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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Dez 02, 2014 12:09 pm
por LeandroGCard
Artigo interessante, que mostra dados de uma pesquisa que vem a corroborar o que eu tenho colocado já faz tempo. Nossos problemas são reais, e não apenas de "birra" entre o governo Dilma, os empresários e os economistas.

Acredito que infelizmente ninguém se dará conta disso, e o "mercado" em geral considerará que basta a nova equipe econômica "conservadora" ter liberdade de aplicar suas ideias para que a economia decole. Claro, para o mercado financeiro será isso mesmo, e portanto bastará. E as reformas urgentemente necessárias continuarão em banho-maria ou no máximo andarão a passo de lesma e só no final do governo, com o acirramento dos ânimos eleitorais, é que alguma discussão sobre nossa falta de crescimento voltará à baila. Muito provavelmente discutindo novamente os temas errados :? . Até lá, qualquer crescimento de 2,0 ou 2,5% anual será comemorado como se fosse um verdadeiro milagre econômico :roll: .
Além da confiança

José Paulo Kupfer, O Estado de São Paulo - 02/12/2014


Está relativamente bem assentada a ideia de que a anemia dos investimentos privados, no Brasil, se deve à desconfiança dos empresários na condução da política econômica pela presidente Dilma Rousseff. Ausência de transparência, intervencionismo, falta de diálogo são itens com lugar cativo no topo das listas dos diagnósticos oferecidos para explicar as causas do problema.

Tudo isso esteve presente, em maior ou menor grau, no primeiro governo de Dilma, mas essas causas difusas têm uma raiz real muito bem determinada. Tanto nas empresas de capital aberto como nas maiores fechadas, entre 2011 e 2013, ocorreu uma forte redução nas margens de lucro, que afetou negativamente a taxa de retorno do capital próprio. Além disso, no período, em mais de metade da amostra, a taxa média de retorno do capital investido ficou abaixo do custo médio das dívidas. É veneno duplo para o investimento.

Essas conclusões constam de um levantamento minucioso, com base nos balanços contábeis de uma amostra ampla e representativa de empresas de capital aberto não financeiras e de maiores entre as de capital fechado, realizado pelo Centro de Estudos de Mercado de Capitais (Cemec), instituição ligada ao Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), sob a coordenação dos economistas Carlos Antonio Rocca, professor da Faculdade de Economia da USP e ex-secretário de Fazenda em São Paulo, e Lauro Modesto Santos Jr. O trabalho, publicado agora em novembro, é uma atualização ampliada de um outro estudo sobre os mesmos temas concluído em março deste ano (http://bit.ly/1tvjKb0).

Não há "espírito animal" - aquela natureza empreendedora, segundo o célebre Keynes, que leva o empresário a arriscar e investir, quando estimulado pelo ambiente econômico e pelas condições do crédito - capaz de resistir a um cenário de rentabilidade cadente, abaixo dos custos de financiamento. "A taxa de retorno do capital próprio despencou de 16% para 7%, entre 2010 e 2013", constatou Rocca. "E pelo menos 70% dessa queda se deve à contração do lucro bruto." Ao mesmo tempo, a partir de 2011, o custo do financiamento das dívidas superou, para um grande número de empresas, o retorno sobre o capital investido.

O recuo das margens produziu um círculo vicioso. A participação dos recursos próprios no financiamento do total do investimento caiu de 53,2%, em 2010, para 41%, em 2013. Assim, mesmo que as perspectivas da economia fossem favoráveis - e, claramente, não eram -, a capacidade de financiamento dos investimentos estaria comprometida pela escassez de recursos próprios para bancá-los. Também as condições de financiamento, entre 2011 e 2013, não se mostraram nada convidativas. O custo das dívidas, de 9,65%, superou a taxa de retorno do capital total, de 8,1%, em média. Essa situação adversa, de acordo com estudo, fez com que caísse de 60% para 51% o porcentual de empresas com taxa de retorno sobre o capital investido superior ao custo médio da dívida.

Na avaliação de Rocca, o principal fator de redução de lucros e de rentabilidade das empresas, que termina afetando diretamente a decisão de investir, é o aumento dos custos de produção sem espaço para repassá-lo aos preços. "Pelo menos na indústria, a combinação de aumento do custo unitário do trabalho, refletindo a elevação dos salários reais acima da evolução da produtividade, com taxa de câmbio valorizada, que dificulta o repasse dos custos de produção aos preços de venda, explica a paradeira dos investimentos", observa o economista.

O resumo dessa história é que a recuperação da economia vai além da recuperação da confiança. É certo que sem ela não se consegue dar partida a nenhum processo consistente de retomada do crescimento. Mas só com ela, sem corrigir desequilíbrios de preços relativos e destravar a produção, não se irá longe.
Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Dez 04, 2014 8:50 pm
por LeandroGCard
Previsão de crescimento da nova equipe econômica. Decepcionantemente realista:
Governo segue projeções de mercado e prevê crescimento de 0,8% em 2015

Em tom mais realista, Planejamento também estima uma expansão do Produto Interno Bruto de 2% em 2016, seguida por um crescimento de 2,3% em 2017

Adriana Fernandes e Renata Veríssimo - Agência Estado, 04 Dezembro 2014


O governo prevê que a economia brasileira ainda vai patinar no ano que vem. Ela sairá de um crescimento de 0,5% em 2014 para 0,8% em 2015, conforme proposta de atualização dos parâmetros macroeconômicos para os próximos três anos encaminhada nesta quinta-feira, 4, ao Congresso Nacional. Para 2016, o governo estima uma expansão do PIB de 2%, seguida por um crescimento de 2,3% em 2017.

A projeção anterior, divulgada em novembro no relatório de receitas e despesas do Planejamento, era de expansão da economia de 2% em 2015. Tal previsão já representava uma redução, pois a expectativa inicial era de crescimento do PIB de 3% em 2015.

Com a mudança, o governo mostra tom mais realista aproxima suas projeções das expectativas do mercado. Segundo a última pesquisa Focus - levantamento realizado semanalmente pelo Banco Central com analistas de mercado - o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai crescer 0,77% em 2015.

"O cenário projetado de crescimento real do PIB para os próximos anos - juntamente com as metas de superávit primário do setor público consolidado, equivalentes a 1,2% do PIB em 2015 e 2% do PIB em 2016 e 2017 - permite, com base nos parâmetros da economia obtidos pelas estimativas de mercado, que a dívida bruta projetada do governo geral e a dívida líquida do setor público iniciem uma trajetória de declínio a partir de 2016", afirma o Planejamento.

A taxa Selic média utilizada pelo governo para definir os parâmetros dos próximos anos é de 12,17% em 2015, 11,50% em 2016 e 10,75% em 2017. A taxa de câmbio para o final de cada ano é R$ 2,67; R$ 2,71 e R$ 2,80, respectivamente.

Os cálculos foram feitas pelo Ministério da Fazenda com base nas projeções de mercado.

Dívida. O governo elevou para 64,1% do Produto Interno Bruto (PIB) a projeção de dívida bruta para 2015. A previsão anterior, que constava no projeto de lei orçamentária, era de 56,4% do PIB, que considerava uma superávit primário de 2% do PIB. Para 2016, a projeção feita pelo governo é de 63,3% do PIB para a dívida pública bruta. Em 2017, a previsão cai para 62,5%.

A estimativa para o déficit nominal em 2015 foi fixada em 4,1%. Em 2016, o governo prevê uma queda para 2,7% e depois para 2,5% em 2017. A atualização dos parâmetros da LDO traz uma novidade que é para dívida líquida com reconhecimento de passivos: 37,4% em 2015, 37,4% em 2016 e 37,1% em 2017.
Como eu já havia mencionado antes, média em torno de 2% para os próximos 3 anos. Depois disso só Deus sabe. E arrisco dizer que com o dólar nos níveis previstos provavelmente nem mesmo estes níveis de crescimento poderão ser alcançados. Quem viver verá.


Leandro G. Cardoso

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Dez 04, 2014 9:06 pm
por Bourne
Sinto sinais estranhos. De um lado defendem, de outro chamam o pessoal que ataca a política, e na terceira via atacam e vendem como se fosse a mesma coisa.

A aprovação foi só para evitar que a lei de responsabilidade fiscal seja estourada. Não tem nenhum ato heroico ou defesa de alguma coisa. E terá efeitos negativos na gestão do Mister Levy e como o BC vai se comportar com juros. Ou seja, corte mais duro e juros mais altos.

Acredito que fosse melhor mandar alguém se explicar e apresentar o plano de recuperação. Poderia ser um desgaste político, mas com ganhos de credibilidade.
Congresso garante política econômica que venceu nas urnas
Mudança na meta fiscal aprovada em votação de mais de 17 horas no Congresso Nacional contempla desonerações de impostos e investimentos
4/12/2014 - 06h39 / Por Agência PT

Fonte http://www.pt.org.br/congresso-garante- ... nas-urnas/

Após uma longa sessão, deputados e senadores aprovaram, na madrugada desta quinta-feira (4), o Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 36/ 2014, que permite ao governo deduzir da meta de superávit o total dos gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as desonerações tributárias para estímulo a setores produtivos.

Para o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), o resultado da votação no Congresso corrobora a política econômica que venceu as eleições de outubro. “A votação de hoje estabiliza a politica econômica para uma nova fase da economia, atenta aos movimentos da economia global”, destacou.

Fontana lembrou que os tucanos, em 2001 fizeram o mesmo movimento, ao alterar a meta de superávit fiscal daquele ano. A mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não é novidade. Esse precedente foi aberto pelo governo Fernando Henrique Cardoso.

“Isso resulta na completa desmoralização do discurso da oposição”, completou o líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP).

“Mesmo com o ajuste promovido pelo governo na época, não se conseguiu cumprir a meta estabelecida. E vamos recordar que o governo tucano quebrou três vezes o Brasil”, continuou.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ainda destacou que o colega Aécio Neves (PSDB-MG) teve papel de destaque na mudança feita pelos tucanos em 2001. “Em 2001, o PSDB alterou a LDO. O senador Aécio Neves era o líder do partido na Câmara e não encontrei nenhum discurso contra a alteração da meta do superávit”, disse.

Para o senador, em vez de debater o tema, a oposição tentou usar a votação para acusar a presidenta de um fantasioso crime de responsabilidade com o intuito de continuar flertando com o golpismo. Aécio Neves, que foi a tribuna após Lindbergh, continuou o coro de acusação da oposição e não rebateu os apontamentos do parlamentar petista.

Decreto - Outra acusação falsa levantada pela oposição, de que o governo teria editado o Decreto 8.367/2014 como parte da negociação para a aprovação do PLN 36/2014 foi rebatida por Henrique Fontana.

Segundo o deputado, o governo foi obrigado pela Lei de Diretrizes Orçamentarias (LDO), que inaugurou o orçamento impositivo das emendas individuais, a editar o decreto que condiciona a liberação de emendas parlamentares à votação da alteração da meta pelo Congresso.

“Esse descontingenciamento é obrigatório, fruto de um orçamento impositivo aprovado por este Plenário e tenta se dar uma conotação absolutamente inaceitável”, disse.

Saiba Mais:

-Entre 2011 e 2012, o governo federal garantiu a economia de R$ 100 bilhões a partir de cortes nos gastos do orçamento. Tal economia possibilitou investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e desonerações tributárias;

- À época da aprovação da política de desonerações, que se iniciou em meados de 2012 e beneficiou mais de 50 setores da economia, diversos parlamentares que, hoje, acusam a presidenta Dilma de ter provocado desequilíbrio nas contas públicas, aprovaram a medida;

- Gastos com investimentos foi o que mais aumentou no orçamento, o que desmonta a tese da oposição de gastos sem responsabilidade;

- Ajuste na LDO não é cheque em branco para o governo federal. O objetivo é acelerar a recuperação da nossa economia e garantir estabilidade e avanço social;

- Não é a primeira vez que o Congresso vota ajuste do superávit. A contar do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, esta é a sétima vez que a meta do superávit é alterada;

- Governadores dos partidos da oposição não seguem os representantes no Congresso e apoiam a alteração da LDO;

- Dos 20 países que compõe o G20, 17 estão fazendo déficit fiscal. O Brasil está pediu autorização ao Congresso para ser um dos três que vão fazer um superávit menor, sem déficit;

- Superávit primário é a diferença entre gastos e despesas do governo para pagamento de juros da dívida pública.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do PT no Senado

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Dez 18, 2014 3:50 am
por Bourne
‘Desafio de Dilma é maior na política que na economia’
Para presidente da Vale, indústria de SP deve investir mais em tecnologia
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KENNEDY ALENCAR
SÃO PAULO

http://www.blogdokennedy.com.br/desafio ... -economia/


O presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirma que o desafio da presidente Dilma Rousseff no segundo mandato será maior na política do que na economia: “As crises brasileiras são sempre oriundas de situações políticas”.

Indagado sobre um conselho e um pedido para a presidente Dilma no segundo mandato, Murilo responde: “Bem, eu diria que ela vai ter de ter uma equipe de coordenação política muito eficiente, porque o cenário será sempre muito mais desafiador. Posso também expressar um desejo meu: quero ver as crianças em tempo integral nas escolas”.

Murilo avalia que o “Fla-Flu” entre PT e PSDB é “muito ruim” para o Brasil. “Infelizmente, está se espalhando pelo país como um todo”, diz. ”Não gosto dessa polarização exercida pelo PSDB e pelo PT em São Paulo.” Ele afirma preferir suas “origens mineiras” e esperar que “o Brasil siga o exemplo de Minas Gerais de uma convivência muito mais amigável”.

Em entrevista ao SBT, o presidente da Vale diz que tem a percepção de que a corrupção é mais combatida hoje do que foi no passado, com maior transparência. “Acho que é mais combatida. Há muito mais transparência. Nós jamais teríamos essa discussão em um regime fechado”.

A respeito da Operação Lava Jato, Murilo afirma que, “se esse processo trouxer da transparência e respeito ao dinheiro público para o futuro, será um resultado extraordinário”.

Cauteloso, ele pondera: “É complicado fazer qualquer julgamento baseado em manchetes de jornal. Nós temos que esperar, verificar com calma quem são os culpados. Quando eu era menino em Uberaba, já ouvia dizer de casos [de corrupção] da construção de Brasília. Depois, eu ouvi dizer de casos de Itaipu, de Tucuruí, da ponte Rio-Niterói, inúmeros casos.”

*

Economia global preocupa

A Vale concentra investimentos no Brasil, mas atua em 31 países. Atualmente, faz o maior investimento da sua história no Pará. Também tem um empreendimento de destaque na África.

Murilo afirma que tem havido “retração de investimentos na África”, especialmente dos europeus e chineses. Instado a dar um conselho a um empresário brasileiro que queira investir na África, ele diz: “Existem muitas áfricas. Para entrar na África, você precisa averiguar culturalmente o país que tem o melhor aderência à empresa, seus negócios, seu posicionamento ético. Não devemos confundir, como os europeus fizeram no século 19, achando que era uma África só. Isso foi um grande equívoco”.

O presidente da Vale afirma que a companhia baterá recorde em 2014 de venda de minério-de-ferro para a China, mas a queda no preço do produto resultará numa menor receita. A tonelada era vendida a 135 dólares em 2014. Caiu para cerca de 70 dólares hoje. Esse cenário deverá levar a um déficit da balança comercial brasileira neste ano.

“O minério-de-ferro é um produto importantíssimo para a balança comercial brasileira _capaz de levar aos generosos superávits que propiciaram essas reservas brasileiras de 380 bilhões de dólares. Mas, quando o preço recua, você percebe claramente na balança comercial os efeitos”, diz.

Na opinião de Murilo, o Brasil não deve ter preocupação com as demandas da China, mas da Europa: “A economia global é que nos preocupa. Nós temos uma Europa anêmica, inclusive a Alemanha não está apresentando o mesmo número que ela apresentava. Nos EUA, o setor privado vai bem, mas o setor público não tão bem. Nos dois últimos anos governo Obama, vamos ter uma separação entre o Poder Legislativo e o Executivo, entre os republicanos e os democratas. O endividamento, o déficit público, está crescendo. Temos alguns países da própria Ásia que não estão com o mesmo vigor dos anos anteriores”.

*

China, Índia e Mercosul

“O mundo está vivendo uma abundância de aço. Só neste ano, a China já exportou quase 75 milhões de toneladas de aço. Acredito que seria uma imprudência fazer algum outro investimento em aço nesse momento”, avalia.

Murilo diz que “o Mercosul não pode ser um problema” para o Brasil. No entanto, destaca a China e a Índia como mercados nos quais o país deve estar presente. Também recomenda a Nigéria e uma caminhada rumo ao oceano Pacífico.

“O grande contingente populacional mundial está na China ou na índia. Só aí tem um grande percentual da população mundial. Temos que estar com os nosso negócios tanto na China como na Índia. Temos que estar com os nossos negócios na Indonésia (260 milhões de pessoas), na Nigéria. Portanto, se nós ficarmos confinados no Mercosul, é um grande equívoco. Temos de abrir nosso horizonte para o Pacífico. É, realmente, o futuro da humanidade”, analisa.

Murilo defende que seja revista a regra do Mercosul que obriga o Brasil a fazer negociações comerciais levando em conta a Tarifa Externa Comum do bloco. “Tudo que amarra, que pode inibir, exatamente no momento em que estamos precisando de crescimento, deve ser revisto.”

O presidente da Vale acredita que o Brasil aproveitou bem o “superciclo” mundial propiciado pelo crescimento da China. “Esse período, que chamo ‘das frutas saborosas e deliciosas’, foi muito bem aproveitado aqui no Brasil em termos de divisas, em termos de emprego, em termos de prosperidade.”

No entanto, como a economia mundial deixou de crescer 4% ao ano e caiu para cerca de 3%, “é natural que chegassem as frutas mais amargas”. A economia paga “um preço por isso”. Mas ele diz que essa situação não torna “ajustes internos” desnecessários. Defende que o ajuste fiscal deve ser o primeiro deles, mas cita também as reformas política, tributária e previdenciária.

*

Nova equipe econômica e crescimento do Brasil

O presidente da Vale diz que sua “bola de cristal está quebrada”, quando indagado a prever o crescimento do Brasil em 2015 e nos anos seguintes. “Se o mundo estiver melhor, o Brasil vai melhor. (…) Precisamos fazer nosso exercício de casa, mas só o Brasil fazendo o exercício de casa não vai dar um crescimento em alta escala como precisamos.”

“Estou muito desanimado com a Europa. Bastante desanimado. Eu acho que a Europa continua protelando as suas reformas”, ressalta.

“O Joaquim Levy conhece profundamente a Secretaria do Tesouro Nacional e as contas públicas. Ele esteve lá por muitos anos. É uma pessoas experimentada, passou alguns anos no setor privado. O Nelson Barbosa é um talento. Eu o conheço, sei da competência do Nelson. É uma das pessoas mais brilhantes da nova geração brasileira. Tenho certeza de que ele no Planejamento vai fazer uma ótima dupla com o Joaquim Levy”, diz. Também acha que Alexandre Tombini, mantido na presidência do Banco Central, tem reconhecimento do mercado “como uma figura muito sólida”.

Segundo Murilo, a maior dificuldade no cotidiano na Vale é a “complexidade”.”O número de providências em lugares diferentes que você precisa fazer pra desenvolver qualquer tarefa.” Ele diz qual seria seu sonho para o Brasil. “Meu sonho é só um: um guichê único neste país, onde você depositaria sua solicitação e teria uma resposta de um único veículo.”

*

‘Indústria paulista deveria investir em tecnologia’

A respeito de queixas da indústria paulista sobre dificuldades para investir, Murilo aconselha investimento em tecnologia

“O agronegócio não recebe tantos favores do governo. Você conversa com o agricultor do Mato Grosso, vê a telemetria com a qual ele trabalha, ligado a Chicago, sabendo das cotações. Tem três bancos aqui no Brasil, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, que qualquer banco estrangeiro que venha não consegue suplantar. Qual é a razão? Investiram fortemente em tecnologia, assim como o agronegócio. A minha mensagem é: sem investir fortemente em tecnologia, e o mundo do jeito como está, todo mundo brigando pelo seu espaço e pelo mercado, sua chance é muito pequena”.

Murilo discorda da reclamação de setores do empresariado de que os salários cresceram muito no Brasil e dificultam a competitividade com empresas estrangeiras. “‘É uma ótima coisa [salários melhores]. Esse não é o problema. O problema é a gente ter uma tecnologia melhor. É investir diferenciadamente para, usando essas pessoas mais qualificadas, até pagar melhor pra elas”.

Murilo defende a política de financiar empreendimentos brasileiros em países da América Latina e da África. “Isso faz parte hoje da competividade global. Na hora em que você vai com suas empresas, prestadoras de serviço, fornecedores, vai com as linhas de crédito acopladas às suas propostas.”

“Hoje, tem um beneficio extraordinário o cerrado brasileiro. Foi financiado com recursos japoneses. Por que o Brasil não pode, por exemplo, financiar Moçambique, que é um país que precisa de recurso, e levar tecnologia pra lá o nosso agronegócio?”

PINGUE-PONGUE

Maior desafio do Brasil: “Infraestrutura”.

Maior desafio do planeta: “Sem dúvida alguma, redução da desigualdade. Com a redução da desigualdade, você resolve o problema do meio ambiente”.

Marina Silva: “Uma pessoa que tem uma crença muito forte. Espero que ela consiga ajustar sua crença às expectativas do Brasil”.

Aécio Neves: “Um homem talentoso, vindo de uma família de políticos, que poderá contribuir fortemente nos próximos tempos brasileiros”.

Dilma Rousseff: “Uma predestinada, uma pessoa focada. Eu acredito que ela quer o melhor para o Brasil sempre”.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Dez 18, 2014 11:58 am
por FinkenHeinle
O desafio e não deixar a política interferir na economia. Essa seria a colocação correta.

Depois de quatro anos de pataquadas (oito se considerarmos o mandato do Mantega, um incompetente de quatro costados), tá na hora de deixar os especialistas lidarem da economia, cujo quadro é mais parecido com o pintado pelos oposicionistas do que o colorido pelos marketeiros...

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 19, 2014 4:22 pm
por Túlio
Sei lá, acho que Economia é assunto sério demais para ficar nas mãos de Economistas... :wink: 8-]

((( :mrgreen: Tá, sei que lá vem pedrada :mrgreen: )))

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 19, 2014 4:39 pm
por Wingate
FinkenHeinle escreveu:O desafio e não deixar a política interferir na economia. Essa seria a colocação correta.

Depois de quatro anos de pataquadas (oito se considerarmos o mandato do Mantega, um incompetente de quatro costados), tá na hora de deixar os especialistas lidarem da economia, cujo quadro é mais parecido com o pintado pelos oposicionistas do que o colorido pelos marketeiros...
Finken, is that you, old boy? Welcome back!

Wingate

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 19, 2014 4:55 pm
por FinkenHeinle
Túlio escreveu:Sei lá, acho que Economia é assunto sério demais para ficar nas mãos de Economistas... :wink: 8-]

((( :mrgreen: Tá, sei que lá vem pedrada :mrgreen: )))
No que, inclusive, concordo contigo!!!

Importante demais pra ficar nas mãos de burocratas, economistas e políticos!

Tá, já sei que lá vem pedrada, hahaha...

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 19, 2014 4:56 pm
por FinkenHeinle
Wingate escreveu:
FinkenHeinle escreveu:O desafio e não deixar a política interferir na economia. Essa seria a colocação correta.

Depois de quatro anos de pataquadas (oito se considerarmos o mandato do Mantega, um incompetente de quatro costados), tá na hora de deixar os especialistas lidarem da economia, cujo quadro é mais parecido com o pintado pelos oposicionistas do que o colorido pelos marketeiros...
Finken, is that you, old boy? Welcome back!

Wingate
O próprio!

Grato! :wink:

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Dez 20, 2014 12:43 am
por FinkenHeinle
Bourne escreveu:
Para especialistas, imprensa tradicional quer impor política econômica que foi derrotada nas urnas
"Causou indignação nas redes sociais" é o novo "Segundo especialistas"...

A Dilmanomics, também conhecida como Nova Matriz Econômica, foi derrotada pela inescapável realidade de seu fracasso. O que impõe também a reflexão dos que defenderam o fracasso em nome de interesses eleitorais (noves fora os que defenderam só pra não dar o braço à torcer mesmo, hehe)...

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 22, 2014 1:40 pm
por Bourne
:o
Contas públicas estão em situação pior que o esperado

BRASÍLIA - A nova equipe econômica encontrou as contas públicas em situação pior do que esperava. Em conversas reservadas no gabinete improvisado no Palácio do Planalto, o futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem dito a interlocutores que está impressionado com a “multiplicação de algumas despesas" que atingiram uma dimensão “impossível de ser sustentada”. Nessas avaliações, ele também questiona a efetividade de algumas das desonerações feitas nos últimos quatro anos para estimular o crescimento da economia e o emprego. Há incentivos cuja relação entre custo e benefício não se justifica, concluiu. Embora o futuro comandante da Fazenda não revele as medidas de correção de rota que estão em estudo, ele indicou a interlocutores que o corte de despesas que crescem sem sustentação é inevitável, assim como de incentivos. Também demonstrou o desejo de não carregar para o orçamento de 2015 despesas que estão sendo represadas, como a conta de energia.

O futuro comandante da Fazenda também tem indicado que o quadro atual precisa ser corrigido logo, o que não significa necessariamente provocar um baque na economia. Nas conversas internas, Levy tem dito que “diante dos números e das perspectivas, não seria produtivo deixar as coisas para serem todas resolvidas ano que vem”:

— A ideia não é passar uma foice em tudo. Tem lugares onde o mato está tão alto que mesmo cortando ainda continuará bastante grande. (O plano) É fazer um ajuste sem dar brecadas efetivas, sem causar desconfortos efetivos — disse, segundo fontes.

Sobre o aumento de tributos, Levy também tem demonstrado cautela, dizendo que “não é boa a ideia de carregar demais na carga de impostos”. Ao comentar as benesses tributárias dos últimos tempos, brinca:

— Há áreas em que o conforto é tão grande que ninguém vai notar (a retirada).

SEM ESQUELETOS

Da atual equipe econômica, Levy tem cobrado que o resultado fiscal de 2014, não importa o tamanho, seja transparente e não deixe esqueletos. Um deles está no setor elétrico. A estratégia do governo de tentar desonerar as contas de luz em 2012 desequilibrou o setor de tal maneira que o Tesouro Nacional teve que colocar recursos orçamentários na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e ainda negociar com o setor privado dois empréstimos às distribuidoras.

Os planos da nova equipe são que os custos da CDE voltem a ser cobrados na conta de luz. Levy tem defendido em reuniões internas que a medida “vai aumentar um pouco a inflação, mas parar de criar esqueletos”. O futuro ministro também é um defensor das chamadas bandeiras tarifárias, que entram em vigor em 2015. Esse sistema indica aos consumidores as condições de geração de energia no país. Quando os custos sobem, a diferença é repassada imediatamente para as tarifas.

A urgência em mostrar como a política fiscal mais austera vai ser executada em 2015 aumentou com o atual quadro internacional, de dólar em alta e preços do petróleo em queda.

— O que é ruim é a incerteza. Quanto mais rápido a gente der o rumo, mas rápido a gente começa a avançar. O importante é arrumar a regra do jogo. Quando arruma, as peças começam a se mexer — disse Levy a interlocutores.

Na nova estratégia, os subsídios aos bancos públicos serão reduzidos substancialmente. Com o aumento da TJLP, aprovado ontem, o BNDES terá que fazer mais escolhas na hora de emprestar seus recursos e deve “priorizar segmentos estratégicos”, disse uma fonte do Palácio do Planalto. Entre eles, pequenas empresas e setores inovadores, como o de etanol.

O discurso da transparência e uma boa comunicação com o mercado também são considerados essenciais pela nova equipe econômica. O futuro ministro da Fazenda tem demonstrado simpatia pela ideia de adotar um Focus fiscal como “ferramenta de disciplina". A pesquisa semanal Focus, feita pelo Banco Central com as principais instituições financeiras, traz hoje as projeções para indicadores como crescimento, inflação e câmbio.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/contas ... z3MdqSErn8
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 22, 2014 1:46 pm
por mmatuso
Bourne, Joaquim Levy vai ter carta branca para fazer o que for preciso ou vai comer na mão da dentuça?

Se não vai dar na mesma com essa psicopata governando o país desse jeito.

Uma das características nata de todo brasileiro é achar problemas e apontar culpadas, mas resolver que é bom...

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 22, 2014 2:27 pm
por Bourne
O Levy não tem perfil de bajulador e desesperado para ficar no governo. Se está lá é por terem prometido a liberdade para fazer o que tem que ser feito, válido para Nelson Barbosa.

Os dois são jovens e no auge da carreira, trabalham onde quiserem, seja na academia, instituições internacionais ou setor privado. E, acima de tudo, tem um nome a zelar e mais uns 20 anos na ativa.

Ao contrário de outros como Arno Agustin que é aspone profissional.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 22, 2014 2:43 pm
por nveras
mmatuso escreveu:Bourne, Joaquim Levy vai ter carta branca para fazer o que for preciso ou vai comer na mão da dentuça?

Se não vai dar na mesma com essa psicopata governando o país desse jeito.

Uma das características nata de todo brasileiro é achar problemas e apontar culpadas, mas resolver que é bom...
Como dizia mamãe. DU-VI-DEO-DÓ. :mrgreen:

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 22, 2014 4:48 pm
por FinkenHeinle
O que está em questão é: a situação é delicada e exige medidas consideradas mais "duras" pelos heterodoxos do governo.

Porém, estas medidas não devem surtir efeito em prazo tão curto e isso passa a ser um ponto de tensão entre o núcleo político do governo e a ekipekonomika...

Se tivesse de apostar, Levy sai do governo em meados de 2016...