Marinha Russa volta ao Oceano
Enviado: Qui Ago 26, 2004 11:12 am
2004-08-24 12:53
COMENTÁRIO - MARINHA DE GUERRA RUSSA VOLTA AO OCEANO
Viktor Litovkin, observador militar da RIA "Novosti"
Nos próximos dias, um grupo de navios russos, compostos pelos navios
de escolta "Neustrachimyi", o grande navio de
desembarque "Kaliningrad" e o petroleiro "Lena", partirão da base
naval em Baltiysk (região de Kaliningrado) para o Mediterrâneo para
as costas de Portugal, Espanha e França, através do Mar do Norte,
Atlântico e Golfo da Biscaya. Dentro de um mês, de Sevastopol, também
para o Mediterrâneo, partirá outro grupo de navios russos com o
cruzador de mísseis "Moskva", o navio-almirante da Esquadra do Mar
Negro, à cabeça. Um pouco mais tarde, dois grandes navios anti-
submarinos da Esquadra do Norte, o "Severomorsk" e o "Admiral
Levchenko", participarão, no norte do Atlântico, nas manobras navais
conjuntas russo-americanas.
Tal "invasão" de navios de guerra russos no Oceano Mundial não foi
observada há mais de dez anos.
A bordo do "Kaliningrad", acompanhado do navio de
escolta "Neustrachimyi", encontra-se uma companhia de fuzileiros
navais (50 pessoas), sete unidades de veículos blindados (BTR-60PB) e
a orquestra militar da Esquadra do Báltico. O navio de escolta, navio
relativamente pequeno descolando 3820 toneladas, leva a bordo
armamentos bastante potentes - dois canhões acoplados de 130 mm (1700
tiros), quatro canhões acoplados de 45 mm de tiro rápido (2000 tiros
para cada canhão), dois lança-torpedos de cinco tubos (50 torpedos),
duas rampas de lançamento de mísseis e bombas de 16 canos (2500
tiros). Depois da escala no porto espanhol de Cartagena e das
manobras conjuntas com a Marinha de Guerra da Espanha, os marinheiros
russos participarão num festival de arte russa em Cannes, na França.
O cruzador "Moskva" leva a bordo 16 mísseis "Bazalt" capazes de
transportar tanto ogivas nucleares, como convencionais com o raio de
ação até 500 km, 64 projetis de artilharia "Fort" guiados à distância
(análogo do sistema terrestre S-300PM), 40 projetis de
artilharia "Ossa" guiados à distância, um canhão de 130 mm, 6 peças
de artilharia de tiro rápido de 30 mm de seis canos (AK-630) e duas
rampas de lançamento de mísseis e bombas de doze canos. Depois das
manobras navais russo-italianas, o "Moskva", em conjunto com as suas
embarcações de acompanhamento e navios da OTAN, participarão no
patrulhamento no Mediterrâneo. A sua tripulação inspecionará
cargueiros que podem transportar para a Europa terroristas e armas de
destruição em massa, sistemas portáteis de defesa antiaérea.
Altas patentes e peritos militares russos denominam estes longos
percursos de navios das Esquadras do Mar Negro e do Norte como
o "regresso da Rússia ao Oceano Mundial". Nestas palavras, sem
dúvida, há um exagero (as manobras continuarão apenas algumas
semanas), mas no fundo elas são justas: a marinha de guerra do país
banhado por dois oceanos e onze mares começa de fato a recuperar-se.
Embora depois da catástrofe trágica do submarino atômico
multifuncional "Kursk", em resultado da qual foram mortos 118
marinheiros, parecesse que a frota nunca se recuperaria.
Sim, a composição da Força Naval da Rússia diminuiu em dezenas de
vezes em comparação com a marinha de guerra da União Soviética. A
URSS tinha 250 submarinos atômicos - mais que no resto do mundo em
conjunto, enquanto hoje na Rússia há apenas 35 submarinos nucleares,
entre eles só 16 com mísseis estratégicos a bordo. Há também um porta-
aviões, o "Almirante da Marinha de Guerra da União Soviética,
Kuznetsov", com 20 caças multifuncionais Su-33 a bordo, 70 cruzadores
de mísseis e bombas, navios anti-submarinos de zonas oceânicas e
marítimas, 40 draga-minas, 35 navios de desembarque e 80 lanchas de
combate de diferentes classes. Ao todo são 297 unidades.
Seria escusado discutir se é pouco ou muito. Tudo depende dos
objetivos para os quais está destinado este agrupamento. Sem dúvida,
este número é insuficiente para dominar no oceano, mas a marinha de
guerra russa não persegue tais objetivos. Mas é bem suficiente para
proteger os seus portos e bases, zonas econômicas em águas adjacentes
e plataformas continentais no alto mar.
Tanto mais que nenhuma frota existe em separado da potência das suas
forças armadas. A marinha de guerra da Rússia faz parte das armas
estratégicas de contenção que, além do naval, têm também os
componentes aéreo e terrestre. A 31 de Dezembro de 2003, só pelo
número de mísseis estratégicos de baseamento terrestre, o "escudo
nuclear" do país integrava um agrupamento de 642 unidades, uma
quantidade bem suficiente para que os navios e as suas tripulações
sejam seguramente protegidas deste lado.
Ao mesmo tempo, a frota russa não tem as mesmas tarefas que há 15
anos. A luta contra a ameaça número um - terrorismo internacional e
propagação de armas de destruição em massa e tecnologias de
construção de mísseis - exige ações conjuntas e coordenadas de todos
os países civilizados, inclusive das suas forças armadas. O principal
para Moscou é que esta cooperação decorra com base nas instituições
jurídicas e leis internacionais, pela decisão e sob a égide da ONU ou
do seu Conselho de Segurança.
A participação de navios russos nas manobras conjuntas com a marinha
de guerra norte-americana, frotas dos países da OTAN, coligação dos
Estados do Mar Negro, Japão, Coreia do Sul e outros países, a
elaboração de regras comuns de comportamento no mar e resgate de
tripulações de submarinos e outros navios de guerra naufragados
inscrevem-se perfeitamente neste formato.
Evidentemente, a Força Naval da Rússia, os dirigentes do país e das
Forças Armadas devem efetuar um grande e sério trabalho, para que,
pelos parâmetros técnicos e tecnológicos, a marinha de guerra do país
corresponda às exigências e tarefas que resolvem as frotas dos países
ocidentais desenvolvidos. É necessário construir novos navios e dotá-
los de novos armamentos e sistemas de asseguramento do combate,
inclusive sistemas de navegação e informação via satélite, meios
contemporâneos de comunicação, reconhecimento e definição de alvos...
A capacidade dos construtores russos de navios de executar estes
trabalhos testemunham três fragatas indianas e dois destróieres
chineses construídos nos últimos anos na Fábrica do Báltico e nos
Estaleiros do Norte em São Petersburgo e a modernização do porta-
aviões "Admiral Gorshkov" que a Rússia vendeu à Índia, levada a cabo
na fábrica "Semashpredpriatie", em Severodvinsk, onde foi construída
a maioria absoluta dos submarinos atómicos russos, inclusive com
mísseis estratégicos a bordo.
Todos os navios de superfície exportados estão munidos de armamentos
russos - mísseis, lança-torpedos, peças de artilharia, sistemas e
meios de direção automática de combate que pela sua eficácia não
cedem aos análogos estrangeiros e até os ultrapassam em algumas
características. Por isso as armas russas gozam de tão grande procura
por parte de dois maiores Estados do mundo - Índia e China, e de
outros países. Contudo, a construção da frota de amanhã é um tema à
parte. No entanto, os habitantes da Europa podem julgar da imagem
atual da marinha de guerra da Rússia pelas visitas de navios russos a
portos de Portugal, Espanha, França, Noruega, Grã-Bretanha e,
possivelmente, Grécia.
COMENTÁRIO - MARINHA DE GUERRA RUSSA VOLTA AO OCEANO
Viktor Litovkin, observador militar da RIA "Novosti"
Nos próximos dias, um grupo de navios russos, compostos pelos navios
de escolta "Neustrachimyi", o grande navio de
desembarque "Kaliningrad" e o petroleiro "Lena", partirão da base
naval em Baltiysk (região de Kaliningrado) para o Mediterrâneo para
as costas de Portugal, Espanha e França, através do Mar do Norte,
Atlântico e Golfo da Biscaya. Dentro de um mês, de Sevastopol, também
para o Mediterrâneo, partirá outro grupo de navios russos com o
cruzador de mísseis "Moskva", o navio-almirante da Esquadra do Mar
Negro, à cabeça. Um pouco mais tarde, dois grandes navios anti-
submarinos da Esquadra do Norte, o "Severomorsk" e o "Admiral
Levchenko", participarão, no norte do Atlântico, nas manobras navais
conjuntas russo-americanas.
Tal "invasão" de navios de guerra russos no Oceano Mundial não foi
observada há mais de dez anos.
A bordo do "Kaliningrad", acompanhado do navio de
escolta "Neustrachimyi", encontra-se uma companhia de fuzileiros
navais (50 pessoas), sete unidades de veículos blindados (BTR-60PB) e
a orquestra militar da Esquadra do Báltico. O navio de escolta, navio
relativamente pequeno descolando 3820 toneladas, leva a bordo
armamentos bastante potentes - dois canhões acoplados de 130 mm (1700
tiros), quatro canhões acoplados de 45 mm de tiro rápido (2000 tiros
para cada canhão), dois lança-torpedos de cinco tubos (50 torpedos),
duas rampas de lançamento de mísseis e bombas de 16 canos (2500
tiros). Depois da escala no porto espanhol de Cartagena e das
manobras conjuntas com a Marinha de Guerra da Espanha, os marinheiros
russos participarão num festival de arte russa em Cannes, na França.
O cruzador "Moskva" leva a bordo 16 mísseis "Bazalt" capazes de
transportar tanto ogivas nucleares, como convencionais com o raio de
ação até 500 km, 64 projetis de artilharia "Fort" guiados à distância
(análogo do sistema terrestre S-300PM), 40 projetis de
artilharia "Ossa" guiados à distância, um canhão de 130 mm, 6 peças
de artilharia de tiro rápido de 30 mm de seis canos (AK-630) e duas
rampas de lançamento de mísseis e bombas de doze canos. Depois das
manobras navais russo-italianas, o "Moskva", em conjunto com as suas
embarcações de acompanhamento e navios da OTAN, participarão no
patrulhamento no Mediterrâneo. A sua tripulação inspecionará
cargueiros que podem transportar para a Europa terroristas e armas de
destruição em massa, sistemas portáteis de defesa antiaérea.
Altas patentes e peritos militares russos denominam estes longos
percursos de navios das Esquadras do Mar Negro e do Norte como
o "regresso da Rússia ao Oceano Mundial". Nestas palavras, sem
dúvida, há um exagero (as manobras continuarão apenas algumas
semanas), mas no fundo elas são justas: a marinha de guerra do país
banhado por dois oceanos e onze mares começa de fato a recuperar-se.
Embora depois da catástrofe trágica do submarino atômico
multifuncional "Kursk", em resultado da qual foram mortos 118
marinheiros, parecesse que a frota nunca se recuperaria.
Sim, a composição da Força Naval da Rússia diminuiu em dezenas de
vezes em comparação com a marinha de guerra da União Soviética. A
URSS tinha 250 submarinos atômicos - mais que no resto do mundo em
conjunto, enquanto hoje na Rússia há apenas 35 submarinos nucleares,
entre eles só 16 com mísseis estratégicos a bordo. Há também um porta-
aviões, o "Almirante da Marinha de Guerra da União Soviética,
Kuznetsov", com 20 caças multifuncionais Su-33 a bordo, 70 cruzadores
de mísseis e bombas, navios anti-submarinos de zonas oceânicas e
marítimas, 40 draga-minas, 35 navios de desembarque e 80 lanchas de
combate de diferentes classes. Ao todo são 297 unidades.
Seria escusado discutir se é pouco ou muito. Tudo depende dos
objetivos para os quais está destinado este agrupamento. Sem dúvida,
este número é insuficiente para dominar no oceano, mas a marinha de
guerra russa não persegue tais objetivos. Mas é bem suficiente para
proteger os seus portos e bases, zonas econômicas em águas adjacentes
e plataformas continentais no alto mar.
Tanto mais que nenhuma frota existe em separado da potência das suas
forças armadas. A marinha de guerra da Rússia faz parte das armas
estratégicas de contenção que, além do naval, têm também os
componentes aéreo e terrestre. A 31 de Dezembro de 2003, só pelo
número de mísseis estratégicos de baseamento terrestre, o "escudo
nuclear" do país integrava um agrupamento de 642 unidades, uma
quantidade bem suficiente para que os navios e as suas tripulações
sejam seguramente protegidas deste lado.
Ao mesmo tempo, a frota russa não tem as mesmas tarefas que há 15
anos. A luta contra a ameaça número um - terrorismo internacional e
propagação de armas de destruição em massa e tecnologias de
construção de mísseis - exige ações conjuntas e coordenadas de todos
os países civilizados, inclusive das suas forças armadas. O principal
para Moscou é que esta cooperação decorra com base nas instituições
jurídicas e leis internacionais, pela decisão e sob a égide da ONU ou
do seu Conselho de Segurança.
A participação de navios russos nas manobras conjuntas com a marinha
de guerra norte-americana, frotas dos países da OTAN, coligação dos
Estados do Mar Negro, Japão, Coreia do Sul e outros países, a
elaboração de regras comuns de comportamento no mar e resgate de
tripulações de submarinos e outros navios de guerra naufragados
inscrevem-se perfeitamente neste formato.
Evidentemente, a Força Naval da Rússia, os dirigentes do país e das
Forças Armadas devem efetuar um grande e sério trabalho, para que,
pelos parâmetros técnicos e tecnológicos, a marinha de guerra do país
corresponda às exigências e tarefas que resolvem as frotas dos países
ocidentais desenvolvidos. É necessário construir novos navios e dotá-
los de novos armamentos e sistemas de asseguramento do combate,
inclusive sistemas de navegação e informação via satélite, meios
contemporâneos de comunicação, reconhecimento e definição de alvos...
A capacidade dos construtores russos de navios de executar estes
trabalhos testemunham três fragatas indianas e dois destróieres
chineses construídos nos últimos anos na Fábrica do Báltico e nos
Estaleiros do Norte em São Petersburgo e a modernização do porta-
aviões "Admiral Gorshkov" que a Rússia vendeu à Índia, levada a cabo
na fábrica "Semashpredpriatie", em Severodvinsk, onde foi construída
a maioria absoluta dos submarinos atómicos russos, inclusive com
mísseis estratégicos a bordo.
Todos os navios de superfície exportados estão munidos de armamentos
russos - mísseis, lança-torpedos, peças de artilharia, sistemas e
meios de direção automática de combate que pela sua eficácia não
cedem aos análogos estrangeiros e até os ultrapassam em algumas
características. Por isso as armas russas gozam de tão grande procura
por parte de dois maiores Estados do mundo - Índia e China, e de
outros países. Contudo, a construção da frota de amanhã é um tema à
parte. No entanto, os habitantes da Europa podem julgar da imagem
atual da marinha de guerra da Rússia pelas visitas de navios russos a
portos de Portugal, Espanha, França, Noruega, Grã-Bretanha e,
possivelmente, Grécia.