O compadre ainda opera
Roberto Teixeira mantém um hangar para a TransBrasil na base do grito
Julia Duailibi

O cobiçado hangar em Congonhas que a TransBrasil não quer devolver
Nos últimos três anos, o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, tentou, sem sucesso, impedir que a Infraero retomasse as áreas dos aeroportos cedidas pelo governo à TransBrasil. No fim do ano passado, a Justiça finalmente decidiu o que parecia óbvio: a empresa, quebrada, tinha de devolver ao governo todos os hangares, guichês e espaços que ocupava indevidamente. Fim da história? Não. Um valioso hangar no mais cobiçado aeroporto do país, o de Congonhas, em São Paulo, não foi devolvido. Os advogados da TransBrasil, entre eles Teixeira, argumentam que o imóvel não está mais sob o controle da empresa. O ocupante é a Target, empresa de táxi aéreo, que funciona no local há mais de seis anos. Essa é apenas mais uma malandragem do ex-controlador da TransBrasil Antônio Celso Cipriani, depois de falir e deixar um rombo na praça de 1 bilhão de reais. Ele é um dos donos da Target. Resumindo: antes de quebrar, Cipriani cedeu para ele mesmo um imóvel que não era seu e, agora, ainda se recusa a devolvê-lo. E o que mais chama atenção é que, em sua empreitada para burlar a lei, o antigo dono da TransBrasil conte com o apoio de pessoas influentes como Teixeira.

O advogado Roberto Teixeira: sua filha evoca até o nome da primeira-dama
Os técnicos da Infraero testemunharam Roberto Teixeira em embates violentíssimos com diretores da Infraero que insistiam em retomar os imóveis. Não se pode dizer que a pressão foi em vão. A Infraero chegou a propor um acordo com a TransBrasil, o que suspendeu o despejo da Target por dois anos. Enquanto isso, a Target continuou funcionando irregularmente em Congonhas, pagando uma ninharia à Infraero pela concessão e tendo lucros altíssimos, já que ela sub-subloca o hangar que não é seu para a empresa OceanAir. Nos últimos meses, o lobby em favor da Target ganhou o apoio da advogada Valeska Teixeira, filha de Roberto Teixeira e que tem como padrinho de casamento o presidente Lula. Faça-se justiça, porém. Ela nunca evocou o nome do presidente em suas incursões pela Infraero para tentar pressionar este ou aquele funcionário a atender aos interesses da TransBrasil. Valeska usa apenas o nome da madrinha, a primeira-dama Marisa Letícia. Quando tinha reuniões com técnicos da Infraero, impressionava com os detalhes agradáveis do almoço que dizia ter com Marisa na Granja do Torto.
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