Indústria de produtos de alta e média tecnologia retrocede no Brasil
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A indústria de transformação brasileira passa por uma desidratação cada vez mais acentuada que atinge, principalmente, o grupo de bens de consumo duráveis e bens de capital. Em uma década, a participação das empresas de produtos de alta e média tecnologia, como itens de informática e veículos, recuou de 23,8% para 18,7% no setor industrial. O segmento é o mais dinâmico da economia por investir em pesquisa e desenvolvimento e gerar empregos mais qualificados.
Menos complexos e menos intensivos em inovações, fabricantes de bens tradicionais, como alimentos e bebidas, ampliaram sua fatia de 25,6% para 35%. Bens intermediários, como madeira, celulose e papel, também perderam participação, de 49,3% para 44,4%. "É como se a indústria estivesse andando para trás em termos de composição", afirma Renato da Fonseca, economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Novo estudo da entidade mostra que, apesar de elevado em relação a vários outros países, o grau de diversificação da indústria brasileira vem diminuindo e se concentrando no setor de bens não duráveis e semiduráveis. A CNI avaliou o período 2008 a 2018, com base na mais recente Pesquisa Industrial Anual (PIA) do IBGE.
Para Fonseca, o Brasil está perdendo a indústria que tem maior capacidade de puxar outros setores, por ter longa cadeia produtiva. "Não podemos abrir mão da indústria que contribui com maior crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Precisamos dela para acelerar o crescimento e reduzir os níveis de pobreza e de desigualdade nas regiões brasileiras."
Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), diz que, quando forem contabilizados os dados de 2019 e 2020, a situação deverá ser ainda pior, pois o Brasil passa por uma desindustrialização ou "primarização da indústria", acentuada na crise de 2014.
Além de perder indústrias, setores do início da cadeia produtiva, geralmente associados à extração mineral ou à produção agrícola, sem muito valor agregado, ganham espaço, em parte por causa do aumento de preços das commodities.
São ramos com maior dificuldade de difundir crescimento, pois têm menos serviços conexos e menos elos entre cadeias produtivas.
"Todas as atividades podem ter ganhos de produtividade, mas a vantagem para um dinamismo maior está nos ramos de maior intensidade tecnológica, ligados aos bens de capital e de consumo duráveis", diz Cagnin.
Cadeia produtiva
Um exemplo citado por Fonseca é a indústria automobilística, com ampla cadeia produtiva que reúne um conjunto de insumos diversificados. "Quando esses ramos crescem, tendem a puxar número maior de atividades."
A fatia que mais encolheu foi a de veículos automotores - em dez anos, de 10,8% para 7,4%. A que mais cresceu foi a de alimentos, de 10,3% para 18%.
Fonseca afirma que o País precisa de todos os setores, mas aponta diferenças entre eles no PIB. Na última década, o setor agropecuário cresceu, em média, 3,5% ao ano. A economia como um todo cresceu de 0,1% a 0,3%, em média, porque a indústria de transformação caiu 1,6% ao ano no período. Os dados confirmam que o agronegócio, sozinho, não consegue estimular a economia.
Em sua avaliação, a perda nos setores mais dinâmicos ocorre em razão do chamado custo Brasil. "Eles sofrem mais o impacto da tributação ao longo da cadeia, assim como a ineficiência de transporte, de serviços, custo de energia e a burocracia que atinge todas as etapas produtivas", diz. "Com isso, esses setores não conseguem ganhar competitividade mesmo tendo uma fábrica top, porque seu produto é mais caro do que o dos concorrentes internacionais."
A forma de reverter esse quadro e retomar a agenda da inovação, na visão da CNI, é com políticas horizontais que atinjam todos os setores, ou seja, o antigo discurso de redução de custos, menos burocracia, sistema tributário com alíquotas iguais sem favorecer um setor ou outro e um comércio exterior integrado com o mundo. A ideia é seguir o que fizeram EUA, Alemanha, Japão, Coreia, Reino Unido, que apoiam a produção que gera ganho à sociedade como um todo, com políticas de financiamento e inovação.
Indústria de alta tecnologia recua há 2 anos no País e é a que mais sofre na crise, aponta Iedi
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https://economia.estadao.com.br/noticia ... 0003649141
A indústria de maior intensidade tecnológica, que investe mais em pesquisa e desenvolvimento, já vinha de perdas mesmo antes da crise sanitária. Depois de uma queda de 3,3% em 2019, o segmento teve uma retração de 3,4% na produção no ano passado. "O resultado de 2020 só não foi pior porque tem ali o ramo de medicamentos, que não teve crise, e o de eletroeletrônicos, devido a um desdobramento da pandemia. As pessoas ficaram mais em casa e investiram nesse tipo de bem", disse
Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi, responsável pelo estudo.
A indústria de alta tecnologia representa atualmente 5,2% de toda a produção da indústria de transformação brasileira. Em 2020, as fábricas enfrentaram desafios como medidas de isolamento social, escassez de peças e redução na demanda. "O que mais preocupa, na verdade, é a capacidade desses ramos de acompanhar a fronteira tecnológica que está se acelerando no resto do mundo", disse Cagnin.
Dentro da indústria de alta tecnologia, a produção farmacêutica registrou avanço de 2,0% em 2020, após queda de 3,7% em 2019. Por outro lado, a indústria de aviação despencou 50,8% em 2020, depois de um tombo de 14,9% no ano anterior.
Ainda entre os ramos de alta intensidade tecnológica, a produção de material de escritório e informática encolheu 6,6% em 2020, após a alta de 1,3% em 2019, e o ramo de instrumentos médicos, de ótica e precisão caiu 9,5% no ano passado, depois de uma elevação de 2,1% no ano anterior.
Nos setores industriais de média-alta tecnologia, que têm encadeamento importante com outros ramos industriais, a produção caiu 12,6% em 2020, embora tenha subido 0,7% em 2019. No ano passado, a perda foi puxada pela menor fabricação de veículos (-28,1%), mas também houve recuos na produção de instrumentos de uso médico, odontológico e artigos óticos (-22,2%), máquinas e equipamentos (-4,2%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,6%).“Como são segmentos relacionados à maior produtividade do trabalho, a perda de produção puxa para baixo a produtividade do setor industrial. Há uma perda de competitividade que acaba se refletindo na produtividade, com impacto negativo no desempenho da indústria como um todo, que já vinha com perda de relevância na composição do
Produto Interno Bruto (PIB)”,
Brasil perde quase 30 mil indústrias desde 2013
Redução no número de empresas ocorreu antes da pandemia, até 2019, diz IBGE
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2 ... 2013.shtml
O setor industrial brasileiro perdeu 28,6 mil empresas no intervalo de seis anos, indicam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado, divulgado nesta quarta-feira (21), integra a Pesquisa Industrial Anual (PIA) 2019. O estudo não reflete ainda os
impactos da pandemia de coronavírus, que prejudicou a atividade econômica a partir de 2020.
Conforme o levantamento, o Brasil tinha 334,9 mil indústrias em 2013, maior nível da série histórica, com dados desde 2007. O montante passou a encolher a partir de 2014, quando a economia começou a registrar sinais de fragilidade. Houve seis quedas consecutivas até o número de empresas recuar para 306,3 mil em 2019 —dado mais recente à disposição.
A perda de 28,6 mil operações (baixa de 8,5%) vem da comparação entre os resultados de 2019 e 2013.
Synthia Santana, gerente de análise e disseminação de pesquisas estruturais do IBGE, afirma que a redução pode ser atribuída a pelo menos dois fatores.
O primeiro é a
recessão que afetou a economia brasileira em 2015 e 2016. À época, a crise abalou a atividade de fábricas diversas.
Além do período de dificuldades, parte dos grupos industriais pode ter optado por concentrar empresas em regiões estratégicas, conforme Synthia. Essa busca por diminuição de custos logísticos tende a resultar em número menor de plantas produtivas.
“Existem fatores conjunturais e estratégicos. Muitas vezes, há uma estratégia de reorganização das empresas para baratear custos. Outro aspecto é o fechamento em razão da crise”, frisa.
O número inferior de operações provoca reflexos no mercado de trabalho. A indústria é considerada um segmento intensivo em mão de obra, podendo gerar salários superiores aos de atividades como
serviços e
comércio.
Segundo o IBGE, o setor industrial empregava 7,6 milhões de pessoas em 2019. Isso significa que, desde 2013, o contingente ficou 15,6% menor. Em números absolutos, o resultado sinaliza perda de 1,4 milhão de postos de trabalho no período.
Em média, a indústria somava 25 trabalhadores por empresa em 2019. À época, o setor pagava, em média, 3,2 salários mínimos para os funcionários.
Em termos absolutos, o ramo de confecção de artigos do vestuário e acessórios foi aquele que mais fechou fábricas entre 2013 e 2019. No período, o número de empresas do segmento encolheu de 54,6 mil para 37,4 mil. Ou seja, houve perda de 17,2 mil operações.
A segunda principal baixa foi de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos). O setor teve redução de 5,6 mil empresas —de 40,4 mil para 34,8 mil.
Por outro lado, o ramo de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos registrou a maior alta entre 2013 e 2019. O setor teve acréscimo de 7,6 mil empresas, passando de 22,3 mil para 29,9 mil, conforme o IBGE.
O instituto informou ainda que, em 2019, as 306,3 mil empresas industriais geraram R$ 3,6 trilhões de receita líquida de vendas. As unidades pagaram o total de R$ 313,1 bilhões em salários e outras remunerações para os 7,6 milhões de ocupados.
A fabricação de produtos alimentícios se manteve como a principal atividade industrial. Em 2019, representou 20,5% da receita líquida de vendas da indústria. A fatia é 3,3 pontos percentuais maior do que a registrada pela atividade no começo da década, em 2010 (17,2%).
No sentido contrário, o IBGE destaca que a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias viu a participação encolher 3,1 pontos percentuais entre 2010 e 2019 (de 12,3% para 9,2%). Foi a maior variação negativa na participação.
https://www.correiodopovo.com.br/not%C3 ... e-1.658986
O recuo é observado por 16 das 24 áreas de atividade no período de 10 anos, aponta a PIA (Pesquisa Industrial Anual).
As maiores quedas de pessoal foram registradas pelos segmentos de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-27,7%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-27,5%). Do ponto de vista positivo, o número de trabalhadores na fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis saltou 51,3%.
Por outro lado, nas Indústrias extrativas a atividade de extração de petróleo e gás natural quase quintuplicou a mão-de-obra ocupada em 10 anos, enquanto a maior redução foi na Extração de carvão mineral (-41%). Embora as variações sejam expressivas, as Indústrias extrativas representaram 2,5% da mão-de-obra de toda a indústria.
De acordo com o levantamento, as empresas industriais ocupavam, em média, 25 pessoas em 2019, com um volume médio mais elevado nas empresas de Indústrias extrativas (30 pessoas) do que nas Indústrias de transformação (25 pessoas).
Entre os subsetores, chama atenção o número médio de profissionais do segmento de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis, com cerca de 668 pessoas por empresa.
O estudo aponta ainda que as cinco atividades industriais que mais empregam correspondem a quase metade (45,9%) de todo pessoal ocupado no setor. Os principais destaques ficam por conta das fabricações de produtos alimentícios (21,6%), artigos do vestuário e acessórios (7,5%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (5,9%), veículos automotores (5,8%) e produtos de minerais não metálicos (5,1%).
De acordo com o IBGE, o ranking permaneceu relativamente estável no período de 10 anos, com destaque para o aumento da fatia representada pela indústria alimentícia, que elevou sua participação em 2,7 pontos percentuais entre 2010 e 2019.
Salários
Em relação à remuneração para 2019, a indústria brasileira pagou R$ 313,1 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações, sendo 96,4% referente às Indústrias de transformação e os 3,6% restantes relativos às Indústrias extrativas.
Ao analisar o valor médio pago aos trabalhadores com o salário mínimo, é possível dizer que a remuneração média recebida corresponde a 3,2 mínimos (R$ 3.194). O valor é inferior aos 3,4 salários mínimos (R$ 1.734) recebidos pelos profissionais do setor 10 anos antes.
As Indústrias extrativas pagaram salários médios mais elevados do que as Indústrias de transformação entre 2010 e 2019, mas têm apresentado redução ao longo do tempo e, em 2019, pagaram o menor valor médio, equivalente a 4,6 salários mínimos, o que representa uma redução de 1,3 salário mínimo em uma década.
"Este resultado é puxado, sobretudo, pela queda em cerca de 4 salários mínimos na atividade de extração de minerais metálicos. Considerando as atividades industriais de forma mais desagregada", indica o IBGE.
Com pandemia, indústria perde ainda mais participação no PIB e agronegócio ganha protagonismo
Peso da indústria vem encolhendo continuamente nos últimos anos e fatia do setor manufatureiro no PIB atingiu 11,3% no 1º trimestre – menor percentual desde 1947.
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https://g1.globo.com/economia/noticia/2 ... ismo.ghtml
O processo de desindustrialização da economia brasileira se acentuou com a pandemia do novo coronavírus. Levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) mostra que a participação do setor manufatureiro no PIB (Produto Interno Bruto) atingiu novas mínimas históricas e que a indústria continua perdendo protagonismo na economia brasileira.
O peso da indústria de transformação (que reúne todo o setor manufatureiro) caiu de 11,79% do PIB em 2019 para 11,30% em 2020, se mantendo nesse patamar no 1º trimestre de 2021. Trata-se do menor percentual desde 1947, ano em que se inicia a série histórica das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A série mostra que a indústria vem sofrendo um retrocesso quase contínuo desde o início dos anos 2000, evidenciando tanto as dificuldades de competitividade como também de recuperação das perdas provocadas pela crise da Covid-19. No melhor momento, em 1985, o peso do setor manufatureiro chegou a 24,5% do PIB. Ou seja, de lá para cá a participação encolheu para menos da metade de sua máxima histórica. Veja no gráfico abaixo:
Já a participação da indústria geral (que inclui também extrativa, construção civil e atividades de energia e saneamento) no PIB caiu de 21,4% em 2019 para 20,4% em 2020 e nos 3 primeiros meses deste ano – também nova mínima.
O levantamento, elaborada pela economista Silvia Matos, mostra a evolução da participação dos diferentes setores no PIB brasileiro, excluídos os impostos, utilizando a metodologia de preços correntes corrigidos.
Agro ganha protagonismo com crise da Covid-19
A perda de relevância da indústria no PIB é um fenômeno mundial e estrutural. Nas últimas décadas, em diversos países do mundo, a diminuição do peso do setor manufatureiro tem sido acompanhada por um avanço de setores de serviços destinados a atender uma demanda cada vez maior por atividades como serviços de tecnologia e informação, serviços pessoais, de saúde e educação.
No Brasil, no entanto, o processo de desindustrialização tem sido há tempos classificado como "prematuro", por se dar numa velocidade mais rápida do que a verificada em outras economias e por ocorrer antes de o país ter atingido um maior nível de desenvolvimento e de renda per capita. Os economistas destacam também que os serviços que mais crescem no país costumam empregar profissionais com pouca especialização e baixos salários.
"O que tem de novidade na pandemia é que o agronegócio vem ganhando protagonismo como a gente nunca viu. Tudo caiu, só o agro se beneficiou, ficando praticamente imune à crise na maioria dos países. O mundo continuou demandando muito alimentos, teve um boom de commodities e é um setor que continua inovando muito, com adoção de tecnologias", afirma a pesquisadora do Ibre/FGV.
O levantamento mostra que o setor de serviços – o mais afetado pelas medidas de restrição para conter a propagação do coronavírus – viu seu peso no PIB cair de 73,5% em 2019 para 71,7% no 1º trimestre de 2021. Já a participação do agronegócio saltou no mesmo período de 5,1% para 7,9% – maior percentual trimestral desde 1996. Veja no gráfico abaixo:
Na avaliação da pesquisadora do Ibre, o agronegócio tende a continuar sendo favorecido pela forte e crescente demanda mundial por alimentos como soja, milho e carnes. Mas, com o avanço da vacinação e o gradual fim das medidas de restrição, a tendência é que o setor de serviços volte a recuperar rapidamente uma boa parte da fatia perdida no PIB.
"O setor de serviços foi o que mais sofreu. O país parou de consumir serviços. Então, acabando a pandemia, o natural é que o setor volte a crescer", afirma Matos.
Já para a indústria os desafios são maiores, uma vez que não dependem apenas da reabertura total da economia e da recuperação da demanda interna, mas também do enfrentamento de questões estruturais que se arrastam há anos e de problemas novos como falta de insumos, inflação elevada e aumento do custo do crédito em meio à elevação da taxa básica de juros.
Desafios da indústria para recuperar perdas da pandemia
Matos lembra que a continuidade do processo de desindustrialização durante a pandemia se deu mesmo diante de alguns fatores que beneficiaram segmentos manufatureiros. A forte desvalorização do dólar no ano passado favoreceu as exportações e as mudanças na cesta de consumo dos brasileiros durante a quarentena, por exemplo, impulsionaram as vendas de produtos como material de construção, eletrodomésticos e móveis.
"O resultado da indústria poderia ser até pior", afirma a pesquisadora, acrescentando que segmentos relacionados ao agronegócio como indústrias de alimentos processados e de máquinas também se deram bem, na contramão da economia e da média do setor.
Pesquisa mensal do IBGE mostrou que a produção
industrial brasileira voltou a crescerem maio, após 3 meses consecutivos de queda, mas que o setor ainda eliminou as perdas dos meses de fevereiro, março e abril.
Dos 26 setores acompanhados pelo IBGE, 13 setores, ou seja, metade deles, ainda se encontram abaixo do pré-pandemia.
Veja no gráfico abaixo:
Baixa produtividade e competitividade
Estudo recente divulgado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostrou que
a parcela da manufatura no PIB brasileiro em 2020 ficou 4,7 pontos percentuais (p.p.) abaixo da média global em 2020 e 2,1 p.p. ao excluir a China da média mundial.
"Desde o início do século XXI, o grau de industrialização brasileiro tem sido menor que da economia mundial e essa diferença vem aumentando. Em síntese, é um retrocesso de longo prazo que reforça a tese de que se trata de um problema estrutural com vários componentes – entre eles o Custo Brasil – e não circunscrito a apenas um governo", destacou o Iedi.
A recuperação de um maior protagonismo da indústria na economia é apontada como essencial para o país alcançar maiores taxas de crescimento do PIB e níveis mais elevados de desenvolvimento, uma vez que produtos industriais são os que mais possuem ramificações e conexões com múltiplos setores e pela capacidade de reduzir custos e agregar valor a produtos básicos e por seu papel ofertante e demandante de tecnologias e inovação.
Para Matos, no entanto, mais importante do que elevar o percentual de participação da indústria no PIB, é buscar ganhos de produtividade e uma maior eficiência e competitividade da economia brasileira como um todo.
"O importante é ser eficiente, não importa em qual setor. Mas a produtividade do Brasil é inferior a de lá de fora em todos os setores, e a indústria sofre mais porque é um segmento intensivo em capital e cada vez mais também em tecnologia e mão de obra qualificada, e isso é uma carência do Brasil", afirma a economista.
Indústria de SC cresce ao oferecer soluções para indústrias virarem 4.0
Na contramão do setor manufatureiro, a Audaces é exemplo raro de indústria brasileira que tem conseguido crescer mesmo durante a pandemia.
A empresa de Santa Catarina desenvolve softwares e produz maquinários para outras indústrias, sobretudo para o segmento têxtil, e registrou um crescimento de 20% no faturamento em 2020.
Com o aumento do número de clientes, o número de funcionários que era de 170 antes do início da pandemia aumentou para 200.
A estratégia é focada na inovação e no desenvolvimento de produtos e soluções que ajudam outras empresas a reduzir custos, automatizar processos e melhorar a eficiência na indústria de moda.
A empresa nasceu em 1992 atuando apenas no desenvolvimento de softwares e, desde 2000, se transformou também em indústria. Atualmente, possui mais de 15 mil clientes em mais de 70 países.
A companhia fabrica máquinas digitais e automáticas para confecções têxteis, e desenvolveu também uma plataforma de gestão com tecnologias que integram desde a etapa de criação de peças e moldes até o controle da ordem de produção, permitindo que dados sejam enviados remotamente, até mesmo de fora da fábrica, para os equipamentos de corte automatizados.
"Não é só uma máquina que corta sozinha. Temos clientes que conseguiram reduzir em mais de 30% o seu tempo de criação de coleção e uma redução de mais de 20% do consumo de tecidos", afirma o diretor executivo Matheus Fagundes. "Quando tem uma crise, as empresas acabam olhando para dentro, como podem se tornar mais eficiente. Então, neste momento, a gente acaba ganhando espaço e as nossas soluções têm ajudado também a indústria a se tornar mais 4.0".
"Não importa quanto a indústria vai ter de participação no PIB. A indústria vai ganhar mais protagonismo se for mais eficiente, não com protecionismo ou subsídio. Por isso, a agenda precisa ser pró-produtividade, de melhora do ambiente de negócios, de reforma tributária, de melhoria da educação e de adoção de tecnologias", resume Matos.
RJ perde 20% do parque industrial e cerca de 100 mil empregos em 5 anos
Os números da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) mostram que o estado foi o segundo que mais perdeu postos de trabalho no período, atrás apenas de São Paulo. No total, foram três mil fábricas fechadas no estado.
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https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/ ... anos.ghtml
O Estado do Rio perdeu 20% do parque industrial entre os anos de 2014 e 2019. No período, três mil fábricas fecharam as portas e 100 mil empregos foram perdidos.
Segundo levantamento da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), enquanto o parque industrial do Rio encolheu 19,9%, o de São Paulo diminuiu 9,9% e a média nacional foi de redução de 9,3%.
Em relação aos postos de trabalho, apenas São Paulo, o estado mais rico, perdeu mais postos do que o Rio - foram 382 mil empregos que deixaram de existir.
Há pelo menos duas décadas, a economia no Rio não vai bem.
Grandes fábricas de tecidos não aguentaram a concorrência com os importados e com novas indústrias que abriram em outros estados.
A indústria farmacêutica buscou oportunidades em outros estados, como Goiás. A economia do Rio tem forte presença do refino do petróleo e o estado já foi grande produtor de um derivado importante: o plástico.
O petróleo ficou, mas muitos fabricantes de plástico se mudaram para os estados do Paraná, Santa Catarina e Goiás.
"Se o Estado do Rio conseguisse atrair uma média ou grande indústria por mês levaríamos 13 anos para recuperar o parque industrial perdido. É muito tempo para um estado onde a taxa de desemprego está acima da média nacional", afirma o economista da Rio Indústria William Figueiredo.
Alta carga tributária
Um levantamento mostra que os impostos levam mais de 60% do lucro de uma indústria de pequeno porte no Rio. Há 30 anos, Paulo Ramos Júnior montou uma fábrica de painéis e displays. No auge da empresa, entre os anos de 2009 e 2011, pelo menos 100 pessoas trabalhavam no estabelecimento.
No momento, para evitar um prejuízo ainda maior, o dono decidiu fechar e vender todos os equipamentos. São máquinas importadas da Suíça e da Alemanha e que custaram milhares de euros.
Paulo explica que a carga tributária pesada foi determinante para o fechamento.
"Os impostos no Rio são totalmente fora de controle. A duas horas daqui, você consegue ter um galpão por um terço do valor, a luz você consegue até um sexto do valor que a gente paga aqui. É muito difícil", afirma o empresário.
Para mudar o cenário no estado, a indústria pede energia elétrica com ICMS menor, investimento em segurança, e continuidade das políticas públicas. As dificuldades se agravam em um estado que acabou de enfrentar um impeachment do governador e que já teve cinco outros presos.
O presidente da Rio Indústria, Gladstone Santos Júnior, afirma que a desburocratização seria um passo importante para a atração de indústrias para o estado.
"O Rio de Janeiro precisa de competitividade quando a gente fala também de redução ou simplificação ou desburocratização dos processos. Isso já seriam medidas que facilitariam e que poderiam atrair novas empresas para o estado", diz ele.
O impressor Josemar Paulo da Costa conta que já recebeu aviso prévio da fábrica onde trabalhou nos últimos 11 anos.
"É um dos estados que está sofrendo mais com o impacto do desemprego e eu vou me incluir nesse impacto sem querer", diz ele.