Piadas a parte, fiz essa pergunta porque já cansei de ver ofertas às centenas de aeronaves semi-novas, em geral com 6 a 8 anos, de uso sendo oferecidas no mercado internacional e disponíveis para negociação por preços em relação ao seu leasing, o que me fez pensar seriamente se a viabilidade jurídica de se lançar mão do mesmo expediente para os KC que a FAB tanto precisa poderia se sim uma saída mais econômica e palatável para o pessoal da contabilidade estatal, permitindo assim que soluções de continuidade sejam dispensadas.
O que não falta no mercado são 767 e A330 civis disponíveis para negócios e empresas com expertise em transformar tais aeronaves em cargo. Daí para um Revo é um pulo. Um contrato bem planejado poderia ser implementado no curto/médio prazo e dispor à FAB das aeronaves que ela precisa sem as despesas de sua operação quanto a manutenção e operacionalidade, que seria feita via CLS.
Talvez fosse mesmo possível conseguir um número de aeronaves expressivo e bem maior - e mais adequado às reais necessidades da FAB - do que apenas 2/3 aeronaves pleiteadas em um primeiro momento.
Certa vez, lendo uma matéria relacionada à questão, fiz uma contas de padaria e cheguei a conclusão que, tendo em vistas as missões que são destinadas ao 2o/2o GT, o esquadrão deveria possuir em torno de 19 aeronaves do tipo KC para poder cumpri-las na íntegra, sem meios termos.
Em um primeiro momento pode parecer algo absurdo ou mesmo descabido para uma força aérea como a FAB, mas analisando friamente a questão, dadas as responsabilidades que aquele esquadrão possui, e suas missões, podemos ver que não se trata de um número super inflado, pelo contrário, é bastante realista e, sem qualquer falsa modéstia, um numero parital com outros países do mesmo naipe econômico e político do Brasil mundo afora.
Mas como desde sempre a realidade do planejamento orçamentário das ffaa's brasileiras sempre esteve muito aquém da realidade política e institucional do país (dinheiro nunca foi de fato um problema) fica realmente muito difícil de se acreditar que possamos algum dia dispor de tais quantidades.
Entretanto, se comprar e manter por conta própria sai muito caro e via de regra não temos verba para seguir operando adequadamente, então porque não apenas alugamos e usamos enquanto interessar da mesma forma que qualquer companhia aérea faz com seus aviões?
A FAB hoje em seu planejamento de longo prazo está focando cada vez mais em sua atividade primária que é voar. O fazer voar está sendo paulatinamente terceirizado e racionalizado na sua infraestrutura. Portanto, nada nos diz que não possamos, por exemplo, pegar os VC-1 e 2 vendê-los e com os recursos fazer um contrato de leasing mais longevo e barato para o erário público usando apenas duas aeronaves na função VVIP presidencial. Outro exemplo, ano passado, acho, li que a Emirates ou a Qatar Airways iria disponibilizar no mercado todos os seus A330-300 para trocá-los por novas aeronaves. Bem, ali com certeza tem aeronaves em leasing e outras são próprias. Estas empresas árabes não raro, também fazem leasing de suas aeronaves, o que não é nenhuma novidade no mercado civil de transporte aéreo comercial. O que nos impede de arrendar 3, 6, 9 ou 19 destes aviões? Legalmente nada. Se considerarmos que a FAB usará os aviões por muito mais tempo que qualquer companhia aérea, as condições do aluguel podem ser realmente muito atrativas para a instituição, e para o próprio governo, que no final das contas, teria que "gastar" menos dinheiro com estas do que simplesmente comprando-as e depois tendo que mantê-las na FAB. Aliás, o leasing não precisa ser necessariamente diretamente com a FAB. Pode-se contratar uma empresa nacional para fazer isso e esta responsabiliza-se por dispor horas de voo para a FAB, e todo o resto é com ela. Já se faz isso com treinamento de pilotos militares.
Então porque não?
abs.