Timor Leste
Moderador: Conselho de Moderação
- cabeça de martelo
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Polícia da ONU "atrasa" assistência a Ramos Horta
Tudo indica que a polícia das Nações Unidas não terá socorrido o Presidente timorense de imediato.
Os elementos da ONU estavam a 300 metros. Viram Ramos Horta estendido no chão e nada terão feito. O apoio médico chegou com a GNR.
video: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?he ... 10&tema=31
PS: se não fosse a GNR e o INEM (instituições Portuguesas que estão em Timor) o tipo se calhar já estava morto!
Tudo indica que a polícia das Nações Unidas não terá socorrido o Presidente timorense de imediato.
Os elementos da ONU estavam a 300 metros. Viram Ramos Horta estendido no chão e nada terão feito. O apoio médico chegou com a GNR.
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PS: se não fosse a GNR e o INEM (instituições Portuguesas que estão em Timor) o tipo se calhar já estava morto!
- cabeça de martelo
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Matan Ruak diz que alertou para a possibilidade de um ataque
O comandante das forças de Defesa de Timor-Leste, o brigadeiro-general Taur Matan Ruak, afirmou ter alertado há uma semana os responsáveis da segurança do país para a possibilidade de um ataque ao presidente e ao primeiro-ministro.
video: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?he ... 90&tema=31
O comandante das forças de Defesa de Timor-Leste, o brigadeiro-general Taur Matan Ruak, afirmou ter alertado há uma semana os responsáveis da segurança do país para a possibilidade de um ataque ao presidente e ao primeiro-ministro.
video: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?he ... 90&tema=31
- rodrigo
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Realmente isso é muito difícil de prever.O comandante das forças de Defesa de Timor-Leste, o brigadeiro-general Taur Matan Ruak, afirmou ter alertado há uma semana os responsáveis da segurança do país para a possibilidade de um ataque ao presidente e ao primeiro-ministro.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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- Al Zarqawi
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Bem dizer o quê...
Timor-Lorosae,é um jovem país e por isso com instituições ainda muito frágeis.A democracia não se instaura por decreto,é uma prática diária e de constante evolução,nada de novo.Pessoalmente e como não acredito em conto de fadas,sei que estes processos de transição são lentos e demorados,mesmo em países com uma longevidade maior.O grande problema nestes processos de resistência armada,contra o invasor é na ausência destes o que estas pessoas irão fazer se só combateram na vida,mais o protagonismo egocêntrico destas pessoas.Timor,como é lógico vai ter muitos avanços e inúmeros retrocessos é claramente um país por fazer,estes processos são penosos e por vezes dolorosos.Claramente se nota a falta de alternativa política à dualidade,Xanana Gusmão e Ramos-Horta,faltam opções credíveis.Outra coisa é um Estado minusculo e entre duas potências uma regional a Indonésia e outra diria hemisférica no mínimo,e ainda por cima um fator que poderia ser um motivo de alavancagem está se tornando o grande problema da questão,falo do petróleo,onde e infelizmente os políticos timorenses venderam-se muito barato,é um pouco forte mas pelo que leio acredito que é por aí.
Não sei até quando Portugal,poderá acorrer ás inumeras solicitações que tem tido e respondido na medida do que é pedido.Já vi até escrito por aqui em neo-colonialismo,dá vontade até de rir de tão patético que é.
Infelizmente isto poderia ter a participação dos chamados países lusófonos,mas me parece muito utópico,á excepção de Portugal,Moçambique e Macau me parecem participações muito áquem do desejável.
Uma opinião meramente pessoal,enquanto Timor-Lorosae tiver sob égide da Austrália,legitimada pela ONU,esse jovem país será muito complexo de administrar independentemente de quem quer que o governe,será sempre um pau-mandado.Enfim são minhas convicções.
Abraços,
Timor-Lorosae,é um jovem país e por isso com instituições ainda muito frágeis.A democracia não se instaura por decreto,é uma prática diária e de constante evolução,nada de novo.Pessoalmente e como não acredito em conto de fadas,sei que estes processos de transição são lentos e demorados,mesmo em países com uma longevidade maior.O grande problema nestes processos de resistência armada,contra o invasor é na ausência destes o que estas pessoas irão fazer se só combateram na vida,mais o protagonismo egocêntrico destas pessoas.Timor,como é lógico vai ter muitos avanços e inúmeros retrocessos é claramente um país por fazer,estes processos são penosos e por vezes dolorosos.Claramente se nota a falta de alternativa política à dualidade,Xanana Gusmão e Ramos-Horta,faltam opções credíveis.Outra coisa é um Estado minusculo e entre duas potências uma regional a Indonésia e outra diria hemisférica no mínimo,e ainda por cima um fator que poderia ser um motivo de alavancagem está se tornando o grande problema da questão,falo do petróleo,onde e infelizmente os políticos timorenses venderam-se muito barato,é um pouco forte mas pelo que leio acredito que é por aí.
Não sei até quando Portugal,poderá acorrer ás inumeras solicitações que tem tido e respondido na medida do que é pedido.Já vi até escrito por aqui em neo-colonialismo,dá vontade até de rir de tão patético que é.
Infelizmente isto poderia ter a participação dos chamados países lusófonos,mas me parece muito utópico,á excepção de Portugal,Moçambique e Macau me parecem participações muito áquem do desejável.
Uma opinião meramente pessoal,enquanto Timor-Lorosae tiver sob égide da Austrália,legitimada pela ONU,esse jovem país será muito complexo de administrar independentemente de quem quer que o governe,será sempre um pau-mandado.Enfim são minhas convicções.
Abraços,
Al Zarqawi - O Dragão!
"A inveja é doce,o olho grande é que é uma merda"Autor desconhecido.
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- soultrain
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Boas,
Não foi o próprio Ramos Horta que o ano passado chamou um juiz Portugues de neo-colonizador por querer prender o Alfredo Reinado? Se for como me lembro é a maior ironia, o Ramos Horta ser baleado pelo Reinado.
Se as noticias que aqui postaram forem verdade, parece-me que o governo actual não agradará aos Australianos, será?
[[]]'s
Não foi o próprio Ramos Horta que o ano passado chamou um juiz Portugues de neo-colonizador por querer prender o Alfredo Reinado? Se for como me lembro é a maior ironia, o Ramos Horta ser baleado pelo Reinado.
Se as noticias que aqui postaram forem verdade, parece-me que o governo actual não agradará aos Australianos, será?
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
NJ
- cabeça de martelo
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A Gnr a patrulhar as ruas de Dili depois de ser decretado o recolher obrigatório:
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?he ... 71&tema=31
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?he ... 71&tema=31
- Clermont
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O que me deixou espantado foi o pesar de grande número de timorenses pela morte do ex-militar golpista, responsável pelo atentado. Ele teve um funeral de herói...
Isso não parece sinalizar com um futuro brilhante para esse país.
Fico pensando se, afinal de contas, esse lugar valeria a perda de vidas de soldados de outros países.
Pelo menos, pra mim, não vale a perda da vida de nenhum soldado brasileiro.
Isso não parece sinalizar com um futuro brilhante para esse país.
Fico pensando se, afinal de contas, esse lugar valeria a perda de vidas de soldados de outros países.
Pelo menos, pra mim, não vale a perda da vida de nenhum soldado brasileiro.
- Al Zarqawi
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Clermont escreveu:O que me deixou espantado foi o pesar de grande número de timorenses pela morte do ex-militar golpista, responsável pelo atentado. Ele teve um funeral de herói...
Isso não parece sinalizar com um futuro brilhante para esse país.
Fico pensando se, afinal de contas, esse lugar valeria a perda de vidas de soldados de outros países.
Pelo menos, pra mim, não vale a perda da vida de nenhum soldado brasileiro.
Embora não discorde de todo de você,apesar do enfoque talvez não ser o mais adequado.Também vivemos num país (Brasil),que traficante de morro quando morre,é assunto de primeira página,jornal nacional,entrevistas com as dez,vinte pretensas viúvas,etc,etc,etc.
Pelo menos nisso,Timor infelizmente já está na modernidade em antes de chegar nela.Dá que pensar...
Abraços,
Al Zarqawi - O Dragão!
"A inveja é doce,o olho grande é que é uma merda"Autor desconhecido.
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- cabeça de martelo
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Clermont escreveu:O que me deixou espantado foi o pesar de grande número de timorenses pela morte do ex-militar golpista, responsável pelo atentado. Ele teve um funeral de herói...
Isso não parece sinalizar com um futuro brilhante para esse país.
Fico pensando se, afinal de contas, esse lugar valeria a perda de vidas de soldados de outros países.
Pelo menos, pra mim, não vale a perda da vida de nenhum soldado brasileiro.
A maior parte eram rapaziada nova entre 10/25 anos de idade, a pessoa mais velha era o pai adoptivo do homem (Pára-quedista na disponibilidade ). Era esta a sua base de apoio, miudos que acreditam em tudo, especialmente quando a solução passa por transformações radicais e corte total com o passado (ex: Revolução Cultural na China).
- cabeça de martelo
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Enfermeiro do INEM é herói em Timor
O Enfermeiro Jorge Marques, do INEM, foi quem prestou o primeiro socorro a Ramos Horta.
video: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?he ... 62&tema=31
O Enfermeiro Jorge Marques, do INEM, foi quem prestou o primeiro socorro a Ramos Horta.
video: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?he ... 62&tema=31
- cabeça de martelo
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Filhos de Xanana homenageiam GNR
A GNR destacada em Timor-Leste recebeu um agradecimento muito especial das mãos dos filhos do primeiro-ministro Xanana Gusmão.
Foram membros da Guarda que na segunda-feira resgataram a família de Xanana de uma situação muito delicada.
video: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?he ... 63&tema=27
A GNR destacada em Timor-Leste recebeu um agradecimento muito especial das mãos dos filhos do primeiro-ministro Xanana Gusmão.
Foram membros da Guarda que na segunda-feira resgataram a família de Xanana de uma situação muito delicada.
video: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?he ... 63&tema=27
Re: Timor Leste
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticia ... 38829/viewEntrevista 1 - Estabilidade no Timor só será alcançada se o governo acalmar dissidências, diz embaixador
Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Marcello Casal Jr./ABr
Brasília - O presidente do Timor Leste, José Ramos-Horta, teve alta esta semana depois de mais de um mês internado em um hospital da Austrália. Nas próximas semanas, deve reassumir o comando de seu país.
A concertação com as forças de oposição e a resistência em busca da união nacional será o principal desafio de Ramos-Horta na avaliação do novo embaixador do Brasil no Timor Leste, Édson Monteiro.
Ramos-Horta foi atingido a tiros no dia 10 de fevereiro, em sua residência, em Dili. O ataque foi comandado pelo major Alfredo Reinado, que morreu em troca de tiros com os seguranças do presidente. Em 2006, o major liderou um movimento rebelde de militares demitidos, que resultou em uma onda de violência pelo país.
O embaixador brasileiro - que assume a representação diplomática no Timor Leste no próximo dia 25 - acredita que a desejada estabilidade só será alcançada se o atual governo acalmar as dissidências nas Forças Armadas e entrar em acordo com a Frente Revolucionária de Timor Leste Independente - Freitilin, grupo que comandou a luta pela independência do país e hoje tem a maior bancada no Parlamento timorense, mas está fora do poder.
Colonizada por portugueses, a parte oriental da ilha de Timor foi abandonada pelo governo de Lisboa em 1975, após a Revolução dos Cravos. Até 1999, a região foi dominada pelo governo da Indonésia. Em 1999, em referendo organizado pela Organização das Nações Unidas, 98% dos timorenses decidiram pela independência.
Milícias contrárias à independência e as próprias tropas indonésias promoveram atos de violência e a destruição do país. Com a retirada da Indonésia, até a independência, em 2002, o Timor Leste ficou sob administração transitória das Nações Unidas, a cargo do brasileiro Sérgio Vieira de Melo, então subsecretário-geral para Assuntos Humanitários da ONU.
O Brasil participa desse processo desde o princípio. Em 1999, logo após o plebiscito, foram definidas áreas com potencial para cooperação técnica. Em 2000, o governo brasileiro assinou um protocolo de cooperação com a administração transitória das Nações Unidas. Em 2005 foi promulgado o acordo básico, que dá sustentação aos projetos de cooperação bilateral.
Hoje, o Brasil apóia iniciativas de reconstrução e estabilização e monta projetos de cooperação técnica para transferência de conhecimento.
O regimento interno do Parlamento timorense, o plano nacional de educação do Timor Leste e o primeiro projeto de criação de um sistema tributário no país foram elaborados por profissionais brasileiros.
O Timor- Leste é o terceiro país no qual o Brasil mais investe. Não há transferência de recursos, mas custos de projetos. Dos US$ 22,97 milhões destinados pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) à cooperação Sul-Sul até 2006, US$ 2,1 milhões foram gastos em projetos no país asiático – montante inferior apenas aos investimentos no Haiti (US$ 2,7 milhões ) e em Cabo Verde (2,2 milhões).
“É a maior atividade conjunta de organismos internacionais em qualquer lugar do mundo: Nações Unidas, Banco Mundial, Banco da Ásia. Há um grande programa de cooperação, porque o país precisa de quase tudo em termos de organização como país”, resume o novo embaixador do Brasil no Timor-Leste.
“Tem que se organizar governo, o Parlamento, os planos e os currículos para educação, a maneira de cobrar imposto, de refazer uma infra-estrutura, que foi quase inteiramente destruída no período de luta pela independência”, enumera.
Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, Édson Monteiro cita as áreas de cooperação atual e futura do Brasil com o único país asiático de língua portuguesa, faz uma análise do atual contexto político timorense e fala sobre o papel do Brasil e da comunidade internacional no processo de reconstrução e estabilização do país.
Agência Brasil - Os recentes atentados contra o presidente José Ramos-Horta e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, demonstram que ainda falta muito para o Timor-Leste se estabilizar politicamente? Ainda há forças de resistência à independência?
Édson Monteiro - Existem dissensões dentro do país. Se pode imaginar as tensões que se criaram em 24 anos de ocupação indonésia. Uns se revoltaram completamente, outros se conformaram e alguns aderiram. Muitos dos que aderiram efetivamente e até participaram da repressão e do controle do país se refugiaram na parte indonésia da ilha do Timor, mas muitos ficaram. Há um processo de reconciliação que precisa ser feito, que ainda não está completo, ainda há desconfianças. É até geográfico, há uma tensão entre a parte mais a leste da ilha, longe da Indonésia, e a parte mais próxima. É nesta área que se concentrou boa parte da atividade dos membros da Fretilin [Frente Revolucionária de Timor Leste Independente] que lutavam contra a Indonésia. E essa tensão também e manifesta dentro das Forças Armadas. Este é um dos motivos da briga de 2006. Alguns militares acharam que estavam sendo prejudicados. E há um problema geral que é o reconhecimento do que os guerrilheiros fizeram na luta pela independência, eles têm que ter algum tipo de prêmio, de pensão, de título. Isso é uma coisa que vinha sendo discutida de uma forma muito indecisa. Depois de 2006, tornou-se um tema premente e o governo tem a determinação de realmente atender a essas reivindicações. Aquele militar que estava rebelado simbolizava estas dificuldades, mas que não são incontornáveis. O que o presidente Ramos-Horta estava fazendo, e disse isso aqui no Brasil, era negociar uma saída. Ele antecipou seu retorno ao país dizendo que as negociações estavam avançando e precisava estar no Timor.
ABr - Que tipo de negociação, em qual direção? Isso inclui a oposição?
Monteiro - No sentido de trazer o militar rebelde de volta, deixar claro para ele que seriam atendidas as reivindicações consideradas justas e também fazer um acordo político com a oposição. Essa oposição é fundamentalmente a Fretilin, que foi a força que comandou a luta pela independência. É uma situação politicamente complicada. O grupo que comandou a luta pela independência hoje está fora do poder. Eles têm o maior número de deputados, mas os outros se uniram e elegeram o presidente do Parlamento, o que deixou alguma insatisfação. Em seu livro, Ramos-Horta diz que depois da independência seria necessário um governo de união nacional, todas as forças do país deverão estar juntas em um projeto de reconstrução nacional.
ABr - Esse é o ideal de qualquer governante...
Monteiro - Na prática a coisa não é tão fácil, mas é necessário.
ABr - Mas é possível? Qual o papel da comunidade internacional?
Monteiro - A contribuição internacional deve ser no sentido de estimular todos os grupos políticos do Timor a se aproximarem, a deixarem de lado as diferenças e trabalharem juntos em um projeto nacional. Toda vez que eu me encontrar com um deputado timorense terei este mesmo discurso: vocês precisam se entender, precisam se unir, colocar o interesse do país acima destas diferenças.
ABr - Isso não terá um preço, como em qualquer país?
Monteiro - A Fretilin poderá dizer que só faz isso se ganhar um ministério. Aí se vê isso aqui no Brasil, se vê em todos os lugares. É preciso negociar e encontrar uma fórmula que preserve o interesse de um lado e atende ao desejo de outro.
ABr - Há disposição do atual governo de fazer este tipo de negociação, de ceder espaço a todos os grupos?
Monteiro - Acho que sim, toda a comunidade internacional está dizendo isso a eles. Não há outra saída, eles não podem isolar a Fretilin, ela tem uma força enorme, é realmente o partido mais organizado. Acho que eles têm consciência. Como acomodar isso é uma decisão que os timorenses terão que tomar com o nosso incentivo e o nosso apoio. Quando será? Espero que em breve, espero que o presidente volte e quem sabe volte reforçado para convencer os seus partidários de que é preciso acomodar o outro lado. Não vejo como encontrar outra forma de contornar esses conflitos internos que realmente existem.
Re: Timor Leste
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticia ... 18451/viewEntrevista 2 - Brasil ajuda na reconstrução do Timor desde o ensino à Constituição
Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Na segunda parte de entrevista exclusiva à Agência Brasil, o novo embaixador do Brasil no Timor Leste, Édson Monteiro, fala sobre o que ainda falta para a estabilização do país asiático, enumera as área de cooperação brasileira e comenta o papel do Brasil e da comunidade internacional no processo de construção do país.
ABr - O Brasil apoiou o processo de independência do Timor-Leste e comprometeu em colaborar na elaboração da Constituição de um estado timorense democrático e estável. O que falta para a estabilização do país?
Monteiro - O essencial é o fortalecimento da capacidade de governança do país. As Nações Unidas estão no país desde 1999. O país partiu praticamente do zero. Nove anos depois muita coisa já está feita, já há um Parlamento funcionando, já há um governo com vários ministérios estabelecidos, mas nem esse Parlamento nem este governo dispõem de todos os quadros até para se administrar. O Ministério da Agricultura precisa ter quadros para que possa planejar e executar todos os programas agrícolas. O Ministério das Finanças precisa ser capaz de conceber programas, orçamentos, distribuir recursos, acompanhar a execução orçamentária. Eles, francamente, não têm capacidade de fazer isso, e o país fica sem condições de executar programas que são necessários para se desenvolver, incorporar pessoas ao mercado de trabalho, criar infra-estruturas, criar oferta dos produtos e serviços que são necessários. Eles sabem o que precisam fazer, até têm pessoas preparadas, mas ainda precisam de muita contribuição até que possam ser capazes de se administrar sozinhos. A idéia é sempre que se forme alguns técnicos e que estes venham a formar outros. Mas é uma tarefa muito grande e ainda há necessidade de incorporação de pessoas para irem trabalhando enquanto os timorenses aprendem.
ABr - Em que áreas o Brasil já coopera com o Timor Leste?
Monteiro - O regimento interno do Parlamento, o plano nacional de educação e o primeiro projeto de criação de um sistema tributário foram feitos por brasileiros. Outra área interessantíssima é o Judiciário. Até hoje não há uma Suprema Corte no Timor e os timorenses não têm juízes, promotores e defensores em número suficiente para operar o Judiciário. Há juízes de outros países, inclusive brasileiros, julgando. Temos quatro juízes presidindo tribunal, decidindo casos. Advogados timorenses estão sendo submetidos a concursos, a treinamento, e se espera que em dois ou três anos possam também exercer o cargo de juízes, mas decorrerá algum tempo até que tenham esta capacidade. E há 40 professores brasileiros lá. Foram para fortalecer o conhecimento específico de professores timorenses, foram ensinar um pouco mais de matemática, de biologia, de história, de química para que eles melhorassem a sua capacidade. E alguns foram lecionar português. É um programa de três anos que está sendo renovado e novos professores devem chegar lá ainda no final deste semestre.
ABr - O ensino do português é a principal frente de cooperação do Brasil com o Timor?
Monteiro - Essa é uma frente estruturante. Isso é importante porque o Timor tomou a decisão de adotar o português como língua oficial, é uma decisão política. Um percentual muito pequeno fala português, mas o governo atual vê no português um elemento de unificação. Há 16 dialetos no Timor e é preciso criar uma língua. Poderia ser o inglês, o indonésio. Mas isso, para o governo do Timor, seria um elemento quase de perda de identidade nacional. No período da luta pela independência, constaram que em todas as partes do Timor havia pelo menos algumas pessoas falando português, e estas pessoas acabaram sendo o núcleo da luta contra as tropas indonésias. Criou-se, aí, um simbolismo, o português foi a língua da luta pela independência, eles querem manter isso, e o Brasil tem todo o interesse em ajudar, assim como Portugal e os outros países de língua portuguesa.
ABr - E a área de previdência?
Monteiro - O governo do Timor pediu uma grande contribuição brasileira para criação de um sistema de previdência social, que não existe. Outro pedido que foi feito foi a criação de um programa de transferência de renda para pessoas de maior idade, semelhante a um programa que existe no Ministério do Trabalho. Isso são promessas eleitorais do presidente Ramos-Horta. Eles têm recursos, o fundo de petróleo está crescendo muito, há quem fale em US$ 1,5 bilhão, outros já falaram que está em US$ 3 bilhões. Com estes recursos eles podem fazer um programa, ainda limitado de aposentadoria para um número pequeno de pessoas, de transferência de renda para um grupo pequeno de pessoas, e de previdência também. Este embrião vai crescer.
ABr - Também há entendimentos na área agrícola. Como está essa cooperação?
Monteiro - Já tivemos uma primeira atuação para melhorar a produção de café do Timor. O café é o produto tradicional, era o grande produto de exportação. Com o abandono durante a rebelião contra a Indonésia, o café perdeu muito de sua produtividade. Já mandamos equipes da Embrapa para treinar pessoas no manejo das plantações. Eles têm um café de excelente qualidade, orgânico, com preço altíssimo no mercado internacional e uma ajuda dessa pode ter uma grande repercussão sobre a situação econômica deles.
ABr - Existe um projeto na área de reflorestamento, não?
Monteiro - O Ramos-Horta pediu ao Brasil um projeto de reflorestamento para tentar recuperar o que foi destruído ao longo da colonização. É um projeto trilateral, com o apoio da Indonésia. Técnicos indonésias foram conosco ao Timor em uma primeira missão, em janeiro. Estamos agora trabalhando no texto de um projeto.
ABr - O Brasil tem algo a ganhar com essa cooperação ou é uma via de mão única?
Monteiro - Cooperação é sempre de duas vias. Consideramos a cooperação técnica um conceito mais moderno que assistência técnica. Se pode até dizer que neste momento é basicamente assistência, mas as pessoas da Embrapa que lá foram ajudar a cuidar do café orgânico também aprenderam. Lá o café é cultivado à sombra de grandes árvores, por exemplo. Também trouxemos alguma mudas dos tipos de café que são cultivados lá para serem objeto de experiência. Pode haver uma reciprocidade, alguma coisa sempre se aprende. Mas é claro que em um projeto conjunto, a maior parte dos recursos tem que sair do Brasil.
Re: Timor Leste
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticia ... 41790/viewEntrevista 3 - Embaixador defende aumento da presença militar brasileira no Timor
Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Na terceira parte da entrevista à Agência Brasil, o novo embaixador brasileiro no Timor Leste, Édson Monteiro, defende a participação brasileira na Missão Integrada das Nações Unidas no Timor Leste (Unmit) e a manutenção das tropas militares no país. O diplomata também comenta a presença militar australiana no país.
O presidente do Timor Leste, José Ramos-Horta, teve alta esta semana depois de mais de um mês internado em um hospital da Austrália. Nas próximas semanas, deve reassumir o comando de seu país.
ABr - O Brasil mantém contingentes militares no Timor Leste, como faz no Haiti?
Monteiro - Temos apenas alguns policiais do Exército e policiais militares treinando policiais timorenses, e quatro observadores militares brasileiros dentro da estrutura das Nações Unidas. Num primeiro momento, quando saiu a independência, o Brasil teve o maior contingente de tropa, cerca de 180, que ficaram lá até a independência. Eu adoraria realmente que se aumentasse a presença brasileira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso aqui ao presidente Ramos-Horta, disse que o Brasil também estava disposto a cooperar mais na área de segurança e na área militar. Ainda não sei como isso vai ser traduzido, mas tenho esperança.
ABr - Até quando será necessária a presença de tropas militares no Timor Leste?
Monteiro - O Timor vai ter que criar novas Forças Armadas. Não sabemos quanto tempo isso vai levar. Eles ainda não têm o projeto, mas já nos disseram que vão criar uma força terrestre moderna, despolitizada, para cuidar apenas da segurança, e já nos disseram que gostariam muito de contar com o apoio brasileiro para isso.
ABr - A Missão Integrada das Nações Unidas (Unmit), que está no Timor Leste desde 2002, acaba de ser estendida até fevereiro de 2009...
Monteiro - Nossa posição é de que esse mandato tem que ser prorrogado por prazo ainda indefinido. Não adianta sair correndo se não tiver certeza de que há uma estrutura que possa funcionar sozinha. A situação é avaliada a cada ano por um grupo de países do qual o Brasil faz parte. Nossa palavra tem sido sempre de que é preciso manter.
ABr - A Austrália mantém no Timor um contingente militar maior que o das Nações Unidas. Essa presença maciça não pode atrapalhar a criação de uma identidade nacional?
Monteiro - Criou-se essa situação, que não é a ideal. O Brasil preferiria que houvesse tropas das Nações Unidas para atender as necessidades de segurança, mas o governo se sentiu ameaçado com o conflito de 2006 porque havia dissidências de militares, pessoas armadas e treinadas. O governo do Timor então fez um apelo emergencial à Austrália, país mais próximo, e também à Nova Zelândia e a Portugal para que enviassem tropas. Não há dúvida de que a ajuda era necessária, mas a quantidade de militares, o tipo de armamento que levaram nos deixa muito preocupados porque são militares de ataque. O que havia era uma situação de insegurança, deveriam ter sido enviados policiais militares, como fez Portugal. Enviaram o Exército, e está lá. Deixa uma impressão preocupante, deve estar causando uma reação negativa no povo, não temos como medir. Isso acabou resultando em uma cordo entre Austrália, o Timor e as Nações Unidas pelo qual ficou reconhecida a cooperação australiana nos moldes em que ela foi oferecida. Não podemos dizer que isso significa uma tutela, um controle, o governo do Timor atua de forma independente. Mas traduz, certamente, uma preocupação estratégica da Austrália com a situação do Timor, que é o país mais próximo de seu território. É óbvio que a Austrália vai continuar mantendo, tanto quanto possível, uma presença muito forte lá.
ABr - O interesse maior da Austrália é político ou econômico?
Monteiro - A Austrália faz a exploração do petróleo, mas acho que é mais do que isso. O Timor é uma área que estava conturbada e é muito próxima. Não pode haver ali um governo que seja hostil à Austrália.
ABr - Há uma aliança entre o governo de Ramos-Horta e a Austrália?
Monteiro - Não podemos dizer que seja uma aliança. É um reconhecimento, de fato, de que este parceiro é incontornável, é necessário. Mas Ramos-Horta também está buscando parceria com a Indonésia. A primeira visita que fez depois de eleito foi à Indonésia, onde levou uma mensagem muito clara de que é preciso apagar o passado, fazer a reconciliação e entender a realidade de que eles estão juntos, umbilicalmente ligados, e a parceria entre os dois é muito natural.
Re: Timor Leste
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticia ... 54720/viewEntrevista 4 - Experiências brasileiras podem ajudar no combate ao desemprego
Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Na quarta e última parte da entrevista exclusiva à Agência Brasil, o diplomata Édson Monteiro, que no próximo dia 25 assume a Embaixada do Brasil no Timor Leste, fala sobre um dos principais desafios do único país asiático que tem o português como língua oficial: o desemprego.
ABr - O desemprego é um problema grave entre os jovens timorenses. O que pode ser feito?
Monteiro - 40% dos jovens entre 18 e 25 anos estão desempregados. Muitos estão pelas cidades sem ter o que fazer, vítimas fáceis de campanhas, e aí começam as brigas que resultam em mais destruição, colocam fogo em casas e prédios públicos. É preciso que o país comece a gerar oportunidades de emprego para esta gente. Eles têm recursos, o petróleo já está gerando recursos que estão sendo investidos em um fundo enquanto o país não têm condições econômicas, sociais e até administrativas de usá-los. Eles sabem que não são capazes, ainda, de gerenciar um grande programa de desenvolvimento.
ABr - O Brasil pode ajudar?
Monteiro - Experiências como as que o Ministério do Desenvolvimento Agrário faz no Brasil, de criação de cooperativas, de melhoria de qualidade de sementes, de ajuda na comercialização... tudo isso pode ser feito lá como cooperação técnica ou como trabalho de governo. Pequenas indústrias poderiam fazer o aproveitamento destes produtos agrícolas que eles têm, quem sabe com a ajuda do Sebrae [Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas], por exemplo. O Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial] já está lá mas também é preciso criar capacidade empresarial. O Banco Mundial e o Bando da Ásia já propuseram uma série de atividades emergenciais para criar emprego, como as frentes de trabalho. Não precisamos inventar a pólvora.
ABr - Como seriam estas frentes?
Monteiro - Há todo um trabalho de reconstrução do país, de reconstrução de estradas, de limpeza, que pode ser feito com dois, três meses de trabalho intenso. O que se pagar a um jovem ou chefe de família nestes três meses pode ser suficiente parta mantê-lo o ano inteiro. Com pequenos projetos deste tipo pode-se criar condições de sobrevivência para uma grande quantidade de pessoas. E o governo tem recursos. Seria a forma mais rápida de gerar emprego enquanto não se criam as condições para investimentos, para criação de empresas... as coisas que serão uma solução permanente. Mas isto ainda está sendo pensado.
ABr - O investimento estrangeiro é necessário?
Monteiro - Há porto, eletricidade, matéria-prima e pessoas. Por que não investimento estrangeiro, aproveitando-se que há uma infra-estrutura sendo criada? Os australianos, os chineses, os indonésios, os malásios, os japoneses poderiam fazer.
ABr - Não há empresas brasileiras no Timor. Por que? Não vale o investimento?
Monteiro - Precisamos levar empresas brasileiras para lá. É um país distante que ainda tem uma atividade econômica muito pequena. A maior parte das pessoas vive do que produzem, 80% ainda dependem da agricultura de subsistência, portanto não há renda., não há um mercado. Quem vai lá? As empresas vizinhas da Indonésia, da China, da Malásia, da Austrália. Eles têm custos menores, fazem investimentos menores e podem ser lucrativos. Para as empresas brasileiras será sempre uma empreitada muito mais onerosa. Acho que é possível, mas é uma outra área que até agora não foi trabalhada. A essência do que fazemos lá é cooperação.