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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Ago 01, 2015 10:58 am
por Bourne
Viu seus descrentes sobre a capacidade industrial nacional e de se integrar as cadeias produtivas globais :twisted:

Não tem muita novidade. Os estudos mostravam que o dólar neutro seria algo em torno de 3,5. Neutro no sentido manter viável a importação de bens e serviços de insumos, consumo final e tomada de crédito no mercado internacional, mas sem prejudicar a capacidade de exportação e a taxa de retorno dos investimentos estrangeiros.

Entretanto, não esqueçam que pode ser um mero reflexo da queda da demanda interna e de ajustamento comercial das empresas de curto e médio prazo. No próximo voo as firmas que tem estruturas produtivas no Brasil (nacionais e multinacionais) podem por em prática a estratégia defensiva, pedir mais subsídios e focar no mercado interno.

O movimento das empresas em exportar que o foco a medidas de política industrial da "nova matriz econômica" dos maluquinhos do Guido Mantega, Arno Agustin, Belluzo e outros estava errada. aquele modelo não funciona. Punto!!!

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Ago 01, 2015 11:31 am
por Wingate
LeandroGCard escreveu:
Wingate escreveu:Enfim, uma boa notícia neste Mar dos Sargaços:

O ESTADO DE S. PAULO - 01/08/2015

Industria se prepara para voltar a exportar

http://economia.estadao.com.br/noticias ... p-,1736266

Wingate
Vixe, não vi que você já tinha portado enquanto eu estava preparando o post. Agora já era, está duplicado. Sorry :oops: .


Leandro G. Card
É que a gente não está mais acostumado com notícia boa! Quando apareceu essa, postei correndo! :D

Saudações,

Wingate

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Ago 01, 2015 3:30 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:O movimento das empresas em exportar que o foco a medidas de política industrial da "nova matriz econômica" dos maluquinhos do Guido Mantega, Arno Agustin, Belluzo e outros estava errada. aquele modelo não funciona. Punto!!!
Não sei se é tão simples assim, "não funciona e ponto".

Minha opinião é que com o real sobrevalorizado e as miríades de problemas internos erodindo nossa competitividade absolutamente nada vai funcionar, e foi o que aconteceu naquele caso. Os incentivos dados ao consumo escoaram para a China e outros países, e os dados à indústria não visavam aumentar a competitividade geral da economia, mas apenas dar incentivos pontuais. O resultado foi a criação de um déficit grande orçamentário sem o correspondente crescimento econômico para cobri-lo, levando à necessidade das correções atuais.

Mas se as medidas tivessem sido conjugadas com ajustes que devolvessem a competitividade à nossa economia (incluindo aí controles de capitais para eliminar a sobrevalorização da moeda e as ainda necessárias reformas - coisas que não precisavam necessariamente ser implementadas a toque de caixa mas tinham que ser perseguidas com vigor) poderiam até ter dado algum resultado positivo. Não seriam as medidas ideais, estas contemplariam a liberação de recursos para investimentos governamentais (energia, comunicações, logística, etc...) ao invés de renúncias fiscais para "compadres", mas pelo menos não teriam causado os problemas que estamos vivendo hoje e teria sido evitada a grave crise política atual.

Ou seja, o problema dos economistas do Dilma-1 foi a visão estreita, ignorando nossos problemas reais e acreditando que bastaria um "empurrãozinho" para despertar o espírito animal do empresariado, deixando de considerar que sem as condições ambientais adequadas os animais não costumam sair de suas tocas :roll: .


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Ago 01, 2015 4:17 pm
por Bourne
A visão estreita dos economistas da Dilma I era bem mais rico. Eles viam que a saída eram os campões nacionais. Aquela meia dúzia de mega corporações que empurrariam a economia para o primeiro mundo. E complementados pelas "inovações" das multinacionais. Praticamente o crédito dos bancos público iam para esses dois destinos. Só ignoram que o grosso das exportadoras e empresas de inovação é formado por médias e grandes empresas. Essas precisam de boa infraestrutura, boa burocracia e outras facilidades que são bem menores de rios de crédito fácil.

Já pensou que a atual situação é uma acomodação em virtude do cenário de queda do mercado interno, acompanhado da desvalorização cambial. O mudança que ganhou corpo quando o mercado interno despencou em meados de 2014 e está em queda livre esse ano. Isso explicaria o motivo de estar ocorrendo uma queda acentuada em setores industriais, enquanto os que são mais ligados a exportação passam a se destacar.

Não quer dizer que ocorra outra mudança quando o cenário melhorar o a econômica interna passar a crescer. O que pode ocorrer em meados de 2020.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Ago 01, 2015 5:22 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:Já pensou que a atual situação é uma acomodação em virtude do cenário de queda do mercado interno, acompanhado da desvalorização cambial. O mudança que ganhou corpo quando o mercado interno despencou em meados de 2014 e está em queda livre esse ano. Isso explicaria o motivo de estar ocorrendo uma queda acentuada em setores industriais, enquanto os que são mais ligados a exportação passam a se destacar.
É claro que empresas que estão sofrendo com a retração do mercado interno e percebendo a possibilidade de exportar vão aproveitar a possibilidade, no mínimo para tentar sobreviver. Mas se você ler a reportagem verá que várias das empresas citadas já eram exportadoras antes de qualquer crise, e deixaram de ser por conta das ineficiências de nossa economia e principalmente da defasagem da moeda. Agora estão simplesmente voltando a atuar como já faziam antes. E certamente torcendo para que o governo não planeje mais usar a âncora cambial no futuro, ou vão tomar outra paulada.
Não quer dizer que ocorra outra mudança quando o cenário melhorar o a econômica interna passar a crescer. O que pode ocorrer em meados de 2020.
Este é um dos nossos maiores problemas, estas mudanças de maré que destroem qualquer planejamento a longo prazo :? .


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Ago 01, 2015 6:09 pm
por Bourne
Não é novidade que eram exportadoras. A base produtiva é formada por médias e grandes empresas nacionais. Essas que elevam a competitividade e crescimento de longo prazo com sadia integração produtiva internacional. Elas são tão fortes que sobrevivem a política errada do governo.

Isso mostra o quando a política industrial da Dilma I foi errada. Por que injetou uma montanha de bilhões em subsidio de crédito e subsídios com foco nos chamados "grandes agregados com efeitos encadeados" que querem dizem mega empregas. Por exemplo, a nossa industria automobilística que são multinacionais que basicamente tem foco no mercado interno. Os mega exportadoras de commodities como Vale e a Friboi que não precisariam. Ou estaleiros que são como highlander que renascem em cima do governo a cada década. O resultado foi ajudar a criar um rombo no orçamento, inchar os lucros privados e não ter espetáculo crescimento nenhum. Além de ter sido uma política gigantesca de concentração de renda.

A prioridade da política industrial do governo é resolver os problemas dessas médias e grandes empresas. Não ficar ficar apoiando as megacorporações que fazem lobby para ter apoio e agem como sangue-sugas. Ou, talvez o adjetivo mais adequado, os barões ladrões que agem como se o governo e estado estão para servi-los. É o caso das empreiteiras. Elas jogam o custo das obras e fornecimento ao estado na estratosfera, consideram normal manipular licitação e preços, e chutar os concorrentes. E quem quiser entrar vai ter que fazer parte da irmandade para ter o seu.

A coisa mais terrível na cultura dos barões ladrões brasileiro é romper a relação entre pessoa e propriedade da empresa. São coisas diferentes. É extremamente perigoso uma megacorporação é que vira reflexo de uma personalidade. Não podemos viver na sina dos Marcelos Odebrechts, mas sim ao um presidente passageiro, conselho e composição de pequenos investidores que manda na empresa. É a organização básica da instituição empresas nos países desenvolvidos.

Na europa se aproveitou da Segunda Guerra para se livrar do Odebrechts e o personalismo. Por exemplo, a França estatizou tudo e acusou de colaboracionista. Só foi abrir e fazer a privatização a partir dos anos 1970s, ainda que cheio de regras para não permitir surgir um todo poderoso que mande em tudo. A Alemanha fez o mesmo com reorganização das empresas que foram consideradas nazista. Eles trabalham para transformar as empresas em instituições nacionais e não propriedade de uma pessoa.

Caso contrário, estaremos condenados a isso:

Imagem

Boa parte do buraco negro que traga os gastos, exige carga tributária alta, evita que concorrente surjam está aí. Ao mesmo tempo em que prejudicam os ganho de eficiência, competitividade e derrubam o crescimento do PIB. Quando se pensa no resultado acumulado em décadas a coisa não é desprezível. na verdade é uma restrição grave para desenvolvimento de longo prazo. Principalmente, se a ideia é chegar ao nível de vida da França, Alemanha, Canadá e não da Coreia. Aliás, os coreanos também tem problemas em lidar com seus barões ladrões e se tornou um debate um debate importante na sociedade coreana dos últimos anos.

Mais um exemplo. Lembram do salvamento das montadoras norte-americanas após a crise de 2007-08? O projeto bem sucedido foi de salvar as companhias com intervenção e reestruturação. O objetivo foi bem sucedido. No entanto, ninguém sabe quem são os donos. Não existe mais o John Chevrolet que manda em tudo. O que existe é o controle tão pulverizado que quem responde pela companhia são os executivos, que podem ser demitidos e processados. Enquanto os investidores e companhia são preservados.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Ago 03, 2015 10:20 pm
por Bourne
isto é culpa da lei de responsabilidade fiscal e da reforma do federalismo dos anos 1990s.

Na época, a solução defendida para os estados era renegociação e saneamento do estoque de endividamento, seguido pela desconstrução dos instrumentos de política fiscal, arrecadação e gastos dos estados. Assim, os estados viraram como aqueles trabalhador que não tem conta em banco e vive do dinheiro que ganha e põe na carteira. O mesmo dinheiro que é gasto no mesmo dia. Não é só Rio Grande do Sul. A situação se espalha por todos os estados. Nos tempos de Lula que crescia tudo, não era problema por que a arrecadação bombava. Veio a crise e descobriram os problemas fiscais e na lei.

A centralização fiscal atual vai piorar. O ministro Levy está tocando o projeto de equalizar as tarifas de ICMS, o último imposto relevante regional dos estados, e colocar no lugar um fundão para transferir os valores que deixariam de ser arrecadados. Olhe que essa centralização fiscal é cosia dos anos 1990s. O Brasil tem uma longa tradição de liberdade dos estados gastarem, arrecadarem e investirem como decidirem. Nem no governo militar tiraram essas liberdades.
Sartori anuncia grupo de trabalho para encontrar soluções para crise

Governador falou com a imprensa pela primeira vez nesta segunda-feira após parcelamento de salários

Três dias após o parcelamento do salário de quase metade dos servidores estaduais, José Ivo Sartori convocou a imprensa pela primeira vez, no final da tarde desta segunda-feira, para se pronunciar sobre o assunto. Até então, o governador só havia se manifestado por meio de um vídeo publicado no YouTube na tarde de sexta-feira.

Após reunião de mais de três horas com membros do Ministério Público, Tribunal de Contas, Defensoria Pública, Assembleia Legislativa e Tribunal de Justiça, Sartori anunciou que um grupo de trabalho vai ser criado com dois representantes de cada órgão para buscar soluções à crise financeira do Estado.

— Nós resolvemos abraçar juntos essa causa e trabalhar conjunta e coletivamente com um grupo técnico, com dois representantes de cada órgão, para olhar a realidade financeira do Rio Grande e encontrar as saídas — explicou em pronunciamento, que durou nove minutos, à imprensa.

Chefe da Casa Civil pediu compreensão: "Situação pode piorar"
Protestos e suspensão de serviços marcam começo da semana no Estado

O governador destacou que cada um dos Poderes vai continuar atuando com "autonomia", mas de forma harmoniosa. Sartori disse que entende as manifestações democráticas que ocorreram em todo o RS nesta segunda-feira, mas voltou a pedir "muita compreensão" de todos os gaúchos.

— Tenham serenidade para ter um comportamento adequado. Com calma e tranquilidade todos nós vamos encontrar o caminho. Sempre de pé e à frente — completou ele.

O comitê interpoderes deve começar a trabalhar já na terça-feira. Enquanto isso, o governo informou que a reunião com a presidente Dilma Rousseff, prevista para terça, foi cancelada e não tem nova data marcada.

Parcelamento do salário deve se ampliar nos próximos meses
Novo pacote de ajuste do Piratini terá extinção e fusão de fundações

Sartori lamentou o parcelamento de salários e diz que a medida foi adiada até então, quando teria sido inevitável. No entanto, ele não se pronunciou sobre como será o pagamento do funcionalismo nos próximos meses.

— Não é um governo só que vai reequilibrar as contas do Rio Grande do Sul — apontou.

Na última sexta-feira, o governo confirmou que 48% dos servidores receberiam os vencimentos referentes ao mês de julho em parcelas. A primeira foi depositada naquele dia, no valor de R$ 2.150. A segunda, de R$ 1 mil, entrará na conta dos servidores até dia 13 de agosto. Quem ganha acima de R$ 3.150 receberá a última parte do salário até 25 de agosto.

Na ocasião, a ausência de Sartori na entrevista coletiva em que foi anunciado o parcelamento dos salários do funcionalismo gerou críticas ao governador. O secretário da Fazenda, Giovani Feltes, foi o responsável por detalhar as medidas.

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/no ... 16333.html

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 04, 2015 1:14 pm
por Bourne
Diretor do FMI critica políticas de proteção para a indústria nacional

CAMPINAS (SP) - O diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), o brasileiro Otaviano Canuto, criticou nesta terça-feira as políticas de proteção para a indústria nacional como as barreiras tarifárias criadas pelo governo para o setor automotivo, e os acordos no âmbito do Mercosul — bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Os mecanismos de proteção criados nos últimos anos, segundo ele, não resolvem os problemas, e os (setores) que se protegem não investem, porque atendem a uma demanda de curto prazo. Do ponto de vista do país, observa Canuto, só é positivo se for acoplado a um programa de reestruturação de toda uma cadeia produtiva.

— Esses programas não salvam nenhum setor. É como tentar resolver uma doença mexendo no termômetro. Essas políticas de proteção não serão capazes de salvar a indústria nacional. Essa ideia de proteger alguns setores que não têm condições de competir não dá mais certo. Temos que mudar os conceitos — disse Canuto, que apresentou uma palestra a estudantes no Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).

DESVALORIZAÇÃO DO REAL É POSITIVA

Para o economista, que antes do FMI foi vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), os sinais de retomada de algumas economias internacionais como Estados Unidos e países da Europa, não devem aliviar muito a redução das exportações brasileiras mesmo com a valorização cambial. Segundo ele, o resultado da atual desvalorização do real tende a ser inferior ao que foi em 2009, porque a estrutura de exportação tem mais commodities e não será o dólar mais forte que vai alterar a competitividade dos nossos produtos.

— Desvalorização cambial vai ser bom para o Brasil, mas não dá para repousar só nela. A agenda do Brasil é aumentar a competitividade total de nossa pauta de exportações, mediante racionalização de gastos, investimento em infraestrutura, competitividade. Temos que fazer o que é preciso para aumentar a qualidade de nossos produtos no longo prazo — afirmou ele.

Sobre as medidas que estão sendo adotadas para retomar o crescimento, Canuto disse que governo está fazendo a sua parte ao propor um caminho de saída, como o programa de investimento em infraestrutura, considerado um caminho óbvio. Ele avalia que o perfil das concessões de 2013 já era bem mais afinado com o setor privado do que em 2011, quando “pessoas do governo estavam tentando tabelar taxa de retorno lá embaixo.”

— Em 2013, já estava havendo entre o governo Dilma e o setor privado uma sintonia fina no programa de concessões, mas aí veio 2014, as eleições e parou. Agora eu vejo nesse perfil do programa de concessões mais uma etapa nessa trajetória de aprimoramento da relação publico-privada na infraestrutura - ponderou, lembrando que para esse programa decolar é preciso que o ajuste microeconômico alcance um momento de estabilidade, caso contrário o setor privado não vai entrar.

QUALIDADE DO GASTO PÚBLICO

Canuto defendeu também uma revisão na qualidade do gasto público, ou seja, ele quer que o governo faça o que chamou de “pente-fino” em todos os gastos, especialmente na previdência social.

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Questionado sobre a possibilidade de o país retomar o crescimento já no próximo ano, como quer o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, Canuto, que estará na próxima missão do FMI ao Brasil, em setembro, disse achar possível. Mas pondera que tudo vai depender da rapidez com que o governo conseguirá avançar na agenda de reformas e ultrapassar a fase de instabilidade na estrutura microeconômica brasileira.

— Se alguém disser que tem um cronograma que pode prever que isso vai acontecer em um ano, ou seis meses, vai estar mentido, porque isso não existe. É um processo que está se materializando na medida em que está ocorrendo.

Quanto a mudança na meta de superávit primário de 1,1% para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), Canuto afirmou que a decisão do governo não deixa de “ser uma má notícia”, porém, acredita que os agentes econômicos também entendem a racionalidade da tomada de decisão. Ele disse, ainda, não acreditar que, por conta disso, o país vá perder o grau de investimento.

— Eu acho que vai prevalecer a percepção do compromisso do governo com a sustentabilidade fiscal no longo prazo. O mercado que está dando como certo o rebaixamento, pode mudar depois. Isso não quer dizer que as agências (de risco) sigam o que o mercado está dizendo. Tem muita coisa, não é simplesmente a mudança da meta - disse ele.

INFLAÇÃO: ‘MELHOR DO O ESPERADO POR MUITA GENTE’

Sobre a inflação, o diretor do FMI disse que a taxa está se movendo até melhor do que era esperado por muita gente. O ajuste macroeconômico deste ano, avalia, tinha um componente fiscal e de correção de preços relativos e, em ralação aos preços internacionais, foram mantidos artificialmente baixos via valorização real do câmbio. Parte do desconforto do ajuste, diz ele, foi a correção desses preços regulados, energia, gasolina, transporte público.

— Quando acontece um ajuste desses, se tem um choque e automaticamente a taxa de inflação sobiu de 6,5% para 9%. A tarefa do Banco Central não é deter esse choque, mas evitar a propagação desse choque, fazendo com esse novo patamar de inflação seja temporário e pare. A julgar pela inflação esperada, a política monetária está tendo êxito, porque está convergindo as expectativas de inflação para o centro da meta se não para o ano que vem, que seja em 2017.

Quando perguntado se está otimista com o Brasil e com o trabalho do “amigo Levy”, Canuto disse que sim, no médio prazo. Mas não gostou quando soube que alguns economistas estão dizendo que Levy estaria perdendo credibilidade com as dificuldades para aprovar o ajuste no Congresso Nacional.

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— Com o Levy não tem isso, não. Conheço ele (sic) desde que fomos colegas no Ministério da Fazenda, quando ele era secretário do Tesouro e eu, de Relações Internacionais. Depois, fui vice-presidente do BID, logo após sua saída. Quando ele estava no Bradesco, sempre conversávamos. Conheço o Levy. Foi ele quem sugeriu meu nome para o FMI. Ele é obstinado e é um cara maduro. Não faz o trabalho com o fígado. As dificuldades ele mata no peito e vai em frente — afirmou.

E sobre o antecessor, o ex-ministro Guido Mantega?

— Eu falo bem do Levy, mas não me peça para falar mal do Mantega. O que eu posso falar é o seguinte: conforme disse a presidente Dilma (Rousseff), o programa anticíclico foi mantido e estendido muito além da validade. A correção atual em grande medida é desfazer parte desse super alongamento do programa anticíclico anterior.

http://oglobo.globo.com/economia/direto ... l-17076102

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 04, 2015 2:47 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:Para o economista, que antes do FMI foi vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), os sinais de retomada de algumas economias internacionais como Estados Unidos e países da Europa, não devem aliviar muito a redução das exportações brasileiras mesmo com a valorização cambial. Segundo ele, o resultado da atual desvalorização do real tende a ser inferior ao que foi em 2009, porque a estrutura de exportação tem mais commodities e não será o dólar mais forte que vai alterar a competitividade dos nossos produtos.
Não entendi este ponto aqui.

Ele está olhando apenas para o curtíssimo prazo, e já imaginando uma retomada do valor alto do real após 2015? Porque um dos principais motivos da nossa pauta de exportações estar concentrada em commodities é justamente o dólar ter ficado baixo por muito tempo, e com ele agora voltando para patamares mais equilibrados a tendência é que a participação de manufaturados volte a aumentar, com o tempo.
Desvalorização cambial vai ser bom para o Brasil, mas não dá para repousar só nela. A agenda do Brasil é aumentar a competitividade total de nossa pauta de exportações, mediante racionalização de gastos, investimento em infraestrutura, competitividade. Temos que fazer o que é preciso para aumentar a qualidade de nossos produtos no longo prazo — afirmou ele.
Acho que aqui ele quis dizer "competitividade" no lugar de "qualildade". Qualidade é apenas um dos aspectos da competitividade, mas sozinha também não ajuda muito, até porque é muito mais difícil para um país como o Brasil, onde a indústria está atrasadíssima, chegar a níveis de qualidade semelhantes aos de países como EUA, e Alemanha e Japão. Se formos depender disso estamos mortos :? .

A solução é combinar qualidade com preço atraente (e aí um dólar realista faz uma diferença enorme), criatividade e etc... para tornar nossos produtos competitivos em um espectro mais amplo.


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Ago 05, 2015 11:50 am
por Bourne
O dólar vai se manter acima dos 3,5 por um longo tempo. :|

Agora voltamos a origem do motivos das decisões de 2009 a 2014.
As razões da nova matriz

A nova matriz econômica, o regime de política econômica vigente de 2009 até 2014, conjuntamente com o esgotamento do contrato social da redemocratização, causou a crise econômica atual.

A nova matriz econômica teve como elemento central tornar o setor público o principal protagonista no processo de desenvolvimento do país. O PT é um partido social-democrata. Não é claro o motivo de ter embarcado na aventura intervencionista.

A social-democracia defende Estado grande para prover os seguros sociais básicos. O intervencionismo estatal –BNDES, desonerações, fechamento da economia, novo marco regulatório do petróleo, recriar indústria naval etc.– não faz parte necessariamente desse pacote.

Como tenho argumentado, a adoção desse pacote de política econômica foi obra dos intelectuais e economistas petistas.

O posicionamento dos intelectuais e economistas petistas foi influenciado por uma literatura produzida em departamentos americanos de ciências humanas aplicadas, com ênfase no desenvolvimento.

Dois autores foram particularmente influentes: Alice Amsden, com escritos sobre o desenvolvimento sul-coreano, e Robert Wade, sobre Taiwan. Esses autores documentaram que houve fortíssimo intervencionismo estatal nas experiências de desenvolvimento desses países.

Lamentavelmente, a absorção pela nossa academia dessa literatura foi acrítica. Os trabalhos de Amsden e Wade têm várias limitações.

Nada indica que o intervencionismo tenha sido o responsável pelo crescimento econômico daqueles países asiáticos. Simultaneamente, essas sociedades faziam um monte de outras coisas! Desenvolveram sistemas públicos de educação universais de elevada qualidade. Foram economias que não toleraram bagunça na macroeconomia e sempre apresentaram taxas de poupança doméstica elevadíssimas.

Atribuir o desenvolvimento ao intervencionismo e desconsiderar o papel desempenhado pela altíssima qualidade da educação, pelas elevadas taxas de poupança e pela estabilidade macroeconômica constituem um erro daqueles autores que nossa academia heterodoxa reproduziu.

Mesmo que o intervencionismo tenha sido fundamental para o desenvolvimento espetacular que essas sociedades experimentaram, é possível que a estabilidade macroeconômica e a elevada qualidade da força de trabalho, em razão da qualidade da educação pública, tenham sido um requisito essencial para o sucesso do intervencionismo.

Por exemplo, as altas taxas de poupança levavam a baixas taxas de juros, o que tornou bem mais barato crédito subsidiado pelos bancos públicos ao crescimento dos Chaebols, as campeãs nacionais sul-coreanas.

Finalmente, mesmo que o intervencionismo tenha sido essencial e mesmo que as diferenças que há entre nós e eles não sejam decisivas para o sucesso da estratégia intervencionista, é necessário saber se o setor público brasileiro tem capacidade gerencial para implantar com um mínimo de eficiência essa agenda.

No caso sul-coreano, o Estado sempre se preocupou em desenhar a política pública com incentivos corretos e sempre foi claro que haveria punição se as metas não fossem cumpridas.

A desconsideração desses condicionantes e a aceitação acrítica do intervencionismo "porque todos fazem" ajudou em muito a cavar nos últimos seis anos o buraco no qual nos encontramos hoje.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/sa ... triz.shtml

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Ago 05, 2015 3:02 pm
por Bourne
Esqueçam tudo. O negócio é governo aumentar a demanda e combater o ciclo (ciclo de semestres :o :?: :?: :?: )
New Research Paper Finds that Brazil's Economic Slowdown Results from Policy Decisions

Government Chose Policies that Reduced Domestic Demand Even Though Economy Had Room for Growth

August 3, 2015

Contact: Dan Beeton, 202-239-1460

Washington, D.C.- A new research paper from the Center for Economic and Policy Research examines the causes of Brazil’s recent economic slowdown and finds that policy choices rather than external factors have been the most important cause. The paper shows that the sharp slowdown that Brazil has experienced since 2011 is overwhelmingly the result of a significant decline in domestic demand that resulted from policy choices made by the government. It concludes that this decision to slow the economy was not necessary as there was no external constraint, such as a balance-of-payments problem, that warranted it.

“There have been enormous economic and social gains since the Workers' Party took office in 2003, in terms of reducing poverty (by 55 percent) and extreme poverty (by 65 percent), increasing employment, income growth, and some reduction in inequality,” CEPR Co-Director Mark Weisbrot said. “However, these gains are being eroded and are seriously threatened if the government continues on its current path.”

The paper, “Aggregate Demand and the Slowdown of Brazilian Economic Growth from 2011-2014,” by CEPR Senior Research Associate Franklin Serrano and economist Ricardo Summa, looks in detail at the sharp slowdown in the Brazilian economy for the years 2011-2014, in which economic growth averaged only 2.1 percent annually, as compared with 4.4 percent in the 2004-2010 period. The authors argue that the slowdown overwhelmingly results from a sharp decline in domestic demand led by government policy, rather than from a fall in exports or from any change in external financial conditions.

The paper notes that the Brazilian economy had room to expand after 2010, but the government chose to reduce aggregate demand through changes in monetary, fiscal, and macroprudential policies. These included:

• The Central Bank began a cycle of interest rate increases after February 2010 that lasted until August 2011, raising the basic nominal interest rate from 7.5 percent to 13.5 percent. Nominal interest rate increases and macroprudential measures reduced the growth of credit, and helped to end the consumption boom.

• At the end of 2010, the government promoted, through a sharp reduction in the growth of public spending, a strong fiscal adjustment in order to increase the primary surplus and to meet the full target of 3.1 percent of GDP in 2011.

• In 2011, public investment, both of the central government and state-owned companies, fell dramatically, by 17.9 percent and 7.8 percent in real terms, respectively.

The government’s contractionary policies led to a pronounced decline in private investment as well, so that total investment (public and private) fell sharply.

The paper explains that even though the economy was already slowing in 2010, the argument was made that fiscal tightening was necessary in order to have a large reduction in interest rates. The lower interest rates, combined with tax cuts and other incentives for businesses, were expected to then allow the private sector to lead growth by stimulating private investment and also export-led growth as the real exchange rate depreciated due to the lower interest rates. However, as the pro-cyclical policies shrank aggregate demand, private investment plummeted; and for reasons explained in the paper, export-led growth did not occur either.

“It is clear from the data that efforts to convince the private sector to lead economic growth, while cutting public investment and taking other measures that reduced aggregate demand, have not worked in Brazil,” Weisbrot said. “The government urgently needs to implement counter-cyclical measures in order to bring about an economic recovery.
Dadas as condições do crescimento do estoque de endividamento, taxa de juros, inflação, queda na arrecadação, ameaça de restrição externa pela perda do grau de investimento e inviabilização das concessões em infraestrutura seria um estouro. Não sei como a Dilma não pensou nisso ainda. E nem como os caras do governo como Joaquim Levy, Nelson Barbosa e otaviano canuto ainda não pensaram e implementaram essa estratégia ousada.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Ago 05, 2015 4:26 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:O dólar vai se manter acima dos 3,5 por um longo tempo. :|
Eu não tenho dúvidas.

Vou fazer uma viagem pela Europa em outubro, mas acabei de comprar a maior parte dos Euros necessários mesmo pagando R$3.95 na melhor cotação que encontrei em casas de câmbio. Porque até lá a tendência é a cotação subir ainda mais.

Vamos ver se no próximo ano a cotação não cai novamente, mas espero sinceramente que não. Parece que finalmente a âncora cambial foi abandonada. São mais de 20 anos de atraso, mas antes tarde do que nunca.


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Ago 05, 2015 4:30 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:As razões da nova matriz

A nova matriz econômica, o regime de política econômica vigente de 2009 até 2014, conjuntamente com o esgotamento do contrato social da redemocratização, causou a crise econômica atual.

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http://www1.folha.uol.com.br/colunas/sa ... triz.shtml
Desculpe, mas achei este artigo uma grande baboseira ideológica intelectualóide completamente inútil.

O modelo adotado no governo Dilma-1 era de fato errado, principalmente considerando as condições do ambiente em que foi implementado, mas as razões e motivações apontadas no artigo beiram as raias do ridículo.


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Ago 05, 2015 4:35 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:Esqueçam tudo. O negócio é governo aumentar a demanda e combater o ciclo (ciclo de semestres :o :?: :?: :?: )
New Research Paper Finds that Brazil's Economic Slowdown Results from Policy Decisions

Government Chose Policies that Reduced Domestic Demand Even Though Economy Had Room for Growth

August 3, 2015

Contact: Dan Beeton, 202-239-1460

Washington, D.C.- A new research paper from the Center for Economic and Policy Research examines the causes of Brazil’s recent economic slowdown and finds that policy choices rather than external factors have been the most important cause. The paper shows that the sharp slowdown that Brazil has experienced since 2011 is overwhelmingly the result of a significant decline in domestic demand that resulted from policy choices made by the government. It concludes that this decision to slow the economy was not necessary as there was no external constraint, such as a balance-of-payments problem, that warranted it.
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“It is clear from the data that efforts to convince the private sector to lead economic growth, while cutting public investment and taking other measures that reduced aggregate demand, have not worked in Brazil,” Weisbrot said. “The government urgently needs to implement counter-cyclical measures in order to bring about an economic recovery.
Dadas as condições do crescimento do estoque de endividamento, taxa de juros, inflação, queda na arrecadação, ameaça de restrição externa pela perda do grau de investimento e inviabilização das concessões em infraestrutura seria um estouro.
De fato, implementar medidas anti-ciclicas exatamente agora seria suicídio :roll: .

Bourne, onde é que você está achando estes textos destes economistas? Em alguma caixa de lixo de algum servidor de e-mails?


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Ago 05, 2015 5:43 pm
por joao fernando
Rssssss mas e ai, o que vcs dizem da ancora cambial? Eu acho que foi o que dizimou a nossa indústria, abriu as porteiras pra China, seguindo os moldes do plano Cavallo.