Rui Elias Maltez escreveu:
Teria lógica comprar as 4 M holandesas, mas com as 4, não ficaria com as 5 fragatas de que acha que precisa e ademais, os holandeses para já não estão vendedores das 2 últimas M que lhes restam.
Quando o Chile comprou as 2 L e as 2 M, a Holanda só tinha a intenção de se desfazer destas 4 fragatas ficando com um total de 10 escoltas. Mais tarde, foram feitos novos cortes orçamentais e as M foram reduzidas a 4 tendo a Bélgica comprado as suas 2 M. Posteriormente foi aprovado o novo sistema de forças da Marinha Real Holandesa em que esta seria constituída por 4 submarinos, 6 fragatas, 4 corvetas e 2 LPD. Isto implicou a venda de mais 2 M que Portugal acabou de comprar. Mesmo que o Chile na altura em que comprou as fragatas holandesas quizesse comprar 4 M não o poderia ter feito pois só estavam à venda 2. Quanto à questão das L não terem heli orgânico ou a célebre peça de vante na posição A, não vejo nenhum problema nisso visto que a função das L é a luta anti-aérea. Lembro que as L, ao contrário da maioria das outras fragatas e destroyers AAW da altura, têm 2 tipos de mísseis, os Standard SM-1 e os NSSM (Nato Sea Sparrow Missile), o que lhes dá um poder AAW formidável. Quanto à peça de vante, na altura não se pensava em luta assimétrica nem contra alvos terrestres e a peça era dispensável, aliás as Type 22 Batch I (que o Brasil comprou) e Batch II também não têm peça de vante.
Como o Chile queria ter uma esquadra constituída por 7/8 escoltas precisava de comprar ou construir de raiz, mais 3 fragatas. As únicas fragatas que estavam disponíveis eram as 3 Type 23 britânicas (excelentes navios) e portanto o Chile, muito bem, antecipou-se a outros interessados e comprou-as. Bem se pode lamentar o Brasil de não o ter feito.
Já agora, a talhe de foice talvez seja interessante sabermos qual a política naval holandesa na década 80, até ao fim da guerra fria.
O plano holandês era operar um conjunto de 25 escoltas formado por 4 grupos ASW.
Se consultarmos a Jane's Fighting Ships de 1980 veremos na pág. 326:
Planned Deployment in 1980s
2 ASW Groups each of 6 ASW frigates, 1 DLG, 1 Suport Ship (helicopters in all ships) to operate in Eastlant Areas
1 ASW Group of 6 ASW frigates and 1 DLG to operate in Channel Approaches (helicopters in all ships)
1 ASW Group of 4 frigates to operate in Channel Command
Este plano foi alterado pois entretanto as prioridades, com o fim da guerra fria, foram alteradas. As 6 FF Van Speijk foram vendidas à Indonésia e substituídas pelas 8 M, das 12 Kortenaer, 2 foram vendidas à Grécia antes de completadas e substituídas pelas 2 L e começaram a serem vendidas à Grécia e aos EAU. Os grupos ASW foram reduzidos a 2, cada 1 com 1 Tromp, 1 L e 5/6 S ou M e 1 reabastecedor. As L, portanto, não actuavam sózinhas mas incluídas numa Task Force que incluía outros 6/7 navios com helicópteros Wasp e depois Lynx. A ausência de helicóptero e peça de vante não era relevante.
Se a intenção dos chilenos é constituirem uma Task Force ASW formada pela Type 22 como navio almirante, 2 L de defesa AAW e 5 FF ASW (2 M + 3 T 23) não julgo que seja grave as L não possuirem helis nem peça de vante e será uma TF formidável. Eu pessoalmente, tenho muita pena de as L não terem sido compradas por Portugal quando estiveram à venda.