O problema é que nos últimos anos surgiram concorrentes ao redor do mundo. E que podem aproveitar a crise na aviação e nas gigantes para se inserir no mercado. Seja por terem produtos mais interessantes em termos de preço ou técnicos ou por lobby e protecionismo. Entre possíveis concorrentes estão Embraer entre outros que podem aproveitar a janela de oportunidade.
Ou seja, a justificativa para fusão entre Embraer e Boeing de que era necessária para sobrevivência da empresa considerava furada na época. Agora a motivação do negócio perdeu o sentido. O mercado dava indicações que estava mudando rapidamente. Agora deu cambalhotas e a gente não sabe para onde vai.
Tomando como base o que aconteceu com a GM as condições para Boeing receber o suporte do governo e apoiado pelo Congresso.
Separar as empresas de aviação civil e de defesa
Enxugar a estrutura, vender subsidiárias e reestruturar o foco de atuação
Desenvolver novos projetos em solo norte-americano, que criem empregos para norte-americanos
A Boeing deixar aviação civil não é esquisito. A lockheed Martin viu que não tinha como competir e passou a focar na área de defesa. E a McDonnell Douglas errou tanto na aviação civil que acabou sendo comida pela Boeing. O problema é que nos EUA não tem ninguém que possa comer a Boeing. Ao mesmo tempo, para o estado norte-americano não é aceitável perder a industria de aviação civil.
Aconteceu com a General Motors. A GM antes da crise de 2008 era gigantes, atuação global em mercados, fábricas e desenvolvimento de produtos, comprava toda marca que achasse interessante. Na época tinha matérias que a GM colocaria US$ 2 bi no projeto da F1 e tratado como troco.
Depois da crise de 2008 virou uma montadora de pick-ups e SUV com foco nos EUA. Para isso, se desfez de marcas norte-americanas e estrangeiras (Opel, por exemplo), saiu da maioria dos mercados estrangeiros (coreia, Europa, Austrália, boa parte da América Latina) e enxugou a gama de modelos produzidos. Hoje o desenvolvimento e produção de carros ficou para os sócios chineses e ainda atua no Brasil com gama de produtos de origem chinesa. E com o advento da crise é bem possível que venda a operação de carros para os chineses e fique apenas nos EUA.
O mundo deu tantas cambalhotas nessa década que no último ano a PSA (os franceses da Citroen e Peugeot com dinheiro do governo francês e sócio chinês) estava interessada em comprar a General Motors para entrar no mercado norte-americano.