Túlio escreveu: Qua Jan 29, 2025 11:30 am
Esqueces um fator crítico: o poder aquisitivo em constante queda! Cada vez menos gente consegue sequer ALUGAR um imóvel decente, incluindo boa localização, quanto mais COMPRAR. E aí é o mesmo caso dos aviões .PPT e linhas aéreas imaginárias do @FCarvalho no Norte: como ele estás confundindo necessidade com demanda: neste caso as pessoas precisam e (ainda, pelo menos enquanto a CEF não quebrar ou for vendida) podem pagar, já naquele as pessoas apenas precisam.
Meu caro
@Túlio
No meu estado, mesmo com os seus mais de 1,5 mihão de km2 eu já tive o prazer de andar a trabalho - e morar quase 10 anos no Alto Solimões - praticamente por quase todo ele. Tenho ciência, parcial e integral, estudando, observando e aprendendo com as pessoas sobre a gigantesca diversidade que há nele sobre as necessidades de cada sub região, inclusive no que diz respeito à questão da demanda para aviação comercial. E tenhas certeza que quando falo nestas coisas tenho ciência da diferença entre demanda e necessidade, porque aqui, via de regra, uma coisa casa com a outra, mas quase nunca se entendem na prática.
Dos 62 municípios do Amazonas, apenas pouco mais da metade possui infraestrutura capaz de receber voos regulares, com a imensa maioria dependendo dos taxi aéreos e seus Caravan e "paga tangos" da vida para dispor deste tipo de comunicação com o restante do Estado, principalmente Manaus. Olhando os números, existe demanda, e necessidade, para aviões do porte do ATL-100, tanto para transporte de passageiros como carga, mas fato é que a grande maioria dos Taxi Aéreos no Amazonas, não vou nem falar das duas únicas "regionais" que operam aqui, não possuem condições de financiar ou pagar os 5 milhões de dólares que a DESAER afirma que o seu avião custaria. Tudo aqui é muito mais caro em termos de aviação, seja regional, comercial ou taxi aéreo, apesar dos ditos incentivos fiscais.
As muitas promessas ao longo dos anos para a melhoria das condições de infraestrutura aeroviária por parte da Infraero, governo(s) nas três esferas, e até da iniciativa privada, pouco ou nada mudaram o status quo da realidade para a imensa maioria dos municípios, que continuam na dependência quase que exclusiva, senão exclusiva, no caso da outra metade que não possui sequer uma simples pista de pouso, de barcos regionais para tudo. E isso na minha realidade aqui, não raras vezes, é fator decisivo entre vida e morte. Mas para esta do que aquela para quem vive no interior.
Assim, houvesse de fato interesse, e principalmente, responsabilidade de parte do poder público, o meu estado poderia ter hoje uma malha aeroviária senão robusta, minimamente condizente com as demandas existentes no interior e suas ligações com a capital, e mesmo com outros municípios. Mas fato é que sem o poder público fazer o seu dever de casa, é impossível casar necessidade e demanda em concretude. Já cansei de ouvir de pessoas que simplesmente morrem à mingua no interior porque simplesmente não conseguem sair do município a tempo de chegar a Manaus ou outro local adequado porque não há uma mísera pista de pouso ou o próximo voo é só na semana que vem, mesmo com a cidade tendo condições de sustentar voos de um simples ATL-100, nas funções que citei acima. Mas essa é a nossa realidade aqui. A vida das pessoas importa menos que o lucro, e as vantagens, que a politicalha local imagina auferir com o investimento na operação de aeroportos e aeródromos para o interior.