A substituição dos M-114
Em relação aos obuseiros de 155mm, o exército apesar de ainda operar os antigos M-114, tem a priori a intenção de adquirir algumas peças para "manutenção de doutrina" com fins de começar efetivamente a modernizar sua artilharia de campanha, no que se refere principalmente a sua artilharia divisionária.
Em que pese esta iniciativa, que ainda não tem data para encontrar termo, o exército lançou duas ações que irão determinar no longo prazo a forma como esta substituição se dará, e qual ou quais modelos de obuseiros formarão a artilharia divisionária.
A primeira ação, como dito acima é a compra direta de novas peças de 155mm AR, com a alternativa de produção sob licença a curto e médio prazo. Conformo RFI emitido pelo EB em 2024, a ideia é comprar pouco mais de três dezenas de obuseiros para compor dois GAC AD e um GAC a nível Bda. Esta última questão ainda é, por assim dizer, um estudo de caso que o EB se pretende, a fim de colher informações sobre o emprego de peças de 155mm neste nível de GU.
A segunda ação é a emissão de diretiva de reorganização das Divisões de Exército, com a criação e\ou recomposição destas GU a fim de dispor ao menos de 1 DE para cada Comando Militar de Área, exceção feita ao CMP. Atualmente, o exército conta com a DE 1, DE 2, DE 3, DE 5, DE 6 e DE 7, respectivamente sediadas em Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul (DE 3\DE 6) e Pernambuco. Doutrinariamente, cada divisão de exército deve contar com a sua AD, de forma a dispor de elementos de manobra capaz de apoiar pelo fogo de artilharia suas OM de combate. Mas, a própria diretiva emanada faz ressalva a este respeito, de forma que as DE que vierem a ser criadas podem ou não dispor de artilharia divisionária orgânica.
Assim, do ponto de vista pragmático, 7 Comandos Militares de Área poderão vir a dispor se suas próprias DE da seguinte forma:
CMA
CMN
CML - DE 1
CMO
CMS - DE 3 \ DE 6
CMSE - DE 2
CMNE - DE 7
Em tese, seria o caso de criar 3 novas divisões de exército nos comandos militares em que não existem de forma que possam dispor destas GU de comando.
Neste sentido, o que gera dúvida no momento quanto ao aspecto da criação ou não das respectivas AD, é o fato de que o exército não possui experiência com obuseiros 155mm AR ou AP na região amazônica, seja a níve brigada ou divisionário, e mesmo contando com vários estudos e análises do ponto de vista acadêmico-escolar, é difícil prever-se qual será a opção adotada. A própria realidade vivida pelos dois únicos GAC Lv Sl da região dá uma indicação dos problemas a serem enfrentados em relação a criação ou não de AD nestes dois grandes comandos.
No manual, como já descrito, cada AD dispõe a si de 2 GAC cujo tipo de mobilidade não está identificado ou descrito, deixando ao gestores castrenses a decisão de mobiliar tais OM de acordo com as condicionantes vivenciadas de momento. Nestes aspecto, atualmente a artilharia divisionária do EB está divida em 6 GAC AR, equipados com M-114, e 3 GAC AP SL equipados atualmente com M-109A3 e M-109A5, todos recebidos usados via FMS. Apenas a DE 2 em São Paulo não possui AD orgânica, embora conte com um GAC subordinado a si.
Ainda não existe nenhum RO emitido pelo EB no sentido de identificar as características do futuro obuseiro 155mm AR, de forma que não é possível saber se ele será empregado primariamente nas AD ou se também terá lugar no apoio de fogo diretamente nas brigadas, e quais seriam estas.
Em que pese todas estas questões, o EB dispõe hoje de demanda objetiva para a substituição de pelo menos 108 peças do M-114, com o exército contando com bem mais que este número. A criação de novas DE, e consequentemente de novas AD pode elevar este número para mais que o dobro de obuseiros a serem adquiridos, assim como a perspectiva de seu emprego a nível brigada, ou não. Há também a questão dos 3 GAC AD equipados com bldos M-109A3\A5 que poderão vir a ser eventualmente substituídos por novas peças auto rebocadas, ou não.
Desconheço os critérios do EB para a não consecução de um DE ao Comando Militar do Planalto, e eventual AD correspondente, mas fato é que tem-se pela frente um emaranhado de decisões que precisam ser tomadas antes de quaisquer modificações na organização básica de todas as OM de artilharia, de forma a se poder planejar com um mínimo de coerência e higidez o futuro da artilharia divisionária, e correspondentemente, qual ou quais melhor vetores a serem empregados no futuro.
A ver.