Plataforma continental
Enviado: Qui Nov 17, 2005 12:24 pm
Por pensar ser um assunto interessante, vou transcrever um artigo saído na revista Exame/Informática
OS NOVOS HERÓIS DO MAR
Desde o início de 2005, que o navio D. Carlos I tem estudado a face oculta do Oceano Atlântico. A missão recorre a tecnologias sofisticadas e é considerada estratégica para a soberania de Portugal
Quinhentos anos depois dos descobrimentos, o território nacional poderá voltar a beneficiar de nova expansão.
Uma missão do Instituto Hidrográfico da Marinha Portuguesa (IH) está, neste momento a cartografar o fundo do Oceano Atlântico com vista a reclamar a soberania da plataforma continental junto das Nações Unidas (ONU).
A missão de estudo coordenada pela Estrutura de Missão da Exrensão da Plataforma Continental (EMEPC) faz lembrara as corridas ao ouro do passado e só é possível com o recurso a um "batalhão" de novas tecnologias.
O contra-relógio cartográfico termina em Março de 2009.
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Neste momento , o D. Carlos I encintra-se a cartografar várias zonas prioritárias entre a fronteira norte do território continental e o Arquipélago da Madeira.
Não são adiantados dados quanto á dimensão da área já cartografada e daquela que falta cartografar.
Mas há um ponto que está bem assente: Portugal tem por objectivo aumentar a soberania de 200 milhas naúticas até ao máximo de 350 milhas naúticas (cerca de 370 e 648 km, respactivamente).
O aumento da soberania restringe-se ao fundo do mar (ao contrário das 200 milhas da Zona Económica Exclusiva portuguesa, onde a soberania também abarca as águas), mas é visto como uma oportunidade ùnica do ponto de vista científico, político e económico.
Os segredos do oceano
O estudo cartográfico de uma área tão larga só é possível devido à instalação dum sondador multifeixe no navio D. Carlos I.
O sondador cartografa o fundo do mar através da emissão de sons, cujo eco permite descobrir profundidades e relevos promenorizados que antes se mantinham desconhecidos.
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Mas D. Carlos I não estará sózinho nesta missão.
Em meados de 2006, o Gago Coutinho, navio similar ao D. Carlos I, deverá ficar operacional e poderá juntar-se à frota do IH, que conta ainda com os navios de capacidade de navegação costeira Auriga e Andrómeda.
Actualmente a adaptação do Gago Coutinho está a decorrer nos Estaleiros do Arsenal do Alfeite da Marinha Portuguesa.
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Tecnologias para o estudo do mar
Cartas de navegação electrónica
Substituiram as congéneres de papel. Têm a virtude de não se rasgar ou detriorar e de apresentar dados mais fidedignos, que podem ser actualizados por fontes de informação externas.
Estas cartas são criadas de acordo com o padrão internacional S57.
Podem ser actualizadas através de CD, conexões Inmarsat ou GSM.
Disponibilizam várias camadas de informação e podem estar associadas a sistemas de GPS ou radar. A visualização e o tratamento de dados são efectuados através do Electronic Chart Display and Information System
(ECDIS) que é composto por um ecrã, um CPU, leitor de CD um teclado e uma track ball
CTD Ondulante
Dispositivo rebocado que permite medir a salinidade, temperatura e pressão da água.
Marégrafos
Dispositivos que permitem medir as marés em diferentes pontos. O IH dispõe de uma rede de marégrafos acústicos, de radar e de pressão.
Correntómetros
Dispositivos acústicos ou mecânicos que permitem medir correntes através da emissão de sons. Podem ser colocados em estuárioa de rios ou até em grandes profundidades.
ADCP ("Acoustic Doopler current profiler")
Funciona por efeito de Doppler a regista o perfil da corrente. O IH dispõe das seguintes versões: 1200kHz (alta resolução vertical utilizado em regiões de baixa profundidade); 600kHz (de alcance superior ao de 1200kHz e de maior resolução que o de 300kHz, frequentemente utilizado em regiões costeiras) e 300kHz (de grande alcance utilizado em regiões oceânicas, sobre a plataforma continental).
Rosette
Sistema com vários compartimentos que permite recolher água a diferentes profundidades, para o estudo físico e biológico do mar.
Bóia Ondógrafo Direccional
Bóia que é colocada em profundidades de 80 a 100 metros. Mede a agitação marítima e envia dados, via rádio, para o farol mais próximo que, por sua vez, está equipado com um sistema de comunicações móveis que envia a informação para o IH.
O Sensor Multifeixe
Incorporado no cascop do Navio D. Carlos I, permite efectuar o levantamento total do fundo do mar em que incide. É constituido por 192 feixes que emitem som com grande cobertura angular de 150 graus (ainda que a qualidade dos dados implique operar a cerca de 120 graus),
cujo eco permite conhecer o relevo e outras características do fundo do mar. O dispositivo foi desenvolvido pela norueguesa Konsberg opera nas frequências de 12kHz. Permite um alcance um alcance dos 10 aos 20 mil metros de profundidade. O dispositivo é apoiado por sistemas de GPS diferencial, um sensor de movimento e um perfilador de velocidade. Permite a cobertyura total da área "sondada", que corresponde ao triplo da profundidade (ex. se o fundo está a mil metros, então o sondador consegue "varrer" áreas de três mil metros)