NOS ÚLTIMOS TRÊS SÉCULOS
Discurso proferido por Antero de Quental, numa sala do Casino Lisbonense, em Lisboa, no dia 27 de Maio de 1871, durante a 1.ª sessão das Conferências Democráticas
Antero de Quental tenta explicar as razões do atraso português, e do espanhol, desde o século XVII.
Para ele as causas são três:
1) a reacção religiosa, conhecida como Contra-Reforma, consumada no Concílio de Trento e dirigida pelos jesuítas;
2) a centralização política realizada pela monarquia absoluta, com a consequente perda das liberdades medievais, e
3) o sistema económico criado pelos descobrimentos, de rapina guerreira, que tinha impedido o desenvolvimento de uma pequena burguesia.
A conferência sistematiza teses apresentadas há muito por Alexandre Herculano, todas de carácter político e com pouca confirmação histórica. A primeira tese foi apresentada por Herculano no seu estudo Da Origem e do estabelecimento da Inquisição em Portugal, de 1854. A segunda é a tese de Montesquieu expressa no Esprit des Lois, e «confirmada» para Portugal pela História de Portugal de Alexandre Herculano. A terceira tese, sobre a causa económica tem origem em autores dos séculos 17 e 18.
Foi publicada em folheto, tendo exercido posteriormente uma grande influencia, sobretudo em Oliveira Martins, que escreverá a História da Civilização Ibérica e a História de Portugal, em 1879, e o Portugal Contemporâneo, em 1881, tendo como base as teses de Antero e de Herculano.
O discurso está dividido em três partes.
