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Mensagem
por VICTOR » Sáb Mar 26, 2005 12:32 pm
AS ASAS FRANCESAS DA SUKHOI
"As nossas relações com as empresas
francesas desenvolvem-se de forma bastante positiva" -
declarou o director-geral da "holding"
Sukhoi, Mikhail Pogossian,
em entrevista ao observador da RIA "Novosti".
Viktor Litovkin,
observador político da RIA "Novosti"
Na próxima exposição internacional em Hannover, a
Sukhoi estará representada não pelos famosos caças
Su-30 e suas versões, mas pelo avião civil RRJ-95
(Russian Regional Jet). A Rússia desenvolve esse
projeto em conjunto com a França. A aviónica do RRJ-95
é produzida pela empresa francesa Thales, o motor é
fabricado pela companhia francesa Snecma e pela firma
russa Saturn, os sistemas de comando pelas Liebherr
alemã e Voskhod russa, os sistemas de ar condicionado
estão a cargo também da Liebherr e os trens de pouso
pela Messier Dowty francesa, o sistema de combustível
é fornecido pela Intertechnique, o sistema eléctrico
pela Hamilton Sundstrand, do interior da cabina
encarregou-se a B/E Aerospace, as unidades de potência
auxiliares(APU) estão a cargo da Honeywell e da Saliut
russa, as poltronas da tripulação são desenvolvidas
pela Ipeco...
Como vemos, a "contribuição francesa" para o RRJ-95 é
muito vasta. E este grupo de companhias está longe de
ser casual. Os dirigentes da "holding" Sukhoi
procuraram empresas com reputação nos respectivos
sectores da indústria aeronáutica que fossem seus
parceiros na realização do programa de construção de
aviões civis capazes de entrar no mercado mundial.
Ora, a Sukhoi terá bastante concorrentes na classe de
aviões regionais, da qual faz parte a família do RRJ.
Podemos citar o avião russo Tu-334, o russo-ucraniano
An-148, o Embraer brasileiro, o Bombardier canadense e
até o ARJ chinês...
Nem todos estes aviões estão prontos a voar, nem todos
efetuaram os testes de certificação, nem todos gozam
do apoio do Estado, o qual, aliás, foi concedido ao
projecto da Sukhoi. No entanto, a concorrência é
concorrência. Portanto, o concorrente pode ser vencido
não só graças às características técnicas superiores
do avião, a sua economia e conforto para os
passageiros, mas também mediante o apoio por parte dos
maiores produtores de equipamentos aeronáuticos. Por
isso, era necessário despertar neles o interesse
comercial pelo êxito deste avião - consideravam os
dirigentes da "holding". E a Sukhoi soube suscitar
este interesse, inclusive da parte da França.
No decurso da visita feita à França, em Dezembro do
ano passado, pelo primeiro-ministro Mikhail Fradkov e
das suas negociações com o governo francês, foi
declarado que os Governos dos dois países consideram
prioritário o projeto de criação de uma família de
aviões regionais russos (RRJ) equipados com motores
SaM146 elaborados pela empresa francesa Snecma em
conjunto com a russa Saturn. O Governo da Federação
Russa aprovou a decisão de apoiar este projecto tendo
previsto no orçamento de 2005 o financiamento sob a
forma de garantias estatais num montante de cerca de
100 milhões de dólares.
Além disso, o Governo da Rússia incluiu o projecto de
criação do motor SaM146 e do RRJ no programa especial
federal "Desenvolvimento da Aviação Civil para
2002-2015" e anunciou que em 2005 o programa RRJ será
financiado sob a forma de garantias estatais num
montante de 2,7 bilhões de rublos (cerca de 100
milhões de dólares). Esta promessa está sendo
cumprida.
Foi assinado um contrato sobre o fornecimento de 50
aviões à companhia de aviação Sibir, preparadas
ofertas comerciais às companhias de aviação UTAir(
França) e Pulkovskie Avialinii e, como se afirma na
"holding", acordos verbais sobre a venda de RRJ's
foram obtidos com a Air France, a Iberia e outras
companhias europeias.
Foram concluídos todos os trabalhos relacionados com a
elaboração do anteprojecto, a composição volumétrica
do aparelho, a escolha dos fornecedores de materiais e
equipamentos, a encomenda garantida dos primeiros 50
aviões e o início da sua certificação segundo as
normas russas e europeias. Foi aprovado também o plano
de criação do sistema de assistência pós-venda, de
formação de pessoal e de um completo serviço de
manutenção. A montagem do avião foi iniciada em duas
fábricas da Sukhoi, situadas nas cidades de
Komsomolsk-no-Amur e Novossibirsk.
As primeiras estruturas básicas dos aviões devem ser
montadas nestas empresas no primeiro trimestre de
2005, e no terceiro trimestre de 2006 o avião já deve
fazer o primeiro voo de ensaio - disse Mikhail
Pogossian em entrevista à RIA "Novosti".
"Iniciamos a produção dos aviões destinados às provas
- declarou-nos o director-geral da "holding" Sukhoi. -
Estou certo de que este programa tem todo o potencial
necessário para ser um grande progresso na indústria
aerospacial. É a primeira vez que um produtor nacional
oferece um produto que corresponde completamente aos
requisitos do mercado mundial e dispõe de um elevado
potencial de exportação. Contamos com o apoio dos
maiores países europeus, inclusive da França. Isso dá
à Rússia a singular possibilidade de ocupar fortes
posições no mercado mundial da aviação civil".
O avião de 95 lugares a ser exibido na exposição de
Hannover é realmente único do género. E o principal
não é apenas a grande economia dos seus motores e de
outros equipamentos de bordo mas também a distância de
voo de 3050 a 4485 quilómetros que o avião pode cobrir
sem reabastecimento. Para além do máximo conforto para
os passageiros, a aeronave concentra em si todo o
melhor que hoje existe na aviação mundial. Jean-Pierre
Cojean, director-geral do Departamento de Aviões Civis
da Snecma, declarou em conferência de imprensa, em
Moscou, que sob o ponto de vista técnico "este é o
melhor projecto na sua classe, tanto no que se refere
à capacidade de carga útil como à autonomia de voo".
O RRJ terá a melhor aviónica entre todos os aviões
desta classe. Como assinalou Cojean, esta será uma
variante modificada da aviónica que será instalada no
futuro avião civil A380, que será o maior do mundo.
"Além disso, o RRJ é equipado com um dos melhores
motores" - declarou o técnico francês.
O programa do avião regional russo é orçado em 600
milhões de dólares e o futuro volume de vendas em mais
de 10 bilhões de dólares. As necessidades do mercado
internacional nestas aeronaves de passageiros de
pequeno porte, relativamente baratas e extremamente
cómodas na exploração é estimada para os próximos
vinte anos em quase 5.500 unidades. Só nos próximos
anos, a partir de 2007, altura em que o RRJ deverá ser
produzido em série, serão necessários 300 aparelhos
para os países da Comunidade de Estados Independentes
e mais de 400 para os países da Europa, América do
Norte e Sudeste Asiático. A Sukhoi espera facturar com
a exportação destes aparelhos praticamente o mesmo que
aufere com a venda dos seus aviões militares, ou seja,
mais de 1,5 bilhão de dólares anualmente.
Como diz Mikhail Pogossian, a Sukhoi já investiu 70
milhões de dólares na criação do RRJ. E dentro em
breve tenciona não só compensar as suas despesas mas
também começar a obter lucros. Não se pode excluir que
nos próximos anos a "holding", contando com o apoio de
empresas franceses, europeias e americanas, obtenha no
mercado o mesmo êxito que os caças desta famosa marca
russa.