Se a ideia de norte americanos e europeus, mas aqueles do que estes, era defenestrar a economia russa e por tabela sua existência industrial e tecnológica via sanções, o tiro saiu pela culatra.
Parece que os políticos atuais tem uma certa mania tupiniquim de pouco ou nenhum uso da memória e menos ainda atenção com a história.
Bem, se o MC-21 contava apenas com latejantes 175 encomendas depois de mais de 10 anos de desenvolvimento, e agora salta para quase 400 unidades de uma única paulada, podemos imaginar que até 2030 eles vão vender esse avião para muito mais países do que seus desafetos da OTAN gostariam. Em todo caso, esta encomenda da Aeroflot vai garantir o término do desenvolvimento do projeto, assim como a inserção dos componentes russos em substituição aos ocidentais. Vale lembrar que a EASA já tinha certificado o MC-21 tempos atrás, e que ele não encontraria problema em voar na Europa.
Vale lembrar ainda que as versões -200 e -400 estão programadas para voar ainda nesta década, e eu penso que esta última versão poderá dar uma boa dor de cabeça para o Max -10 e A321Neo, se for bem trabalhada dentro do contexto de médio e longo prazo para o mercado deste tipo de aviões. E a Boeing não está exatamente feliz com a situação do último modelo da família Max.
A volta do SuperJet 100 é também um alarido proeminente da capacidade russa de resolver os muitos problemas de projeto que este avião teve durante sua curta e péssima vida comercial fora do seu país. Além das modificações necessárias, em termos de desempenho e operacionalidade, o SSJ-100 irá contar com todos os recursos de aprendizado obtidos a partir do MC-21, inclusive novas turbinas PD-8 derivadas da PD-14, desenvolvidas em especial para eles. Não se pode descartar ainda o surgimento da versão SSJ-130, que foi anunciada na MAKS 19 antes dessa merda toda de pandemia acontecer. Resta saber se eles terão interesse em fazer mover este projeto também além da versão básica. Sem os E-Jet da Embraer e A220 para atrapalhar a vida, é de se esperar que ele ganhe muito espaço entre as companhias russas.
Aliás, falando em companhias russas, é de se esperar que esta compra possa ser apenas o primeiro passo no sentido de que todas ou a grande maioria das operadoras aéreas russas se voltem para o mercado interno no sentido de prover novos aviões, que serão necessários para substituir os modelos ocidentais. E para tanto, o MC-21 e suas três versões propostas inicialmente serão a bola da vez, enquanto os velhos Tupolev Tu-214 terão quiçá uma participação menor, mas não menos importante nesta retomada até 2030.
Vamos ver até onde dura essas sanções contra os russos. Quanto mais demorar, mais reforçada será a ação no sentido de proteger a indústria doméstica por parte do Kremlin. E isso me lembra que o projeto do C-929 em suas três versões também está em vias de sair do papel ainda esta década. E ele virá em muito boa hora para os russos, que não por acaso tem necessidades específicas quanto a aviões wide body para seu mercado interno.
Como fã de aviação eu faço votos de muito sucesso para que esta empreitada russa, dado que o MC-21 é na prática um avião muito melhor do que A320 e 737, projetos com mais de 30 e 50 anos respectivamente. E não digo que eles não sejam bons, mas o avião russo é o primeiro desenho original de um jato narrow body do século XXI.
Já estava na hora mesmo.
Tomara que tenhamos a boa sorte de poder ver não apenas um, mas vários deles voando aqui pelo Brasil.
Re: Aviação Civil da Rússia
Enviado: Qua Set 14, 2022 8:26 pm
por FCarvalho
ILYUSHIN ESTÁ ESTUDANDO UMA VERSÃO DO IL-96 COM DOIS MOTORES
Por Aeroflap -14 de fevereiro de 2018
Ressuscitados por conveniência, necessidade ou pressão...
E os PD-35 e derivados vem aí.
Re: Aviação Civil da Rússia
Enviado: Qua Set 14, 2022 8:58 pm
por FCarvalho
O planeta agradece Motor russo é considerado um dos menos poluentes da atualidade
Criado para equipar os MS-21, o PD-14 recebeu a certificação ambiental da ICAO
Obviamente que eles não tem condições de produzir mil aeronaves em tão curto espaço de tempo, mas, se o tio Putin conseguir ficar à frente do Krenlim até 2036 como ele quer, no mínimo a aviação russa vai passar os próximos anos substituindo ainda que a conta gotas todos os aviões Boeing e Airbus - por enquanto supõe-se que a Embraer ficou de fora da cisma Russia x Otan - por antigos modelos da época soviética e pós soviética, como é o caso do Il-96 e Tu-214, além do SS-100\130 e do próprio MC-21.
No caso dos widebody o CR-929 - e muito provavelmente o CR-939 chinês - tem tudo para ser a base da aviação internacional russa, e também com grande uso interno, já que voar na Rússia em algumas rotas é praticamente uma viagem internacional e os widebody são muito usados nesta função por lá.
Eu fico curioso em saber a viabilidade de colocar o PD-14 da versão que irá equipar o MC21-400 nos Tu-214, já que esse motor teria potência de sobra para levantar o Tupolev. Aliás, eu sou fã desse avião. Ainda acho aqui com os meus botões que uma boa modernizada nele, inclusive no desing das asas e fuselagem, ainda que pontuais, deixaria este avião à altura de concorrer com seus homólogos ocidentais e mesmo com o MC-21. Principalmente no caso da turbina ficar pronta primeiro que a versão -400 do novo narrow body russo. Uma baita bancada de teste para a PD-14.
Re: Aviação Civil da Rússia
Enviado: Dom Out 02, 2022 8:48 am
por Cassio
Eu acho que a Embraer também estará dia dos planos da Rússia, já que cancelou todo suporte as empresas russas que operam seus avós por lá.
Mas não quero ver nada russo operando em nossas empresas.
Re: Aviação Civil da Rússia
Enviado: Qua Out 05, 2022 5:08 am
por FCarvalho
Cassio escreveu: ↑Dom Out 02, 2022 8:48 am
Eu acho que a Embraer também estará dia dos planos da Rússia, já que cancelou todo suporte as empresas russas que operam seus avós por lá.
Mas não quero ver nada russo operando em nossas empresas.
Os investimentos feitos no SSJ-100, e uma possível evolução deste, o SSJ-130, são a resposta do Kremlin para as limitações impostas ao país. Não seria nenhuma surpresa os E-Jet pararem por lá em mais algum tempo.
Como a relação entre Brasília e Moscou é, no mínimo, amistosa, para não dizer, muito próxima nos últimos anos, incluindo os governos anteriores, talvez isso possa nos trazer algumas benesses nestes tempos bem difíceis e nos que virão.
Eu particularmente gosto de aviões indiferente à questões políticas e às idiossincrasias do poder. Avião é avião aqui e em qualquer lugar.
No meu caso, se fosse dono de empresa aérea e pudesse escolher, com ou sem Vladimir Putin no poder em Moscou, eu compraria com certeza os MC-21, não por serem russos ou coisas do gênero, mas porque simplesmente ele é hoje o melhor narrow body que existe. E até que Boeing, Airbus e COMAC façam melhor, eu não vejo problema algum em viajar, e oferecer viagens, em um avião russo.
Nós usamos há décadas aviões de países cujos governos vivem querendo nos ver pelas costas o tempo todo. Inclusive a Embraer. E nem por isso nenhuma empresa aérea aqui, de táxi aéreo às grandes empresas, abriram mão de suas frotas. E tenho certeza que se não fosse essa invasão estúpida da Ucrânia o MC21-200 estaria sendo apresentado por aqui em voo para as áreas nacionais e demais interessados, com alguma chance de conseguir encomendas, menos por ser russos do que por suas (muitas) qualidades.
Os EAU tinham interesse em abrir uma linha de produção para o MC21-400 no país. Mas parece que a coisa ficou apenas na intenção mesmo.
Uma pena.
Eu fabricaria todas as variantes aqui.