Então tá, pessoal. Que a parte Aviação Civil da EMBRER seja - melhor dizendo,
tente ser - eternamente a cabeça do rato à cauda do leão do nosso Cel. Ozires. Tentemos prospectar seu futuro ali pela metade da próxima década:
O NICHO EM QUE ESTÁ - aeronaves executivas e regionais, estas acima de 35 pax e abaixo de 130 pax em duas famílias distintas. A concorrência é cada vez mais acirrada, o mercado cada vez mais disputado. Japoneses, Indianos, Russos, Chineses e, cedo ou tarde, ianques e Europeus entrando com tudo num mercado que será cada vez mais fatiado entre os concorrentes.
- O provável é que a EMBRAER comece redesenhando a família menor (135 a 145), baseada na fuselagem do Brasília. Como NÃO HÁ COMO alongar mais e é PROIBIDO alargar apenas um pouco, as opções:
NO NICHO EM QUE SE ENCONTRA - REGIONAIS JET
(Em fase de vasta saturação por concorrentes)
1) Simplesmente redesenhar a fuselagem/superfícies alares para ficarem mais eficientes, bonitas e leves e anunciar a nova família, ainda 2 x 1. Mesma quantidade de pax. Talvez turbinas agora nas asas (lembram do 145 que pousou meio "forte" e a parte traseira da fuselagem simplesmente se partiu?) para reduzir peso na popa.
2) Seguir apenas com remotorizações e pequenas modificações para melhorar o desempenho.
3) Como
avião mais largo é mais eficiente e leve, ir encurtando o 170 até ele chegar a apenas 37 pax (ERJ-135). Substitui-se duas famílias por uma só, de 37 (por quê não trinta logo?) a uns cento e vinte e poucos pax. Racionaliza-se custos para o produtor e os operadores, afinal, é a mesma aeronave, de uma ponta a outra da família. Mesma linha de montagem, mesmas peças e partes, melhor dos mundos.
NO NICHO EM QUE SE ENCONTRA - EXECUTIVOS
(Grande concorrência e sensibilidade a crises)
1) Opção 2 acima, além de usar as versões mais curtas e largas (item 3) para aumentar a eficiência e o conforto, além de reduzir custos. Talvez desenvolver mais um Phenom.
NO NICHO ABAIXO DO QUE SE ENCONTRA - TURBOPROPS
(saturadíssimo)
1) Deixar como está, ou seja, não fazer nada.
2) Recomeçar do zero, desde um novo Bandeco (por que não um Caravan brazuca?) até um novo Brasília. Talvez um turboprop um pouco maior também.
NO NICHO ACIMA DO QUE SE ENCONTRA - COMERCIAIS ATÉ 200 PAX
(Dois concorrentes dominam o mercado, nenhum outro - sério - à vista)
Não fazer nada. O mercado é dominado por dois gigantes tradicionalíssimos que fazem aeronaves 3 + 3. Entrar com um produto igual ou parecido é suicídio.
CONSEQUÊNCIAS
NO NICHO ABAIXO DO QUE SE ENCONTRA - TURBOPROPS - Saturadíssimo. Que inovação oferecer?
NO NICHO EM QUE SE ENCONTRA - REGIONAIS JET - Mercado em vias de se tornar bem saturado de modelos, igual ao acima citado, com o detalhe de Rússia, China e Japão já serem fortemente protecionistas; quem garante que EUA e Europa não se tornem também?
NO NICHO EM QUE SE ENCONTRA - EXECUTIVOS - Dificilmente haverão grandes modificações em concorrentes e modelos. Se a crise arrefecer, o mercado crescerá.
NO NICHO ACIMA DO QUE SE ENCONTRA - COMERCIAIS ATÉ 200 PAX - Forbidden! Só se Boeing e Airbus fecharem as portas ou a EMBRAER desenvolver - a custos estratosféricos - um 3 + 3 tão mais leve e econômico que compense amargar uns anos no vermelho.
CONCLUSÃO
Ali pela metade da próxima década ou pouco após a EMBRAER estará inteiramente nas mãos do GF, só ele poderá encomendar aeronaves militares suficientes - e garantir medidas protecionistas para as civis, em reciprocidade aos concorrentes - para manter a empresa de portas abertas. Alternativamente, poderá reestatizá-la (isso pode parecer tolice hoje mas, a seguir a crise e seus efeitos na indústria aeronáutica, fica mais possível).
Assim, ou se entra no nicho com menos competidores (Boeing/Airbus) com um produto muito melhor ou, no vermelho, os acionistas começarão a vender seus interesses, com a subsequente queda vertiginosa do valor de face das ações, que poderão perfeitamente ser
REcompradas pelo GF a baixo custo. Então, ali por 2025 ou pouco mais/menos, estaremos finalmente de volta aos anos 70/80 (claro, sempre haverá a possibilidade de absorção disfarçada de sociedade por uma das duas grandes) de uma EMBRAER estatal...
E tudo isso porque não nasceu entre nós um gênio capaz de fazer um confortável e econômico 2 + 2 capaz de transportar quase 200 pax sem pesar o mesmo que um 747 nem bater a bunda no chão ao decolar/pousar. Talvez eu devesse aproveitar minha recente aposentadoria, tomar umas aulas de física e matemática e cursar Ciências Aeronáuticas na PUCRS só para entender a razão dessa impossibilidade...