou a atividade de piloto ainda mais perigosa, explica Rene Nardi, ex-diretor da Embraer e especialista em tecnologia aeronáutica avançada. Até a guerra contra as drogas optou pelos drones: o helicóptero Fire Scout caça traficantes pelos mares com pilotos em terra firme.
LINHA DE PRODUÇÃO
Os drones são o setor com crescimento mais dinâmico na área de defesa e segurança, passando outros equipamentos bélicos, segundo um estudo mundial da TealGroup, empresa americana de análise do mercado aeroespacial. A despesa com naves com controle remoto deverá dobrar nessa próxima década, pulando de US$ 5 bilhões para US$ 11 bilhões em todo o mundo. Ao fim de 2020, cerca de 50 países, inclusive o Brasil, deverão torrar juntos mais de US$ 94 bilhões na tecnologia, estima o relatório.
Mesmo assim, o governo americano manterá a liderança do novo negócio. Seus gastos batem, e com folga, os dos países da Ásia (com Israel e China puxando a região) e da União Europeia (Inglaterra e França são destaques). América Latina e África deverão manter investimentos modestos ainda. “No Brasil temos competência para a tecnologia do projeto e da construção do avião, mas não fabricamos os sensores [de computadores e processadores de imagens]. Precisamos começar a investir rápido nessas áreas de conhecimento”, diz Nardi.