Fórum Defesa Brasil

São os remédios que acabam matando o doente...


Wingate

Primeiro, eu acho que oposição séria é contra o governo, e não o país. Uma oposição que luta para afundar o país na lama não merece os votos que teve.
Se Dilma está fazendo exatamente o que o PSDB se propôs a fazer, esses lixos nunca deveriam sabotar tudo.
E outra, o bosta do PMDB não é oposição, portanto pelo mesmo esses crápulas bandidos deveriam apoiar as medidas.

Sabotar o governo passando EMENDAS À CONSTITUIÇÃO contrárias ao PT é uma coisa, sabotar o PAÍS é outra.

J.Ricardo escreveu:O Levy esta mais perdido que cachorro na feira, ele corta despesas e aumenta impostos para aumentar a arrecadação e ao mesmo tempo aumenta os juros para conter a inflação, ele só se esquece que a inflação aumentou devido ao aumento das contas controladas pelo governo e pelo repasse dos custos dos impostos, e ao mesmo tempo o aumento dos juros faz com que o governo gaste mais pela dívida interna e tudo se torna um maldito circulo vicioso!

Na verdade não há nenhuma novidade, brincamos disso desde o início do governo FHC, sem nunca parar de lá para cá (a Dilma tentou sair disso um pouquinho, mas canhestramente, sem corrigir os demais problemas, e deu no que deu).

O mercado chama este joguinho de "estabilidade econômica"... .


Leandro G. Card

Bolovo escreveu:Leandro e Bourne,

Economia nunca foi muito minha área, meu forte, então fico meio perdido as vezes. Sempre dizem que temos que combater os "reais problemas" para voltarmos a ter uma indústria competitiva. Enfim, o que seria isso? O que teríamos que fazer para voltarmos termos uma indústria forte?

Alguns milhões de coisas.

Mas para não escrever uma bíblia, vou citar apenas alguns termos gerais, para dar uma ideia (não é uma lista completa):

- Ajuste fiscal, com arrecadação mais simples e eficiente.
- Valor da moeda compatível (estimativas atuais colocam entre 3,5 e 4 reais por dólar, se o dólar não cair muito com relação às demais moedas) e estável neste nível, com banda de variação pequena.
- Eficiência nos gastos do estado (gastar o quanto realmente custa, e TERMINAR o que for começado).
- Eficiência do estado em si (saúde, educação, infra-estrutura, energia e etc... de qualidade a preços baixos).
- Sistema jurídico/administrativo/tributário mais racional (hoje é impossível uma empresa atuar dentro das leis, se atende a uma viola outra ).
- Estabilidade das regras juridícas.
- Acesso a financiamentos para investimentos a custos razoáveis (e sem ingerências políticas).

Quando estas e algumas outras condições básicas forem estabelecidas será possível às empresas nacionais competir no mercado externo em condições de igualdade, aí outras ações se tornariam também importantes, tais como:

- Maior integração com as linhas de produção mundiais (maior facilidade de importação e exportação de bens e produtos).
- Busca ativa pela redução de barreiras comerciais (acordos internacionais de comércio).


Como já mencionei e não custa repetir, esta lista é só ilustrativa e está longe de ser completa. mas já dá para perceber que cada item acima não é simples, envolveria extensas negociações com todos os interessados, mudanças profundas na legislação e na própria forma de funcionamento do governo e muito mais. Os detalhes iriam a números quase infinitos, mas se ao menos começar, um dia termina.

O problema é que hoje nem se fala mais em começar algum dia... .


Leandro G. Card

Uma coisa que eu gostaria que os colegas do DB mais versados em economia me explicassem.

Nos tempos do Delfim Netto (no Governo Militar) a poupança (tanto na conhecida caderneta quanto em outros fundos) era altamente recomendada ao público.

Poupar era a ordem do dia e o povo correspondia. Os governos de então, obviamente, utilizavam esse dinheiro, bem ou mal, em seus projetos e objetivos.

A partir do governo FHC (salvo engano meu, falo de memória) esse incentivo praticamente cessou embora a caderneta continuasse a existir mas não tão mais atraente como era.

Entendo que todo governo que tenha um mínimo de bom senso deveria incentivar o povo a poupar, até por uma questão de segurança e de ter sempre recursos sem ter que esfolar a sociedade com impostos e taxas escorchantes.

Por que isso não se faz no Brasil? Há uma razão técnica para justificar esse incentivo ao consumo desenfreado que no geral leva à inadimplência?

Antecipadamente agradeço um comentário dos colegas.

SDS,

Wingate

LeandroGCard escreveu:

Bolovo escreveu:Leandro e Bourne,

Economia nunca foi muito minha área, meu forte, então fico meio perdido as vezes. Sempre dizem que temos que combater os "reais problemas" para voltarmos a ter uma indústria competitiva. Enfim, o que seria isso? O que teríamos que fazer para voltarmos termos uma indústria forte?

Alguns milhões de coisas.

Mas para não escrever uma bíblia, vou citar apenas alguns termos gerais, para dar uma ideia (não é uma lista completa):

- Ajuste fiscal, com arrecadação mais simples e eficiente.
- Valor da moeda compatível (estimativas atuais colocam entre 3,5 e 4 reais por dólar, se o dólar não cair muito com relação às demais moedas) e estável neste nível, com banda de variação pequena.
- Eficiência nos gastos do estado (gastar o quanto realmente custa, e TERMINAR o que for começado).
- Eficiência do estado em si (saúde, educação, infra-estrutura, energia e etc... de qualidade a preços baixos).
- Sistema jurídico/administrativo/tributário mais racional (hoje é impossível uma empresa atuar dentro das leis, se atende a uma viola outra ).
- Estabilidade das regras juridícas.
- Acesso a financiamentos para investimentos a custos razoáveis (e sem ingerências políticas).

Quando estas e algumas outras condições básicas forem estabelecidas será possível às empresas nacionais competir no mercado externo em condições de igualdade, aí outras ações se tornariam também importantes, tais como:

- Maior integração com as linhas de produção mundiais (maior facilidade de importação e exportação de bens e produtos).
- Busca ativa pela redução de barreiras comerciais (acordos internacionais de comércio).


Como já mencionei e não custa repetir, esta lista é só ilustrativa e está longe de ser completa. mas já dá para perceber que cada item acima não é simples, envolveria extensas negociações com todos os interessados, mudanças profundas na legislação e na própria forma de funcionamento do governo e muito mais. Os detalhes iriam a números quase infinitos, mas se ao menos começar, um dia termina.

O problema é que hoje nem se fala mais em começar algum dia... .


Leandro G. Card

Obrigado.

Imaginei que fosse algo por aí mesmo. Questionei porque sempre dizem, especialmente a imprensa, que a solução dos problemas do país seja uma receita pronta "é isso, isso aqui, essa outra coisinha e pronto", no dia seguinte seriamos a Hong Kong tropical. Se fosse tão fácil assim, se todo mundo já sabe a solução, porque ninguém fez esse caraleous antes? É muito complicado e pelo visto ninguém tem interesse em se meter nisso...

LeandroGCard escreveu:

J.Ricardo escreveu:O Levy esta mais perdido que cachorro na feira, ele corta despesas e aumenta impostos para aumentar a arrecadação e ao mesmo tempo aumenta os juros para conter a inflação, ele só se esquece que a inflação aumentou devido ao aumento das contas controladas pelo governo e pelo repasse dos custos dos impostos, e ao mesmo tempo o aumento dos juros faz com que o governo gaste mais pela dívida interna e tudo se torna um maldito circulo vicioso!

Na verdade não há nenhuma novidade, brincamos disso desde o início do governo FHC, sem nunca parar de lá para cá (a Dilma tentou sair disso um pouquinho, mas canhestramente, sem corrigir os demais problemas, e deu no que deu).

O mercado chama este joguinho de "estabilidade econômica"... .


Leandro G. Card

Pra mim, hoje, estes juros altos não passam de remédio errado para doença errada, hoje nossa economia esta parada, o único culpado pela inflação é esse desgoverno que não para de aumentar os preços controlados e puxar todo o resto para cima.

Mas a taxa de juros aumento devido a instabilidade política e paga pela perda de credibilidade da política fiscal e do próprio BC nos últimos 6 anos. Não tem a ver com demanda e, como o mercado de crédito e financeiro de longo prazo, trabalha em cima de bancos públicos pouco efeito faz na economia real pelo canal de dificultar crédito.

A hierarquia de implosão da economia e que mina o crescimento de longo prazo, segue:

instabilidade política e falta de credibilidade >>>>>>>>>>>>> problemas fiscais >>>>>>>>>> aceleração inflacionária pela instabilidade >>>>>>>>>>>> aceleração inflacionária pela relação demanda/oferta >>>>>> impacto negativo de crises financeiras nacionais e internacionais

Nós estamos em algum ponto entre instabilidade política e problemas fiscais.

Imaginei que fosse algo por aí mesmo. Questionei porque sempre dizem, especialmente a imprensa, que a solução dos problemas do país seja uma receita pronta "é isso, isso aqui, essa outra coisinha e pronto", no dia seguinte seriamos a Hong Kong tropical. Se fosse tão fácil assim, se todo mundo já sabe a solução, porque ninguém fez esse caraleous antes? É muito complicado e pelo visto ninguém tem interesse em se meter nisso...

Interessante a observação do colega Bolovo, citando Hong Kong. A Zona Franca de Manaus (criada em 06/06/1957 e depois ampliada e reformulada em 28/02/1967) foi originalmente formada para ser uma espécie de Hong Kong tupiniquim. A antiga colônia britânica já servia, na época, de uma espécie de zona franca para escoamento de produtos da República Popular da China ao mesmo tempo que por ela passavam produtos importados que depois eram "passados" para os chineses. Ao mesmo tempo produzia-se ali uma série de produtos para exportação com insumos vindos da China e de outros países.

A Zona Franca de Manaus seria um polo exportador que receberia matérias-primas, partes, peças e componentes de indústrias brasileiras com isenção de impostos para a produção de produtos para o mercado exterior, escoados por via marítima pelo rio Amazonas. Só seriam importados, livre de impostos (ou com imposto reduzido) aqueles componentes que não eram fabricados no Brasil ou matérias-primas impossíveis de se produzir em nosso país, na época.

Como nesse país a coisa sempre funciona "à moda do demo", a coisa foi invertida e Manaus virou um polo importador de matérias-primas, partes, peças e componentes para montagem de produtos para venda no Brasil.

Um dos efeitos deletérios dessa política foi a eliminação quase que total da indústria brasileira de componentes eletro-eletrônicos.

E "vamo que vamo".

Wingate

mas nos anos 1960 e 1970, tinha o plano de criar muitas zonas francas para exportação. E, também, estrutura e incentivos tributários para integração com as cadeias produtivas globais com elevada importação e exportação. Porém, na crise dos anos 1980s, desandou tudo.

Bourne escreveu:mas nos anos 1960 e 1970, tinha o plano de criar muitas zonas francas para exportação. E, também, estrutura e incentivos tributários para integração com as cadeias produtivas globais com elevada importação e exportação. Porém, na crise dos anos 1980s, desandou tudo.

Bem observado. Foi isso mesmo!

E aí, penso eu, que nós deveríamos estar hoje no lugar que a China está ocupando atualmente.

Os chineses fizeram muito bem sua lição de casa enquanto que nós usamos nossa proverbial esperteza...

Foi ali que começamos, em meu modesto entender, a perder o jogo.


Wingate

LeandroGCard escreveu:

Bolovo escreveu:Leandro e Bourne,

Economia nunca foi muito minha área, meu forte, então fico meio perdido as vezes. Sempre dizem que temos que combater os "reais problemas" para voltarmos a ter uma indústria competitiva. Enfim, o que seria isso? O que teríamos que fazer para voltarmos termos uma indústria forte?

Alguns milhões de coisas.

Mas para não escrever uma bíblia, vou citar apenas alguns termos gerais, para dar uma ideia (não é uma lista completa):

- Ajuste fiscal, com arrecadação mais simples e eficiente.
- Valor da moeda compatível (estimativas atuais colocam entre 3,5 e 4 reais por dólar, se o dólar não cair muito com relação às demais moedas) e estável neste nível, com banda de variação pequena.
- Eficiência nos gastos do estado (gastar o quanto realmente custa, e TERMINAR o que for começado).
- Eficiência do estado em si (saúde, educação, infra-estrutura, energia e etc... de qualidade a preços baixos).
- Sistema jurídico/administrativo/tributário mais racional (hoje é impossível uma empresa atuar dentro das leis, se atende a uma viola outra ).
- Estabilidade das regras juridícas.
- Acesso a financiamentos para investimentos a custos razoáveis (e sem ingerências políticas).

Quando estas e algumas outras condições básicas forem estabelecidas será possível às empresas nacionais competir no mercado externo em condições de igualdade, aí outras ações se tornariam também importantes, tais como:

- Maior integração com as linhas de produção mundiais (maior facilidade de importação e exportação de bens e produtos).
- Busca ativa pela redução de barreiras comerciais (acordos internacionais de comércio).


Como já mencionei e não custa repetir, esta lista é só ilustrativa e está longe de ser completa. mas já dá para perceber que cada item acima não é simples, envolveria extensas negociações com todos os interessados, mudanças profundas na legislação e na própria forma de funcionamento do governo e muito mais. Os detalhes iriam a números quase infinitos, mas se ao menos começar, um dia termina.

O problema é que hoje nem se fala mais em começar algum dia... .


Leandro G. Card

Leandro, concordo com sua lista. Acho que o importante está contido nela.

Concordo com o bolovo, tudo é lindo , apontar os problemas em isolado (vejo direto isso na imprensa) mas não como resolver ou se chegar a isso, porque passa por uma séries de etapas, reação da sociedade, empresários, políticos e etc.

Brasil não tem soluções simples a não ser grandes mudanças se quiser algo da vida e não ficar para sempre sendo guiado pela maré .

Até outro dia o cambio livre salvaria o brasil em definitivo e olha o cambio flutuando ai e a gente na merda do mesmo jeito.

Enquanto ficarmos nesses puxadões sem grandes reformas e não essas mentiras que dizem ser por exemplo uma reforma politica, a coisa não vai andar.

Se fosse fácil e não tivesse conflitos, tinha sido feito há décadas. Seriamos a Alemanha do Sul.

Bourne escreveu:Mas a taxa de juros aumento devido a instabilidade política e paga pela perda de credibilidade da política fiscal e do próprio BC nos últimos 6 anos.

Poderia detalhar por favor como exatamente funciona esta relação de causa-efeito?

Leandro G. Card