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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Mai 16, 2019 11:52 am
por J.Ricardo
Na verdade o Temer não controlou nada, quando viu que sua reforma da previdência ia naufragar e estava ficando cada vez mais enrolado com a corrupção, tirou do chapéu a intervenção do RJ e foi levando o país em "banho-maria".

Mas temos que dar a mão a palmatória, ele conseguiu aprovar a reforma trabalhista e da educação que vinham sendo postergadas pelos governos do PT por muitos anos, de certa forma ele foi melhor que todos até agora, se tivesse emplacado sua reforma da previdência, teria empatado com o Itamar (e o plano Real) como um dos grande transformadores do país (mesmo sendo um mafioso).

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Mai 16, 2019 12:01 pm
por Marcelo Ponciano
J.Ricardo escreveu: Qui Mai 16, 2019 11:52 am Na verdade o Temer não controlou nada, quando viu que sua reforma da previdência ia naufragar e estava ficando cada vez mais enrolado com a corrupção, tirou do chapéu a intervenção do RJ e foi levando o país em "banho-maria".

Mas temos que dar a mão a palmatória, ele conseguiu aprovar a reforma trabalhista e da educação que vinham sendo postergadas pelos governos do PT por muitos anos, de certa forma ele foi melhor que todos até agora, se tivesse emplacado sua reforma da previdência, teria empatado com o Itamar (e o plano Real) como um dos grande transformadores do país (mesmo sendo um mafioso).
Sim, mas além dessas reformas ele emplacou +0,98% de variação real do PIB em 2017 e +1,1% de PIB em 2018. Em 2017 a inflação ficou em 2,95 (abaixo do piso da meta que era 3%) e em 2018 ficou 3,75%, perto do centro da meta.

A economia não estava a todo vapor, mas estava equilibrada como há muito não se via!!!

Sobre o centrão, ele não conseguiu passar a reforma da previdência porque teve que gastar suas fichas com o Centrão para evitar o impeachment por crime comum no STF. Em que pese não ter passado a reforma, ele controlou a debandada no Centrão que provocaria sua queda. Feito que a Dilma nem em sonho conseguiu alcançar.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Mai 16, 2019 4:15 pm
por Bourne
De fato, o Temer (e equipe) errou em apostar tudo no limite de gastos e na reforma trabalhista. O limite de gastos que não diz como atingir e nem como lidar com recessão e queda da arrecadação persistente. A reforma trabalhista que parece que gerou desemprego por causa da recessão.

A parte em velho no texto é a parte de que "a reforma da previdência virá para salvar do colapso fiscal, gerar milhões de empregos e crescer 5% ao ano". Não irá. A maioria dos analistas sério sabe que não é assim. É uma mera inferência baseada no chutometro. Nada indica que vai ter uma explosão de investimento e consumo. Ambos estão derrubados pelo elevado endividamento, baixa perspectivas e instabilidade internacional. Tanto que estou na estratégia defensiva, não invisto e não me endivido, também não vendo ativos.

A reforma é importante porque mexe com 40% do orçamento e arrecadação. Se a reforma for bem feita indica que não haverá colapso no médio e longo prazo. Ao mesmo tempo contribuir para melhorar distribuição de renda e abrir caminho para outras reformas (tributária, estrutura federativa, reestruturação de carreiras de servidores, regulação do setor financeiro e bancário, abertura comercial e competição, entre outros).

Se tudo der certo dá para crescer uns 2-3% com inflação baixa. Se não pode crescer os 2-3% ou mais com inflação acelerando para 10, 20 ou 30% ao ano para lidar com endividamento público. É algo relativamente em economias complexas e grandes como Argentina, Irã e Turquia. Assim o Brasil não seria o ponto fora da curva do grupo desses país.
A real ameaça
*ALEXANDRE SCHWARTSMAN – DOUTOR EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA, BERKELEY, E EX-DIRETOR DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS DO BANCO CENTRAL DO BRASIL É PROFESSOR DO INSPER E SÓCIO-DIRETOR DA SCHWARTSMAN & ASSOCIADOS

O risco é que, em algum momento, o governo de plantão ceda à tentação de se livrar da dívida por meio da inflação. Este horizonte se torna mais curto a cada dia que atrasamos o enfrentamento da questão fiscal no país

Li o artigo de André Lara Resende no Pravda (perdão, Valor Econômico) à busca de argumentos que justificassem a ênfase dada pelo jornal ao autor. Pode ser um problema com meus óculos, mas não vi nenhum. Vi, sim, inúmeros espantalhos, mas argumento assim, dos bons, daqueles que nos fazem pensar com afinco sobre determinado assunto, não pude achar.

O primeiro é uma suposta “obsessão pelo equilíbrio fiscal de curto prazo”. Curiosa obsessão, pois a Lei de Diretrizes Orçamentárias projeta déficits primários (isto é, descontado o pagamento de juros sobre a dívida) até 2022! Considerando o período desde a aprovação do teto de gastos (em 2016), o “curto prazo” de Lara Resende se estende por nada menos do que seis anos (um mandato presidencial e meio). Imagino que sua definição de “médio prazo” abarque algumas décadas e que seu longo prazo envolva a extinção da espécie humana.

Talvez o governo volte a produzir superávits primários a partir de 2023 (dependendo do resultado da reforma da previdência), mas nada que seja suficiente para reverter a trajetória de endividamento antes de, por baixo, 2025-2026. Em outras palavras, a tal “obsessão de curto prazo” pode ser melhor descrita como um ajuste fiscal lento, que tomará praticamente uma década para gerar resultados, se chegarmos lá.

O “chegar lá”, por sua vez, depende, como assinalado, da capacidade de aprovar uma reforma que reduza o ritmo de crescimento dos desembolsos com aposentadorias e pensões de modo a conciliar o mandamento constitucional do teto de gastos (que, como expliquei semana passada, requer queda leve, porém persistente, do dispêndio federal como proporção do PIB ao longo de vários anos) com a manutenção de um mínimo de flexibilidade no orçamento. Sem a reforma não será possível simultaneamente atender ao requisito constitucional e manter a máquina pública funcionando, mesmo que de forma precária.

Tal funcionamento inclui, é bom deixar claro, a já diminuta capacidade de investimento, não só do governo federal, mas dos governos locais, que, sufocados pelo peso de pessoal e inativos (e diga-se, não sujeitos ao teto de despesas), reduziram severamente seus gastos de capital.

A insistência na reforma decorre desta aritmética simples. Em que pese o oba-oba oficial acerca dos efeitos da reforma sobre o crescimento, economistas sérios têm insistido que se trata de condição necessária para a recuperação da atividade, mas não um elixir mágico que faria o país crescer aceleradamente da noite para o dia.

Muitos, eu entre eles, apontam para as dificuldades de estabilização da dívida pública como obstáculo à retomada do investimento. O risco é que em algum momento o governo de plantão ceda à tentação de se livrar da dívida por meio da inflação. Este horizonte se torna mais curto a cada dia que atrasamos o enfrentamento da questão fiscal no país, fenômeno que afugenta o investimento (quem quer correr o risco de inaugurar sua fábrica em momento de forte instabilidade econômica?) e, portanto, a recuperação.

Já a comparação com a Grécia é fácil, mas forçada. Há pontos em comum, como regras generosas de acesso à previdência para os grupos mais bem colocados na escala de renda, mas Lara Resende ignora as diferenças marcantes de regimes monetário e cambial.

A Grécia está presa a uma união monetária, sem, portanto, capacidade de desvalorizar sua moeda exceto pela queda considerável de seus custos relativamente aos de seus parceiros de euro, que só pôde atingir depois de recessão bíblica. Da mesma forma, a determinação da taxa de juros básica atende aos condicionantes da Zona do Euro como um todo, mas não ao ciclo econômico grego.

O Brasil, em contraste, passou por desvalorização considerável da moeda (já ajustada à inflação) e o BC maneja a taxa de juros com base no nosso ciclo econômico. Não é por outro motivo que discutimos a possibilidade de nova rodada de redução da Selic no futuro próximo, fenômeno que, tal como a desvalorização, deve ajudar na retomada da atividade.

A opção pelo ajuste fiscal não decorre, portanto, de instinto suicida, mas da constatação que, em sua ausência, não haverá como manter o frágil equilíbrio macroeconômico dos últimos anos. A volta da inflação, esta sim, é a real ameaça econômica à nossa democracia. Não é, insisto, algo para se preocupar em 2019 ou 2020, mas, se não pusermos as contas em ordem, enfrentaremos problemas sérios nesta frente no final do atual mandato, ou, no mais tardar, no começo do próximo.

É triste constatar que Ivan Lessa jamais deixou de ter razão: a cada 15 anos o Brasil esquece o ocorrido nos 15 anos anteriores.

Veja mais em: https://www.infomoney.com.br/blogs/econ ... eal-ameaca

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Mai 16, 2019 6:56 pm
por prp
J.Ricardo escreveu: Qui Mai 16, 2019 11:44 am
EduClau escreveu: Ter Mai 14, 2019 6:04 pm Esse projeto merece ser divulgado:

Comissão do Senado aprova projeto que obriga presos a pagarem por suas despesas

https://oglobo.globo.com/brasil/comissa ... versao=amp

Outro que deveria existir seria os criminosos serem obrigados a responderem não só criminal mas civilmente também pelos crimes ( ou seus responsáveis caso o criminoso for 'dimenor'), tipo ressarcir danos causados, indenizar vítimas, etc. Garanto que seria muito mais intimidador do que prisão.

Sds
Não vai dar em nada, é inconstitucional, mas quanto a responder civilmente concordo plenamente, o cara vai preso, mas a vítima fica com todo o prejuízo.
Todo criminoso JÁ RESPONDE CIVILMENTE, basta a vítima querer.
Aliás, a própria sentença condenatória PODE fixar valor mínimo de reparação sendo título executivo.
Agora, quem irá executar um traficante que matou seu filho com tiro de fuzil? Acho que vai haver duas execuções. :lol:

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Mai 16, 2019 7:19 pm
por Bourne
Não estou só.
‘A REFORMA SÓ FARÁ COM QUE O PAÍS NÃO PARE EM 2021’, AFIRMA EDMAR BACHA
Um dos criadores do Plano Real, o economista afirma que só a reforma da Previdência não será suficiente para o país voltar a crescer e reduzir o desemprego

Um dos criadores do Plano Real — que completa em julho 25 anos —, o economista Edmar Bacha afirmou que a reforma da Previdência não é uma bala de prata nem fará o país voltar a crescer por si, mas é indispensável: “Sem a reforma, não haverá dinheiro para comprar papel higiênico em 2021”. Diante do discurso quase em uníssono de empresários e investidores de que a reforma permitirá a retomada do crescimento e da geração de empregos, Bacha disse que isso é “vendagem”. “Se perguntar ao Guedes ( Paulo Guedes, ministro da Economia ) se ele acredita ( que a aprovação da reforma fará o país crescer de novo ), ele vai dizer que sim, mas será que, no coraçãozinho dele, acredita mesmo? Acho que não.”

Hoje à frente da Casa das Garças, o think thank carioca conhecido como o ninho dos economistas tucanos, do qual é sócio fundador e um dos diretores, Bacha criticou a falta de articulação política do governo, “os resquícios de populismo” e “o instinto intervencionista” do presidente Jair Bolsonaro, que, para ele, “tem uma cabeça soviética”. Aos 77 anos, escritor com assento na Academia Brasileira de Letras desde 2016, Bacha tem como uma de suas marcas econômicas e culturais o termo Belíndia, que criou para retratar o Brasil como uma Bélgica pequena e rica, cercada por uma Índia gigantesca e pobre.

1. Vinte e cinco anos após o Plano Real, o brasileiro já considera a moeda estável como algo do qual não abre mão?

Acho que não nos livramos da indexação. Existe esse resíduo. E olha como o Banco Central está atuando de maneira tão zelosa, com 12% de desemprego e tanta capacidade ociosa. Aqui temos esse problema com a indexação residual. O Banco Central acaba tendo de praticar uma taxa de juros mais alta do que é compatível com a retomada do emprego. Esta é a retomada mais lenta de toda a nossa história, e não estamos vendo muito por onde crescer. Com a reforma de Previdência as coisas serão diferentes? Não sabemos. Não é o Plano Real, quando num dia era uma coisa, no outro era outra.

2. A reforma da Previdência não terá esse efeito?

Melhorará a perspectiva de longo prazo das contas públicas, mas como se refletirá no nível de atividade? Há tantas coisas intervenientes. O estado da confiança melhorará tanto assim? De repente vão ver que o Brasil começará a dar certo? Acho que não. A menos que o processo de passar a Previdência no Congresso tenha o condão de fazer com que este governo atue de maneira mais coordenada, consistente e integrada do que tem sido o caso até agora.

3. A reforma da Previdência não é a bala de prata, a saída mágica apregoada?

Ela é totalmente necessária. Uma coisa é dizer que ela é necessária para que o Brasil não quebre; outra coisa é dizer que é suficiente para que o Brasil retome o crescimento. A reforma só fará com que o país não pare em 2021. Sem reforma e com teto ( que limita o aumento dos gastos públicos à inflação do ano anterior ), em 2021 não haverá dinheiro. Não haverá dinheiro para comprar papel higiênico.

4. O que seria necessário para o país voltar a crescer?

Tem a ver com a natureza do governo. Este governo está muito desarticulado. Não consegue ter foco. Está perdendo vigor e popularidade e deixando passar o período da lua de mel sem conseguir um processo de articulação de suas partes e com o Congresso. Todo dia tem um novo escândalo, uma nova disputa entre suas partes, brigas totalmente irrelevantes do ponto de vista da economia. E muito pouca consistência, tanto propositiva quanto de articulação política.

5. A economia não pode prescindir da política? Falta articulação?

Com certeza. Quem é o grande articulador político? Quem faz articulação política deste governo com legitimidade perante o Congresso? Não tem. O Onyx Lorenzoni ( chefe da Casa Civil ) não é essa pessoa.

6. O presidente poderia participar disso. Como o senhor vê a postura dele como articulador, negociador?

O presidente não tem esse traquejo.

7. E a estratégia de tentar uma comunicação direta via redes sociais? É eficaz?

São necessárias as duas pernas. Os deputados foram tão eleitos quanto o presidente. Eles têm poder. Não adianta achar que a partir do Executivo se faz milagre. Faz-se milagre com o Congresso, votando as leis. As bancadas têm seus interesses. É preciso articular com eles para negociar. Isso é política, respeitando o fato de que eles também têm mandato eleitoral. Também são representantes do povo. Eles são “os” representantes do povo.

8. O senhor acredita que, se essa articulação não melhorar, mesmo com a reforma da Previdência haverá dificuldades para o país voltar a crescer?

Tem duas coisas. Uma é a relação do Executivo com o Congresso. Outra é a relação do Executivo consigo mesmo. Cada cabeça é uma sentença.

9. O senhor acredita que a reforma será aprovada, diante dessa dificuldade de articulação?

Eles se beneficiaram do fato de que esse assunto já está em pauta há bastante tempo. Acho até que há um certo paralelo com o Plano Real: houve tantos planos antes que não deram certo, que não haviam sido suficientemente fortes. Agora existe uma consciência muito mais clara da importância da reforma parruda da Previdência. Há 20 anos, perdemos por 1 voto a idade mínima ( quando o governo Fernando Henrique Cardoso apresentou ao Congresso sua proposta de reforma ). Há uma consciência de que chegou a hora de fazer alguma coisa que dê um jeito nessa área. Demos um jeito na inflação. Vamos fazer uma consolidação e colocar a Previdência numa trajetória. Existe uma questão levantada por Paulo Guedes, um complicador — e acho que ele não vai conseguir de jeito nenhum —, que é a capitalização. Do jeito que o Congresso está, será muito difícil ( aprovar a capitalização ). É muito complicado achar que o Congresso dará uma carta branca ( para instituir um novo regime de Previdência ). “Vou pôr um artiguinho que vamos capitalizar, mas nós é que vamos dizer o que será feito”; “Vamos desconstitucionalizar.” Toda vez que a gente tentou fazer isso no passado, demos com os burros n’água. O Congresso não quer desconstitucionalizar porque sabe que é transferência de poder para o Executivo. Realmente, tem de ser na base da negociação no dia a dia. Não há alternativa, do jeito que somos. Ninguém delegará poderes extraordinários para o Executivo.

10. O senhor citou a indexação. Ainda vê resquícios também de controle de preços no Brasil? Recentemente, houve a discussão sobre o reajuste do diesel.

Acho que aí é outra coisa. É o resquício do populismo, da tentativa de fazer coisas intervencionistas que contrariam a boa lógica econômica. Isso não funciona. Pode funcionar temporariamente, como o congelamento. O Bolsonaro tem uma reação muito instintiva. O instinto dele é ruim, intervencionista. Ele é um militar. “Manda quem pode e obedece quem tem juízo.” É uma estrutura hierárquica, de comando central. Ele tem essa cabeça “soviética”, soviética no sentido de planejamento central. O Geisel ( Ernesto Geisel, presidente de 1974 a 1979 ) adorava isso. Misture o populismo com a mentalidade militar e sobra muito pouco espaço para o mercado. Por outro lado, eles sabem que, se não tiver mercado, não vão a lugar nenhum. Eles ainda têm o discurso de que quem intervinha era o PT. E eles são anti-PT.

11. Não está clara a direção que o governo tomará?

É um pouco Itamar ( Itamar Franco, presidente na época da implantação do Plano Real, em 1994 ) com Fernando Henrique. Foram três ministros da Fazenda em sete meses. Quando fomos para lá, não achava que duraria muito, não.

12. Naquela época, o grande tema econômico era o combate à inflação. Que tema hoje merece atenção na academia?

O crescimento. Nossa economia não está conseguindo crescer há muito tempo. Estamos neste processo desde 1980. Teve um alívio com o auge das commodities deste século. Durou enquanto havia o auge; acabou o auge, terminou o crescimento.

A taxa alta de desemprego é um dos desafios prementes da equipe econômica, avaliou Bacha. Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
A taxa alta de desemprego é um dos desafios prementes da equipe econômica, avaliou Bacha. Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
13. No Plano Real, havia a impressão de que, resolvendo o problema da inflação, o crescimento viria quase por inércia. Com a reforma da Previdência, também há essa expectativa?

Acho que isso é mais a vendagem. Não acho que as pessoas acreditem de fato, não. Se perguntar ao Guedes se ele acredita, ele vai dizer que sim, mas será que, no coraçãozinho dele, acredita mesmo? Acho que não. O buraco é mais embaixo.

14. O grande problema então é o crescimento?

No curto prazo, há o problema do desemprego. Basicamente de retomada da economia. Não é nem de crescimento, é de aprumar a economia. Estamos num processo semirrecessivo desde 2014.

15. E por que o Brasil não cresce?

Não é fácil crescer. No pós-Segunda Guerra Mundial, só 12 países conseguiram crescer, ultrapassar a barreira da renda média e virar desenvolvidos. São basicamente três grupos. O grupo asiático, que foi baseado numa industrialização para fora. Exportaram produtos industriais, com transição de substituição de importações para promoção de exportações, e foram bem-sucedidos. Ou então foram bem-sucedidos com base numa integração comercial. São Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan. Com esse mesmo modelo, há também Israel, com uma história um pouco diferente, baseada no capital humano. Mas todos têm estas características: capital humano e integração comercial. O outro grupo é a periferia da Europa: Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda, que foram aceitos como sócios na União Europeia. Ainda que a Grécia tenha desmontado depois, chegou lá, superou os US$ 30 mil de renda per capita . O terceiro grupo são os que superaram a maldição dos recursos naturais: Austrália, Nova Zelândia e Noruega, unindo mão de obra qualificada e integração. E tem o complicador de sermos um país grande. É difícil para um país grande, longe de todo mundo.

16. Somos um país grande, fechado e com mão de obra pouco qualificada. Como seguir os exemplos que o senhor citou?

O México se integrou, é relativamente grande, mas não adiantou muita coisa. Integrou o norte ( do México ), e o sul desandou. Para um país grande, longe do mundo, é difícil. Estamos fora dos eixos do comércio global, que hoje estão na América do Norte, na Europa e na Ásia. É difícil, mas dá para fazer. A Austrália está longe de todo mundo, mas ainda assim conseguiu se integrar no ambiente asiático, que se mostrou muito propício com as vantagens naturais que a Austrália tem.

17. O senhor citou o desemprego elevado como o maior problema no curto prazo. Como absorver essa mão de obra quando a economia aprumar?

Se o país der certo, será na nova tecnologia, que não é muito empregadora. Ela emprega gente qualificada. Com o pessoal mais novo, é possível ( conseguir emprego ).

18. E qual é o efeito social desse desemprego?

Esse populismo tem a ver com isso. O pessoal fala de globalização, mas essas tecnologias são muito intensivas em uso de capital humano. O pessoal que não está preparado vai ficando de fora, exceto em algumas ocupações como enfermagem, de cuidados pessoais, saúde e educação, que exigem qualificação de nível médio.

19. O senhor afirmou que a reforma da Previdência não vai ser a panaceia.

Não vai ser a bala de prata.

20. Então o que é necessário após a aprovação da reforma da Previdência?

Acho que a reforma tributária é muito importante, mas fico muito preocupado com as ideias do Marcos Cintra ( secretário da Receita Federal ). Há 40 anos ele só fala numa coisa: imposto único. É isso que ele tem na cabeça. Acha que vai resolver, que vai desonerar a mão de obra e criar um imposto financeiro. É uma questão doutrinária. O Marcos Cintra, com seu imposto único, Everardo Maciel ( ex-secretário da Receita ), que adora seus impostos cumulativos, o Appy ( Bernard Appy, economista ), que comanda mais consenso entre os economistas com o IVA ( Imposto sobre Valor Agregado ). Agora o problema é a federação, país grande, 27 estados, 27 ICMS ( Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ). Vai ser pauleira. Todos os estados querem usar o ICMS para fazer incentivos. Estão viciados nisso. Política industrial em nível de estado é isso.

21. E a abertura comercial?

Há um problema. Com 13 milhões de desempregados, como fazer uma abertura expansionista, com a economia mundial andando meio de lado? Há esse problema de curto prazo para a abertura, que é complexo. A curto prazo é complicado, mas, se for esperar todas as precondições... É meio o que Guedes está falando. Precisamos primeiro gerar demanda, depois reduzir o custo Brasil, para depois fazer a reforma tributária e aí abrir a economia. Nem todo mundo que se integrou ( à economia global, com abertura comercial ) cresceu, mas todos que cresceram se integraram.

22. Nestes quase 40 anos de crescimento muito baixo, houve alguns momentos de alívio para os mais pobres, como o Plano Real, que acabou com a inflação, e depois o Bolsa Família. Há alguma política de alívio que possa ser adotada agora?

Não, a máquina do governo está emperrada. O espaço de gasto é inexistente. Como o governo vai fazer, vai gastar mais? Porque, se tiver de subir imposto, piora.

23. Não haveria um excesso de dogmatismo fiscal, diante do quadro de desemprego brasileiro?

O problema é que temos uma dívida enorme para os padrões de países emergentes. E ela está numa trajetória explosiva. É fato que uma parte disso é do processo recessivo — com o crescimento menor, o denominador ( na relação entre dívida e PIB ) fica menor. Mas não se pode brincar com isso. O risco de ter uma corrida ( de ativos dos investidores ), como está ocorrendo na Argentina, é alto. As pessoas perdem a confiança e podem achar que o governo vai dar o cano de alguma maneira. E aí o dólar bate sei lá onde e perde-se o controle da situação. Por isso é que não dá nem para usar o Orçamento nem os bancos públicos — as armas tradicionais de ativação da economia.

24. Mas o presidente Bolsonaro chegou a sugerir ao Banco do Brasil baixar o juro do crédito rural.

É onde a alma dele aparece.

25. André Lara Resende (economista e também um dos criadores do real) escreveu em artigos recentes que existe no mundo uma nova teoria monetária e que há um excesso de dogmatismo fiscal. Essa discussão existe?

O que há não tem nada a ver com o Brasil. A discussão lá fora é: quando a taxa de juros chega a zero, o que é política monetária? O trabalho da política monetária sempre foi mexer com a taxa de juros para cima e para baixo. Quando bate no zero, o que é política monetária? Tem de redefinir política monetária quando se atinge o limite inferior da redução de juros. Tem esse paradoxo de não conseguir fazer subir a inflação. São peculiaridades do mundo desenvolvido em sua estagnação secular. Não tem nada a ver com a gente. Estamos aqui tentando crescer, chegar aonde eles estão. Essa discussão não é nossa. Nós, aqui, estamos com problemas de um Estado inchado, sobre-endividado, incapaz de fazer políticas públicas. Esses são nossos problemas. Política monetária é adjacente. Quanto mais a política monetária pode ajudar? Acho que pode ajudar um pouquinho mais. Não acho que reduzindo os juros em meio ponto percentual se resolverá o problema do Brasil.

26. Paulo Guedes costuma afirmar que o governo Bolsonaro fará a liberal-democracia, porque, segundo ele, a social-democracia do Plano Real deixou para o país essa herança fiscal.

Nós tentamos fazer uma reforma constitucional com o Plano Real, mas não conseguimos. Só conseguimos o Fundo Social de Emergência.

27. O fundo social foi o embrião da desvinculação do Orçamento (foi transformado depois na DRU, Desvinculação de Receitas da União). Como o senhor vê a proposta de Guedes de um Orçamento de base zero, com desvinculação total?

É o sonho de todo economista começar do zero. Mas é irreal, não é questão de gostar ou não gostar, é reconhecer a realidade política. Obviamente a rigidez do Orçamento é extraordinária. Não adianta aumentar imposto, porque já está tudo comprometido; então, de zero para 100, não vai. Lá no Plano Real, quando enviamos nossas propostas de mudança da Constituição, o Itamar olhou, leu e disse: “Sou contra tudo isso, mas, se vocês quiserem, vocês mandam”. Nós mandamos. Passou zero. É igual agora, a equipe econômica prevê só um artigo, desconstitucionalizar ( na reforma da Previdência ), e a gente faz tudo por lei complementar. Não vai passar. No Plano Real, as mudanças tiveram de ser feitas ao longo dos quatro primeiros anos. E, com os efeitos da Constituinte, que aumentou gastos com novos direitos, resolveu-se o assunto aumentando imposto. Não foi porque era social-democrata, foi uma contingência que a gente enfrentou.

28. Essa contingência ainda existe?

Sim. Essas coisas não passam, não neste país. E não neste governo. Agora, descentralizar recursos ( outra proposta de Guedes, que pretende dividir melhor a arrecadação com estados e municípios ) é uma boa ideia. Tem bons governadores, tem muita gente boa em nível local, tem de passar recursos para esse pessoal.

https://epoca.globo.com/a-reforma-so-fa ... 643v7PPctI

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Mai 17, 2019 8:50 am
por GIL
Marcelo Ponciano escreveu: Qui Mai 16, 2019 11:18 am
GIL escreveu: Sex Mai 10, 2019 11:33 am O quadro realmente esta muito feio, de ai que todos devemos recordar a essa esquerda de gente feita em serie, quem jogou o Brasil nesse buraco, levamos décadas sendo governado pela esquerda e daquelas aguas (então com preços de commodities pelas nuvens) ainda chegamos a esses lodaçais.

Eu já estou mentalizado e preparado para ver essa gente tentando sabotar esse governo de todas as formas, porque se o Bolsonaro da certo, eles não voltam tão cedo a pisar o poder, mesmo com o brasileiro tendo a memoria curta.
Enquanto ficar nessa de apontar dedos para a esquerda e para a direita o país não sai de crise alguma. Para quem quer que seja dada a conta da atual situação da economia deve ser enviada a fatura também para o grupo fisiológico do Centrão.

Enquanto o Centrão estava mamando nas tetas das estatais, leite gordo vindo dos preços das commodities, o país estava de vento em popa com o Congresso obediente. Foi só a crise dar os primeiros sinais de problemas entre 20013-2014 que o Centrão abandonou o governo, se aliou à oposição sob liderança de Aécio Neves, e rifou o futuro do país com pautas bombas para a economia. Pagamos o preço disso até hoje.

Como exemplo, eles até propuseram o fim do fator previdenciário (regra criada pelo FHC), o que poderia ter triplicado os gastos com a previdência e afundado a economia de vez. Para evitar essa derrota o Governo na época (Dilma) teve que ceder e propor a famigerada "regra do 85/95", que aumentou os gastos da previdência em "apenas" 20%. Isso é UM exemplo das peripécias econômicas que as pautas bombas do Centrão, aliado à oposição dita de "direita", fizeram com a economia no Governo Dilma.

Não existem inocentes no crime cometido contra o futuro econômico do país, esquerda e direita sufocaram a economia com brigas provocadas pelo fisiologismo do Centrão. O país afundou nisso. Em qualquer nação séria, diante de uma crise econômica grave como a que vivemos desde meados de 2013, brigas ideológicas são deixadas de lado em prol da condução responsável da economia. O que não aconteceu no nosso caso.

E o pior, o governo Bolsonaro segue o mesmo caminho que a Dilma brigando com o Centrão, com o plus de ter arrumando um astrólogo maluco metido a Rasputin, que nem viver no país ele vive para sentir os efeitos da desestabilização que seus ataques provocam. Bolsonaro consegue ser um prodigiosa mistura de Dilma com Czar Nicolau II.

Verdade seja dita, mesmo com todos os seus problemas, Michel Temer foi o único do Poder Executivo que controlou o Centrão na última década. Conseguiu conduzir a economia, que cresceu um pouco no governo dele, reduziu a inflação para baixo do piso da meta, ao mesmo tempo que tinha que conseguir apoio no Congresso para sobreviver às denúncias da PGR no STF. Ele estava certo quando disse que no futuro o governo dele seria bem lembrado. Diante da recessão que vem aí o Governo Temer era um paraíso.

Peguem seus coletes salva vidas, a tsunami vem aí.
Nem vai controlar salvo que use de suborno, de onde vem a maioria dos politicos que pululam pelo centrão, vem das regiões de M do Brasil, que podemos esperar de um povo que como dizia o General Figueiredo, não sabe nem escovar os dentes.

Claro que o centrão tem grande parte da culpa, mais sejamos especificos, falamos ai do centro esquerda, porque como quem diz, até faz pouco tempo o mesmo Lula presumia de que a direita havia desaparecido no Brasil e ele tinha razão.

Agora bem, os partidos que vão de centro esquerda, esquerda e extrema esquerda levam 30 anos governando e todos deixamos os caras governarem.
Agora que ressurge a direita, essa esquerda radical, hostil, ordinaria, apatrida e ladrona, não quer deixar o executivo governar,
não vaia ser que o atual presidente acerte a mão o Brasil avançe e essa escoria fique apartada das regias tetas do poder durante ao menos um par de décadas.

O Bolsonaro esta sendo atacado interna e externamente, por essa esquerda odiosa (não tem outro nome) que só respeita a democracia quando são eles que desgovernam.

RETROSPECTIVA

1985 Sarney
1986 Sarney
1987 Sarney
1988 Sarney
1989 Sarney
1990 Collor
1991 Collor
1992 Collor-Itamar
1993 Itamar
1994 Itamar
1995 FHC
1996 FHC
1997 FHC
1998 FHC
1999 FHC
2000 FHC
2001 FHC
2002 FHC
2003 Lula
2004 Lula
2005 Lula
2006 Lula
2007 Lula
2008 Lula
2009 Lula
2010 Lula
2011 Dilma
2012 Dilma
2013 Dilma
2014 Dilma
2015 Dilma
2016 Dilma
2017 Temer
2018 Temer
2019 Bolsonaro - janeiro a maio.

O País tá ruim, e é por culpa desse último!!!

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Mai 18, 2019 3:27 am
por GIL


Nunca canso de escutar as disertações do Paulo Guedes, explicações bastante claras, é o Guedes fazendo pedagogia.
Quando vejo gente torcendo contra o sangue ferve. Esse cara não pode ser brasileiro, ele não nasceu, ele somente foi cagado no Brasil.
Mais vamos pra frente


Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Mai 19, 2019 9:38 pm
por Rurst
A guerra comercial EUA-China tem sido uma benção para os produtores de soja do Brasil. Mas eles podem acompanhar a demanda chinesa?
Os embarques norte-americanos de soja para a China caíram pela metade desde que Pequim impôs um imposto de 25% sobre eles em julho
As condições climáticas ameaçam a safra deste ano, já que os produtores do Brasil pretendem atender a um aumento de 30 por cento na demanda da China, diz o chefe do órgão de comércio

https://www.scmp.com/business/companies ... armers-can

Imagem
Um caminhão é carregado com soja em uma fazenda em Porto Nacional, Brasil. Foto: Reuters

Há vencedores e perdedores em qualquer briga, e eles muitas vezes não são as partes em desacordo.

Os produtores de soja do Brasil, por exemplo, triunfaram espetacularmente na guerra comercial EUA-China. Na verdade, eles se saíram tão bem que podem se tornar vítimas de seu próprio sucesso, de acordo com o chefe de uma agência brasileira de promoção comercial.

Depois que seus embarques para a China saltaram quase um terço no ano passado para preencher o vazio deixado pela soja importada dos EUA, os produtores sul-americanos podem ter dificuldades para manter a mesma oferta, disse Igor Brandão, chefe da divisão de agronegócios da Apex-Brasil.

“A safra deste ano deve ser menor que no ano passado. É uma questão de condições climáticas, porque a estação seca deve ser mais longa este ano ”, disse ele.

Brandão prometeu que o Brasil, o maior fornecedor de soja para a China, fará o melhor para aumentar a produção para atender às demandas da segunda maior economia do mundo. O país tornou-se um dos principais beneficiários da guerra comercial, quando as tarifas sobre a soja dos EUA fizeram com que os compradores chineses procurassem em outro lugar para importar a safra.

"Estamos preparados para aproveitar a guerra comercial para aumentar nossos negócios com a China e construir mais relações comerciais", disse ele à margem do SIAL China, um importante evento comercial para o setor de agronegócios. "Mas não confiamos apenas nisso para expandir nossos negócios aqui."

A China é o maior consumidor mundial de soja, importando 88 milhões de toneladas em 2018, segundo a Administração Geral das Alfândegas.

Ele impôs um imposto de 25% sobre a soja americana em julho. Os dois lados suspenderam as cobranças em dezembro, quando concordaram em negociar, mas já era tarde demais para reverter a queda nas importações chinesas da usina dos EUA.

Cerca de 66,1 milhões de toneladas de soja importada da China vieram do Brasil no ano passado, representando 75% do total das importações do país. Esse volume foi 30% superior ao ano anterior.

Os EUA forneceram 16,6 milhões de toneladas da soja, uma queda de 49% em relação ao ano anterior, devido à disputa comercial entre os dois países.

A soja é uma importante fonte de proteína para rações animais e óleo comestível na China.

Na sexta-feira passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, elevou as tarifas de US $ 200 bilhões em produtos chineses de 10% para 25%, quando as duas maiores economias do mundo não conseguiram chegar a um acordo após meses de negociações.

Para revidar, a China anunciou na segunda-feira que aumentaria as tarifas de mais US $ 60 bilhões de produtos americanos para 25% a partir de 1º de junho.

A disputa comercial da China com os EUA criou oportunidades para países como o Brasil, particularmente na agricultura.

"Esperamos promover nossos negócios com a China de maneira sustentável e de longo prazo", disse Brandao. "Sabemos que isso não vai acontecer muito rapidamente, mas vemos uma nova demanda da classe média chinesa por produtos alimentícios saudáveis e premium".

Ele disse que o Brasil está buscando diversificar suas exportações agrícolas para a China com foco na carne processada.

Atualmente, soja, algodão e milho representam 70% do total das exportações brasileiras, no valor de cerca de US $ 36 bilhões para a China.

Em 10 a 12 anos, espera-se que os alimentos processados representem de 40 a 50% das exportações brasileiras para a China, disse Brandão.

A ministra da agricultura brasileira, Tereza Cristina, está em Pequim agora para discutir com altos funcionários a possibilidade de trazer mais produtos agrícolas para a China.

A maior nação da América do Sul vendeu US $ 1,5 bilhão de carne processada para a China no ano passado, um aumento de 60% em relação a 2017. O volume de exportações deverá crescer ainda este ano, provavelmente para mais de US $ 2 bilhões.

A Apex-Brasil está em Xangai para organizar 26 empresas brasileiras para expor seus produtos na SIAL China, que terminou em 16 de maio.


Em 15 de maio, as 26 empresas haviam fechado contratos no valor de US $ 150 milhões, segundo Brandao.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Mai 20, 2019 11:34 am
por Marcelo Ponciano
GIL escreveu: Sex Mai 17, 2019 8:50 am RETROSPECTIVA
1985 Sarney
1986 Sarney
1987 Sarney
1988 Sarney
1989 Sarney
1990 Collor
1991 Collor
1992 Collor-Itamar
Anos de estagnação e hiperinflação provocada pelas maluquices econômicas (e maquiagem de dados para provocar um suposto "milagre brasileiro") provocados por 21 anos de governos autoritários de direita (ou agora vai dizer que os governos militares também eram esquerdistas?).

(Obs: Menção honrosa para o "esquerdista" Fernando Collor de Mello e sua inesquecível economista "esquerdista" Zélia Cardoso de Melo)
1993 Itamar
1994 Itamar
1995 FHC
1996 FHC
1997 FHC
1998 FHC
1999 FHC
2000 FHC
2001 FHC
Anos em que os supostos "esquerdistas" citados por você fizeram nada mais nada menos que controlar a hiperinflação, criar a moeda mais forte da nossa história, reformar a estrutura administrativa do estado privatizando inúmeras estatais (ex: como a Vale) e reformar a previdência (ex: antes de aposentava por idade com apenas 5 anos de contribuição ao INSS).

(obs1: esquerdistas bem estranhos esses, que privatizam estatais e reformam a previdência, mas vamos fingir que não vimos isso)
(obs2: menção honrosa para a emenda da reeleição)
(obs3: menção honrosa para a criação do fator previdenciário, redutor matemático aplicado às aposentadorias que reduz para os mais novos o valor do benefício a receber em até 60%)
2002 FHC
2003 Lula
2004 Lula
2005 Lula
2006 Lula
2007 Lula
2008 Lula
2009 Lula
2010 Lula
2011 Dilma
2012 Dilma
Anos em que os "esquerdistas" deram lucros exorbitantes para bancos privados, empresas privadas, para o agronegócio, grandes varejistas, etc, etc, etc, com crescimento econômico que variou de 2% a 7%. reformou-se também a previdência dos servidores públicos limitando ao tato do INSS e obrigando-os a aderir a fundos de previdência para complementar a renda.

Nesses anos, os esquerdistas privatizaram rodovias, ferroviais, portos, aeroportos, etc, etc, etc.

(Obs: menção honrosa para a quitação antecipada do FMI)
2013 Dilma
2014 Dilma
2015 Dilma
2016 Dilma
2017 Temer
2018 Temer
2019 Bolsonaro - janeiro a maio.
Anos de crise econômica e política, em que o centrão rifou o destino econômico do país com pautas bomba contra a Dilma, Temer e agora o Bozo.
.
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Mas é claro, Paulo Guedes é o primeiro liberal a comandar a economia. O único "verdadeiro capitalista" a comandar a pasta para nos livras de "décadaS" de governos de esquerda como Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma e Temer, pois todos esses que não fizeram absolutamente nada pela economia do país e pelo livre mercado.

E é contra esses "esquerdistas" que Paulo Guedes veio nos salvar, pois o BraZil nunca foi governado pela direita "de verdade".

Ps:
"É verdade esse bilête."

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Mai 20, 2019 3:11 pm
por Bourne
O Paulo Guedes é aquele cara que circula entre governo, empresários, academia buscando negócios, facilitando negociações, lobbies e interesses diversos. Assim como tantos outros da geração e perfil de serem os primeiros a terem doutorado no exterior, inglês fluente e aproveitar o amplo mercado nacional e escassez desse perfil na década de 1980 e 1990. Como também, outros tantos desse perfil nunca mais estudaram depois do doutorado.

Não quer dizer que entendam da máquina pública e de políticas públicas, que sejam liberais (ou seja lá o que quer dizer isso), saiba montar equipe ou fazer política de fato. No caso da reforma da previdência do Guedes que é um horror e cheio de erros primários. O problema é do Guedes que deixou e chancelou a equipe que montou a proposta. E não consegue defender as ideias porque são, no mínimo, antiguadas, erradas ou inviáveis. Por exemplo, erro na formula de aposentadoria em que quem trabalha mais vai receber menos.

https://jlcoreiro.files.wordpress.com/2019/05/erro-guedes.png?w=1400&h=

As gerações posteriores têm perfil bem diferente. Segue uma lógica norte-americana que mistura tempos na Academia, na burocracia e em cargos no governo, depois setor privado para ganhar dinheiro. Nunca param de estudar e produzir. Por exemplo, o Armínio Fraga, Marcos Lisboa, Joaquim Levy, entre outros que circulam por aí. Outros novinnos na casa dos 30/40 anos começam a se destacar e logo vão aparecer na mídia e posições chaves no governo.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Mai 21, 2019 12:03 am
por prp
J.Ricardo escreveu: Qui Mai 16, 2019 11:52 am Na verdade o Temer não controlou nada, quando viu que sua reforma da previdência ia naufragar e estava ficando cada vez mais enrolado com a corrupção, tirou do chapéu a intervenção do RJ e foi levando o país em "banho-maria".

Mas temos que dar a mão a palmatória, ele conseguiu aprovar a reforma trabalhista e da educação que vinham sendo postergadas pelos governos do PT por muitos anos, de certa forma ele foi melhor que todos até agora, se tivesse emplacado sua reforma da previdência, teria empatado com o Itamar (e o plano Real) como um dos grande transformadores do país (mesmo sendo um mafioso).
O Temer praticamente era o centrao. Não existe partido nenhum mais fisiológico do que o PMDB. É um câncer sem ideologia cujo único objetivo é dominar e ser governo e com isso manter os pontos chaves de onde vertem os rios de dinheiro.
Pior de tudo, é o maior partido do BR.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Mai 21, 2019 1:00 pm
por Marcelo Ponciano
prp escreveu: Ter Mai 21, 2019 12:03 am
J.Ricardo escreveu: Qui Mai 16, 2019 11:52 am Na verdade o Temer não controlou nada, quando viu que sua reforma da previdência ia naufragar e estava ficando cada vez mais enrolado com a corrupção, tirou do chapéu a intervenção do RJ e foi levando o país em "banho-maria".

Mas temos que dar a mão a palmatória, ele conseguiu aprovar a reforma trabalhista e da educação que vinham sendo postergadas pelos governos do PT por muitos anos, de certa forma ele foi melhor que todos até agora, se tivesse emplacado sua reforma da previdência, teria empatado com o Itamar (e o plano Real) como um dos grande transformadores do país (mesmo sendo um mafioso).
O Temer praticamente era o centrao. Não existe partido nenhum mais fisiológico do que o PMDB. É um câncer sem ideologia cujo único objetivo é dominar e ser governo e com isso manter os pontos chaves de onde vertem os rios de dinheiro.
Pior de tudo, é o maior partido do BR.

O PMDB é assim por causa da influência nos municípios. Eles reúnem basicamente todos os poderosos do interior do país, fazem o maior número de prefeitos, e com essa base conseguem eleger governadores, deputados, senadores. Em suma, dominam quase todos os palanques eleitores pelo Brasil afora que são indispensáveis para eleger qualquer Congressista. Poucos são os deputados e senadores que se elegem sem uma aliança com o PMDB a fim de conseguir acessar os palanques dos prefeitos pelo Brasil afora.

É, de fato, semelhante a um câncer, se olharmos do ponto de vista da estrutura celular que se propaga.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Mai 21, 2019 1:22 pm
por Bourne
Voltemos a realidade.
Corte de juro não resolve crescimento baixo

"Você não corre o menor risco de aprovar a reforma da Previdência e a economia ter um superaquecimento instantâneo. Isso só existe na mesa de operação lá da [avenida] Faria Lima. Uma coisa é o mercado financeiro, outra é a indústria, agricultura, setor de serviços, de transportes. O BC sabe disso. O que ele não sabe e não pode dizer é qual é a qualidade da reforma da Previdência", afirmou Pastore.

https://www.valor.com.br/brasil/6267837 ... jBnyFUUUag

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Mai 22, 2019 10:15 am
por Marcelo Ponciano
Isso vai ter efeito de uma bomba termonuclear na economia!!! Os aposentados são um dos principais motores de consumo e geração de riqueza no país, eles consomem nos supermercados, nos grandes varejistas e, principalmente, devem bilhões em consignados para bancos e financeiras. Para esses últimos, creio que não existe no mundo uma estrutura de resseguros que suporte um colapso desse tamanho.

O interessante é notar como o feitiço virou contra o feiticeiro. Bolsonaro caí na mesma armadilha que a Dilma, com o diferencial de que a Dilma foi 2,3 bi, com o Bolsonaro será 250 bi.

O governo, mais do que nunca, está nas mãos do Maia. Na prática, diante da paralisia do Bolsonaro, o Maia se tornou o primeiro ministro do parlamentarismo informal brasileiro. Ele vai salvar o Governo e ainda ficar com os louros da vitória como aquele que tomou as rédeas do país.
Bolsonaro à mercê do Congresso
O pedido para o governo emprestar R$ 249 bilhões é o pretexto ideal para, em caso de rebelião, parlamentares tentarem forçar o presidente a cometer crime de responsabilidade

Regra de ouro é o nome dado ao inciso III do artigo 167 da Constituição Federal. Estabelece que o governo não pode, sem autorização do Congresso Nacional, emprestar dinheiro para pagar despesas correntes, como salários do funcionalismo, aposentadorias, benefícios previdenciários, assistenciais, subsídios e coisas do tipo.

O espírito da regra de ouro é evitar a explosão da dívida pública. Governo que empresta dinheiro para pagar despesas correntes corre o risco de se endividar ilimitadamente, sem jamais ter como pagar.

Não fosse a regra de ouro, o Brasil viveria uma situação comparável à de alguém que pode tomar dinheiro emprestado no banco para comprar comida, pagar aluguel, conta de luz ou telefone. Se não tem dinheiro nem para pagar as contas, quando terá para as dívidas?

É por isso que a regra de ouro limita os empréstimos a rolagem e amortizações da própria dívida, despesas financeiras ou situações excepcionais, desde que autorizadas no Legislativo por maioria absoluta (257 deputados e 41 senadores).

Quem acompanha o Orçamento da União e a situação econômica sabe desde 2017 que faltaria dinheiro para pagar as despesas correntes deste ano. Estamos, portanto, diante de uma dessas situações excepcionais em que o Congresso precisa autorizar o governo a emprestar.


O conflito entre Executivo e Legislativo torna a situação atual ainda mais excepcional. Tão excepcional que, dependendo do Congresso, o Executivo estará diante de um dilema cujo resultado poderia ser, no limite, um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, encaminhou em março um projeto de lei pedindo autorização do Congresso para contrair R$ 248,9 bilhões em empréstimos conhecidos como “créditos suplementares”, destinados a pagar as despesas correntes descritas na tabela abaixo:

Da última vez que esteve no Congresso, Guedes suplicou aos parlamentares que aprovassem o projeto, do contrário o governo seria forçado a interromper o pagamento de aposentadorias e pensões, do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), o benefício assistencial destinado a deficientes ou idosos que não têm como comprovar tempo de contribuição.

Todos são despesas obrigatórias garantidas pela Constituição. Guedes repetiu um conceito a que os leitores deste blog já se acostumaram. Disse que o Brasil está prestes a cair no "abismo fiscal". O governo também deveria estar preocupado com um abismo de outra natureza.

O projeto dos créditos suplementares ainda aguarda o parecer do relator, deputado Hildo Rocha (MDB-MA), na Comissão Mista de Orçamento (CMO), para depois ir a plenário. Em audiência prevista para hoje, ministros e especialistas foram convidados a expor se não há outras fontes de onde seria possível remanejar recursos.


Num cenário de conflito aberto entre Executivo e Legislativo, a regra de ouro fornece o pretexto ideal para parlamentares rebelados pedirem o impeachment de Bolsonaro. Não é difícil entender por quê.

Se o Congresso rejeitar os créditos suplementares pedidos por Guedes – para isso, basta não haver 257 deputados ou 41 senadores dispostos a apoiá-los –, deixará Bolsonaro diante de um dilema não trivial: ou bem corta o pagamento de aposentadorias e benefícios, ou então, à revelia do Congresso, toma dinheiro emprestado para pagá-los. Que faria o presidente em tal situação?

Para o Bolsa Família, os recursos durariam até setembro. Para os benefícios do INSS, até agosto. Para o BPC, até julho. Dentro de pouco mais de um mês, portanto, Bolsonaro teria de decidir o que fazer. Se obrigado a tomar o dinheiro emprestado sem autorização, violaria a regra de ouro e incorreria em crime de responsabilidade, previsto no inciso VI do artigo 85 da Constituição.

Ele poderia tentar remanejar recursos de outras áreas para manter os pagamentos, mas seria inviável encontrar cortes num valor que corresponde a quase 17% do Orçamento. Qualquer que fosse a decisão sobre onde cortar, haveria protestos e, provavelmente, outros crimes de responsabilidade, com base noutras leis.

Não custa lembrar: foram três decretos de crédito suplementar emitidos por Dilma Rousseff, somando pouco mais de R$ 2,3 bilhões, que levaram à sua queda. Caso haja uma maioria no Congresso disposta a emparedar Bolsonaro, bastará rejeitar o pedido que tramita na CMO, cujo valor ultrapassa cem vezes o que derrubou Dilma.

A Câmara pode até dar sinais de benevolência ao aprovar a reforma ministerial sem recriar pastas ou ao destravar a pauta de medidas provisórias. Mas ninguém deve se enganar: o principal trunfo do Legislativo é outro. Basta rejeitar os créditos suplementares para empurrar o governo para o abismo. Não apenas fiscal, mas político.

https://g1.globo.com/mundo/blog/helio-g ... esso.ghtml

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Mai 22, 2019 11:29 am
por Bourne
Isso é terrorismo do Paulo Guedes. Os velhinhos não ficam sem aposentadoria porque acabou o dinheiro. Primeiro, tem muita coisa de gastos obrigatórios para cortar e parcelar salários de funcionalismo. Segundo, algum crédito suplementar o congresso vai acabar aprovando, mas possivelmente bem menor do que esses R$ 250 bi. Por isso, o governo anda desesperado recobrando créditos do BNDES, BB e caixa, concedendo e privatizando os processos que foram deixados prontos pelo Temer.

Fica ruim é para o governo que está na fria de qualquer jeito. Se consegue o dinheiro indica que o país quebrou, não cumpre meta fiscal e só se financia se o BC comprar os títulos públicos. Assim acelera a expectativa de inflação e outras instabilidades decorrentes. É chamar o general inflação. Se não consegue começa a cometer vários crimes que podem ser usados contra ele. Nos dois casos consolida a visão crescente no mercado de que o governo está perdido e mais atrapalha do que ajuda. Já que de um lado não tem proposta de reformas e soluções consistentes, de outro, se preocupa com picuinhas ideológicas e guerra cultural. O próprio mercado coloca na conta do governo recessão/depressão e aceleração inflacionária.

Existe outro ponto que parece que foi esquecido. Boa partes dos estados estão quebrados e o dinheiro começa acabar no começo do segundo semestre. Os primeiros são Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em seguida desmoronam os estados do norte, nordeste, centro-oeste e Rio Grande do Sul. Os que estão menos ruins são São Paulo, Paraná, Santa Cataria, Espirito Santo e Ceará. A implicação é que vão pedir socorro para o governo federal e junto com plano de reestruturação como foi feito na década de 1990. O problema é que o governo federal não tem como ajudar e também está quebrado.

A solução é CRESCER E AUMENTAR ARRECADAÇÃO. Nem que seja expectativa que dá espaço para negociar como era a esperança do Guedes. A alternativa é gerar inflação para ajustar o custo da dívida. No momento, me parece que o general inflação ganha, independente que esse governo fique ou não.

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Governo federal vai continuar cortando despesas não obrigatórias. Por exemplo, os conhecidos me contaram que as universidades federais não abrem para segundo semestre por falta de dinheiro. Vão economizar tudo para manter segurança de equipamento, resultado de pesquisas e esperar tempos melhores. Não é terrorismo, mas o plano de emergência e tem o planejamento para ser executado. Algo similar anda acontecendo em outras estruturas como forças armadas. Pior que não tem perspectiva de mudar a situação.