65 anos da tomada de Monte Castelo
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- irlan
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Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
Bom ter lembrado a data caro Alberto, pelo menos o pessoal do fórum faz a sua parte se lembrando de datas como essa já que o o governo não faz o mesmo....
Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
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Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
É uma pena que a data só seja comemorada nos quartéis.irlan escreveu:Bom ter lembrado a data caro Alberto, pelo menos o pessoal do fórum faz a sua parte se lembrando de datas como essa já que o o governo não faz o mesmo....
Mas nós lembramos.
[]'s
Alberto -
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Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
att, binfa
DOE VIDA, DOE MEDULA!
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UMA VIDA SEM DESAFIOS NÃO VALE A PENA SER VIVIDA. Sócrates
Depoimento ABRALE http://www.abrale.org.br/apoio_paciente ... php?id=771
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- FCarvalho
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Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
Cara, e duro de lidar nas salas de aula desse país com a displicência oficial e indiferença nacional.
E pensar que a juventude de hoje baba vendo Band of Bhrothers e afins , e não sabe se quer quem foi Mascarenhas de Moraes ou Max Wolf Filho.
Eta país sem memória (e sem educação) esse...
E pensar que a juventude de hoje baba vendo Band of Bhrothers e afins , e não sabe se quer quem foi Mascarenhas de Moraes ou Max Wolf Filho.
Eta país sem memória (e sem educação) esse...
Carpe Diem
Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
O segundo item leva ao rpimeiro.Eta país sem memória (e sem educação) esse...
Só com Educação se passará a dar o devido valor aos nosso heróis.
- Bolovo
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Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
Claro que não sabem. Alguém fala isso pra eles?FCarvalho escreveu:E pensar que a juventude de hoje baba vendo Band of Bhrothers e afins , e não sabe se quer quem foi Mascarenhas de Moraes ou Max Wolf Filho.
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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- suntsé
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Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
Eu tenho a impressão que existe um esforço de de forças politicas que só querem o porder, para que o Brasil não valorize os seus Herois. Para que os nossos grandes herois sejam esquecidos, já que a vida pessoal da esmagadora maioria deles é pautada pelo amor a pátria e principalmente pela honestidade e respeito aos valores espirituais como (probidade e honra).Carlos Mathias escreveu:O segundo item leva ao rpimeiro.Eta país sem memória (e sem educação) esse...
Só com Educação se passará a dar o devido valor aos nosso heróis.
Valorizar valores mundanos como o consumismo e desejo por coisas futeis é um otimo meio de se corromper e dominar um povo. O Excesso de sensualidade e futilidades de programas de tv por exemplo são um efeito de uma POLITICA DE PÂO E CIRCO. Sensacionalismo de programas jornalisticos que querem sempre mostrar que tudo esta e sempre estara errado.
TEXTO EDITADO>
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Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
Quando era aluno do primeiro grau , em 82 , naquela época aprendíamos e cantávamos a Canção do Expedicionário , até hoje me arrepio quando ouço esta canção. Hoje a rapaziada só houve esses malditos raps , onde os heróis são os traficantes e os manos do pcc, pura apologia a tudo que não presta .
- rodrigo
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Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
Um estudo interessante sobre a FEB na memória dos brasileiros:
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
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Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
FCarvalho escreveu:... E pensar que a juventude de hoje baba vendo Band of Bhrothers e afins , e não sabe se quer quem foi Mascarenhas de Moraes ou Max Wolf Filho.
Quem foi esses? Poderia nos dar uma aula sobre os dois?
No aguardo!
- FCarvalho
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Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
A FIGURA EXCELSA DE MASCARENHAS DE MORAES
UMA LIÇÃO DE VIDA
Texto do Escritor-Historiador Germano Seidl Vidal
Vou tratar da figura de nosso homenageado como pessoa, não como pessoa comum, pois ele teve uma vida muito especial posta exclusivamente a serviço do país na ativa do Exército Nacional por 14 lustros.
O escopo do trabalho não é reeditar a vida militar de Mascarenhas ao longo daquele tempo, mas simplesmente pontuá-la de fatos notáveis.
1. O Caráter
Antes de tratar sobre tema epigrafado, tão apaixonante, buscarei os termos em que coloco sua avaliação na paz e na guerra.
Foi esse mesmo espírito que transparece das palavras do então Gen. Humberto de Alencar Castello Branco, no comando da ECEME, quando assim se expressou:
"Ser Chefe Militar é ser capaz de conduzir homens atribulados pelo tumulto da guerra, sem perder a lucidez e a serenidade."
Não é mais possível, nem como método de raciocínio, separar a figura de Mascarenhas para examiná-la com os atributos demonstrados em tempos de paz e os de guerra.
Ele é o Marechal que se projetou em ambos.
O Gen. Meira Mattos escreveu preciosa síntese sobre a "Personalidade do Comandante da FEB".
Diz ele:
"Três características essenciais ornavam o seu caráter: SERIEDADE - homem sério de pensamento e de ação [...]; MODÉSTIA - modesto por natureza, sem humildade e sem afetação; HONRADEZ - [...] criava em torno de sua pessoa e de suas atividades um ambiente de dignidade tão elevado, que os impuros, os sem caráter, ou dele se afastavam ou se sentiam incomodados [...]."
Com estes predicados, granjeava sólida confiança daqueles a quem comandava.
2. O Cidadão
É conhecido o conceito de que o cidadão está sujeito a deveres e desfruta de direitos a ele atribuídos pela comunidade nacional.
Há ainda a idéia de sua participação, consciente e voluntária, nos problemas da Pátria.
Mascarenhas marcou sua vida castrense na plenitude dessas prerrogativas.
Chegou a dizer: "sou legalista por índole e formação".
Alguns episódios políticos de nossa história confirmam isto e vamos, sucintamente, enumerá-los.
Vindo da Escola Preparatória e de Tática do Rio Pardo, Mascarenhas matriculara-se na Escola Militar da Praia Vermelha e, em 1904, já cursando o 3º ano, eclodiu uma revolta dos cadetes, insuflada pela pregação positivista.
Mascarenhas não participou do Movimento contra a Lei da Vacina Obrigatória.
A Escola foi fechada, os cadetes rebelados expulsos do Exército e os demais mandados servir, em Corpos de Tropa, como soldados.
A Revolta de 1922 foi precedida de conturbada fase política, quando uma suposta carta do candidato Arthur Bernardes continha expressões ofensivas ao Exército.
O quadro revolucionário expandiu-se pela tropa.
O Cap. Mascarenhas comandava uma Bateria no 1º RAM.
Haviam se rebelado o Forte de Copacabana e a Escola Militar do Realengo, com focos isolados na Vila Militar.
As forças legais reagiram.
Mascarenhas recebeu ordens de apoiar a infantaria e, mesmo sem os seus oficiais subalternos, todos presos, substituiu-os por sargentos mais experientes, cumpriu suas missões e sentiu a angústia de deixar a família em área de tamanho conflito.
A Revolução de 1930 encontrou-o no Comando do 6º RAM, respondendo pelo da 3ª Brigada, em Cruz Alta, como Tenente-Coronel.
Foram muito tristes os episódios narrados por ele.
Havia transferido o QG da Brigada para o seu Regimento e determinara rigorosa prontidão no dia 3 de outubro.
Na madrugada de 4, foi abordado por um grupo de sargentos dando-lhe voz de prisão em nome da Revolução.
E foi longo o seu sofrimento, pois permaneceu preso por 38 dias!...
Em 1954, era o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, nos tempestuosos dias de fevereiro a agosto, decorrentes do brutal assassinato do Maj. Vaz e o envolvimento no crime da guarda pessoal do Presidente Getúlio Vargas.
As pressões se encaminhavam para a renúncia do Presidente, com outros desdobramentos alternativos.
Após a última reunião ministerial, em 23 de agosto, o Marechal passou a noite em claro e só às 10:00h do dia 24 tomou conhecimento do trágico desenlace:
Getúlio cometera suicídio.
Dirigiu-se, então, ao Palácio do Catete para apresentar condolências à família.
Toda essa trajetória legalista de Mascarenhas veio a ser testada em 1964, quase ao final de sua extraordinária vida pública.
Na madrugada do dia 31 de março recebeu telefonemas, informando que a situação chegara ao clímax e o Gen Castello Branco estava se dirigindo ao Quartel-General do Exército, com o risco de ser preso. Incontinente, fardou-se e dirigiu-se também ao QG.
Já com 81 anos, não desejava ter qualquer participação ativa no Movimento, mas sim estar ao lado do companheiro da FEB, que tanto admirava, para ajudá-lo numa emergência.
Orlando Geisel, em discurso admirável, num momento de reverência cívica, que mais adiante descreveremos, fez uma síntese brilhante da trajetória luminosa de Mascarenhas de Moraes como cidadão, homem público e chefe militar.
Dizia então:
"Se grande foi o general na guerra, maior foi o cidadão. O triunfo, a popularidade e a glória poderiam tê-lo levado, facilmente, a rendosas atividades econômicas ou à vida política.[...]."
3. O Chefe de Família
Uso o testemunho do Gen.Ex. Geraldo Braga, ex-Ajudante de Ordens do Marechal, para nos sintonizar com os sentimentos afetivos de Mascarenhas no âmbito familiar.
Conta o Braga que certa vez, quando ia acompanhar o Marechal para receber uma condecoração, notou que o fiador de sua espada não era mais o usual.
Criado o impasse, solucionou-o D.Adda indo buscar o do filho Roberto, com pesar precocemente falecido.
Durante o trajeto, que se seguiu, o Gen Mascarenhas confidenciou-lhe:
" Seu Braga, tenho certeza de que o episódio do fiador não foi uma casualidade. Sinto que foi o Roberto, para provar que quer estar comigo, ao meu lado, durante as homenagens que devo receber..."
Nas suas Memórias, Mascarenhas deixa uma declaração de amor à esposa, companheira e colaboradora, externando sua grande saudade.
Diz ele em certo trecho:
"Li, em um dicionário etimológico de nomes próprios, que seu nome - Adda - significa 'ornamento'. Ela foi, realmente, o ornamento de nosso lar, na atenção que dedicava ao marido, aos filhos, aos netos, às atividades domésticas."
Para revivermos a intimidade dessa família, valho-me de relatos que a filha e os dois netos fizeram, por ocasião do transcurso do centenário de nascimento de Mascarenhas, em 1983(1).
Da filha Martha(2), selecionei algumas confissões, por me tocarem o coração de pai de 3 filhos e avô de 8 netos.
Ela escreveu:
"Há em mim profunda gratidão a Deus por ter-me dado como pais um casal cuja bondade, equilíbrio, austeridade e respeito, criaram um ambiente de segurança desenvolvido à volta dos filhos pelas virtudes de caráter e amor de minha mãe."
Referindo-se à forma afável como D.Adda tratava os empregados, a Martha confidenciou também uma expressão gentil do pai:
"Se eu não fosse marido de D.Adda, queria ser o seu empregado"...
Do neto Roberto(3), escolhi, do seu depoimento vigoroso e muito franco, algumas "pérolas" sentimentais:
"Certa vez, em conversa comigo me disse: '- Meu filho, tudo o que seu avô conseguiu realizar na vida deve, seguramente, 50% à sua avó. [...]'". Eu morei onze anos com meus avós. Nunca os vi sequer discutir."
A neta Liliana(4) ficou bastante conhecida de todos os febianos por ter sido dado seu nome ao jipe do nosso Comandante.
Ela também juntou sua emoção ao falar sobre o avô:
"'Ele', um pai, pois para mim foi mais que um pai, me ajudou, me orientou, me deu lições e exemplo de seu caráter firme. 'Ela', minha segunda mãe, cheia sempre de bondade, amor, carinho e abnegação para com os netos [...]."
4. O Homem de Fé
A religião discrimina, enquanto a fé une.
Por que indagar agora as convicções religiosas do Marechal se ele não as escondeu ao longo da vida e nunca discriminou os outros credos?
Li que, em certa ocasião, ainda no front, Mascarenhas conversou com o Capelão do 2º Grupo de Artilharia, Ten Costa Reis, que relata assim o encontro:
"Antes de ver no senhor o tenente, vejo o padre", disse Mascarenhas.
E adiantou:
"Sou homem de fé. Busco na minha religião a força de que preciso para bem cumprir meus deveres de cristão e de soldado. [...] Deus não me tem faltado com a Sua ajuda. [...] Contudo, em meio a todas as dificuldades [...], eu confio em mim, porque confio em Deus, [...]."
Prevaleceu a idéia de que um homem de fé é quem está mais apto a enfrentar adversidades, como a repetir Camões quando disse:
"[...] que Deus peleja por quem estende a Fé".
Li, também, numa revista semanal(5), a confirmação dessas assertivas.
O seu repórter, entrevistando Shimon Perez, formulou provocante pergunta a quem enfrenta como Ministro das Relações Exteriores de Israel e Prêmio Nobel da Paz em 1994 uma grave questão política, étnica e religiosa.
"O senhor é religioso?" indagou.
E ouviu, entre outras considerações, o seguinte:
"[...] Não sou religioso, mas tenho fé [...] [...] Não sei onde está Deus. Talvez no céu, talvez em nosso coração ou em nossa alma [...]. [...] Dessa forma, não tenho muito a questionar. [...]" e arrematou:
"Por que não adotar um Deus em meu coração?"
Por tudo isto, podemos hoje afiançar que o Mal Mascarenhas de Moraes, além de ser um homem religioso e de fé, pelo que fez a favor de seus pracinhas, tinha um Deus em seu coração!
5. O Amigo
Uma lição do Marechal toca a cada um de nós.
O neto Roberto incluiu-a no seu depoimento, já mencionado, o seguinte:
"Ele me dizia sempre: '- Meu filho, não se deve dizer: fulano, é meu amigo. Podemos, isto sim, dizer: eu sou amigo de fulano."
Entretanto, certa vez, o ouvi dizer:
"- O Capitulino é um precioso amigo."
Isto em conversa comigo, falando sobre aquele que tinha sido seu Subtenente na guerra e que freqüentemente o visitava. Não perdi a oportunidade de cobrar de meu avô o uso indevido da palavra "amigo".
Então, ele me respondeu:
"- Aquele comentário que fiz foi para você e para as pessoas em geral. Poucos são aqueles que têm o privilégio de conhecer seus amigos em vida. Por isso, posso afirmar hoje quais são os meus amigos e você os conhece a todos [...]."
Repetia-se uma lição das Fábulas de Fedro, que dizia, há 2000 anos:
"O nome amigo é comum, mas a sua fidelidade é rara."
Para ilustrar esse conceito tão puro de amizade, registro dois encontros em situações bem distantes:
Na primeira, o Gen. Mascarenhas recebe em seu QG, na Itália, o Gen americano Robinson Duff, Sub-Comandante da 10ª Divisão de Montanha, contando com assistência do Chefe da 3ª Seção da 1ª DIE, o então TenCel Castello Branco.
Na segunda, estão, lado a lado, em cerimônia pública, em Brasília, o Presidente da República e o Marechal. Ambos sempre foram amigos leais, testados na guerra e no auge do poder.
6. O Comandante
O Mal. Mascarenhas de Moraes escreveu completo relato de sua vida profissional.
Em seu livro, publicado logo após a Campanha da Itália(6), detalha, de maneira simples que lhe é peculiar, sem ufanismos exagerados, toda a saga da FEB, desde seus pródromos no Brasil e sua repercussão interamericana à vitória sobre o nazi-fascismo na Europa.
Nas suas Memórias(7) conta sua vida inteira de 82 anos de idade com absoluta precisão.
Como avaliador de fatos tão ricos de ensinamentos para os seus pósteros, ninguém supera seu principal biógrafo, o Gen. Div. Carlos de Meira Mattos(8) , consagrado historiador, amigo estimado do Marechal, autor de valiosas publicações sobre História e Geopolítica.
Basta-me, pois, pinçar alguns fatos por eles descritos, sem a idéia de classificá-los pela importância de que se revestiram, segundo nosso escopo neste tópico.
Os primeiros cinco anos da vida militar de Mascarenhas, ele os dedicou como voluntário, ao trabalho de demarcação de limites nas fronteiras de Mato Grosso e do Acre, trabalhando na Comissão criada para tal fim.
A respeito da tarefa dessa Comissão, diz Meira Mattos:
"[...]Em vez de se maravilharem com as riquezas adormecidas no território palmilhado, eles deslumbravam, com profunda tristeza, os deprimentes quadros sociais, as condições de abandono do homem, que tinha de ser, afinal de contas, a riqueza maior para a Nação, a célula viva de seu organismo social, a matéria-prima de sua força de trabalho. [...]"( 9)
Depois, ao longo da carreira brilhante, de tenente a coronel, Mascarenhas aperfeiçoou-se técnica e taticamente tendo sido o 1º aluno do curso inaugural na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, então conduzido com suporte da Missão Militar Francesa.
Aos 54 anos de idade, atingiu o generalato, aonde poucos chegavam.
Mas é, ainda nesse período, que vão ocorrer importantes acontecimentos de que participa na vida do país, sendo sempre decidido e leal em época de efervescência revolucionária.
Sintetizando, assegura Meira Mattos:
"[...]Para aí chegar não faltaram sofrimentos, não faltaram méritos excelsos [...]" (10)
Como oficial general enfrentou sérios desafios impostos pela guerra já em curso na Europa e na África.
No comando da 7ª RM viabilizou o Plano de Defesa do Nordeste, preparado pelo EME, inclusive com a colaboração norte-americana, tendo em vista a cessão de uso de Bases Aéreas e Navais naquela Região e a aprovação do Lend-Lease para o rearmamento do Exército e da própria FEB.
Ao deixar aquele comando, Mascarenhas havia conseguido elevar o efetivo da 7ª RM de 5 mil homens para 50 mil, sendo 4 mil em Fernando de Noronha.
Foram tais os êxitos obtidos, que o Governo dos EUA lhe concedeu a Ordem da Legião do Mérito, em cujo Diploma constou:
"[...]Por conduta excepcionalmente meritória na execução dos serviços notáveis como general comandante da 7ª Região Militar[...]".
Antes, o Interventor Federal em Pernambuco, Dr. Agamenon Magalhães, em entrevista ao jornal local, também se pronunciara, após dois anos de convívio em clima de guerra, afirmando que:
"[...] O Gen. Mascarenhas de Moraes é um grande chefe militar. As populações do Nordeste podem confiar nele. Confiar e ajudá-lo [...] Ele é um chefe que prevê, organiza com senso de medida e uma precisão admiráveis; [...] Um chefe assim impressiona, despertando nos comandados mais do que confiança, despertando entusiasmo, a crença e a exaltação patriótica [...]."
Depois, comandou brevemente a 2ª Região Militar, dedicando-se ao recrutamento e adestramento de tropa e provendo os recursos necessários para pôr em prática a Defesa Civil e a Mobilização Industrial.
Finalmente, aceitou o convite do Ministro de Guerra, Gen. Eurico Gaspar Dutra, para organizar e comandar a Força Expedicionária Brasileira (11).
No Teatro de Operações da Itália é o mesmo chefe sereno e confiante em si mesmo e nos seus comandados.
Diante de algumas adversidades no Vale do Reno, assume a coordenação pessoal de seu Estado-Maior, dando primazia à atuação do seu Chefe da 3ª Seção.
Não substituiu ninguém. Usou seu estilo conciliador e enérgico e passa a conduzir diretamente as operações, com presença marcante nas frentes de combate.
Rompida a Linha de Defesa Alemã nos Apeninos, após a conquista de Zocca, tomou a iniciativa estratégica de motorizar a sua Infantaria, utilizando as viaturas da AD e dos outros órgãos divisionários.
Em rápida manobra cerca e prende duas Divisões, uma alemã (148º DI) e outra italiana (a Bersaglieri Itália), além de remanescentes de uma Divisão Panzer alemã. É a vitória de Collecchio e Fornovo.
Tais êxitos estão referendados pelas manifestações dos chefes aliados, como se seguem:
- Do General Mark Clark, Comandante do XV Grupo de Exércitos:
"A captura da 148ª Divisão alemã trouxe novo brilho para a glória das armas brasileiras."
- Do General Lucien Truscott, Comandante do V Exército:
"Acabo de ter conhecimento da sua grande vitória com a rendição total da 148ª Divisão alemã. Peço aceitar minhas calorosas felicitações, não só em meu nome, como de todo o V Exército e de minha Pátria. Seus valorosos soldados cobriram-se hoje de glórias que sei que o seu povo, no Brasil, está justamente orgulhoso deles."
- Do General Willis Critenberger, Comandante do IV Corpo de Exército:
"Desde a derrota do inimigo no Serchio e agora rendição final de 148ª DI alemã, com pesadas perdas, deve ser motivo de grande satisfação para V. Excia e para todos os brasileiros. Estou orgulhoso de ter tido a 1ª DIE-FEB como parte do IV Corpo nessa Campanha."
Esse repertório de referências elogiosas à atuação da FEB, ainda durante a Campanha, dá bem conta da excelência do estilo de comando de Mascarenhas, como muito bem retratou seu ilustre biógrafo, o Ministro Tristão de Alencar Araripe, que afirmou:
"[...] Por isso ao comandar tropa em operações de guerra, ele se apresenta com o feitio pessoal de comando, em que as linhas mestras são o senso pessoal da responsabilidade, a serenidade, a prudência nos seus pronunciamentos, a tendência personalista de não se deixar influenciar pelas opiniões de outrem, a firmeza de sustentar as decisões próprias, o rigor nas exigências da disciplina e no cumprimento das ordens recebidas, aliado a certa tolerância nos casos justificados de fraqueza ou insuficiência dos subordinados. Acima de tudo, por ser um chefe disciplinador ponderado, era um subordinado extremamente disciplinado e consciente. Sem arrogância e sem exterioridades, era o senhor de sua tropa e de seus subordinados imediatos.(12)"
Voltou vencedor, mais do que nunca, patriota.
Ao pisar o solo brasileiro, foi depositar, no Monte Guararapes, os louros das vitórias conquistadas por seus soldados, declarando, em memorável discurso, que "a memória dos expedicionários mortos unir-se-á à daqueles que, no passado, tombaram pela soberania do Brasil."
Desencantado no ostracismo em que ficou, no pós-guerra, pediu transferência para a reserva em maio de 1946, o que se efetivou no posto de General do Exército em agosto de 1946.
Distinguido com as honras de Marechal pela Assembléia Constituinte de 1946, veio a merecer do Congresso Nacional, em 1951, a investidura no posto de Marechal em serviço ativo do Exército enquanto vivesse.
Nesse período, pôde dedicar-se aos seus pracinhas, deixando marcas perenes dos que se imolaram na guerra.
Aí estão o Monumento Nacional dos Mortos na II Guerra Mundial, no Rio de Janeiro, e o Monumento Votivo Militar, em Pistóia.
Afirmou, solenemente, o Marechal:
"Eu os levei para o sacrifício, cabia-me trazê-los de volta para receberem as honras e as glórias de todos os brasileiros."
Colho, em antigo documento da lavra do Gen. João Pereira de Oliveira(13), com rica experiência de vida castrense, um conceito, verdadeiramente didático, que bem se ajusta à figura de Mascarenhas de Moraes.
Escreveu ele então:
"Ser Chefe, a meu juízo, é ser bondoso, sem fraqueza; é ser enérgico, sem brutezas; é ser franco, sem agravos; é ser justo, com eqüidade; é ouvir atentamente os que hão mister de ser ouvidos, sem fazer conta do lugar em que estão na hierarquia; é partilhar, sem falsidade, dos prazeres e pesares dos irmãos de armas em geral; é dar exemplos de amor à profissão; é saber, sempre, ajuntar ao castigo das culpas o prêmio da virtude e dos serviços; é, por fim, ser mais que surdo à voz blandiciosa da adulação e da intriga. É isto, para mim, o que é ser Chefe." (14)
7. O Ídolo
A Enciclopédia Ilustrada do Conhecimento Essencial, editada pelo Reader's Digest em 1998, no capítulo de História do Brasil, inclui o verbete Carlos Lamarca e não faz qualquer referência ao Marechal João Baptista Mascarenhas de Moraes.
Enquanto tentaram perpetuar tão grave erro, talvez por inspiração de algum detrator dos valores da nacionalidade, lê-se, no recente livro "Chefes, Líderes e Pensadores Militares", de Michael Lee Lanning(15), a inclusão do Mal. Mascarenhas de Moraes entre cem figuras mundiais selecionadas, com o seguinte trecho:
"Nunca um chefe militar brasileiro assumira tão complexas responsabilidades em tempo de guerra, fora do território brasileiro, como o fez o General Mascarenhas de Moraes. [...]."
Ao falecer, em 18 de setembro de 1968, Mascarenhas teve exéquias dignas.
Ao ato compareceu, representando o Presidente da República, o Gen. Ex. Orlando Geisel, Chefe do EMFA, que, à beira do túmulo, escolhido pelo Marechal para permanecer junto à esposa já falecida, disse, com voz grave e embargada:
"Deixou, hoje, o serviço ativo do Exército e a própria vida, um homem que somente viveu para o Exército e o Brasil. [...]." "Sexagenário já, no ápice de uma carreira militar feita de dedicação e serviço à gente e à terra de todos os brasis, a nação lhe confiou a imensa tarefa de levar à guerra externa os seus soldados e de voltar vencedor. [...]"
Prossegue dizendo uma frase emblemática:
"Soube fazê-lo com a firmeza e a serenidade de um pai, de um juiz, de um chefe, de um verdadeiro condutor de homens."(16)
Os presentes, emocionados, silenciaram, ouvindo pungente toque de um clarim da FEB.
Cena de profundo sentimento.
Desaparecia, naquele momento, do cenário político e militar do país, após quase 70 anos de relevantes serviços prestados à Pátria, um venerado Marechal e surgia um Ídolo, o do General vencedor na Campanha da Itália!
Germano Seidl Vidal
Escritor e Historiador
Membro-Titular do IGHMB e da AHIMTB
(Publicado na Secção Homenagem pela REVISTA DO EXÉRCITO BRASILEIRO - Vol. 139 - 3º Quadrimestre de 2002 )
Carpe Diem
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Re: 65 anos da tomada de Monte Castelo
Max Wolff Filho (Rio Negro, 29 de julho de 1912 — Biscaia, 12 de abril de 1945) foi um militar expedicionário da FEB.
Sgt Max Wolf Filho
Alistou-se em Curitiba, aos 18 anos, no 15º Batalhão de Caçadores, unidade extinta cujas instalações são hoje ocupadas pelo 20º BIB. No ano de 1944, apresentou-se voluntariamente para compor a Força Expedicionária Brasileira, integrando a então 1ª Companhia do 11º Regimento de Infantaria (11º RI), de São João Del-Rei (MG).
Destacou-se por sua bravura no decorrer da Guerra, tornando-se conhecido pelo seu destemor, intrepidez e abnegação. Suas façanhas eram proclamadas pelas partes de combate e por vários correspondentes de guerra das imprensas nacional e estrangeira. No dia 12 de abril de 1945, o 11º RI recebeu a missão de reconhecer a região de Monte Forte e Biscaia, a denominada “terra de ninguém”. O sargento Wolff foi voluntário para comandar a patrulha de reconhecimento, que foi constituída por 19 militares que se haviam destacado por competência e bravura em outros combates.
Nessa missão, foi fatalmente atingido por uma rajada de metralhadora alemã, que o atingiu na altura do peito. Somente vários dias após seu passamento o corpo do sargento Max Wolff Filho foi encontrado. Foi agraciado post mortem com as medalhas de Campanha de Sangue e Cruz de Combate, do Brasil; e com a medalha Bronze Star, dos Estados Unidos da América. Foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro, em Pistóia, na Itália; posteriormente, seus restos mortais foram trasladados para o Brasil. Em sua homenagem, a Escola de Sargentos das Armas (EsSA) leva seu nome como patrono.
A rajada de metralhadora rasgou o peito do Sargento MAX WOLFF FILHO. Instintivamente, ele juntou as mãos sobre o ventre e caiu de bruços. Não se mexeu mais. O tenente que estava no posto de observação apertou os dentes com força, mas não disse uma palavra. Quando perguntado se o homem que havia tombado era o Sargento Wolff, ele balançou afirmativamente a cabeça. Menos de uma hora antes, falara de sua filha, uma menina de 10 anos de idade, e de sua condição de viúvo. Pediu para que enviassem um bilhete com os dizeres: "Aos parentes e amigos. Estou bem. À querida filhinha, Papai vai bem e voltará breve".
As últimas palavras do sargento a um dos soldados que lhe pedira uma faca e ele respondeu sorrindo: "Tedesco não é frango". Wolff havia partido com seus homens, por sebes e ravinas, percorrendo a denominada "Terra de Ninguém". O primeiro objetivo da patrulha eram três casas, a menos de um quilômetro, que foram atingidas às duas horas da tarde. O grupo cercou as construções em ruínas e o sargento empurrou com o pé a porta de uma delas, nada encontrando. Às duas e meia da tarde, a patrulha estava a menos de cem metros do último objetivo a ser atingido: um novo grupo de casas sobre uma lombada macia. O Sargento Wolff deu os últimos passos à frente. Então, uma rajada curta e nervosa rasgou o silêncio do vale e o sargento caiu de bruços sobre a grama. Os outros homens se agacharam, rápidos, e os alemães começaram a atirar, bloqueando a progressão dos brasileiros com uma chuva de granadas e tiros de metralhadoras. Lançaram, em seguida, foguetes luminosos, pedindo fogos de suas baterias. Minutos depois, os projetis da artilharia nazista rasgavam o ar e explodiam no caminho percorrido pela patrulha. Por volta das dezenove horas, os homens da patrulha do Sargento MAX WOLFF FILHO retornaram ao PC do 11º RI. Mas ele ficara lá. Quando os padioleiros foram até a TERRA DE NINGUÉM recolher os corpos e os feridos, os nazistas os receberam com rajadas impiedosas. Muitos dos homens que voltaram tinham os olhos rasos de água. O Sargento estava morto. No estreito compartimento onde Wolff guardava seus pertences, estavam a condecoração que o General TRUSCOTT colocara em seu peito, poucos dias antes, a citação elogiosa do General MASCARENHAS e o retrato da filhinha, de olhos vivos e brilhantes como os do pai. Tudo, agora, muito vago.
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Por Sgt Ricardo Vieira – Colaborador da AEAH
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