#7748
Mensagem
por FCarvalho » Sáb Dez 07, 2024 2:35 pm
A Polônia finalmente demonstrou interesse oficial no KC-390, e estaria em diálogo direto com a Embraer Defesa a fim de mitigar informações sobre o avião brasileiro, como dados técnicos, desempenho, custos, avalições de voo in loco, etc.
Com o contrato com a Suécia muito provavelmente sendo assinado já em 2025, ou mais tardar em 2026, os poloneses tendem dispor-se a ver com mais celeridade esta compra no seu catálogo de aquisições. E recursos não serão um impeditivo para o mesmo. É o caso de definir qual o tamanho do negócio.
O país opera cerca de 3 a 5 C-130B\E Hércules antigos doados pelos norte americanos. Recentemente teriam recebidos modelos C-130H dos estoques norte americanos para substituir\complementar a frota existente, já depauperada por si pelo muito tempo de uso das células, desde que chegaram à Polônia, visto se tratar de uma "doação de emergência".
A possível venda para a Eslováquia, também deve chamar a atenção para novos negócios no leste europeu, tendo em vista as necessidades de curto prazo daquela região. Em todo caso, temos Polônia, Eslováquia, Grécia, Croácia, Romênia, Bulgária e, talvez, Finlândia, que ainda não tem um programa oficial de aquisição de cargos militares médios, operando apenas C-295M, mas que já demonstrou-se claramente interessada no avião da Embraer.
No papel, temos uma demanda sugerida para o mercado do leste europeu*:
Polônia - 4 a 5 C-130B\E\H
Finlândia - 0
Eslováquia - 0
Croácia - 0
Grécia - 9 C-130B\E
Romênia - 4 \ 2 \ 2 C-130B\H\H2
Bulgária - 0
Sérvia - 0
*usuários de C-130 Hércules e\ou aeronaves militares soviéticas.
Em que pese as condições, interesses, necessidades e possibilidades de cada força aérea no leste europeu, no que diz respeito ao curto prazo, ou até 2030, apenas Finlândia, Eslováquia, Polônia e Grécia esboçaram concretamente interesse na aquisição do KC-390 teriam planos concretos de uma possível futura aquisição.
No caso da Croácia, mesmo o avião brasileiro tendo visitado o país, havendo discussões entre as partes, mesmo não oficiais, é muito difícil que vejamos algum negócio concreto, haja a recente aquisição de Rafale para a força aérea do país, e os consequentes encargos financeiros advindos. Neste mesmo caminho, a Sérvia também está em busca de um novo caça, e teria interesse em um novo cargo militar médio, mas, prioriza por agora a substituição dos seus vetustos Mig-29 soviéticos.
Me parece que à exceção de poloneses e finlandeses, que são donos do próprio nariz em termos financeiros, o restante dos países listados de alguma forma terá de encontrar apoio externo a fim de lograr condições de operar o KC-390.
Uma das alternativas a esta questão é seguir o exemplo austro-holandês, o que permitia maior flexibilidade de negociação. Os fundos de defesa, desenvolvimento e tecnologia geridos pela UE, os fundos coletivos gestados pela OTAN, com fins de ajudar os países menos abastados a financiar sua defesa também pode ser uma outra linha de ação, embora até o momento eu não tenha conhecimento do uso destes recursos para ajudar a financiar uma empresa\fornecedores não europeia. Posso estar enganado, mas não deixa de ser algo a considerar.
A guerra na Ucrânia, e a crescente crise entre OTAN e Kremlin, alimentada por seus respectivos articulistas, e o quase certo afastamento do USA do mundo exterior, e da OTAN, deve trazer consequência imediatas ao velho continente, principalmente ao leste europeu, que tem\precisa uma visão de defesa muito mais assertiva do que seus pares ocidentais. Isto deve se traduzir até o fim desta década em mais contratos para o KC-390.
E lidar com transparência e qualidade com tantas diferenças e necessidades ao mesmo tempo, com clientela tão vasta e diversa quanto, é um prato cheio para o avião da Embraer, e para a própria empresa, demonstrarem, mais uma vez, que estão mais que à altura do desafio de vender um produto extra-OTAN para seus membros. E ainda deixar todos satisfeitos, e com um leve gostinho de quero mais.
Carpe Diem