SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#1 Mensagem por Túlio » Qua Ago 14, 2013 6:57 pm

Buenas. Tive a idéia de criar este tópico com base em um debate em outro. Pincei uma parte do post de um colega que realmente comocou a idéia nos termos certos, ao menos a meu ver:
LeandroGCard escreveu:Lembro muito bem de uma conversa que acompanhei entre meu pai e o coronel Gélio Fregapani, onde este último dizia que a melhor arma para a guerra na selva amazônica seria uma escopeta anabolizada. Simplesmente não dá nem tempo de fazer pontaria e espalhar chumbo é a forma mais eficiente de tentar atingir alguém que corre ou se esconde entre as árvores. E o alcance dos fuzis é praticamente inútil quando o "horizonte" entre os troncos está há poucos metros. Mas parece que existem restrições ao uso deste tipo de arma, coisas tipo a Convenção de Genebra ou sei lá.

Mas acho que de fato nestes cenários o que manda é a granada, lançada manualmente ou com aqueles lançadores acopláveis aos fuzis, que teriam como utilidade principal justamente servir de base para eles. E complementada pelas sub-metralhadoras mesmo.

De qualquer forma, temos que manter em mente que este é um terreno considerado um atoleiro em termos militares, que torna praticamente inviável qualquer avanço organizado de forças realmente importantes em distâncias realmente úteis. É um cenário para uma eterna luta de atrito, não para se decidir uma guerra. Um inimigo que quisesse montar um ataque realmente importante evitaria se embrenhar na mata e se manteria nas estradas e trechos de vegetação mais aberta. Lutar no meio das árvores não é tarefa para grandes exércitos, e sim para pequenas unidades especiais, e estas precisam sim de equipamento dedicado e adequado.


Leandro G. Card

Pois é, até onde sei grande parte dos combates em ambiente de selva (como o TOA, ou mais precisamente, boa parte dele):

:arrow: - Se dá a poucas dezenas de metros ou mesmo menos.

:arrow: - Não é usada qualquer EPI, como capacete ou colete balístico.

:arrow: - Envolve pequenos grupos de combatentes.

:arrow: - Os citados combatentes se deslocam a pé por longos períodos (vi relatos de tropas levando horas para atravessar um único quilômetro) com seus apetrechos, armas e munições.


Com base no acima, algumas considerações:

1 - Qual a necessidade de se usar uma arma com munição tão potente e precisa (pode matar/incapacitar com precisão a centenas de metros) como um fuzil para bater alvos a poucas dezenas de metros, no máximo? É uma arma relativamente grande, pesada (idem sua munição e carregadores) e complexa para um ambiente sobretudo rústico a extremos.

2 - Uma SMG é pequena, leve, simples (se adotado um modelo básico, blowback direto com ferrolho aberto, como exemplos a URU e a UZI), tanto quanto sua munição e carregadores. E, diante de tropas desprovidas de EPI, letal! Com munição e carregadores menores e mais leves, é possível transportar individualmente mais munição, o que possibilita maior tranquilidade em fogo automático, já que, com maior disponibilidade de munição, se atira (ou se pode atirar) mais em full ou mesmo bursts pré-programadas. Ademais, as subs se prestam muito melhor do que fuzis ao uso de supressores...

3 - Uma espingarda (caçadeira, para os irmãos tugas) também apresenta vantagens, como a dispersão de esferas (balins) por um espaço "genérico", podendo atingir alvos fugazes. A Convenção de Genebra proíbe munições com chumbo exposto em ações de guerra mas há décadas que existem diversos cartuchos que empregam esferas de aço. O problema que vejo com as espingardas é o tamanho e peso da munição (coloquem um cartucho de 12 ao lado de um 9 mm P ou mesmo .45 ACP, a diferença é grande. Aproveitem e pesem, o de 12 pesa mais que as outras duas juntas!), o que limita a quantidade transportada pelo infante desmontado. Para que se tenha uma idéia, um único cartucho calibre 12 dos mais comuns pesa, só em sua carga letal, em torno de 32 gramas (os mais comuns, repito. Há os que pesam mais e outros que pesam menos). E ainda há o estojo, a espoleta (bem maior que a de uma de pistola ou mesmo de fuzil de assalto) e a carga de pólvora, além da bucha. Tudo junto e acrescentando volume ao peso, me parece que a espingarda apresenta mais características de arma de apoio às subs do que principal em operações na selva.


Que acham?




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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#2 Mensagem por Wingate » Qua Ago 14, 2013 7:53 pm

Túlio escreveu:Buenas. Tive a idéia de criar este tópico com base em um debate em outro. Pincei uma parte do post de um colega que realmente comocou a idéia nos termos certos, ao menos a meu ver:
LeandroGCard escreveu:Lembro muito bem de uma conversa que acompanhei entre meu pai e o coronel Gélio Fregapani, onde este último dizia que a melhor arma para a guerra na selva amazônica seria uma escopeta anabolizada. Simplesmente não dá nem tempo de fazer pontaria e espalhar chumbo é a forma mais eficiente de tentar atingir alguém que corre ou se esconde entre as árvores. E o alcance dos fuzis é praticamente inútil quando o "horizonte" entre os troncos está há poucos metros. Mas parece que existem restrições ao uso deste tipo de arma, coisas tipo a Convenção de Genebra ou sei lá.

Mas acho que de fato nestes cenários o que manda é a granada, lançada manualmente ou com aqueles lançadores acopláveis aos fuzis, que teriam como utilidade principal justamente servir de base para eles. E complementada pelas sub-metralhadoras mesmo.

De qualquer forma, temos que manter em mente que este é um terreno considerado um atoleiro em termos militares, que torna praticamente inviável qualquer avanço organizado de forças realmente importantes em distâncias realmente úteis. É um cenário para uma eterna luta de atrito, não para se decidir uma guerra. Um inimigo que quisesse montar um ataque realmente importante evitaria se embrenhar na mata e se manteria nas estradas e trechos de vegetação mais aberta. Lutar no meio das árvores não é tarefa para grandes exércitos, e sim para pequenas unidades especiais, e estas precisam sim de equipamento dedicado e adequado.


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Pois é, até onde sei grande parte dos combates em ambiente de selva (como o TOA, ou mais precisamente, boa parte dele):

:arrow: - Se dá a poucas dezenas de metros ou mesmo menos.

:arrow: - Não é usada qualquer EPI, como capacete ou colete balístico.

:arrow: - Envolve pequenos grupos de combatentes.

:arrow: - Os citados combatentes se deslocam a pé por longos períodos (vi relatos de tropas levando horas para atravessar um único quilômetro) com seus apetrechos, armas e munições.


Com base no acima, algumas considerações:

1 - Qual a necessidade de se usar uma arma com munição tão potente e precisa (pode matar/incapacitar com precisão a centenas de metros) como um fuzil para bater alvos a poucas dezenas de metros, no máximo? É uma arma relativamente grande, pesada (idem sua munição e carregadores) e complexa para um ambiente sobretudo rústico a extremos.

2 - Uma SMG é pequena, leve, simples (se adotado um modelo básico, blowback direto com ferrolho aberto, como exemplos a URU e a UZI), tanto quanto sua munição e carregadores. E, diante de tropas desprovidas de EPI, letal! Com munição e carregadores menores e mais leves, é possível transportar individualmente mais munição, o que possibilita maior tranquilidade em fogo automático, já que, com maior disponibilidade de munição, se atira (ou se pode atirar) mais em full ou mesmo bursts pré-programadas. Ademais, as subs se prestam muito melhor do que fuzis ao uso de supressores...

3 - Uma espingarda (caçadeira, para os irmãos tugas) também apresenta vantagens, como a dispersão de esferas (balins) por um espaço "genérico", podendo atingir alvos fugazes. A Convenção de Genebra proíbe munições com chumbo exposto em ações de guerra mas há décadas que existem diversos cartuchos que empregam esferas de aço. O problema que vejo com as espingardas é o tamanho e peso da munição (coloquem um cartucho de 12 ao lado de um 9 mm P ou mesmo .45 ACP, a diferença é grande. Aproveitem e pesem, o de 12 pesa mais que as outras duas juntas!), o que limita a quantidade transportada pelo infante desmontado. Para que se tenha uma idéia, um único cartucho calibre 12 dos mais comuns pesa, só em sua carga letal, em torno de 32 gramas (os mais comuns, repito. Há os que pesam mais e outros que pesam menos). E ainda há o estojo, a espoleta (bem maior que a de uma de pistola ou mesmo de fuzil de assalto) e a carga de pólvora, além da bucha. Tudo junto e acrescentando volume ao peso, me parece que a espingarda apresenta mais características de arma de apoio às subs do que principal em operações na selva.


Que acham?
De acordo, Túlio. Minha idéia (principalmente numa situação de "insurgência" ou "guerrilha" na selva contra um possível invasor seria:

-Espingarda (caçadeira) - pump action 12;
-Fuzil tipo FAL (por já ser arma tradicional com muita gente que já atirou, estoque existente, munição farta, etc...)
-SMG tipo URU, ou INA (9 MM, melhorada) de fabricação barata, fácil de operar e manutenir) (seria a nossa STEN GUN, mas muito melhor);
-Metralhadora de apoio tipo MAG (projeto nacional ou desenvolvido em conjunto com Rep. Tcheca, ou Finlândia, etc..).
-Um "Panzerfaust" nacional, fácil de transportar, manter e operar, seguro e barato em sua fabricação.
-E os morteiros leves já em uso no EB.

Desculpem se errei nas descrições acima, são só idéias de um pobre leigo reservista [000] ...

SDS,

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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#3 Mensagem por LeandroGCard » Qua Ago 14, 2013 9:06 pm

Wingate escreveu: -Espingarda (caçadeira) - pump action 12;
-Fuzil tipo FAL (por já ser arma tradicional com muita gente que já atirou, estoque existente, munição farta, etc...)
-SMG tipo URU, ou INA (9 MM, melhorada) de fabricação barata, fácil de operar e manutenir) (seria a nossa STEN GUN, mas muito melhor);
-Metralhadora de apoio tipo MAG (projeto nacional ou desenvolvido em conjunto com Rep. Tcheca, ou Finlândia, etc..).
-Um "Panzerfaust" nacional, fácil de transportar, manter e operar, seguro e barato em sua fabricação.
-E os morteiros leves já em uso no EB.

Desculpem se errei nas descrições acima, são só idéias de um pobre leigo reservista [000] ...

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Um soldado na selva tem que efetuar caminhadas extremamente longas (veículos nem pensar na maior parte do TO) em terreno muito difícil, permanecer tempos enormes sem acesso a suprimentos e na hora da luta correr velozmente de árvore em árvore. Pode esquecer qualquer material que não seja muito leve, como armas pesadas e grandes caixas de munição. Isso é um ponto contra o FAL. E as árvores impedem completamente a utilização de coisas como morteiros (os projéteis vão explodir nos galhos das árvores ou no mínimo ser desviados aleatoriamente por eles) ou metralhadoras de apoio como a MAG (o alcance é de no máximo umas poucas dezenas de metros e não dá nem para fazer pontaria direito entre as árvores). E o Panzerfaust era uma arma anti-tanque volumosa e pesada, hoje o equivalente seria um Carl Gustav ou uma ALAC. Mas o alcance deles é inútil na selva, os projéteis invariavelmente seriam detidos ou desviados por uma árvore, e nem haveria alvos para sua ogiva, geralmente do tipo carga oca. Uma simples granada de mão bem lançada seria mais eficiente.

Já ouvi comentários não me lembro onde de que a munição de que um fuzil 7,62 como o FAL consegue atravessar árvores e atingir o soldado do outro lado, mas acho que isso depende muito da árvore (tamanho e tipo de madeira), e as árvores amazônicas são muito velhas, enormes e de madeira muito dura... . Não acho que um FAL tenha muita utilidade por lá, não mais do que uma arma mais leve de munição menor. E o peso dele e da sua munição pode ser realmente um problema para uma tropa que tem que operar em um terreno tão acidentado e sem acesso a transporte por veículos.

Escopetas e sub-metralhadoras poderiam ser bem úteis. Ou talvez um fuzil bem leve, talvez tipo bullpup, usando munição 5,56mm ou mesmo menor (já foram desenvolvidos calibres de 5mm ou até de 4,32mm). Uma arma assim teria a vantagem de ser bem leve e compacta, com uma munição pequena e fácil de transportar mas mantendo uma velocidade inicial bastante elevada para atravessar blindagens leves, coletes e árvores menores, uma vantagem sobre a maioria das submetralhadoras, que tem impacto mas não poder de penetração.

E granadas. Muitas e muitas granadas. De algum modelo não demasiadamente pesado e que seja fácil de lançar. Talvez valesse à pena ressuscitar até o conceito das stick grenades como na Model 24 alemã ou RGD-33 soviética, que permite arremessos manuais a maiores distâncias com total controle, coisa difícil com os lançadores do tipo do M-203. Mas teria que ser algo mais moderno, bem mais leve. A luta no meio das árvores me parece ter muito à ver com a luta em ambientes urbanos confinados, e nestes ambientes as granadas sempre se mostraram muito úteis.


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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#4 Mensagem por Alitson » Qua Ago 14, 2013 9:10 pm

-Espingarda, pump action calibre 12 é coisa do passado, uma arma com a qualidade da Benelli semi-automática é o que precisamos. Não confio nas 12 da CBC, quero ver as elas aguentarem a nova linha de cartuchos para javalis e búfalos que ela mesmo desenvolveu. Quem atirou disse que o mesmo não se comporta bem dentro das CBCs, mas dentro de uma simples Mossberg, o resultado é muito melhor, imaginem dentro de uma Benelli.




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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#5 Mensagem por Bolovo » Qua Ago 14, 2013 10:28 pm

Submetralhadora???????????

Não foi justamente a criação do fuzil de assalto e o calibre intermediário que a tirou do topo das armas? O FAL é um fuzil de batalha, que usa um calibre absurdo de potente, ao meu ver desnecessário e inadequado para a atualidade. O grupo de combate, que é a unidade básica de manobra da infantaria, na selva é um pouco diferente, tem dez soldados no lugar de nove. É o comandante, duas esquadras de quatro fuzileiros e um enfermeiro. Na selva o armamento individual tem que ter uma qualidade e atenção especial pois vai ser basicamente a coisa mais poderosa por lá, afinal é muito difícil nessas região ter algum tipo de apoio de artilharia ou coisa qualquer. Um armamento mais leve e que carregue mais munição é o ideal e não vejo outra coisa além de um fuzil de assalto pra essa função. O lance é fogo e manobra: atira, atira e atira, acua o inimigo, e vai tentando desse jeito cerca-lo, até chegar a um ponto que seja possível abate-lo, por isso é bom ter uma arma com bastante munição. Se tivesse algum tipo de apoio, seria atirar e atirar, manter o inimigo acuado, sem mobilização, e elimina-lo com fogo de artilharia, aviação ou o que for. Como na selva isso é muito difícil, o armamento individual e em especial o fuzil do combatente tem atenção especial. Não é a toa que ainda hoje, 40 anos depois do fim da Guerra do Vietnã, é comum ver comparações entre o M-16 e o AK-47 para aquele caso. Essa ferramenta de trabalho do soldado é basicamente a coisa mais importante que existe numa guerra, afinal quem levou uma bandeira vermelho pro telhado do Reichstag foi um infante e não um piloto da caça ou um soldado da artilharia.




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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#6 Mensagem por Marechal-do-ar » Qua Ago 14, 2013 10:45 pm

Túlio escreveu: :arrow: - Se dá a poucas dezenas de metros ou mesmo menos.
Exceto, quanto se da a 100 ou 200 metros não é mesmo?

Selva não é uniforme, uma área pode ser fechada uma outra relativamente aberta, em margens de rios a visibilidade aumenta.
Túlio escreveu: :arrow: - Não é usada qualquer EPI, como capacete ou colete balístico.
Por que não? Há alguma razão técnica ou o simples fato de todos os lugares que tem combatente de selva serem pobres?

Com a proteção existente hoje da para fazer uma roupa nivel II ou até IIIa que não pese muito, em um ambiente desses ter alguma proteção é bom mesmo quando não se tem inimigos.



Só para finalizar, nunca vi ou ouvi falar de alguma missão na selva (nos últimos, 30 anos) que o armamento não seja um fuzil, geralmente em suas versões curtas, pode ser o calibre 7,62x39mm ou 5,56mm mas sempre algo com alcance médio e capaz de penetrar proteção leve, e não acho que essa escolha seja por "tradição".




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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#7 Mensagem por Wingate » Qua Ago 14, 2013 10:56 pm

LeandroGCard escreveu:
Wingate escreveu: -Espingarda (caçadeira) - pump action 12;
-Fuzil tipo FAL (por já ser arma tradicional com muita gente que já atirou, estoque existente, munição farta, etc...)
-SMG tipo URU, ou INA (9 MM, melhorada) de fabricação barata, fácil de operar e manutenir) (seria a nossa STEN GUN, mas muito melhor);
-Metralhadora de apoio tipo MAG (projeto nacional ou desenvolvido em conjunto com Rep. Tcheca, ou Finlândia, etc..).
-Um "Panzerfaust" nacional, fácil de transportar, manter e operar, seguro e barato em sua fabricação.
-E os morteiros leves já em uso no EB.

Desculpem se errei nas descrições acima, são só idéias de um pobre leigo reservista [000] ...

SDS,

Wingate
Um soldado na selva tem que efetuar caminhadas extremamente longas (veículos nem pensar na maior parte do TO) em terreno muito difícil, permanecer tempos enormes sem acesso a suprimentos e na hora da luta correr velozmente de árvore em árvore. Pode esquecer qualquer material que não seja muito leve, como armas pesadas e grandes caixas de munição. Isso é um ponto contra o FAL. E as árvores impedem completamente a utilização de coisas como morteiros (os projéteis vão explodir nos galhos das árvores ou no mínimo ser desviados aleatoriamente por eles) ou metralhadoras de apoio como a MAG (o alcance é de no máximo umas poucas dezenas de metros e não dá nem para fazer pontaria direito entre as árvores). E o Panzerfaust era uma arma anti-tanque volumosa e pesada, hoje o equivalente seria um Carl Gustav ou uma ALAC. Mas o alcance deles é inútil na selva, os projéteis invariavelmente seriam detidos ou desviados por uma árvore, e nem haveria alvos para sua ogiva, geralmente do tipo carga oca. Uma simples granada de mão bem lançada seria mais eficiente.

Já ouvi comentários não me lembro onde de que a munição de que um fuzil 7,62 como o FAL consegue atravessar árvores e atingir o soldado do outro lado, mas acho que isso depende muito da árvore (tamanho e tipo de madeira), e as árvores amazônicas são muito velhas, enormes e de madeira muito dura... . Não acho que um FAL tenha muita utilidade por lá, não mais do que uma arma mais leve de munição menor. E o peso dele e da sua munição pode ser realmente um problema para uma tropa que tem que operar em um terreno tão acidentado e sem acesso a transporte por veículos.

Escopetas e sub-metralhadoras poderiam ser bem úteis. Ou talvez um fuzil bem leve, talvez tipo bullpup, usando munição 5,56mm ou mesmo menor (já foram desenvolvidos calibres de 5mm ou até de 4,32mm). Uma arma assim teria a vantagem de ser bem leve e compacta, com uma munição pequena e fácil de transportar mas mantendo uma velocidade inicial bastante elevada para atravessar blindagens leves, coletes e árvores menores, uma vantagem sobre a maioria das submetralhadoras, que tem impacto mas não poder de penetração.

E granadas. Muitas e muitas granadas. De algum modelo não demasiadamente pesado e que seja fácil de lançar. Talvez valesse à pena ressuscitar até o conceito das stick grenades como na Model 24 alemã ou RGD-33 soviética, que permite arremessos manuais a maiores distâncias com total controle, coisa difícil com os lançadores do tipo do M-203. Mas teria que ser algo mais moderno, bem mais leve. A luta no meio das árvores me parece ter muito à ver com a luta em ambientes urbanos confinados, e nestes ambientes as granadas sempre se mostraram muito úteis.


Leandro G. Card
Grato pelos comentários. É preciso observar também que, no TO amazônico os militares brasileiros teriam, hipoteticamente, que enfrentar forças que viriam principalmente pelos rios usando barcaças, pequenos navios e lanchas de combate ("riverine boats") entre outras embarcações. Aí, creio´, seria necessário um armamento um pouco mais pesado para essas ameaças, sem contar a ameaça aérea.

SDS,

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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#8 Mensagem por luidpossan » Qui Ago 15, 2013 10:05 am

marechal a questão do colete não é tanto o peso em si mas a retenção de calor, como vc sabe a floresta amazônica tem umidade do ar muito alta aliada ao calor faz com que o combatente perca água mas que em um deserto por exemplo. o colete como não é de uma matéria que ajude na transpiração faz aumenta essa perda de água. não sei se me expressei bem




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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#9 Mensagem por eligioep » Qui Ago 15, 2013 11:08 am

Pessoal,
pelos 5 anos de experiência em selva, não abro mão de um fuzil, seja 5,56 ou 7,62. Espingarda cal 12.... Uma por GC, para aquele combate inesperado, a curtíssima distância. Submetralhadora.... totalmente inútil em ambiente amazônico: atira muito, mas sem precisão nenhuma!




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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#10 Mensagem por Túlio » Qui Ago 15, 2013 11:20 am

Senhores, não estou propondo uma nova Doutrina e sim apenas mais um debate, além de, como sempre, tentando aprender algo novo. Assim:

:arrow: - Para começar, não falei que o TOA inteiro é pura mata fechada. Aqui, do post inicial:
Pois é, até onde sei grande parte dos combates em ambiente de selva (como o TOA, ou mais precisamente, boa parte dele):
Mas basta um pouco de lógica para se imaginar que dificilmente alguém, dispondo de densa e abundante cobertura vegetal para se ocultar, vá sair desfilando em campo aberto. Pode ser até que façam mas EU não o faria...


:arrow: - EPI - Nunca vi nem ouvi falar de gente com colete e capacete na mata fechada nos tempos atuais, especialmente em clima equatorial. Só quem usou sabe o quanto aquilo pesa, é quente como o inferno e limita os movimentos. Na posição de tiro deitado (prone), a parte de trás sobe e fica roçando irritantemente a nuca e, no caso de voltarmos a cabeça para cá e para lá, fica roçando e arranhando o queixo e faces, além de limitar a visão e movimentos. Sentado, agachado ou ajoelhado, o colete tende a encobrir o queixo e, em alguns casos, até a boca.

E estou falando do que usei por anos, nível II NIJ, inicialmente só ele e com apenas uma camiseta por baixo. Quando entrei na onda de botar colete tático cheio de bugigangas nos bolsos e penduricalhos, aí sim, paguei um monte de pecados. O cara sua feito um porco, o limite de movimento da cabeça se torna bem mais restrito, prejudicando a consciência situacional e, além de tudo, aquele treco tem a maldita mania de se prender e enroscar em tudo o que for possível fazer isso. E era um simples nível II, sem "chapa dura", pesando uns 2,5 kg ou menos. Botem um par de chapas num IIIA, que aliás é mais pesado, e podem triplicar o peso que citei. Aumentem mais cerca de um quilo se quiserem ombreiras e mais ainda se quiserem as chapas duras laterais.

Capacete então nem se fala. Além de pesado e desconfortável, ele bate nisso e naquilo, ou seja, produz ruído, e pode ocorrer num momento em que pode haver algum inimigo nas proximidades, ou seja, isso pode ser o prenúncio do nosso fim. Ademais, do mesmo modo que o colete, em ambientes como a mata fechada é um convite para todo tipo de bicho se infiltrar, fora o fato de concentrar calor e umidade na cabeça no infeliz soldado que o estiver usando.

Creio que EPI é item no go without em guerra convencional e mesmo MOUT mas no meio do mato acho BEM brabo...


:arrow: - ARMAMENTO - Senhores, creio ser ponto pacífico entre nós que as armas e equipamentos (entre outras coisas, como o tamanho e composição da tropa, etc) são determinados pela natureza da missão, não? Se vamos emboscar uma patrulha de infantaria inimiga bem no meio do mato, seria pouco aconselhável levarmos lança-rojões, mísseis AC, fuzis antimaterial, canhões sem recuo, etc. Por outro lado, se a Inteligência informa que há um ponto de determinado rio ou afluente que é patrulhado por barcos blindados e/ou armados, nem FAL vai adiantar; aí sim, vamos precisar de lança-rojão, míssil, etc. Não partamos do pressuposto que um planejador militar é apenas uma anta fardada...

Outro fator importante é evitarmos mitos da internet, como o de que um projétil de FAL atravessa árvores e mata quem estiver atrás delas, que um de AK passa retinho pelo meio do mato e estraga o dia de quem estiver por ali e finalmente que um de M-16 será defletido por uma simples pétala de rosa e vai errar sempre. Isso tudo já foi desmentido há anos, aqui mesmo, no nosso véio DB.

A proposição do binômio submetralhadora + espingarda (termo Brasileiro)/caçadeira (termo Português)/escopeta (termo Espanhol)/shotgun (termo Anglo-Saxônico) se prende a uma operação bastante comum: longas patrulhas e eventuais emboscadas na mata fechada. Com a arma básica sendo a sub, temos o infante conduzindo uma arma menor, mais leve e com munição menor e mais leve que o que teria de conduzir no caso de um fuzil, mesmo se fosse algo tipo M-4/G-36K. Além de rajadas mais precisas (pelo menor recuo/muzzle) e uso muito mais eficiente do supressor. E os carregadores são bem menores e mais leves que os equivalentes para fuzil, acrescentando menos volume e peso para o infante desmontado transportar.


:arrow: O PERIGO DA AVIAÇÃO - Creio eu que nem no Vietnã os ianques saíam esvoaçando por aí, caçando alvos de oportunidade, pois seria dar muita chance para o azar. Hoje, então, com a proliferação dos MANPADS, é pra doido mesmo. Examinemos o caso da Colômbia. Os Super Tucanos brilharam em operações como a da morte de Raúl Reyes. Notaram que o ataque só ocorreu após a Inteligência informar a localização precisa do alvo e que o mesmo estava imóvel? Alguém aí pode reportar algum caso de STs rondando à toa acima da selva, caçando pequenos grupos de narcos a pé? Lembram do ST Colombiano abatido, aquelas fotos com marcas de disparos? Ou daquele nosso, que caiu misteriosamente perto da Colômbia e que ninguém pôde se aproximar o suficiente para sequer tirar uma foto que prestasse? O que a FAB queria ocultar? Por que deram sumiço no piloto?

Tá, mas e se for um heli blindado? MANPADS! A simples possibilidade de que pudessem ser usados varreu os Apaches dos céus balcânicos.

Tudo tri, mas e um UCAV, tipo um Predator ou similar disparando Hellfire ou similar contra um pequeno grupo sob a densa cobertura vegetal? Bueno, quem entende um pouco do funcionamento de uma ogiva tipo Shaped Charge de mísseis assim sabe muito bem que um impacto contra um galho das copas das árvores Amazônicas (dezenas de metros de altura) detonaria prematuramente a ogiva. O que funciona bem no "pelado" Afeganistão não funcionaria necessariamente do mesmo modo no TOA...




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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#11 Mensagem por Túlio » Qui Ago 15, 2013 11:25 am

eligioep escreveu:Pessoal,
pelos 5 anos de experiência em selva, não abro mão de um fuzil, seja 5,56 ou 7,62. Espingarda cal 12.... Uma por GC, para aquele combate inesperado, a curtíssima distância. Submetralhadora.... totalmente inútil em ambiente amazônico: atira muito, mas sem precisão nenhuma!

Amigo Elígio, posso estar errado mas não usaste por acaso a arma que chamam de Beretta no EB e chamÁVAMOS - graças a Deus nos livraram dela - de MT-12/12A na SegPub? Se é essa te dou razão, é puro lixo: não há como empunhar com conforto, pula como um cavalo (com aquele baita ferrolho pesado indo e vindo e uma mola de nada), não tem compensador nem opção de burst e não sei quantas vocês conseguiram manter com aquela coronha de vergalhão, a famigerada quebra-quebra. Quando deram baixa aqui, quase nenhuma tinha mais coronha...




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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#12 Mensagem por Viktor Reznov » Qui Ago 15, 2013 11:28 am

Fuzil de cano curto com espingarda montada debaixo do guarda-mão num trilho de acessórios.




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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#13 Mensagem por rodrigo » Qui Ago 15, 2013 11:47 am

Nos últimos anos, a espingarda tem sido deixada somente para uso em ambientes fechados. Mesmo assim, o padrão americano de breaching militar tem sido de abrir a fechadura com o cartucho especializado, e depois entrar o time armado com M4.

A espingarda é imbatível a curta distância. Mas várias questões me fazem pensar em sua efetividade militar:
- Seu alcance é de cerca de 30 metros. O combatente de selva não pode ficar privado de não participar de um combate acima disso;
- Sua munição é muito pesada, e muito sensível às condições encontradas na selva. Sua validade seria muito menor à da munição de cartucho metálico;
- As espingardas esquentam muito com pouco uso, na selva então ia ferver rápido. Fica quase impossível manuseá-la, remuniciá-la ou transportá-la;
- A munição de chumbo é proibida pela convenção de Genebra. A munição boa tem um recuo muito forte, necessita alguém bem treinado. Se usar chumbo grosso, como o nosso SG ou o americano 00, as chances de acertar o alvo são bem menores, porque são uns 8 ou 9 projéteis do tamanho de projéteis de munição 32.




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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#14 Mensagem por Bolovo » Qui Ago 15, 2013 11:52 am

eligioep escreveu:Pessoal,
pelos 5 anos de experiência em selva, não abro mão de um fuzil, seja 5,56 ou 7,62. Espingarda cal 12.... Uma por GC, para aquele combate inesperado, a curtíssima distância. Submetralhadora.... totalmente inútil em ambiente amazônico: atira muito, mas sem precisão nenhuma!
Eu sempre quis saber... quem que fica com a espingarda?




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Re: SELVA: FUZIL, SMG OU ESPINGARDA?

#15 Mensagem por Túlio » Qui Ago 15, 2013 12:07 pm

rodrigo escreveu:Nos últimos anos, a espingarda tem sido deixada somente para uso em ambientes fechados. Mesmo assim, o padrão americano de breaching militar tem sido de abrir a fechadura com o cartucho especializado, e depois entrar o time armado com M4.

A espingarda é imbatível a curta distância. Mas várias questões me fazem pensar em sua efetividade militar:
- Seu alcance é de cerca de 30 metros. O combatente de selva não pode ficar privado de não participar de um combate acima disso;
- Sua munição é muito pesada, e muito sensível às condições encontradas na selva. Sua validade seria muito menor à da munição de cartucho metálico;
- As espingardas esquentam muito com pouco uso, na selva então ia ferver rápido. Fica quase impossível manuseá-la, remuniciá-la ou transportá-la;
- A munição de chumbo é proibida pela convenção de Genebra. A munição boa tem um recuo muito forte, necessita alguém bem treinado. Se usar chumbo grosso, como o nosso SG ou o americano 00, as chances de acertar o alvo são bem menores, porque são uns 8 ou 9 projéteis do tamanho de projéteis de munição 32.

Fiquei em dúvida com o teu post, Rodrigo: te referes à 12 comum (cartucho de 2.75 pol) ou a chamada 12 Magnum (cartucho de 3 pol)? Porque desconheço o uso regular dessa última munição no Brasil...
- Seu alcance é de cerca de 30 metros. O combatente de selva não pode ficar privado de não participar de um combate acima disso;
Não obstante, o Esclarecedor a utiliza. Talvez seja um indicativo da pouca probabilidade de distâncias de tiro maiores nos TOs em que é empregado...
- Sua munição é muito pesada, e muito sensível às condições encontradas na selva. Sua validade seria muito menor à da munição de cartucho metálico;
Concordo sem retoques. Na SegPub a primeira munição a ser substituída é sempre a da 12, ao menos aqui, cujo clima é bem úmido.
- As espingardas esquentam muito com pouco uso, na selva então ia ferver rápido. Fica quase impossível manuseá-la, remuniciá-la ou transportá-la;
Pura verdade. Em algumas sessões mais "puxadas", a área em torno da telha deslizante ficava bem quente e a visada ficava "ondulante" pelo calor acumulado sobre o cano. Ademais, juntam sujeira que é uma beleza...
A munição de chumbo é proibida pela convenção de Genebra. A munição boa tem um recuo muito forte, necessita alguém bem treinado. Se usar chumbo grosso, como o nosso SG ou o americano 00, as chances de acertar o alvo são bem menores, porque são uns 8 ou 9 projéteis do tamanho de projéteis de munição 32.
As que utilizei (em Rossi, CBC e Boito) eram 00 Buckshot e tinham nove esferas. Não me pareceu difícil de controlar. Mas repito, só disparei com 2.75, nunca com 3 pol, não sei como seria a controlabilidade com esta última...




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