Marinha russa e Pedro o Grande

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Spetznaz
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Marinha russa e Pedro o Grande

#1 Mensagem por Spetznaz » Ter Abr 06, 2004 8:41 pm

O comandante da Marinha Russa, o Almirante Vladimir Kuroyedov ordenou
que a nau capitânea da Frota do Norte, o navio de propulsão
nuclear "Pedro, O Grande" vá imediatamente ao porot para reparos, uma
vez que seu estado estaria em tal estado que o mesmo poderia explodir
a qualquer momento. Kuroyedov teria feito esta declaração alarmamente
em uma sala antes de participar de uma reunião com o Presidente
Vladimir Putin, chegando a esta conclusão uma semana após ter
visitado a embarcaçaõ. Três horas mais tarde, Kuroyedov voltou atrás
dizendo que a declaração divulgada pela impressa nada tem a ver com a
realidade do navio, um cruzador da classe Kirov, que segundo ele,
estaria pronto para navegar em apenas três semanas quando os
alaojamentos da tripulação estariam prontos após uma reforma.

Durante o último grande exercício naval realizado em fevereiro de
2004, a tripulação do "Pedro, O Grande" recebeu uma menção honrosa do
comandante do navio, Vladimir Kasatonov que foi promovido a Contra-
Almirante. Se a competência da tripulação do navio e as condições do
navio não são o problema, então o que é? Apesar de existir a
possibilidade de Kuroyedov ter exagerado os problemas do navio para
obter mais recursos para a Marinha, a verdadeira "batalha naval" está
no campo político.

Kasatonov culpa Kuroyedov pelo afundamento do submarino nuclear
decomissionado K-159 ocorrido em Agosto de 2003. O Almirante Gennady
Suchkov foi acusado de negligência ao permitir que o K-159 deixa-se o
porto, apesar das péssimas condições climáticas. Kasatonov
testemunhou em favor de Suchkov e isto o teria absolvido da culpa
pelo naufrágio(contrariando o desejo de Kuroyedov). Isto causou
problemas entre Kasatonov e Kuroyedov.

Além disso, Kuroyedov não se dá bem com o Almirante Igor Kasatonov
(Aposentado, mas que possuí grande força política e é tio de Vladimir
Kasatonov). Kuroyedov também enfrentou muitas críticas em Agosto de
2000 quando o submarino nuclear russo Kursk explodiu no mar de
Barents matando 118 marinheiros, e muitos esperavam sua demissão.

O cruzador nuclear "Pedro, O Grande", possuí dois reatores
construídos com tecnologia da década de 60 e é assombrado por
acidentes e problemas desde seu lançamento em 1989. Um grande número
de defeitos de construção manteve o navio na doca-seca para reparos
por muito tempo antes do mesmo se juntar a Frota do Norte em Novembro
de 1996. O acidente mais letal ocorreu em 27 de Outubro de 1996,
quando em uma viagem de teste no Mar Báltico ocorreu uma ruptura de
uma tubulação de alta pressão na sala nos motores: cinco marinheiros
morreram e diversos outros ficaram feridos, mas a Marinha Russa foi
rápida em desmentir qualquer ligação do acidente com problemas
relacionados ao reator.

Talvez o "Pedro, O Grande" seja apenas um navio almadiçoado. Ele é
propulsionado por reatores nucleares KN-3 (OK-900) criados com a
experiência adquirida com a construção dos quebra-gelos nucleares e
são praticamente idênticos aos encontrados nos quebra-gelo da Classe
Arktika. O grande problema que afeta os navios da Classe Kirov é a
falta de bases navais devidamente equipadas para fornecer manutenção
para estes reatores.


A Classe Kirov possuí 828 pés de comprimento e a falta de verbas fez
com que a construção do "Pedro, O Grande" se arrastasse por mais de
10 anos e é um dos quatro cruzadores da classe Kirov, (O primeiro
deixou o estaleiro em 1974). Falhas de projeto e atrasos fizeram com
que dois destes navios ficassem nos portos por anos e estes deverão
ser desmantelados. Cada navio carrega 20 grandes mísseis anti-navio
projetados para destruir os porta-aviões americanos, 16 lançadores de
mísseis anti-aéreos (12 SA-N-6, 2 SA-N-4 e 2 SA-N-9) e 8 armas anti-
aéreas de 30mm. Existems dois lançadores de mísseis anti-submarino
(??) SS-N-14, 10 tubos de torpedos e cargas de profundidade. Cada
embarcação possuí uma tripulação de 610 marinheiros e uma enormidade
de sistemas de radares e comunicação.
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"O Lenin dizia que socialismo é igual a ferro mais energia. Hoje é educação mais educação."

Cristovam Buarque
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