UNMISS - Sudão do Sul

[FCarvalho]

27 de dezembro de 2013
Rebeldes tomam capital do principal Estado petroleiro do Sudão do Sul

Os rebeldes no Sudão do Sul anunciaram nesta quarta-feira que tomaram Malakal, a capital do Estado do Alto Nilo, onde se concentra a maior parte da produção de petróleo do país, no meio de intensos combates dos que a população civil tenta fugir.

Um responsável militar insurgente garantiu à EFE por telefone que suas forças tomaram o controle dessa importante cidade ontem à noite e que em breve dominarão as jazidas de petróleo. A informação foi confirmada pela agência independente do Sudão do Sul, SSNA, que informou que o governador do Alto Nilo, Simon Kun Puoch, fugiu após se refugiar nas instalações da ONU.

Em Malakal se mobilizaram os rebeldes, leais ao ex-vice-presidente Riak Mashar, acusado de um fracassado golpe de Estado no último dia 15, data em que começaram os choques entre o exército e militares dissidentes.

A produção de petróleo depende agora da do Alto Nilo, já que está suspensa no estado vizinho de Unidade por causa da ofensiva dos rebeldes, que tomaram há quatro dias capital, Bentiu. O ministro sul-sudanês do Petróleo, Stephen Dau, disse ontem que a produção nacional caiu de 250 mil para 200 mil barris diários, vindos todos do Alto Nilo.

Os combates se estenderam ontem para o leste estado, mas persistem em Jonglei, onde o exército na terça-feira retomou o controle da capital, Bor. Já o presidente sul-sudanês, Salva Kiir, declarou que as forças do governo continuarão as operações para expulsar os insurgentes das regiões controladas por eles.

Também se comprometeu a proteger os cidadãos e se mostrou “profundamente preocupado” com o andamento da situação no país, e pediu às forças da ordem que não cometam abusos contra a população.

“Pessoas inocentes foram assassinadas em uma luta de poder político que foi utilizada por alguns em prol de suas próprias ambições tribais”, destacou Kiir.

O líder se pronunciou assim depois de a representante da ONU no Sudão do Sul, Hilde Johnson, rejeitar recentemente qualificar o ocorrido como um conflito étnico e insistisse na existência de uma luta pelo poder.

Kiir – que pertence à tribo Dinka – voltou a oferecer negociar “incondicionalmente” com Mashar, seu principal rival político, que foi afastado do poder em julho deste ano e é membro do clã Lou Nuer.

No entanto, o ex-vice-presidente condicionou o diálogo à libertação de 11 políticos e militares detidos e sua transferência para Adis-Abeba (na Etiópia), onde poderiam acontecer as negociações.

Enquanto isso, milhares de pessoas morreram e mais de 80 mil foram obrigadas a se deslocar fugindo dos enfrentamentos, segundo as Nações Unidas. Mais da metade dos deslocados buscaram refúgio nas instalações da missão da ONU no Sudão do Sul, UNMISS, e só na capital, Juba, há mais de 20 mil refugiados nessas bases.

O organismo internacional revelou ontem a existência em Bentiu de uma vala comum, que poderia conter até 75 cadáveres, e de outras duas em Juba.

Ontem, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade o envio de 5.500 capacetes azuis a UNMISS, aumentando o número de soldados na missão para 12.500. Enquanto isso, os confrontos no Sudão do Sul, que chegou à independência do Sudão em julho de 2011, são motivo de preocupação em seu vizinho do norte.

Além de interesses comuns no setor petroleiro, existe um número crescente de sul-sudaneses que se dirigem ao Sudão em busca de refúgio.

O governador do Estado sudanês de Nilo Blanco (na fronteira com o Sudão do Sul), Youssef al Shanbali, informou hoje desses deslocamentos e prometeu acolher e facilitar o acesso aos serviços básicos para os refugiados.

Diante da escalada de violência, 26 grupos de direitos humanos e da sociedade civil do Sudão e Sudão do Sul pediram em comunicado o fim dos combates e o início do diálogo.

E pediram ao líder sul-sudanês que liberte todas as pessoas detidas por expressar opiniões políticas contrárias ao governo e que comece um processo de reconciliação nacional com os rebeldes.

FONTE/FOTO: EFE, via Portal Terra/AP

http://www.forte.jor.br/2013/12/27/rebe ... ao-do-sul/

[FCarvalho]

Para entender melhor o que se passa e onde, na minha opinião, a nossa presença seria mais importante e faria realmente alguma diferença.



abs.

[eligioep]

Muito interessante e esclarecedora a entrevista do coronel. De minha parte, imaginava que os combates estivessem disseminados, e que o país fosse todo desértico.

[FCarvalho]

Eu de minha parte gostaria muito de entender, e saber, quais são os critérios utilizados pelo MRE e pelo MD para decidir para onde mandar nossas tropas em favor da ONU.

Porque pelo que parece, só vamos aonde a encrenca nos pareça menor, e por conseguinte, os riscos.

Neste momento, se fazer a diferença, for um dos critérios, não vejo porque não enviar tropas para a RCA, Congo, Sudão do Sul e Sudão.

Efetivamente seriam lugares onde a nossa capacidade de humanizar nossas ações militares fariam realmente a diferença.

Todas as 3 forças tem infantaria. Tirando a FAB que não dispõe - ainda - de um btl inf especificamente para este tipo de missão, nada me diz que não poderíamos entrar em todas essas missões enviando um btl de cada força, junto com engenharia e hospitais de campanha, pessoal de comunicações e logística.

Agora, se o pessoal só quer entrar em missão para fazer figuração e parecer bem na foto, melhor poupar o dinheiro do contribuinte e enviar apenas observadores militares e propagandear que fomos lá e ajudamos também.

abs.

[FCarvalho]

Mais uma observação. Existem missões da ONU onde cabem apenas observadores, outras um pelotão ou companhia, e ainda outras que um btl é o necessário.

De todas as missões que fazemos parte na Africa, pelo que pude constatar, em relação a nossa participação, todas tem necessidade de pelo menos uma Cia, mas o que mais temos por lá mesmo são observadores militares fazendo o 'me engana que eu gosto'.

O que dá a entender que a África continua tendo a prioridade de sempre no MRE, ou seja, nenhuma.

E ainda tem que ache que a UNIFIL é uma missão quente.

abs.

[FCarvalho]

Vozes do Sudão do Sul



abs.

[eligioep]

Mais uma observação. Existem missões da ONU onde cabem apenas observadores, outras um pelotão ou companhia, e ainda outras que um btl é o necessário.

De todas as missões que fazemos parte na Africa, pelo que pude constatar, em relação a nossa participação, todas tem necessidade de pelo menos uma Cia, mas o que mais temos por lá mesmo são observadores militares fazendo o 'me engana que eu gosto'.

O que dá a entender que a África continua tendo a prioridade de sempre no MRE, ou seja, nenhuma.

E ainda tem que ache que a UNIFIL é uma missão quente.

abs.

Carvalho,
muito me admira esta tua colocação.....
Tens idéia do que um Observador Militar da ONU faz?... E um Peacekeeper? Será que irias lá para ser um Observador e fazer o "me engana que eu gosto"?
Deverias no mínimo tentar entender as respectivas funções para poderes emitir uma opinião condizente!
E a África é a prioridade Nº 1 para receber uma tropa brasileira. E desdobrar uma companhia lá é praticamente impossível, conforme já te falei em outro post.

[FCarvalho]

Mais uma observação. Existem missões da ONU onde cabem apenas observadores, outras um pelotão ou companhia, e ainda outras que um btl é o necessário.
De todas as missões que fazemos parte na Africa, pelo que pude constatar, em relação a nossa participação, todas tem necessidade de pelo menos uma Cia, mas o que mais temos por lá mesmo são observadores militares fazendo o 'me engana que eu gosto'.
O que dá a entender que a África continua tendo a prioridade de sempre no MRE, ou seja, nenhuma.
E ainda tem que ache que a UNIFIL é uma missão quente.
abs.

Carvalho,
muito me admira esta tua colocação.....
Tens idéia do que um Observador Militar da ONU faz?... E um Peacekeeper? Será que irias lá para ser um Observador e fazer o "me engana que eu gosto"?
Deverias no mínimo tentar entender as respectivas funções para poderes emitir uma opinião condizente!
E a África é a prioridade Nº 1 para receber uma tropa brasileira. E desdobrar uma companhia lá é praticamente impossível, conforme já te falei em outro post.

Eligioep, penso que me coloquei mal realmente nos termo expresso. Tenha plena ciência do trabalho realizado pelos observadores militares, e de sua importância.

O que quis dizer é que via de regra, as missões da ONU na África tem sido colocadas em segundo lugar por aqui tendo em vista a complexidade do TO e, principalmente, pelos riscos envolvidos, já que praticamente 90% das missões lá são basicamente de imposição da paz, algo que no nosso calendário diplomático não é, e nunca foi bem visto. Ademais, como se pode perceber, é muito complicado explicar aqui sacos pretos voltando de uma "missão de paz" da ONU, onde quer que seja.

Neste sentido, também é uma 'tradição' nossa não nos envolvermos em missões cujos conflitos ainda não estejam devidamente resolvidos e as partes acordadas. Ou seja, não temos experiência - e nem vontade - nenhuma em missões de imposição da paz, que é o caso de não poucas missões da ONU na Africa. Até em vista dessa situação generalizada, o Brasil tem optado há anos pelo envio somente de observadores militares, seja para TO's menos quentes lá, seja para minimizar os nossos próprios riscos em termos militares feridos e/ou mesmo mortos em países do qual por aqui sequer a maioria das pessoas conhece o nome e a história.

Será que irias lá para ser um Observador e fazer o "me engana que eu gosto"?

Quanto a sua pergunta meu caro amigo, eu lastimo que não, tendo em vista que sequer para o SMO eu prestei. Como certo dia um padre amigo meu falou, como pessoa prática sou um ótimo teórico. E é isso que eu sou. Apenas reles teórico. Vai ver que é por isso que eu só prestei para professor.

abs.

[eligioep]

Ok Carvalho. Quero crer que você se expressou mal....
Pois aqueles caras que vão como Observadores, sem NENHUM armamento, nem um boque que seja, são corajosos.... Tiro o chapéu para eles.
Claro que existem missões, como no Chipre, onde é "mel na chupeta". Mas na África o bicho pega.....
Já convivi com eles por 9 meses, na África. Eu armado de fuzil + pistola, com munição à vontade, e eles desarmados. Não me sentia seguro, imagina eles....


Best regard's!

[FCarvalho]

A única missão mais tranquila que conheço no continente africano é a do Saara Ocidental. E mesmo essa, de tempos em tempos as vezes as coisas se complicam, pela clara postura beligerante do governo marroquino frente a oposição saauari.

No mais, todas as outras por lá, são basicamente operações militares nas quais combater é algo tão natural quanto ir tomar banho ou telefonar para casa.

A mim me parece que o fato da encomenda do LMV estar saindo é um claro sinal de que vamos precisar, e muito, deste tipo de veículo na(s) próxima(s) missão. Até porque, a África, como bem disseste, é a prioridade agora.

Bom, parece que os tempos de calmaria nas nossas missões na ONU terminaram. Agora a coisa vai ficar realmente séria. Tomara tenhamos tempo para nos ajustar a esses novos ditames.

abs.

[FCarvalho]

PM Brasileira ajuda missão da ONU a combater criminalidade no Sudão do Sul

http://www.defesaaereanaval.com.br/poli ... ao-do-sul/

Uma lástima que não vamos enviar tropas para este país conflagrado também.

Capacidade é o que não nos sobra. O que não tem é bem outra coisa.

abs.

[FCarvalho]

Estou pensando agora com os meu botões, e olhando quadro geral da RCA, que faz fronteira com o Sudão do Sul, e com o Sudão, sobre a possibilidade de acabermos nos metendo em algo bem maior do que esperamos, e para a qual, evidentemente, não estaremos preparados.

A RCA será a primeira missão de imposição da paz de que participaremos, e nós aparentemente vamos para lá com a mesma cara e coragem de 13 anos atrás quando fomos ao Haiti. A diferença agora é que muito provavelmente não teremos boas vindas, as ameças serão maiores e as condições de implementação, organização, proteção, apronto e equipamento das tropas serão muito mais exigentes. Um cenário totalmente novo para o qual não estamos acostumados, e quiçá preparados.

Será que estamos preparados para admitir um envolvimento maior do que o previsto nesta missão na medida em que as necessidades começarem a ser impor em relação ao TO em questão? Como reagirá a população mediante os enfrentamentos e a escalada de violência na RCA em virtude das ações de grupos terroristas e guerrilheis na fronteira daqueles países com o Sudão do Sul e Sudão? A miséria social, econômica e a violência política e militar que estão exposta a imensa maioria destas populações naqueles países fazem com que a migração entre as fronteias, e sua total porosidade e falta de controle, como lidar com tais questões com tropas que não tem necessariamente liberdade operacional para agir com os elementos limitados materiais e humanos a fim de prover soluções duradouras e não apenas paliativas como vem sendo feito até agora?

Para finalizar, uma potencial intervenção naqueles países, ainda que limitada, seriam uma solução a ser contemplada do ponto de vista militar, seja através da ONU, seja através de apoio humanitário direto como forma de contrabalançar o poder paralelo ao estado dos grupos armados que lá praticamente detém o comando na prática da realidade?

Será que estamos preparados de verdade para dar um passo a mais na nossa posição dentro das missões da ONU no sentido de ir além daquilo que simplesmente nos pedem?

O futuro irá dizer. Ou a nossa vontade de crescer... ou não.

abs

[FCarvalho]

Em 2018 o Sudão do Sul mantém-se na esperança de poder esperar por nossa ajuda. Talvez dessa vez, como vamos estar bem ali ao lado, alguém resolva fazer alguma coisa, além de discursos e boas intenções.
Coisas que aliás, o inferno está cheio.





abs.

[FCarvalho]

Milhares fogem do leste do Sudão do Sul após vaga de violência étnica
Milhares de pessoas fugiram da região de Pibor, no leste do Sudão do Sul, após uma nova vaga de violência intercomunitária, disse hoje a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), adiantando que suspendeu todas as suas atividades na região.

https://www.noticiasaominuto.com/mundo/ ... cia-etnica

Confrontos no Sudão do Sul matam e ferem dezenas, incluindo profissionais de MSF

https://odiariocarioca.com/mundo/notici ... ca-rj.html

[FCarvalho]

A ONU NO CONTINENTE AFRICANO:UMA REFLEXÃO SOBRE OS DESAFIOS HUMANITÁRIOS NO SUDÃO DO SUL
Leonardo de Andrade Alves e Orlando Mattos Sparta de Souza

https://revista.egn.mar.mil.br/index.ph ... iew/663/67