Brasil vai criar sistema de navegação espacial
Gazeta Mercantil
São José dos Campos (SP) - A Agência Espacial Brasileira (AEB) deu um novo impulso ao desenvolvimento de sistemas de navegação inercial, utilizados na estabilização de satélites em órbita e na orientação da trajetória de um foguete no espaço. Perseguida há mais de duas décadas, a tecnologia que envolve o sistema de navegação de veículos espaciais dará ao Brasil autonomia em uma área estratégica, dominada por poucos países e sujeita a embargos tecnológicos que há muitos anos vêm afetando o desenvolvimento do programa espacial brasileiro. O projeto tem um prazo de quatro anos para ser concluído e uma previsão de investimentos totais de R$ 46 milhões.
A plataforma inercial do foguete VLS (Veículo Lançador de Satélites), por exemplo, utiliza sensores de navegação russos e computador de bordo inglês. O satélite CBERS, feito em parceria com a China, é o primeiro satélite brasileiro com sistema de controle de órbita, mas o equipamento foi desenvolvido na China, sem nenhuma contrapartida tecnológica.
Até hoje, o desenvolvimento da tecnologia no Brasil vinha sendo feito de forma lenta, sujeito a problemas como a falta de recursos e de pessoal e, principalmente, aos embargos tecnológicos impostos pelos países que aderiram ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR). Apesar de o Brasil fazer parte do regime desde outubro de 1995, e de ter transferido o controle do seu programa espacial para uma agência civil (AEB), as dificuldades no processo de troca de informações com outros países e a importação de componentes para o programa de veículos lançadores e de satélites ainda persistem.
Consciente da importância estratégica da tecnologia que envolve um sistema de navegação inercial, a AEB conseguiu a aprovação de uma verba de R$ 7,7 milhões para o primeiro ano de desenvolvimento do projeto. Os recursos, segundo um dos participantes do projeto no Centro Técnico Aeroespacial (CTA), major-engenheiro, Josiel Urbaninho de Arruda, virão dos Fundos Setoriais Aeronáutico, Espacial e Verde-Amarelo e serão gerenciados pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
O projeto também inclui o desenvolvimento de chips ópticos em circuito integrado. "Já concluímos a fase de concepção, estruturação e planejamento. Com a liberação da verba que será destinada ao primeiro ano, esperamos dar início, ainda este ano, à execução do projeto propriamente dita", comentou o engenheiro.
O desenvolvimento do sistema, de acordo com o major Vilson Rosa de Almeida, chefe da Subdivisão de Sensores a Fibra Óptica do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), será coordenado conjuntamente pelo CTA e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O projeto conta ainda com a parceria de um consórcio de indústrias do setor aeroespacial: Mectron, Avibrás, Compsis, Equatorial, Navcom e Optsensys.
O sistema de navegação inercial de um foguete é composto por dois sensores principais: um girômetro e um acelerômetro, que repassam as informações sobre a posição do foguete no espaço para o computador de bordo. É através da plataforma inercial que se consegue, por exemplo, identificar os desvios de rota de um veículo ou satélite em órbita. O IEAv já domina o desenvolvimento de giroscópios a fibra óptica, que trazem como vantagem o fato de serem mais leves que os mecânicos e dispensarem a manutenção periódica.
Guerra eletrônica
As Forças Armadas estão unindo esforços e infra-estrutura para otimizar o desenvolvimento de projetos na área de guerra eletrônica, tecnologia empregada em sistemas de detecção de alvos aéreos e na proteção de meios de comunicação. Atualmente, Marinha, Exército e Aeronáutica desenvolvem projetos em áreas como radares e sistemas de alerta para proteção de aeronaves, programa de gerenciamento de dados, comando e controle, equipamentos de medidas de ataque eletrônico, capazes de exercer o bloqueio eletrônico contra várias ameaças simultâneas, entre outros.
O assunto foi um dos temas do Simpósio de Guerra Eletrônica, realizado pelo sétimo ano sob a coordenação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), vinculados ao CTA.
(Virgínia Silveira)
Esta notícia me surpreendeu. Eu achava que o VLS era totalmente brasileiro. Putz, que decepção! Bem, pelo menos vão agora desenvolver um sistema de navegação nacional. E, se não me engano, a Rússia vai cooperar para que o Brasil domine a tecnologia de combustíveis líquidos e desenvolva então um sistema de propulsão a combustível líquido. Alguém confirma?
Bem, se o Brasil desenvolver essas tecnologias - sistema de navegação inercial e propulsão a combustível líquido - estaremos então no caminho do desenvolvimento de mísseis de longo alcance (ICMBs), e, aí sim, poderão, se quiserem, construir o nosso arsenal nuclear.