Brasil e Rússia finalizam programa aeroespacial
Projeto estima investimentos de US$ 800 milhões
Robinson Borges,
De Moscou
Depois das duras conversações sobre o embargo das carnes brasileiras pelos russos, a relação bilateral entre os dois países pode chegar ao espaço em novembro. Os dois governos estão no arremate final de um programa aeroespacial com investimento de cerca de US$ 800 milhões. O documento com suas diretrizes deve ser assinado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Vladimir Putin, no dia 22 de novembro, quando o chefe de Estado russo visita o país.
O investimento - cuja maior parcela caberá ao Brasil - deve ser realizado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia num prazo de seis anos. O valor é equivalente ao da exportação de carnes brasileiras para a Rússia. A questão espacial é estratégica para o Brasil, segundo integrantes do governo, porque em 2010 expira o prazo para que a nação tenha um satélite geoestacionário. "Caso não tivermos este equipamento, quem vai fazer o controle de vôos e das telecomunicações brasileiras serão os Estados Unidos, pois perderemos literalmente o nosso espaço. E isso não é de interesse nacional", disse Carlos Augusto de Azevedo, secretário-executivo do Ministério da Ciencia e Tecnologia do Brasil, no hotel President, em Moscou, em local que pertencia ao antigo Partido Comunista russo.
"As relações comerciais exigem um equilibrio na balança comercial. Isso ainda não ocorre com a Rússia e está criando problemas. O Brasil tem duas opções: ou importa tecnologia ou potes de plástico. Qual é melhor para o interesse nacional?", pergunta Azevedo.
A preocupação brasileira é com a legislação internacional que delimita para cada país um lugar tanto no espaço sideral como de freqüência. E se ele não for ocupado, o direito de uso será transferido para outra nação. "A parceria com os russos nos interessa porque não significa uma compra de satélite pura e simplesmente. É transferência de tecnologia", afirma Azevedo. "Temos a nossa indústria e condições de absorver essa tecnologia", prossegue.
O secretário considera essa decisão estratégica e cita como exemplo o investimento feito pelo Brasil na industria aeronáutica ha décadas. "Exportamos avião da Embraer hoje e amanhã podemos comercializar satélites", comenta.
De acordo com o ministro da agência aeroespacial russa, Anatoli Perminov, outro aspecto a ser desenvolvido no programa é o lançamento de sondagens remotas da Terra. "Uma de suas vantagens é preservação das riquezas naturais do Brasil, pois com essa sonda será possível controlar ações ilegais contra o meio ambiente, como o corte de árvores proibidas", disse o ministro em entrevista ao Valor, de seu gabinete, em Moscou.
Para ele, estas sondas também sao importantes para a Segurança Nacional, pois permitem observar qualquer objeto que se movimente no território nacional. "A criação deste sistema deve ser feita em bases bilaterais de investimento. Talvez, até, criando uma joint-venture entre os países. Nesse aspecto ficará mais fácil definir quanto cada país devera investir."
O ministro admite que inicialmente o investimento maior será do Brasil, pois a tecnologia russa na área aeroespacial, uma das mais desenvolvidas no mundo, já existe e será exportada ao Brasil. Para começar o programa de cooperação, os russos vão restaurar todas as capacidades da base aeroespacial de Alcântara. Mas há a intenção de ter no Brasil uma porta de entrada na América Latina para transferência de tecnologia e equipamentos.
O momento de transferência de tecnologia russa para o Brasil deve ser aproveitado já, observa Azevedo. "Hoje, a Rússia tem competência e interesse em transferir este tipo de tecnologia. Talvez em cinco anos o cenário seja diferente e nós não tenhamos oportunidade de comprá-la em condições favoráveis", defendeu o secretário.
O governo russo, contudo, revela que o lançamento e a criação de sondas terrestres seriam uma vantagem para os dois lados em termos de desenvolvimento tecnológico pouco explorado pelos países - mais uma vez por causa da sinergia entre os dois países. A Rússia também tem uma vasta área e parte dela é desassistida de tecnologias. "Com estas sondas poderemos favorecer o desenvolvimento da internet e levar esse progresso a cada habitante dos nossos países. E não só ela, mas também a radiodifusão e a televisão", explicou o ministro russo.
Ele considera possível, também, usar estes instrumentos para a inclusão digital e social, pois a educação poderá chegar em lugares remotos da Sibéria ou Amazônia. "Na Rússia também há áreas do país sem rodovias ou estradas de ferro. Só a partir da sondagem terrestre levaremos o desenvolvimento", conclui o ministro russo
Só não entendi uma coisa,por que se não tivermos um satelite ate 2010 perderemos o direito de ter para os EUA e desde quando o governo brasileiro sabe desta lei internacional????
VALEU
Acordo Aeroespacial Brasil-Rússia U$ 800 mi
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Só não entendi uma coisa,por que se não tivermos um satelite ate 2010 perderemos o direito de ter para os EUA e desde quando o governo brasileiro sabe desta lei internacional????
Diorgenes, claro que sabe. Tanto é que está correndo para ter os dois satélites geo-estacionários. Acontece que em 2010 todo o tráfego aéreo internacional deverá ser controlado por meio de satélites. Com isso, todos os países que não tiverem a capacidade de fazer o controle localmente, terão seus espaços aéreos cobertos por satélites estrangeiros. Principalmente dos EUA. E isso não é do interesse do Brasil. O Brasil quer ter controle total do que acontece no nosso espaço aéreo.
Vinicius Pimenta
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