
RIO - "Seja bem vindo, visitante. Mas não faça movimentos bruscos". Com estas frases, o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) recepcionou, no sábado, oficiais de todas as épocas para comemorar os seus 30 anos de existência. Em 19 de janeiro de 1978, Paulo Amendola fundava o que hoje é a jóia da corporação. A festa não teve luxo ou ostentação: foi simples como o Palácio da Caveira, apelido da base de operações dos policiais que vestem preto e usam o ícone macabro como grito de saudação ( clique aqui e confira a fotogaleria da celebração ).
A caveira, por sinal, tem significado especial para os oficiais do Bope. O símbolo ganhou na marca do batalhão um sabre cravado de cima para baixo, representando a vitória sobre a morte. O tema, aliás, é abordado no Hino das Operações Especiais, que foi cantado antes de o bolo ser cortado. "Vitória sobre a morte é a nossa glória prometida", diz a canção do batalhão que só age em situações críticas, no limite onde uma tropa convencional não tem condições de atuar.
E foi justamente de uma operação desastrada da polícia que surgiu a idéia de Paulo Amendola de fundar um grupo com treinamento especializado para situações de altíssimo risco.
Este é o motivo de um treinamento tão duro quanto o que foi exposto no filme "Tropa de Elite", de José Padilha, que acabou, segundo o atual comandante do Bope, tenente-coronel Pinheiro Neto, se tornando uma propaganda gratuita.
- O Bope é como o que foi descrito no filme. Uma unidade onde a corrupção não consegue ultrapassar o rigor do treinamento. O militar do Bope tem de passar por todos os tipos de adversidades, pois vai encontrá-las na prática. A pressão psicológica e física é intensa. E os instrutores sabem quem são os corruptos. Testar a perseverança e a integridade dos candidatos é fundamental para a eficiência desta unidade - disse Amendola, lembrando a inscrição na parede do "palácio", que diz: "Treinamento duro, combate fácil".
Em clima harmonioso, a festa trouxe à morada dos caveiras até os "caveirinhas", como alguns oficiais chamavam, em tom de brincadeira, os filhos dos homens de preto presentes na cerimônia. A solenidade foi aberta com uma palestra do fundador, que recebeu de presente a boina do comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Ângelo:
- Dei a boina porque aprendi muito com o Amendola. Se quisesse, ele poderia ter alcançado qualquer posto. Mas sempre se preocupou mais com o trabalho do que com a própria carreira.
Pinheiro Neto resumiu numa frase o que pensa do "seu" batalhão:
- Bope é a polícia no estado-da-arte.
Fotos da festa: http://extra.globo.com/geral/fotogaleria/2008/4286/
Fonte: http://extra.globo.com/rio/materias/200 ... 117424.asp