O futuro da AAAe no Brasil

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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JL
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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8881 Mensagem por JL » Qua Jun 01, 2016 8:45 am

LeandroGCard escreveu:
JL escreveu:O que você pensa sobre a utilização de canhões anti aéreos de maior calibre em termos de defesa em conjunto com mísseis, estou me referindo a armas como os canhões navais Oto Melara de 76 mm ou o Bofors de 57 mm, montados em veículo auto propulsado, tipo caminhão pesado.

Eles tem alcance e teto maiores do que as armas de 35 mm e 40 mm as suas munições são muito mais baratas que um míssil mais simples como um Roland ou Cotrale, dai pode se atirar com mais facilidade contra alvos decoys preservando os mísseis, atiram rápido podem realizar barragens contra alvos ingressando. Tem efeito psicológico, afinal bombas explodindo a sua volta indicam que estão atirando. Seus projéteis não são afetados por ECM, mas também não são guiados.

Não sei quanto custaria, talvez seja uma ideia retrô. Mas seria uma preocupação a mais para o adversário.
Olá JL,

Em princípio eu gosto da ideia dos canhões de calibre intermediário, entre 40 e 76mm, para uso antiaéreo, com munição equipada com espoletas de proximidade. Mais até do que a de canhões leves de 20 a 35mm, mesmo com munição AHEAD. Equipados com bons sistemas de mira automática radar ou ótica eles podem ser armas bastante eficazes contra munições guiadas, principalmente mísseis e bombas planadoras, e são tão eficientes contra aeronaves quanto os Manpads.

O problema maior está no seu custo, pois a munição é barata mas canhões médios de tiro rápido, orientação automática e alta velocidade de rotação e elevação não são. E devido ao curto alcance podem cobrir apenas áreas muito pequenas. Mas para a proteção de alvos como radares, pistas de pouso e centros de comando acredito que sejam sim um complemento bastante adequado para os mísseis, talvez até dispensando o uso dos mísseis de curto alcance em certos casos.


Leandro G. Card

P.S.: Existem desenvolvimentos visando criar projéteis guiados AAe para canhões de maior calibre, entre 90 e 127mm. Se tiverem bom termo pode ser uma solução interessante também, devido ao maior alcance e poder destrutivo dos projéteis. Mas neste caso acho que a maior aplicação será em navios, que já contam com canhões automáticos deste calibre. Para uso em terra acho que ficaria proibitivo.
Obrigadão amigo Leandro

Dentro do tópico AAA mas focando em termos genéricos, vou colocar três links para matérias interessantes sobre improvisação. Um site bem interessante, tem muito material que os leitores poderão se interessar. Vamos ao ditado "Quem não tem cão caça com gato":

1 The Islamic State going DIY, 122mm D-30 howitzers used as anti-aircraft guns

http://spioenkop.blogspot.com.br/2016/0 ... -d-30.html

2 The Islamic State going DIY, R-40 air-to-air missiles used as SAMs?

http://spioenkop.blogspot.com.br/2016/0 ... ir-to.html

E por fim dentro do que você comentou sobre Manpads

3 North Korean HT-16PGJ MANPADS in Syria

http://spioenkop.blogspot.com.br/2016/0 ... syria.html




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8882 Mensagem por Marechal-do-ar » Dom Jun 05, 2016 12:46 am

JL escreveu: O que você pensa sobre a utilização de canhões anti aéreos de maior calibre em termos de defesa em conjunto com mísseis, estou me referindo a armas como os canhões navais Oto Melara de 76 mm ou o Bofors de 57 mm, montados em veículo auto propulsado, tipo caminhão pesado.

Eles tem alcance e teto maiores do que as armas de 35 mm e 40 mm as suas munições são muito mais baratas que um míssil mais simples como um Roland ou Cotrale, dai pode se atirar com mais facilidade contra alvos decoys preservando os mísseis, atiram rápido podem realizar barragens contra alvos ingressando. Tem efeito psicológico, afinal bombas explodindo a sua volta indicam que estão atirando. Seus projéteis não são afetados por ECM, mas também não são guiados.

Não sei quanto custaria, talvez seja uma ideia retrô. Mas seria uma preocupação a mais para o adversário.
Acertar um alvo aéreo com um único disparo de munição não guiada é osso... No alcance "teórico" dos canhões de maior calibre é praticamente impossível.

Os canhões antiaéreos de maior calibre surgiram em uma época em que não existiam mísseis, e justamente por serem a única opção com maior alcance, com o surgimento dos mísseis esses canhões se tornaram obsoletos, canhão com calibres menores ainda são usados pelo menor tempo de reação e possibilidade de disparar um grande número de projéteis para maximizar as chances de acerto, e esse "grande número" é em dezenas, não da para comparar o custo de 1 míssil com 1 projétil, serão usados dezenas do último.

Por fim, munições guiadas podem tornar esse tipo de artilharia relevante de novo, com a resposta rápida devido ao disparo por tubo e precisão pela guiagem eles poderiam até substituir mísseis de curto alcance.




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8883 Mensagem por LeandroGCard » Dom Jun 05, 2016 11:31 am

Marechal-do-ar escreveu:Acertar um alvo aéreo com um único disparo de munição não guiada é osso... No alcance "teórico" dos canhões de maior calibre é praticamente impossível.

Os canhões antiaéreos de maior calibre surgiram em uma época em que não existiam mísseis, e justamente por serem a única opção com maior alcance, com o surgimento dos mísseis esses canhões se tornaram obsoletos, canhão com calibres menores ainda são usados pelo menor tempo de reação e possibilidade de disparar um grande número de projéteis para maximizar as chances de acerto, e esse "grande número" é em dezenas, não da para comparar o custo de 1 míssil com 1 projétil, serão usados dezenas do último.

Por fim, munições guiadas podem tornar esse tipo de artilharia relevante de novo, com a resposta rápida devido ao disparo por tubo e precisão pela guiagem eles poderiam até substituir mísseis de curto alcance.
Marechal, estes canhões de médio calibre que ele menciona são de tiro rápido e controle totalmente automático, além de possuírem alta velocidade de rotação e elevação. Não são como os primeiros canhões AAe de uso terrestre da era anterior aos mísseis, e por isso mesmo são bastante pesados e muito caros. E só são empregados com espoletas de proximidade e ogivas de fragmentação, em rajadas de 3 a 10 projéteis por vez. Este conceito em teoria é mais eficaz que o dos CIWS de calibres mais baixos (20 a 30mm) e alta cadência mas usando projéteis sólidos que você mencionou. Em teoria pelo menos, na prática não conheço dados comparativos reais.

É evidente que em distâncias maiores que uns poucos Km eles não tem mais eficiência alguma, e também não são muito úteis contra alvos altamente manobráveis e/ou muito blindados, como aviões de ataque a jato. Mas contra bombas guiadas ou mísseis em aproximação ainda podem ser bastante eficientes com um custo de munição bem atraente. E eventualmente, com sorte, podem até conseguir algum sucesso contra aeronaves lentas como helis, drones e aviões COIN que dêem bobeira e se aproximem demais deles. Por isso podem sim ainda ser uma boa complementação dos mísseis AAe em alguns casos. Mas só em alguns casos (para a proteção de alvos fixos e de pequenas dimensões, ou navios).


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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8884 Mensagem por Túlio » Dom Jun 05, 2016 12:08 pm

Nas buenas, não vejo vantagem alguma em Can AAe de grande calibre (76 para cima), mesmo com munição guiada (a Oto desenvolve para o 76, 127 e 155) em TO terrestre. Só o custo de uma única Bia com Super Rápido 76 AP completamente equipada pagaria trocentos MANPADS/SHORADs e treinamento dos buenos para o Operadores.

Agora, temos que estabelecer a diferença entre Países que volta e meia estão envolvidos em ações de guerra (ou perto disso) e o nosso. Para aqueles o mais importante é a munição (granadas ou mísseis), pois presumem que vão atirar e muito; para nós é a arma (canhão ou lançador). Assim, quem nunca dispara nem espera disparar contra alvos reais em uma guerra real, basta comprar o máximo de lançadores e o mínimo de mísseis, já que o escopo verdadeiro é aparentar cobrir uma grande área...

Exemplo? Olhem a compra do Gripen, supostamente nosso principal vetor de Defesa Aérea: 36 caças e uma quantidade de AAMs que mal equiparia uma fração deles. Assim na FAB, assim no resto das FFAA, ou alguém aí acredita que nossas belonaves - se é que ainda tem alguma operacional - zarpam com todos os lançadores de Exocet carregados e há munição APFSDS para todos os Leopards?




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8885 Mensagem por gabriel219 » Dom Jun 05, 2016 12:26 pm

Fora munições, há outros em desenvolvimento, como energia direta ou laser, ondas de rádio concentrada sobre o alvo, o que faria enganar seus sistemas...




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8886 Mensagem por gabriel219 » Dom Jun 05, 2016 12:27 pm

Fora munições, há outros em desenvolvimento, como energia direta ou laser, ondas de rádio concentrada sobre o alvo, o que faria enganar seus sistemas...




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8887 Mensagem por LeandroGCard » Dom Jun 05, 2016 1:26 pm

Túlio escreveu:Nas buenas, não vejo vantagem alguma em Can AAe de grande calibre (76 para cima), mesmo com munição guiada (a Oto desenvolve para o 76, 127 e 155) em TO terrestre. Só o custo de uma única Bia com Super Rápido 76 AP completamente equipada pagaria trocentos MANPADS/SHORADs e treinamento dos buenos para o Operadores.
Concordo em termos gerais, mas veja que está-se falando de coisas diferentes.

Manpads só servem contra aeronaves de desempenho baixo e médio, voando em baixas altitudes. E ponto. Uma força pode ter milhões de unidades, mas se o inimigo não se colocar ao alcance deles só servirão como lastro e mais nada. Não são capazes de enfrentar nem aeronaves voando alto e/ou rápido e nem munições (guiadas ou não), que os operadores de Manpad´s nem mesmo serão capazes de ver chegando a tempo de fazer pontaria. Já os canhões médios com pontaria automática e espoleta de proximidade são mais eficientes justamente contra munições (porque estas não tem escolha a não ser se aproximar).

Já os sistemas lançadores dos Shorad´s tem basicamente o mesmo custo dos canhões, mas o potencial de custo das munições guiadas pode em princípio ser menor. Talvez (e apenas talvez), se as munições ficarem realmente mais baratas do que os mísseis (e realmente não sei se seria possível) pode ser uma vantagem, no mínimo por eliminar a necessidade de um sistema a mais, pois seria a artilharia de tubo + proteção Shorad para ela contra apenas uma artilharia mais sofisticada e auto-suficiente.

Mas isso ainda é um "talvez", os desenvolvimentos não estão ainda finalizados.


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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8888 Mensagem por JL » Dom Jun 05, 2016 2:23 pm

O uso de canhões navais como armas antiaéreas não é uma solução final ou algo melhor que os mísseis é apenas mais um tipo de arma a se acrescida no sistema, com as suas características e que em tese pode acrescer mais problemas para as aeronaves atacantes.

Por exemplo no conflito do Vale do Bekka 1982, os israelenses mandaram UAV, para sondar as posições de mísseis sírias, obrigando estes a acender os radares de tiro e efetuar disparos revelando a sua posição, para que depois viessem o ataque de mísseis anti radar. Se os sírios tivessem uma versão terrestre auto propulsada de um canhão de 100 mm, poderiam atirar na trajetória prevista dos alvos barreiras de cinco ou mais projéteis sem a preocupação de acionar os mísseis. Ou seja, na dúvida entre atirar um míssil, se atira com o canhão.

Também creio que seriam ótimos CIWS, uma arma destas colocada em um morro pode fazer fogo direto contra por exemplo mísseis Cruiser do tipo Tomahawk, cinco projéteis para cobrir a trajetória prevista, passando a seguir a atirar no segundo míssil que se aproxima e depois no terceiro e daria para engajar vários até acabar a munição de pronto uso. É assim com os canhões navais.

E note tudo isto simultâneo com o uso dos SAM.

Agora isto não é para o Brasil, de forma nenhuma, pois um canhão deste é super caro, bem mais caro que um sistema de SAM mais básico e a munição também é cara, não individualmente mais considere múltiplos disparos e a coisa fica bem cara.

Para o Brasil, fico com o que o Leandro já colocou, não entrar na ilusão dos Manpadas pelos motivos por ele já elencados, pois são pouco úteis em termos de defesa aérea, estão mais para um sistema antihelicópteros para uma tropa terrestre.

Sendo necessário ter um sistema nacional de custo mais baixo, talvez um míssil com guiagem por linha de visada, por serem os mísseis mais baratos.

E por último qualquer sistema hoje para ter alguma validade tem que atingir fácil uma aeronave voando a mais de 5000 metros de altitude e ter um alcance grande, porque até um A 29 Super Tucano lança bombas guiadas fora do alcance da maioria das armas antiaéreas.

E o que não dá é para ver como esta área é tratada até hoje, com uma mentalidade estranha, não consigo entender porque compraram o Gepard por exemplo, para que vão usar aquele gigante nos dias atuais. Não serve para quase nada a não ser para tiro terrestre. Por que até contra os Pampa da Argentina, alguém acha que o piloto vai voar picado para atirar foguetes contra uma posição AA, basta ele usar o sistema de bordo que tem HUD e jogar umas bombas CBU de altitude e alcance fora do envelope de tiro do canhão de 35 mm que é baixo para caramba e Adeus.

Estão comprando armas da década de 80, hoje estão vendendo teco teco com HUD e computador de tiro, daqui até o Paraguai vai ter foguetes de 70 mm com guiagem a laser.

Ao meu ver os sistemas HUD e controle de tiro computadorizado que permitem lançar bombas burras fora do alcance de armas de tubo, junto com bombas com kits de guiagem a custo reduzido, que hoje todos os países como Colômbia e Peru tem disponível acabaram com a validade de sistemas de curto alcance, somente funcionam como CIWS, como o Leandro comentou.




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8889 Mensagem por Marechal-do-ar » Dom Jun 05, 2016 5:45 pm

LeandroGCard escreveu:Marechal, estes canhões de médio calibre que ele menciona são de tiro rápido e controle totalmente automático, além de possuírem alta velocidade de rotação e elevação. Não são como os primeiros canhões AAe de uso terrestre da era anterior aos mísseis, e por isso mesmo são bastante pesados e muito caros.
Tirando a tecnologia em volta os canhões em si não são muito diferentes dos 8,8cm Flak da segunda guerra, e sim, é claro que a tecnologia em volta faz muita diferença, mas o ponto importante da comparação aqui é a razão dos 8,8cm serem usados, que é o alcance deles, ou melhor, a absoluta falta de opções para atacar alvos voando a grande altitude, com os mísseis essa razão não existe mais.

Os Oto Melara já são um pouco antigos, o tamanho e peso deles não seria mais um motivo para não ter uma versão terrestre, controle automático com alta velocidade de rotação e elevação? Soa um pouco como as torres da CMI, não acha? A engenharia atual permitiria colocar um canhão com essas características em um veículo do porte do Gepard ou Pantsyr, a razão para isso não ser feito provavelmente é a mesma que a esmagadora maioria dos CIWS navais usam o calibre 30mm.
LeandroGCard escreveu:E só são empregados com espoletas de proximidade e ogivas de fragmentação, em rajadas de 3 a 10 projéteis por vez. Este conceito em teoria é mais eficaz que o dos CIWS de calibres mais baixos (20 a 30mm) e alta cadência mas usando projéteis sólidos que você mencionou. Em teoria pelo menos, na prática não conheço dados comparativos reais.
Já vi informações a respeito antes mas não encontrei dados agora para compartilhar, eles não são mais eficazes que os calibres menores, inclusive, contra mísseis são bem ineficazes.

A razão das munições antiaéreas nos canhão de 76mm e 127mm é que, o canhão já está lá, não é uma questão de ter sistema adicional com custos adicionais, apenas usar o que já existe em uma tarefa adicional, e eu não vejo problema nenhum nisso.

E por fim, as munições guiadas, isso sim eu vejo como algo que pode fazer diferença e fazer com que esses canhões sejam promovidos de "CIWS de backup" para "CIWS principal", se essas munições se mostrarem realmente eficazes, em breve estarão em veículos terrestres também.




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8890 Mensagem por LeandroGCard » Dom Jun 05, 2016 6:38 pm

Marechal-do-ar escreveu:Os Oto Melara já são um pouco antigos, o tamanho e peso deles não seria mais um motivo para não ter uma versão terrestre, controle automático com alta velocidade de rotação e elevação? Soa um pouco como as torres da CMI, não acha? A engenharia atual permitiria colocar um canhão com essas características em um veículo do porte do Gepard ou Pantsyr, a razão para isso não ser feito provavelmente é a mesma que a esmagadora maioria dos CIWS navais usam o calibre 30mm.
Os Oto são bem pesados mesmo, porque isso não importa tanto nos navios onde são empregados. Mas em princípio canhões médios automáticos de tiro rápido podem ser construídos com sistemas modernos bem mais leves e compactos, como mostra a comparação Trinity/Bofors L-40/70.

Mas sem dúvida ainda assim seriam mais pesados e complexos do que um CIWS tipo Phalanx ou Goalkeeper, por isso não se vêem muitas propostas por aí para instalá-los sobre veículos, embora existam algumas. Sua utilidade seria basicamente para a proteção de alvos fixos mesmo, instalados chumbados no solo.

Já vi informações a respeito antes mas não encontrei dados agora para compartilhar, eles não são mais eficazes que os calibres menores, inclusive, contra mísseis são bem ineficazes.

A razão das munições antiaéreas nos canhão de 76mm e 127mm é que, o canhão já está lá, não é uma questão de ter sistema adicional com custos adicionais, apenas usar o que já existe em uma tarefa adicional, e eu não vejo problema nenhum nisso.

E por fim, as munições guiadas, isso sim eu vejo como algo que pode fazer diferença e fazer com que esses canhões sejam promovidos de "CIWS de backup" para "CIWS principal", se essas munições se mostrarem realmente eficazes, em breve estarão em veículos terrestres também.
Pelo que li à época (uns 25 anos) a grande aplicação dos canhões médios com espoletas de proximidade seriam justamente contra mísseis e afins. Foi o estudo inclusive que teria dado à MB subsídios para preferir este tipo de arma aos CIWS tipo Phalanx nas fragatas Niterói e corvetas Inhaúma/Barroso.

O que se viu depois foram os próprios americanos abandonando os seus Phalanx em favor dos Goalkeeper holandeses e agora abandonando os Goalkeeper pelos mísseis RAM. E os russos tiveram que incrementar barbaramente a cadência de fogo dos seus CIWS de projétil sólido de 30mm para mantê-los efetivos, além de colocarem mísseis solidários a eles. Enquanto isso ainda se constroem navios por aí com o OtoBreda super-rapid 76 m e o BAE 57mm para defesa aérea terminal em navios que não possuem mísseis AAe de curto alcance (se bem que nos modelos atuais ele tem dupla função, contra alvos de superfície também).


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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8891 Mensagem por Túlio » Seg Jun 06, 2016 1:18 pm

Senhores, creio ser indefensável qualquer tese sobre o emprego de armas terrestres mesmo em calibres entre 35 e 40 (nem vou falar nos maiores) nos dias modernos, contra as ameaças modernas. Tanto que desconheço versões terrestres atualmente em produção tanto do Bofors 40 quanto do Oerlikon 35 para uso AAe, apenas para IFVs & quetales. De resto, em meios navais sim, como falei acima, até 155 serve. Em terra o que se vê é todo mundo que acredita que está correndo o risco de se envolver em um conflito optando por sistemas missilísticos, de MANPADS para cima. Aliás, li em um dos posts que um Can AAe poderia ser colocado no topo de uma elevação, aumentando seu alcance e altitude letal. Fiquei imaginando a diferença entre fazer isso com uma peça enorme e que pesa toneladas (só ela, desmuniciada e sem os necessários equipamentos de apoio, como radar de busca, estação meteorológica e de comando, etc) e alguns MANPADS. Pior, atirou, ficou exposto, ou seja, após o primeiro uso é melhor remover/reposicionar tudo o mais breve possível. Os MANPADS que nós e meio mundo usamos (principalmente Stinger e Igla) são transportados por um homem só, assim, quem chegaria mais fácil ao topo da montanha, se aprestaria mais rápido para o combate e, principalmente, daria no pé mais depressa logo após abrir fogo? Se precisar radar de busca, o SABER M60 pode ser desmontado e transportado por praticamente qualquer heli da FAB/EB/MB e remontado por uma equipe de apenas três militares em cerca de 15 minutos, na média. Se adicionarmos o custo, tanto das armas quanto das munições e outros itens, transporte (infiltração/exfiltração) e adicionarmos o tempo necessário para trocar de posição (evitando contra-ataques), a balança pende bastante para UM dos lados, não?

Ademais, sobre o tão mal falado (no Brasil) Igla, eu diria que aquela véia charla de que só abate heli e teco-teco não se confirma, eis que desde a Primeira Guerra do Golfo (inclusive em versões bem mais antigas do que as que usamos) já abateu comprovadamente Tornado, F-16, Mirage 2000, MiG-23 e até um AC-130! Mas mesmo heli, neste ano (metade do mês passado) um Igla derrubou um AH-1W SuperCobra Turco, ou seja, o bicho é FEROZ! No mesmo período, quantos abates confirmados contra aeronaves de alto desempenho foram obtidos por Can AAe?

NOTA - O Igla (9K38) está sendo substituído na Rússia pelo mais sofisticado, preciso e poderoso Verba (9K333). Qual Can AAe em uso no EB pode atacar alvos a até 6,5 km e altitudes de até FL150 com uma carga letal de 1,5 kg?

Imagem

http://armyrecognition.com/june_2015_gl ... 06154.html




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8892 Mensagem por gabriel219 » Seg Jun 06, 2016 1:42 pm

Há a proposta Francesa para 40 mm, da Nexter, o RAPIDfire:
Imagem
E o MANTIS:
Imagem
Os canhões hoje são mais armas anti-PGM ou mesmo munições não guiadas do que para ser usado contra aeronaves. E são muito efetivos neste caso. O Phanlax já salvou muita base no Afeganistão de morteiros, isso com munição 20 mm cinética, imagina 35 mm ou 40 mm utilizando munição 3P ou AHEAD.

Para nós, vejo um mix de canhões e mísseis de curto alcance (TOR-M2E ou variante dos mísseis usados no Pantsir) como ideal para defender bases estratégicas, bases aéreas e estruturas estratégicas, junto com algo de médio alcance (CAMM?) para enfrentar aeronaves.

Vejo algumas oportunidades, como CAMM já oferecido (porém tentaria ampliar o alcance dos mísseis, sendo um até para 70 km e outro para 150 km de alcance, incluindo um menor baseado em terra, como o Aspide, para defender estruturas permantes), Pantsir (quem sabe o TOR) Igla ou seu sucessor Russo.

Mas vejo a necessidade de compor todos os batalhões com sistemas Manpads, hoje, todos os Exércitos do mundo utilizam aeronaves de ataque em baixa altitude e helicópteros de ataque em excesso. Sem eles, não há avanço sobre infantaria. Um exemplo disso é o que vem acontecendo na Síria. Sem o apoio dos Russos com os Mi-24\35 e Mi-28, além de Su-25 e Su-24, o Exército Sírio não conseguiria avançar sobre uma cidade, mesmo enfrentando tropas totalmente mal treinadas com alguns blindados e viaturas gambiarra com 14.5 mm e até 23 mm.

As próprias tropas do EUA, tanto USMC e US Army, no Afeganistão, muitas vezes foram salvas por A-10 ou AH-64\AH-1Z.

Pantsir é muito eficiente neste caso, mas é um alvo grande, pode ser facilmente visto e neutralizado, caso não tenha apoio de algo maior, como o CAMM. Manpads podem ir para qualquer lugar, são facilmente escondidos.




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8893 Mensagem por Túlio » Seg Jun 06, 2016 1:54 pm

Gabriel véio, reitero: não há Can AAe terrestre em produção, projeto tem e sempre vai ter, a josta é sair do papel...




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8894 Mensagem por gabriel219 » Seg Jun 06, 2016 2:07 pm

Túlio escreveu:Gabriel véio, reitero: não há Can AAe terrestre em produção, projeto tem e sempre vai ter, a josta é sair do papel...
Ue Túlio, o Phanlax existe e operava bem no Afeganistão e deverá ser usado na proteção de bases externas. O Mantis e o RAPIDFire são apenas propostas parecidas e pelo visto mais eficientes que o Phanlax.

Mas uma coisa temos que concordar, canhões AAe, principalmente 40 mm ou 35 mm, com munição 3P e AHEAD, são muito eficientes contra munições por serem rápidos e dispararem vários projéteis que "disparam" outros vários ao invés de um ou dois mísseis, que também possuem seu lugar ao lado dos canhões. Munições 3p de 40 mm, por exemplo, cada projétil são 1100 projéteis de tungstênio. Cada rajada são 10 projéteis, são 11,000 projéteis disparados em um ângulo de 200º até 360º dependendo da versão do fabricante. AHEAD é um pouco menos, porém o disparo é mais rápido e o tempo de resposta do canhão é de 4 segundos (MANTIS\Millenium).

Para proteger bases fixas, MANTIS + um míssil anti-pgm barato (9M338 talvez) + CAMM num tipo de lançador do Aspide seria muito interessante para defender bases estratégicas.

Abs




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8895 Mensagem por LeandroGCard » Seg Jun 06, 2016 2:08 pm

Túlio, assim que os Igla derrubaram uns poucos os aviões de ataque no Iraque os Aliados passaram a voar mais alto, e nenhum outro abate foi conseguido. E hoje todo mundo com um mínimo de competência sabe do risco e não se arrisca mais a voar baixo em TO's com a presença de Manpad's. E aumentar a altura de operação efetiva destes do mísseis não é tão simples assim, mesmo que o míssil em si possa atingir alvos em altitudes maiores os soldados no solo dificilmente terão como detectar e rastrear os alvos de forma a obter uma solução de tiro adequada. Se for para integrar a unidade com Manpad'ss a algum sistema de defesa aérea completo com sistemas de radar mais sofisticados (nem um Saber-60 ajudaria muito, pois ele só detecta alvos a até 5.000m), sistemas de comunicação e controle adequados e etc..., melhor usar logo um sistema Shorad instalado sobre rodas ou lagartas, algo no nível de um Roland ou Bolide.

Agora, quanto a helicópteros de ataque e aeronaves leves de ataque sim, é exatamente o tipo de alvo contra o qual os Manpad's são eficazes, e veja que em momento algum se falou que seriam desnecessários, apenas que não é preciso dispor de vários milhares destes mísseis, ao contrário do que acontece com os sistemas capazes de interceptar munições ou aeronaves em qualquer altitude. Só isso.

Quanto ao uso de canhões com munição guiada, como eu já coloquei antes é algo que pode ser que venha a ser interessante no futuro, dependendo dos desenvolvimentos. E os de calibre intermediário com munição dotada de espoleta de proximidade são oferecidos no mercado e utilizados hoje, como os exemplos abaixo:

http://www.military-today.com/artillery/otomatic.htm
http://defence.pk/threads/truck-mounted ... ky.325449/
http://defence-blog.com/army/iran-unvei ... t-gun.html

Isso sem falar na solução intermediária, de armas com calibre 35mm usando munição Ahead, como o nosso Gepard recém adquiridos (então para alguma coisa devem servir, não?) e os similares abaixo::

http://www.army-technology.com/contract ... ll-11.html
http://defence.pk/threads/pakistan-acqu ... 273/page-3
http://www.army-technology.com/projects ... gun-spaag/

E um detalhe importante: Hoje este tipo de canhões AAe leves e médios controlados por radar tem uso basicamente contra munições e não aeronaves, e portanto supõem-se que vão atirar muito, muito mesmo em caso de combate real. Aí o baixo custo de suas munições pode compensar o custo mais alto do sistema em si.

Já Manpads são pouco eficazes contra munições (se é que são eficazes mesmo minimamente). São sistemas diferentes e complementares, e não concorrentes.


Leandro G. Card




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