Salve, Odir.
lobo_guara escreveu:Vamos ver se consigo responder Vinícius,
Bem primeiro sobre os recursos, claro que concordo quando te referes a garantia de um fluxo contínuo de recursos para essa ou aquela força independente de questionar atribuições. Ok, contudo devemos pensar em forma de otimizar esses recursos já que os mesmos são escassos (e isso não é privilégio do Brasil, pois até mesmo em países da OTAN existe contigenciamento de verbas). Nesse caso coloco a questão da experiência do Air Mobility Command, não no sentido de alterar atribuição ou transferir a aviação de transporte para o EB, mas sim de otimizar os recursos, no nosso caso poderia ser um comando integrado em caráter permanente como já acontece na defesa aérea, dessa forma evitaria-se por exemplo a necessidade de co-existência de esquadrões de helicopteros do EB e da FAB na mesma base como acontece em Manaus, ou mesmo evitar casos como o do comandante do EB que ficou exposto a overbooking em São Paulo (será que a FAB não tinha nem um bandeirantizinho para levar o coitado de volta para Brasília???).
O que eu questiono é se, ao criarmos mais um comando, mais uma estrutura hierárquica, mais uma estrutura de servidores, mais isso e aquilo, não é exatamente o contrário de otimizar os recursos escassos. Se você, por exemplo, supõe que, digamos, X milhões por ano sejam suficientes para fazer funcionar um AMC, porque não dar os mesmos X milhões à FAB que já tem tudo pronto e fiscalizar o cumprimento das metas? O AMC vai ocupar que bases, que instalações, qual o pessoal que vai fazer parte dele? Etc, etc, etc...
Quanto a criação de uma Guarda Costeira, sim concordo que se for para termos mais um problema em termos orçamentários melhor deixar como esta, mas como trata-se apenas de um exercício de reflexão, imagino que numa situação normal, talvez fosse mais apropriado, em função de permitir termos uma strutura única dedicada para essa função, dando mais folga para a Marinha tanto no aspecto orçamentário em função da redução do seu efetivo (pois repassaria toda a area de patrulha, salvamar, cartografia e sinalização para essa nova estrutura) e do número de bases (bases distritais) assim como em relação as tarefas de fiscalização e outras relacionadas as áreas cívis e burocráticas que hoje são realizadas pela MB, permitindo uma maior dedicação e especialização as tarefas a fins relativas a esquadra, força de submarinos, fuzileiros, força aeronaval, etc...
A nossa Guarda Costeira é representada pelos Meios Distritais. Há 9 Distritos Navais no país, responsáveis tanto pelo mar territorial quanto pelas águas interiores. Cada DN tem sua área de atuação, seus meios específicos entre navios, esquadrões de helicópteros e grupamentos operativos de Fuzileiros Navais.
Essa estrutura demanda um custo de X por ano para funcionar. Em teoria, se a MB receber esse X anual, a estrutura funcionará a contento. Ao se criar uma Guarda Costeira, em primeiro lugar, seriam criadas novas estruturas? Ou as intalações físicas seriam repartidas com a Marinha? E os servidores, deixariam de ser militares? Qual o impacto na MB dessa transferência de pessoal? Como fazer com os Grupamentos Operativos de FN? E os esquadrões de helicópteros?
Gostaria de deixar mais uma vez claro para vocês. Não se iludam. A redução de efetivos NÃO vai significar aumento dos recursos. Se a MB deixar de ter as atribuições de Guarda Costeira, vai simplesmente deixar de receber esse X anual que eu disse acima, que será repassado para a nova estrutura federal. Não haverá folga nenhuma orçamentária para a Marinha na medida que o X gasto com os DNs vai somente mudar de pasta. A situação da Esquadra não vai mudar em nada.
Por isso que eu insisto que, antes de pensarmos em mudanças de estrutura, melhor garantirmos um fluxo de recursos constante.
Quanto a transferência da aviação cívil para o transportes acho que isso será feito mais cedo ou mais tarde, claro que não vai ser da noite para o dia, tem que haver planejamento, mas isso deve partir da própria FAB até para que seja feito da forma correta, tem que haver a criação de centros de formação cívis junto as universidades, tem que haver a separação das infraestruturas de controle da defesa e do trafego aéreo, mas tem que ser feito, caso o contrário a FAB acabará sendo levada a reboque dos acontecimentos, os quais poderão ser devastadores para a instituição.
Também acho que será feito. Acho que deve ser feito, mas me preocupa como vai ficar a questão da integração entre Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo. Me parecerá um tremendo erro a separação desse sistema de muito sucesso, que poupa recursos e otimiza procedimentos.
Quanto ao engajemento das FFAA em atividades auxiliares ao governo, na defesa cívil, etc. parece que concordamos plenamente. Aliás ao compararmos os resultados das forças da OTAN no Afeganistão, dos EUA no Iraque proporcionalmente a atuação Brasileira no Haiti parece que essa experiência foi o grande diferencial a nosso favor. Lembro perfeitamente o Gen. Heleno se referindo antes mesmo de desembarcarmos no Haiti da necessidade de conquistar corações e mentes para o sucesso da missão de paz. Parece que o objetivo foi alcançado.
Perfeitamente! É exatamente isso.
A propósito, só para esclarecer, considero o Brasil um país rico (PIB, recursos naturais, povo, cultura, etc.) mas pobre de espiríto (desilguladades sociais, corrupção, violência, atraso, etc.)!
Concordo plenamente.