GEOPOLÍTICA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Grep
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Re: GEOPOLÍTICA

#5821 Mensagem por Grep » Seg Jun 29, 2015 8:15 pm

Matheus escreveu:
Grep escreveu: Essa casta tem relações carnais com Eua e UE, muitos com dupla cidadania, casas no exterior, dinheiro no exterior, rabo preso com o exterior etc etc...

Não nos livraremos disso nunca...o dogma da selic pra combater inflação ainda reina.


Ainda por cima esse assunto é tabu, falar nisso é coisa de "maluquinho" de esquerda.
diga qual é o método de combater a inflação? conter artificialmente preços públicos, fornecer crédito a rodo, diga nos qual?

Não, continue com seus dogmas.




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LeandroGCard
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Re: GEOPOLÍTICA

#5822 Mensagem por LeandroGCard » Seg Jun 29, 2015 8:53 pm

Matheus escreveu:diga qual é o método de combater a inflação? conter artificialmente preços públicos, fornecer crédito a rodo, diga nos qual?
Na verdade existem diversos mecanismos que poderiam ser usados para o combate à inflação, que vão do limite aos prazos de financiamento à redução dos gastos públicos, passando pela desindexação e a abertura setorial da economia, além de muitos outros.

Mas o uso destas ferramentas exige conhecimento, competência e muito trabalho duro de planejamento e monitoramento, além do que reduzir os juros básicos contraria muitos interesses poderosos. Por isso a Selic fica como ferramenta única, o que é extremamente ineficiente. Ela sempre esteve muito acima do normal em outros países desde o plano início do Plano Real, e ainda assim a disparada da inflação sempre rondou e ainda ronda nossa economia, ainda que o crescimento médio do período tenha sido pífio.

É uma receita que já mostrou que não funciona. Mas com a estrutura político/econômica atual não há como implementar outra.


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Lirolfuti
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Re: GEOPOLÍTICA

#5823 Mensagem por Lirolfuti » Sex Ago 07, 2015 10:09 am

Estamos vendo o início de uma nova corrida armamentista, afirma Gorbatchov

Em uma entrevista para a "Spiegel", o ex-líder soviético Mikhail Gorbatchov discute a moral e política em uma era nuclear, a crise nas relações entre a Rússia e os EUA e seu temor de que uma arma atômica algum dia seja usada.

Spiegel: Mikhail Sergeyevich, durante seu discurso de posse como secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, em março de 1985, disse o senhor alertou sobre uma guerra nuclear e pediu pela "destruição completa das armas nucleares e uma proibição permanente delas". O senhor falava sério?
Gorbatchov: A discussão sobre desarmamento já estava em andamento há muito tempo –tempo demais. Eu queria finalmente ver as palavras serem seguidas por ação, porque a corrida armamentista não apenas continuava, como estava se tornando mais perigosa em termos de número de armas e sua capacidade destrutiva. Havia dezenas de milhares de ogivas nucleares em diferentes sistemas de entrega, como aeronaves, mísseis e submarinos.

Spiegel: O senhor sentia que a União Soviética estava sob ameaça durante os anos 80 pelas armas nucleares dos países membros da OTAN?
Gorbatchov: A situação era de mísseis nucleares sendo posicionados cada vez mais próximos de nossas fronteiras. Eles estavam se tornando cada vez mais precisos e também estavam sendo apontados para os centros de tomada de decisões. Havia planos muito concretos para uso dessas armas. Uma guerra nuclear tinha se tornado concebível. E mesmo um erro técnico poderia causá-la. Ao mesmo tempo, as negociações para desarmamento não estavam chegando a lugar nenhum. Em Genebra, os diplomatas se debruçavam sobre montanhas de papel, bebiam vinho, e coisas ainda mais fortes, aos litros. E tudo por nada.

Spiegel: Em uma reunião dos países do Pacto de Varsóvia em 1986, o senhor declarou que a doutrina militar da União Soviética não mais previa o planejamento para uma guerra que se aproximava, mas sim buscar prevenir um confronto militar com o Ocidente. Esse foi o motivo por trás da mudança de estratégia?
Gorbatchov: Estava claro para mim que as relações com a América e o Ocidente seriam um beco sem saída duradouro sem um desarmamento nuclear, com desconfiança mútua e crescente hostilidade. Esse foi o motivo para o desarmamento nuclear ter sido a mais alta prioridade da política externa soviética.

Spiegel: O senhor também não pressionou pelo desarmamento por causa dos problemas econômicos e financeiros enfrentados pela União Soviética nos anos 80?
Gorbatchov: É claro que percebemos o enorme fardo que a corrida armamentista representava para nossa economia. Isso de fato exerceu um papel. Mas estava claro para nós que um confronto nuclear ameaçava não apenas nosso povo, mas também toda a humanidade. Nós conhecíamos muito bem as armas que estavam sendo discutidas, seu poder destrutivo e as consequências. A catástrofe nuclear de Chernobyl nos forneceu uma ideia precisa das consequências de uma guerra nuclear. Portanto, considerações políticas e éticas foram decisivas para nós, não as econômicas.

Spiegel: Qual foi a sua experiência com o presidente americano Ronald Reagan, que muitos viam como uma força motriz na Guerra Fria?
Gorbatchov: Reagan agiu seguindo uma convicção honesta e rejeitava genuinamente as armas nucleares. Já durante meu primeiro encontro com ele, em novembro de 1985, nós conseguimos chegar à determinação mais importante: "Uma guerra nuclear não pode ser vencida e, portanto, nunca deve ser travada". Essa sentença combina moral e política –duas coisas que muitos consideram inconciliáveis. Infelizmente, de lá para cá os Estados Unidos esqueceram o segundo ponto importante de nossa declaração conjunta –segundo a qual nem a América e nem nós buscaremos obter superioridade militar.

Spiegel: O senhor está decepcionado com os americanos?
Gorbatchov: Muitas décadas se passaram, mas infelizmente algumas coisas não mudam. Já nos anos 50, o presidente Dwight D. Eisenhower declarou o problema nominalmente. O poder do complexo militar-industrial continuava sendo enorme sob Reagan e seu sucessor, George Bush. O ex-secretário de Estado americano, George Shultz, me disse poucos anos atrás que apenas um presidente conservador como Reagan poderia estar em posição de fazer o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário passar pelo Senado. Não vamos esquecer que a "Opção Zero" proposta pelo próprio Reagan (nota do editor: a proposta de remover todos os mísseis soviéticos e americanos de alcance intermediário da Europa) contava com muitos oponentes no Ocidente. Eles a consideravam uma jogada de propaganda e queriam frustrar as políticas de Reagan. Após a cúpula de Reykjavík em 1986 (nota do editor: o assunto do encontro entre Reagan e Gorbatchov era o desarmamento nuclear), Margaret Thatcher declarou: Não seremos capazes de lidar com um segundo Reykjavík.

Spiegel: O senhor realmente acreditava na época que conseguiria um mundo livre de armas nucleares?
Gorbatchov: Não apenas proclamamos um mundo livre de armas nucleares como uma grande meta –nós também estabelecemos metas interinas concretas. Além disso, nós aspirávamos a destruição das armas químicas e agora estamos próximos de atingir essa meta. A limitação das armas convencionais também estava em nossa agenda. Isso estava ligado inseparavelmente à normalização de nossas relações. Nós queríamos passar do confronto para a cooperação. Nós conseguimos muito, o que mostra que minha abordagem era bem realista.

Spiegel: Muitos acusaram o senhor de usar sua meta como uma tática para apresentar a União Soviética com um país amante da paz.
Gorbatchov: Não, não havia propaganda em jogo e não era algo tático. Era importante escapar do abismo nuclear para o qual nossos países estavam marchando quando posicionaram centenas de mísseis nucleares de alcance intermediário na Europa.

Spiegel: Por que as negociações em torno dos mísseis balísticos intercontinentais foi muito mais dura do que a dos mísseis de alcance intermediário?
Gorbatchov: Em Reykjavík, Islândia, em outubro de 1986, Reagan e eu não apenas estabelecemos a estrutura para a eliminação dos mísseis de alcance intermediário, mas também pela redução pela metade dos mísseis intercontinentais. Mas Reagan enfrentava uma forte resistência dos falcões no governo americano. Isso continuou sob Bush, de modo que, no final, só assinamos finalmente o tratado em meados de 1991. Com as armas estratégicas de longo alcance também havia questões técnicas. E também tínhamos o problema com a defesa antimísseis.

Spiegel: O senhor não conseguiu convencer Reagan a abandonar o projeto de defesa antimísseis, que visava criar um escudo defensivo contra mísseis balísticos intercontinentais. Isso o incomodou?
Gorbatchov: Reagan o queria de qualquer forma. Esse foi o motivo para não termos conseguido transformar, em Reykjavík, nossos acordos a respeito de mísseis intercontinentais e mísseis de alcance intermediário em tratados. Para quebrar o impasse, nós oferecemos concessões aos americanos e desacoplamos o pacote de negociação. Nós concordamos em um tratado separado para os mísseis de alcance intermediário. Reagan e eu o assinamos em Washington, em dezembro de 1987.

Spiegel: O posicionamento de mísseis americanos de alcance intermediário provocou manifestações em massa pelo movimento pela paz na Alemanha...
Gorbatchov: ...e Helmut Kohl teve um papel muito positivo no estabelecimento do tratado com a eliminação dos mísseis Pershing 1A.

Spiegel: A ogiva nuclear pertencia aos americanos, mas os mísseis eram alemães. Kohl declarou que os mísseis poderiam ser destruídos caso Estados Unidos e Rússia chegassem a um acordo a respeito da destruição dos mísseis de alcance intermediário.
Gorbatchov: Se Kohl não os tivesse dispensado, nós não teríamos assinado.

Spiegel: Houve resistências às suas políticas de desarmamento dentro da elite do governo soviético?
Gorbatchov: Todos os membros da liderança na época entendiam a importância do desarmamento. Todos os principais políticos tinham experiência e uma visão sóbria das coisas. Pense no ministro das Relações Exteriores, Andrei Gromyko...

Spiegel: ...cujo apelido era "sr. Nyet" no Ocidente, por causa de suas táticas duras de negociação...
Gorbatchov: ...mas que como todos os outros, entendia quão perigosa era a corrida armamentista. No topo, todos estávamos unidos na época em colocar um fim nela.

Spiegel: Como os tratados de desarmamento se materializaram sob sua liderança?
Gorbatchov: A União Soviética tinha um sistema rígido e claro para a preparação das decisões do Politburo (Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética). Elas aconteciam por meio dos chamados Cinco, um comitê composto por representantes das agências e especialistas relevantes. Nós levávamos em consideração as posições de nossos parceiros de negociação sem ameaçar a segurança de Estado da União Soviética. O Politburo pesava as propostas e então emitia diretrizes às nossas delegações de negociação e também para mim, o secretário-geral e posteriormente presidente, para as reuniões de cúpula. Isso aconteceu antes de Reykjavík em 1986, de Washington em 1987 e outras reuniões. O Politburo, por sua vez, se apoiava nas propostas de especialistas, que então revisava e discutia.

Spiegel: A meta de um mundo livre de armas nucleares ainda pode ser atingida hoje?
Gorbatchov: É a meta correta, de qualquer modo. Armas nucleares são inaceitáveis. O fato de poderem eliminar toda a civilização as torna particularmente inumanas. Armas como essas nunca existiram antes na história e não pode ser permitido que existam. Se não nos livrarmos delas, cedo ou tarde serão usadas.

Spiegel: Nos últimos anos, surgiram várias novas potências nucleares.
Gorbatchov: Esse é o motivo para não esquecermos que a eliminação das armas nucleares é a obrigação de todo país que assinou o Tratado de Não Proliferação. Apesar de a América e a Rússia terem, de longe, os maiores arsenais à disposição.

Spiegel: O que o senhor acha da teoria citada com frequência de que a destruição mútua assegurada impede as guerras nucleares?
Gorbatchov: Há uma lógica perigosa nisso. Aqui está outra questão: se cinco ou 10 países forem autorizados a ter armas nucleares, então por que não 20 ou 30? Hoje, poucas dezenas de países contam com os pré-requisitos técnicos para fabricação de armas nucleares. A alternativa é clara: ou passamos para um mundo livre de armas nucleares ou teremos que aceitar que as armas nucleares continuarão proliferando, passo a passo, pelo globo. E realmente podemos imaginar um mundo sem armas nucleares se um único país possuir tantas armas convencionais a ponto de seu orçamento militar superar o de todos os outros países somados? Esse país desfrutaria da supremacia militar total caso as armas nucleares fossem abolidas.

Spiegel: O senhor está falando dos Estados Unidos?
Gorbatchov: Você disse. É um obstáculo intransponível na estrada para um mundo livre de armas nucleares. Esse é o motivo para termos que colocar a desmilitarização de volta na agenda da política internacional. Isso inclui uma redução dos orçamentos militares, uma moratória no desenvolvimento de novos tipos de armas e uma proibição da militarização do espaço. Caso contrário, as negociações para um mundo livre de armas nucleares serão pouco mais que palavras vazias. O mundo então se tornaria menos seguro, mais instável e imprevisível. Todos perderão, inclusive aqueles que agora buscam dominar o mundo.

Spiegel: Há um risco de guerra entre a Rússia e o Ocidente devido à crise na Ucrânia?
Gorbatchov: Nós chegamos a uma encruzilhada nas relações entre a América e a Rússia. Muitos já falam sobre uma nova Guerra Fria. As negociações entre ambas as potências em torno de problemas globais importantes praticamente foram colocadas no gelo. Isso inclui a questão do desarmamento nuclear. A confiança, o capital que trabalhamos tão arduamente para construir, foi destruída.

Spiegel: O senhor acredita que há risco de uma guerra nuclear?
Gorbatchov: Estou muito preocupado. O atual estado das coisas é assustador. As potências nucleares ainda possuem milhares de ogivas nucleares. Armas nucleares ainda estão posicionadas por toda a Europa. O ritmo da redução dos arsenais desacelerou consideravelmente. Estamos testemunhando o início de uma nova corrida armamentista. A militarização do espaço é um risco real. O risco de proliferação nuclear é maior do que antes. O Tratado Abrangente de Proibição de Testes Nucleares nunca entrou em vigor, principalmente porque os americanos não o ratificaram. Isso teria sido extremamente importante.

Spiegel: O senhor acha que a Rússia voltará a usar suas capacidades nucleares como moeda de barganha nas relações internacionais?
Gorbatchov: Nós temos que ver tudo em contexto. Infelizmente, formulações reapareceram nas doutrinas militares das potências nucleares que representam uma recaída à linguagem anterior à declaração soviética-americana de 1985. Nós precisamos de uma nova declaração, provavelmente por parte do Conselho de Segurança da ONU, que reafirme que a guerra nuclear é inadmissível –nela não há vencedores.

Spiegel: Um mundo sem armas nucleares não é apenas um sonho bonito?
Gorbatchov: Independente de quão difícil seja a situação, nós não devemos nos resignar ou entrar em pânico. Em meados dos anos 80, não havia falta de pessoas que achavam que era impossível deter o trem para o inferno atômico. Mas então conseguimos muito em um espaço de tempo muito curto. Milhares de ogivas nucleares foram destruídas e vários tipos de armas nucleares, como os mísseis de alcance intermediário, foram eliminadas. Nós podemos nos orgulhar disso. Nós realizamos tudo isso juntos. Deveria ser uma lição para os líderes atuais, para Obama, Putin e Merkel.

Mikhail Gorbatchov nasceu em 1931, na localidade rural de Privolnoye, no norte do Cáucaso. Ele se tornou membro do Partido Comunista soviético aos 21 anos e iniciou uma carreira como funcionário público. De 1985 a 1991, ele serviu como secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, o homem mais poderoso do país. Com suas políticas de "glasnost" (abertura) e "perestroika" (reestruturação), ele deu início ao fim da União Soviética e da Guerra Fria. Ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1990 por seu trabalho histórico.
http://noticias.uol.com.br/internaciona ... atchov.htm




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Re: GEOPOLÍTICA

#5824 Mensagem por FCarvalho » Sex Ago 07, 2015 11:13 am

Spiegel: A meta de um mundo livre de armas nucleares ainda pode ser atingida hoje?
Gorbatchov: É a meta correta, de qualquer modo. Armas nucleares são inaceitáveis. O fato de poderem eliminar toda a civilização as torna particularmente inumanas. Armas como essas nunca existiram antes na história e não pode ser permitido que existam.
Se não nos livrarmos delas, cedo ou tarde serão usadas.
A geração atual, assim como não dá a devida relevância para o que aconteceu a 70 anos atrás, também tende a ignorar, ou esquecer, o quão perto da auto-extinsão estivemos à pouco mais de 25 anos atrás.

Mesmo agora, as gerações que nos antecederam parecem divagar sobre suas responsabilidades anteriores no assunto, e esquecem as implicações do poder nuclear, nas mãos de quem quer que seja.

Em um mundo sem memória, e imediatista, onde tudo e todos se tornam consumíveis e medidos a partir de sua utilidade para o outro, é provável que quase ninguém dê ouvidos a este senhor. Ou no mínimo, ignorantemente, o tratem como se fosse um incômodo desnecessário e vulgar.

Europeus, americanos, russos, chineses... israelenses, iranianos, indianos, paquistaneses... e sabe-se lá mais quem, parecem dispostos repetir os mesmos erros de antes.

Como se houvesse perdedores e ganhadores. Em matéria nuclear, niguém ganha. Todos perdem.

Mas ainda há quem duvide disso. :|

abs.




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Re: GEOPOLÍTICA

#5825 Mensagem por Túlio » Sex Ago 07, 2015 12:24 pm

LeandroGCard escreveu:
Matheus escreveu:diga qual é o método de combater a inflação? conter artificialmente preços públicos, fornecer crédito a rodo, diga nos qual?
Na verdade existem diversos mecanismos que poderiam ser usados para o combate à inflação, que vão do limite aos prazos de financiamento à redução dos gastos públicos, passando pela desindexação e a abertura setorial da economia, além de muitos outros.

Mas o uso destas ferramentas exige conhecimento, competência e muito trabalho duro de planejamento e monitoramento, além do que reduzir os juros básicos contraria muitos interesses poderosos. Por isso a Selic fica como ferramenta única, o que é extremamente ineficiente. Ela sempre esteve muito acima do normal em outros países desde o plano início do Plano Real, e ainda assim a disparada da inflação sempre rondou e ainda ronda nossa economia, ainda que o crescimento médio do período tenha sido pífio.

É uma receita que já mostrou que não funciona. Mas com a estrutura político/econômica atual não há como implementar outra.


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Pois aí está: quem não tem mais nada a perder (como a Presidente) na verdade só tem então a ganhar, não? Pois se eu estivesse no lugar que ela ainda ocupa, mandava os juros lá pra baixo e que se danassem os caras que vivem de dívida pública. Isso só para começar... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Geopolítica

#5826 Mensagem por YOHAM » Qua Ago 12, 2015 6:50 pm

Achei mais um artigo interessante sobre geopolítica. Agora, do professor Emir Sader. Vale a pena a leitura e a reflexão dela;

Guerras e recessão: as promessas da pax norte-americana

Os países que resistem aos imperativos do capital é que estão no começo de um novo ciclo, de construção de um mundo baseado na solidariedade.

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O mundo sofreu sua virada mais radical em muito tempo com a passagem da bipolaridade à hegemonia unipolar norteamericana. Poucas décadas foram suficientes para que saibamos que o fim da “guerra fria” não foi o fim das guerras mas, ao contrário, sua multiplicação, sob vorazes ofensivas imperiais norte-americanas. Civilizações inteiras foram destruídas – como as do Iraque, do Afeganistão, da Síria -, enquanto os EUA se reivindicam a responsabilidade de ser a polícia do mundo e guerras sem fim, focos de conflitos, se multiplicam

Mas a hegemonia imperial norteamericana e o fim do mundo bipolar tampouco levaram a que a globalização do sistema capitalista conduzisse o mundo à estabilidade e à expansão econômica. Não bastasse o desempenho frágil da economia capitalista nas últimas décadas do século XX, desde 2008 o centro do sistema se encontra em profunda e prolongada crise recessiva, da que não se sabe quando poderá sair, levando à destruição do que ainda existia do sistema de bem estar social na Europa e a níveis recordes de desemprego.

Essa é a utopia que o sistema capitalista e imperial propõe ao mundo? Foi em nome desses cenários de guerra e de crise econômica que se propõe a destruição de tudo o que se lhe opunha? Para isso foi imposto o reinado do mercado e da superioridade bélica dos EUA? É com esses objetivos que a Europa se propõe a destruir seu passado fundado nos direitos sociais? É a isso que os EUA convidam a que países participem de seus tratados de livre comércio?

Esse mundo miserável, fundado no poder do dinheiro e das armas, sim, que é um fim de ciclo. Os países que resistem é que estão no começo de um novo ciclo, de construção de um mundo baseado nos direitos para todos e na solidariedade.

Por tudo isso é que a lua-de-mel da hegemonia unipolar norteamericana durou pouco. Os Brics, a China, a Rússia, os governos progressistas da América Latina – são elos de um mundo economicamente multipolar e que começou a instalar uma geopolítica baseada de novo na bipolaridade mundial.

A recessão no centro do capitalismo pressiona a todos os países, mas o resto do mundo não entrou em recessão profunda e prolongada como acontecia no passado. Os EUA não puderam invadir a Síria e atacar militarmente o Irã. Os EUA continuam como a maior potência no mundo atual, mas já encontra limites que já não pesnava ter quando triunfou na guerra fria.

O mundo marcado pela hegemonia imperial norteamericana é um mundo de guerras e de recessão. Faz falta que a Europa se dê conta disso e, como faz o novo candidato a líder do Partido Trabalhista britânico, de que deve deixar de seguir a política externa dos EUA para, aísim, se sentir mais segura. Faz falta que outro modelo econômico que não o da austeridade, seja assumido por países europeus. Os Brics apontam para outra geometria política, econômica e militar no mundo. Com quem estará a Europa?

A América Latina já contribui a esse mundo multipolar, com o Mercosul, Unasul, Celac, com a participação direta do Brasil nos Brics e com os acordos assinados por países da região com os Brics, com a China e com a Russia. Os EUA já não contam com seu antigo pátio traseiro. O México sangra por todos os seus poros ao pagar o preço da reiterada submissão ao vizinho do norte. A Europa retrocede, com a austeridade. O Iraque e o Afeganistão foram destruídos pela ocupação militar dos EUA.

O século XXI é o cenário de luta por uma nova hegemonia mundial, compartilhada, democrática, consensual, de negociações para as soluções dos conflitos, de uma economia baseada nas necessidades de todos e não nos imperativos do capital especulativo.

http://cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do ... na/2/34185




As fronteiras nos divide. A classe nos une.
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Re: GEOPOLÍTICA

#5827 Mensagem por cassiosemasas » Qua Set 09, 2015 9:05 am

Geopolitics Is The Only Temporary Saving Grace For Oil


The epic short squeeze in oil futures last week that was telegraphed as the biggest surge in 25 years is only that - a short squeeze. So far, it looks like what happened in oil futures at the very end of January, when we had a similar three-day surge, point-wise. Percentage-wise, last week's surge was larger, but that is only because it comes from a much lower base - we took out those January lows long ago.

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I think this is a short squeeze as the fundamental backdrop for oil prices has deteriorated since January. U.S. production is up dramatically over last year while global demand growth has decelerated courtesy of #1 oil consumer China, which is rapidly marching toward a recession, in my opinion. The coming Chinese recession is due to a crash in both its real estate and stock markets combined with a large unproductive debt overhang that has been piling up for over a decade. Economies that reach record financial leverage tend to react more severely to dislocations in real estate and stock prices than those that have low debt-to-GDP ratios.

Contributing to the short squeeze in oil futures was news at the beginning of last week that US oil production this year has been lower than previously estimated. For the very short term, traders chose to ignore the still-significant year-over-year growth -- total production in the first half of 2015 was still 9.4 million barrels a day. The short squeeze was so significant that it pushed the junk bond market higher and Treasuries lower, as energy is the most problematic junk bond sector. Disappearing cash flows over the past year have pressured energy junk bonds much harder than other junk bonds. After oil futures rose better than 20% in three days, there was a relief bounce in energy junk.

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I think it is only a matter of time before we make new lows in oil if the market is left to operate on supply and demand factors driven by global economic growth. It is possible that we could see a super spike in oil if the Middle East flares up and there are major disruptions in the flow of oil. In one such scenario, The Telegraph last Friday ran a story detailing how Russian President Vladimir Putin has confirmed major involvement in Syria and there are reports of large movement of Russian military equipment towards the region as well as advanced Russian weaponry in use on Syrian battlefields (see the 4 September Telegraph article, "Vladimir Putin confirms Russian military involvement in Syria's civil war").

Somehow this makes the short squeeze in oil futures a bit more explainable. Even though Syria does not have a lot of oil, it does have the only land routes that could transport Saudi and Qatari oil and natural gas to Europe. And since the Syrian government is a Russian ally - or whatever is left of the country since half of Syria is controlled by ISIS - the Russians would like nothing more than for the Syrians to win and for the status quo to remain "as is" with no Qatari and Saudi pipelines crossing Syria.

A Russian "blitzkrieg" into Syria targeting ISIS - it is quite ironic to use this Nazi term on the Russians themselves - will pay for itself as it is extremely unlikely for oil to remain at present levels if there is a large Russian military operation on the ground. Since the largest contribution to the Russian budget is the price of oil, a 50% to 100% appreciation in the oil price for a few months would pay in large part for the possible military campaign targeting ISIS. While we should not get ahead of the developments on the ground, the question that begs to be asked is do the Russians stop at the Iraqi border if they get involved?

Unless this Russian troop movement means the above-described Syrian escalation, the fundamentals for oil are bearish as both the seasonal and cyclical factors are suggesting lower oil prices; so the only thing remaining is this geopolitical wild card. In my opinion, this suggests that the rebound in the junk bond market should be used as an opportunity to get out of junk bonds and not as a sign to load up on higher yields.

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Whether oil has a geopolitical super-spike coming, or continues to drift lower courtesy of the Chinese economic unraveling that is being felt in all major emerging markets dependent on commodities, it looks like the Treasury market is likely to see new lows in yields in 2016. If the Syrian situation escalates in the fourth quarter, we may see new lows in 10-year yields in 2015; but so far escalation is only a speculation. I have great difficulty rationalizing a Fed interest rate hiking cycle at a time when China's economy has crashed, but central bankers have been known to make mistakes and we have yet to see the Fed officially back off its tightening stance. This makes Treasuries the only game in town in the bond market.
The Futures Market Does not believe the Fed

Since we are coming up on the glorious day of September 17 when the Fed may or may not raise the Fed funds rate, we have to see what futures traders think about the likelihood of such a significant monetary event. The September, October, and November fed funds futures closed at 99.835, 99.80, and 99.755, respectively, on Friday. That mean that as of Friday , fed fund futures traders forecast that the fed funds rate would be less than 25 basis points as of contract settlement in all of those months as the contracts are priced at 100 minus the expected fed funds rate at time of contract settlement .

The only (small) door open for a rate hike is December according to those same fed funds futures traders, as that contract (symbol ZQZ15) closed on Friday at 99.715. However, as the stock market began to sell off in late August, that December fed fund futures contract also registered a fresh contract high of 99.78; so for a while it too forecasted no fed funds rate hike in 2015. As the stock market has rebounded somewhat, despite the volatility, December fed funds futures have declined below the 99.75 level that indicated an expected fed funds rate of 25 basis points (or the no-hike level).

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With the headline dollar index (DXY) closing at 96.10 on Friday, there is the perception that the dollar has been in a trading range as the euro has so far managed to stay above the 1.0450 low from March when the DXY was above 100. This is being taken as a confirmation in a way that the Fed is likely to postpone any rate hikes as the US is the only country in the dollar index that is mulling any interest rate hikes.

The Broad Trade-Weighted Dollar Index paints a different picture and has continued to power ahead. That broader index is closing in on the all-time high set in 2002.

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I don't think there is a contradiction between the headline and the broad trade-weighted dollar index in the sense that it is entirely possible that the headline index (DXY) is forecasting delayed rate hikes by the Fed while the broad dollar is reflecting the collapse in commodity prices that is causing (in part) the Fed to delay those rate hikes. The broad dollar index includes the Euro Area, Canada, Japan, Mexico, China, United Kingdom, Taiwan, Korea, Singapore, Hong Kong, Malaysia, Brazil, Switzerland, Thailand, Philippines, Australia, Indonesia, India, Israel, Saudi Arabia, Russia, Sweden, Argentina, Venezuela, Chile, and Colombia. Most of those free floating emerging market currencies are in trouble and that trouble is unlikely to end whether we have a geopolitical spike in oil or not.

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The trouble is caused by China with an economy that is over $11 trillion. As the Chinese credit bubble deflates, I expect that we will see defaults on emerging markets debt and a series of currency crises in the EM space that are likely to push the Broad Trade-Weighted Dollar Index to an all-time high whether the Fed rate hikes are delayed or not.

Fonte.








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Re: Geopolítica

#5828 Mensagem por YOHAM » Dom Set 13, 2015 3:48 pm

Já havia dito aqui no DB, mas não neste tópico, sobre Mauro Santayana, escreve com conhecimento profundo a respeito de política externa, bem como da conjuntura internacional. Acho que merece um post, principalmente quando sua análise acerta em todos os detalhes;


O PATO E A GALINHA

Imagem

(Jornal do Brasil) - Embora não o admita - principalmente os países que participaram diretamente dessa sangrenta imbecilidade - a Europa de hoje, nunca antes sitiada por tantos estrangeiros, desde pelo menos os tempos da queda de Roma e das invasões bárbaras, não está colhendo mais do que plantou, ao secundar a política norte-americana de intervenção, no Oriente Médio e no Norte da África.

Não tivesse ajudado a invadir, destruir, vilipendiar, países como o Iraque, a Líbia, e a Síria; não tivesse equipado, com armas e veículos, por meio de suas agências de espionagem, os terroristas que deram origem ao Estado Islâmico, para que estes combatessem Kadafi e Bashar Al Assad, não tivesse ajudado a criar o gigantesco engodo da Primavera Árabe, prometendo paz, liberdade e prosperidade, a quem depois só se deu fome, destruição e guerra, estupros, doenças e morte, nas areias do deserto, entre as pedras das montanhas, no profundo e escuro túmulo das águas do Mediterrâneo, a Europa não estaria, agora, às voltas com a maior crise humanitária deste século, só comparável, na história recente, aos grandes deslocamentos humanos que ocorreram no fim da Segunda Guerra Mundial.

Lépidos e fagueiros, os Estados Unidos, os maiores responsáveis pela situação, sequer cogitam receber - e nisso deveriam estar sendo cobrados pelos europeus - parte das centenas de milhares de refugiados que criaram, com sua desastrada e estúpida doutrina de "guerra ao terror", de substituir, paradoxalmente, governos estáveis por terroristas, inaugurada pelo "pequeno" Bush, depois do controvertido atentado às Torres Gêmeas.

Depois que os imigrantes forem distribuídos, e se incrustarem, em guetos, ou forem - ao menos parte deles - integrados, em longo e doloroso processo, que deverá durar décadas, aos países que os acolherem, a Europa nunca mais será a mesma.

Por enquanto, continuarão chegando à suas fronteiras, desembarcando em suas praias, invadindo seus trens, escalando suas montanhas, todas as semanas, milhares de pessoas, que, cavando buracos, e enfrentando jatos de água, cassetetes e gás lacrimogêneo, não tendo mais bagagem que o seu sangue e o seu futuro, reunidos nos corpos de seus filhos, irão cobrar seu quinhão de esperança e de destino, e a sua parte da primavera, de um continente privilegiado, que para chegar aonde chegou, fartou-se de explorar as mais variadas regiões do mundo.

É cedo para dizer quais serão as consequências do Grande Êxodo. Pessoalmente, vemos toda miscigenação como bem-vinda, uma injeção de sangue novo em um continente conservador, demograficamente moribundo, e envelhecido.

Mas é difícil acreditar que uma nova Europa homogênea, solidária, universal e próspera, emergirá no futuro de tudo isso, quando os novos imigrantes chegam em momento de grande ascensão da extrema-direita e do fascismo, e neonazistas cercam e incendeiam, latindo urros hitleristas, abrigos com mulheres e crianças.

Se, no lugar de seguir os EUA, em sua política imperial em países agora devastados, como a Líbia e a Síria, ou sob disfarçadas ditaduras, como o Egito, a Europa tivesse aplicado o que gastou em armas no Norte da África e em lugares como o Afeganistão, investindo em fábricas nesses mesmos países ou em linhas de crédito que pudessem gerar empregos para os africanos antes que eles precisassem se lançar, desesperadamente, à travessia do Mediterrâneo, apostando na paz e não na guerra, o velho continente não estaria enfrentando os problemas que encara agora, o mar que o banha ao sul não estaria coalhado de cadáveres, e não existiria o Estado Islâmico.

Que isso sirva de lição a uma União Europeia que insiste, por meio da OTAN e nos foros multilaterais, em continuar sendo tropa auxiliar dos EUA na guerra e na diplomacia, para que os mesmos erros que se cometeram ao sul, não se repitam ao Leste, com o estímulo a um conflito com a Rússia pela Ucrânia, que pode provocar um novo êxodo maciço em uma segunda frente migratória, que irá multiplicar os problemas, o caos e os desafios que está enfrentando agora.

As desventuras das autoridades europeias, e o caos humanitário que se instala em suas cidades, em lugares como a Estação Keleti Pu, em Budapeste, e a entrada do Eurotúnel, na França, mostram que a História não tolera equívocos, principalmente quando estes se baseiam no preconceito e na arrogância, cobrando rapidamente a fatura daqueles que os cometeram.

Galinha que acompanha pato acaba morrendo afogada.

É isso que Bruxelas e a UE precisam aprender com relação a Washington e aos EUA.


http://www.maurosantayana.com/2015/09/o ... linha.html




As fronteiras nos divide. A classe nos une.
chris

Re: Geopolítica

#5829 Mensagem por chris » Qua Set 16, 2015 11:00 am

cassiosemasas escreveu:Essa combinação Sino-Russa não vai longe...são atores que em algumas décadas estarão em plena rota de colisão(com já aconteceu em um passado não muito distante.) , os Russos nunca deram o braço a torcer para os Americanos, imagina se farão isso com os Chineses, mas o texto no meu ponto de vista acerta ao insistir que agora o jogo, esta ficando complicado para os americanos do norte...e nós? Bem, por incrível que pareça, estamos do lado "certo" no caso desse texto, mas com possibilidade de nos mover ainda...vamos esperar para ver os movimentos de cada nação.
Isso é o que os norte-ditadorianos da América e seus vassalos bichinhas europeus sonham: uma dissidência sino-russa; só que não é assim. Os norte-ditadorianos trataram a Rússia que nem cachorro quando estavam por cima; duvido que a China faça o mesmo. Até porque a China é esperta, as suas decisões desde os últimos 50 anos foram acertadíssimas.

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Re: Geopolítica

#5830 Mensagem por Túlio » Qua Set 16, 2015 12:13 pm

Sei lá, eu, Túlio, sempre vou olhar com ceticismo para qualquer aliança Sino-Russa que seja duradoura: de um lado temos um País carente de commodities e lebensraum para seu 1/4 da população mundial; de outro, um País em que ambas as coisas sobram.

Aliás, a menção do Autor Pepe Escobar ao Pacto Molotov-Ribbentrop (assinado em ago/39) me parece particularmente adequada: poucos anos (jun/41) após ser assinado, deu no que deu... 8-]




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Re: Geopolítica

#5831 Mensagem por LeandroGCard » Qua Set 16, 2015 1:28 pm

Túlio escreveu:de um lado temos um País carente de commodities e lebensraum para seu 1/4 da população mundial; de outro, um País em que ambas as coisas sobram.
Verdade.

Mas isso não implica necessariamente que um deles ou ambos decidam partir para a clássica solução ocidental neste tipo de situação, o conflito por terras e recursos. Isso pode também acabar em uma boa e produtiva parceria duradoura, onde ambos tem a ganhar mais do que a perder.

Não acho difícil vislumbrar um futuro em que a Rússia facilitará a entrada e até mesmo a naturalização de cidadãos chineses para ocupar as imensas áreas que tem disponíveis e os enormes recursos que ainda possui, ao mesmo tempo em que recebe da China os investimentos exigidos para criar a infra-estrutura necessária para receber este pessoal e explorar estes recursos. Ela assim conseguiria de uma só cartada desarmar a bomba demográfica negativa que ameaça o seu futuro e dar um enorme boost em sua economia. E em troca a China conseguiria um novo fornecedor de alimentos, minérios e energia (e por que não, tecnologia em diversas áreas) a custos mais competitivos do que poderia obter na África, Oriente médio e América Latina, principalmente pela possibilidade de fazer negociações diretas país a país e assim poder escapar das especulações dos mercados mundiais de commodities.

Seria o arranjo perfeito para ambos, e o custo seria apenas a Rússia abrir mão da hegemonia branca de sua população e a China ver reforçado um vizinho que de outra forma tenderia com o tempo a perder importância geopolítica.

O futuro dirá.


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Re: Geopolítica

#5832 Mensagem por Túlio » Qua Set 16, 2015 1:39 pm

LeandroGCard escreveu:
Túlio escreveu:de um lado temos um País carente de commodities e lebensraum para seu 1/4 da população mundial; de outro, um País em que ambas as coisas sobram.
Verdade.

Mas isso não implica necessariamente que um deles ou ambos decidam partir para a clássica solução ocidental neste tipo de situação, o conflito por terras e recursos. Isso pode também acabar em uma boa e produtiva parceria duradoura, onde ambos tem a ganhar mais do que a perder.

Não acho difícil vislumbrar um futuro em que a Rússia facilitará a entrada e até mesmo a naturalização de cidadãos chineses para ocupar as imensas áreas que tem disponíveis e os enormes recursos que ainda possui, ao mesmo tempo em que recebe da China os investimentos exigidos para criar a infra-estrutura necessária para receber este pessoal e explorar estes recursos. Ela assim conseguiria de uma só cartada desarmar a bomba demográfica negativa que ameaça o seu futuro e dar um enorme boost em sua economia. E em troca a China conseguiria um novo fornecedor de alimentos, minérios e energia (e por que não, tecnologia em diversas áreas) a custos mais competitivos do que poderia obter na África, Oriente médio e América Latina, principalmente pela possibilidade de fazer negociações diretas país a país e assim poder escapar das especulações dos mercados mundiais de commodities.

Seria o arranjo perfeito para ambos, e o custo seria apenas a Rússia abrir mão da hegemonia branca de sua população e a China ver reforçado um vizinho que de outra forma tenderia com o tempo a perder importância geopolítica.

O futuro dirá.


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[justificar]Perdão, cupincha, mas acho que nem Huxley imaginaria tal UTOPIA! São duas sociedades profundamente RACISTAS, além do que ceder territórios para um País vizinho povoar é arrumar encrenca logo adiante. Aqui mesmo vimos no que deu quando o Boliviano relaxou com o Acre, Brasileiro foi chegando de mansinho e tomou; Boliviano não aprendeu e deixou Paraguaio fazer o mesmo no Chaco, perderam mais terra.

Nas buenas, brabo de sustentares teu argumento à luz da realpolitik, soberania relativa é charla para nos enrolar na Amazônia (e nem conosco cola)...[/justificar]




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Re: Geopolítica

#5833 Mensagem por Bourne » Qua Set 16, 2015 1:41 pm

Jamais!!! Ocupação por povos estrangeiros é o mesmo que ceder o território. Na Europa oriental é assim. É a Rússia busca evitar há séculos ao mandar russos ou povos eslavos para ocupar aquela região. A Rússia não é os EUA que só nascer em território norte-americano que ganha cidadania do país. Lá o medo de perda de território e cultural é muito forte.

A bomba demográfica está no colo da china. O controle de natalidade funcionou tão bem, mais tão bem que a falta de jovens em idade produtiva virou um período de estado. A estratégia futura é convencer a classe média e alta a ter mais filhos. Além da má distribuição de população e ideias bem atrapalhadas de urbanização e desenvolvimento das regiões mais afastadas.




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Re: Geopolítica

#5834 Mensagem por LeandroGCard » Qua Set 16, 2015 2:16 pm

Túlio escreveu:Perdão, cupincha, mas acho que nem Huxley imaginaria tal UTOPIA! São duas sociedades profundamente RACISTAS, além do que ceder territórios para um País vizinho povoar é arrumar encrenca logo adiante. Aqui mesmo vimos no que deu quando o Boliviano relaxou com o Acre, Brasileiro foi chegando de mansinho e tomou; Boliviano não aprendeu e deixou Paraguaio fazer o mesmo no Chaco, perderam mais terra.
Bourne escreveu:Jamais!!! Ocupação por povos estrangeiros é o mesmo que ceder o território. Na Europa oriental é assim. É a Rússia busca evitar há séculos ao mandar russos ou povos eslavos para ocupar aquela região. A Rússia não é os EUA que só nascer em território norte-americano que ganha cidadania do país. Lá o medo de perda de território e cultural é muito forte.
Como eu mencionei, este é um medo atávico da maioria dos países, na verdade sejam eles ocidentais ou orientais. Mas isso não é algo absolutamente intransponível.

Existem soluções possíveis para minimizar os riscos de vir a criar conflitos por território, como alocar os recém-chegados mais ao ocidente, longe da fronteiras orientais, e obrigá-los a aprender russo (regra básica, para obter visto de permanência tem que passar em prova da língua) e colocar seus filhos em escolas russas, onde oficialmente aprenderiam apenas a língua e a história do seu novo país. Não estou pensando na ocupação desordenada das regiões de fronteira que vemos aqui em nossa bagunçada AL. Afinal, já existem diversas minorias étnicas de características orientais dentro da Rússia, imigrantes os chineses na verdade seriam apenas mais uma.

Agora, a questão do racismo tanto russo quanto chinês é de fato muito forte, ambos os países são basicamente xenófobos. E isso dificulta mesmo em muito soluções do tipo que mencionei. Mas esta é uma restrição basicamente irracional, quem sabe a necessidades de ambos permitem que seja superada em função de um bem maior.

Que posso fazer, apesar de misantropo sou um humanista... .


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Re: Geopolítica

#5835 Mensagem por Túlio » Qua Set 16, 2015 2:23 pm

Te ganhei, eu sou só MISANTROPO! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:




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