Os altos voos nos helicópteros
O EH-101 teve por detrás o primeiro negócio de leasing em Portugal em armamento
O fornecimento de doze helicópteros EH-101 para a Força Aérea foi o primeiro negócio de leasing de armamento em que Portugal entrou. O financiamento veio do BES e a negociação das contrapartidas foi feita pela Escom. O valor total foi de 446 milhões de euros, já acrescido com os nove por cento de juros correspondentes ao leasing.
Logo então levantou polémica, até pela opção financeira. Os acordos gerais foram estabelecidos ainda durante o último governo do Partido Socialista, sob dois ministros, Castro Caldas e Rui Pena. O primeiro EH-101 chegou há dois meses a Portugal, iniciando um processo de substituição dos Puma.
Para trás ficou a opção de helicópteros ligeiros para o Exército. Foi Paulo Portas quem decidiu a suspensão do concurso, lavando a um conflito com os franceses e alemães da Eurocopter, judicialmente representados pelo advogado e então bastonário da respectiva Ordem, José Miguel Júdice. O tribunal acabou por dar razão ao Estado contra a Eurocopter, mas, pela primeira vez, foi tornada pública a importância dos grandes escritórios de advogados nos negócios de armamento, algo que, no entanto, não tem merecido uma especial atenção.
Em geral, e quando se trata da questão das armas, os escritórios de advogados preferem ficar incógnitos, até pelas ligações politico-partidárias, que possam acabar por transparecer.
Mas a questão dos helicópteros está longe de estar concluída, até porque o Exército continua sem as prometidas aeronaves. Na calha está a opção pelo NH-90, um programa europeu no valor de 338 milhões de euros, mas que tem seguido um rumo incerto, uma vez que se trata de um programa multilateral europeu.
Em causa surgem as contribuições nacionais para o programa. Daí que seja vista com expectativa a chegada à Empordef de José Mourato como presidente, uma vez que foi dos homens que mais se bateu pelos NH-90.
in Jornal de Notícias de 13/Maio/2005