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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Nov 04, 2014 11:40 am
por Bourne
Precisa pesar que o mansueto é tucano e da chapa do aécio

Considero que o nome do ministro da fazenda é um proxy importante para identificar os rumos.

Aguardemos e veremos
A semana começa sem rumo
3 de novembro de 2014 por mansueto

http://mansueto.wordpress.com/2014/11/0 ... -sem-rumo/

Esta semana começa com as mesmas dúvidas e indefinições da semana passada e que não serão solucionadas nesta semana, pois o governo tem o seu tempo que é diferente do tempo do mercado. Enquanto isso, os problemas não resolvidos da gestão atual vão se agravando.

Vou fazer aqui alguns rápido comentários. Para aqueles que acham que o destino do país será definido por um excelente ministro da fazenda que montará uma equipe espetacular e solucionará os problemas do país, sugiro que leiam o artigo do economista Marcos Lisboa de hoje na Folha de São Paulo (clique aqui).

O problema fiscal é menos econômico e mais político. Como fala marcos: “A baixa confiança é resultado dos problemas, e não a sua causa. Ela requer uma agenda de governo, e não apenas um novo ministro da Fazenda”.

O que o mercado torce, mas não fala, é que o próximo ministro da fazenda seja forte o bastante para tornar o ex-presidente Lula o real mentor das ações na área econômica. Eu não acredito nisto até porque o “dream team” da presidente Dilma acredita que aumento da divida e subsídios são positivos e resolverão todos os nossos problemas. A politica de conteúdo nacional será cada vez mais presente independente da evidência se funciona ou não.

A imprensa noticiou recentemente que o governo já estuda um novo empréstimo de R$ 20 bilhões ao BNDES (clique aqui). Se daqui a seis meses o governo achar que não foi suficiente farão um novo empréstimo. Isso está no DNA do governo atual e não mudará, apesar dos discurso que esses empréstimos diminuirão.

Hoje, matéria do jornal o Estado de São Paulo mostra que o governo planeja ampliar os subsídios (clique aqui) para o setor produtivo. Eles fazem isso não é por maldade, mas por convicção que subsídios setoriais ocasionam mais crescimento. Não há nenhum evidência disso, mas as pessoas costumam ser muito seletivas da forma que olham a evidência empírica.

Adicionalmente, na dança das cadeiras, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, continuará muito forte ou até mais forte em um segundo governo Dilma como mostra matéria de hoje do jornal Folha de São Paulo (clique aqui). Segundo a matéria do jornal:

“O atual secretário do Tesouro Nacional deve assumir, a partir do próximo ano, o cargo de assessor especial da Presidência, com direito a sala ao lado do gabinete presidencial no Planalto. Funcionários do alto escalão dizem achar que, caso assuma a nova função, Arno será uma espécie de “grilo falante”, dando ideias à presidente não só na agenda macroeconômica, mas também na micro. Ou seja: sua influência aumentará em 2015.”

O mercado continuará sua procura, ao longo desta semana, por sinais de mudança na política econômica. Os rumores de quem será o novo titular da fazenda continuarão. Nada disso solucionará os nossos grandes dilemas que são políticos e, aqui, o governo continuará desconfiando do setor privado. O governo achava e continua achando que será o principal ator na definição dos grandes projetos de investimento e do crescimento do país. Não sei se essa veia intervencionista mudou. Acho que não.

Assim, a semana começa sem novidades e com o governo fazendo o que sempre fez que é tentar convencer aos outros que o maior problema da política econômica é o resto do mundo e não o tipo de política intervencionista que caracterizou o primeiro mandato da presidente Dilma. Há muitas razões para apostarmos em um cenário do mais do mesmo até perdermos o grau de investimento.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Nov 05, 2014 3:50 pm
por rodrigo
Mercado brasileiro estagnado prejudica resultado de grandes montadoras

No terceiro trimestre, a Fiat vendeu 17 mil carros a menos no Brasil e a Ford prevê prejuízo de US$ 1 bilhão na América do Sul em 2014

As concessionárias vazias e os pátios lotados de carros no Brasil são evidentes nos balanços das grandes montadoras, que já registram queda de dois dígitos nas vendas na América Latina e citam o mercado brasileiro como principal responsável pelo resultado ruim. No terceiro trimestre, a Fiat vendeu 17 mil carros a menos no Brasil e a Ford prevê prejuízo de US$ 1 bilhão na América do Sul em 2014.

Grandes montadoras divulgaram balanços nos últimos dias com avaliações otimistas diante da reação das vendas em grandes mercados como Estados Unidos, Europa e China. Essas multinacionais, porém, demonstraram desapontamento com o desempenho das filiais na América Latina, especificamente no Brasil. Com a economia patinando e com a falta de confiança dos consumidores, a queda das vendas é expressiva.

Líder do mercado brasileiro, a italiana Fiat destacou na divulgação de balanço no terceiro trimestre que o faturamento na América Latina caiu 12% no período na comparação com o mesmo período de 2013. Para explicar o resultado, a empresa apontou para o Brasil, onde foram entregues 17 mil carros a menos este ano, e para a Argentina, onde o número caiu 8 mil. Isso reflete a piora das condições de comercialização do mercado, disseram os executivos da companhia em teleconferência com investidores.

Na norte-americana Ford, a queda nas vendas na região já gera prejuízo. No terceiro trimestre, a empresa reportou perda antes dos impostos de US$ 170 milhões na América do Sul. Culpa da queda das vendas no Brasil, na Argentina e na Venezuela, que fizeram a receita recuar 18% no período. Para o ano, a empresa já prevê prejuízo de US$ 1 bilhão na região.

O presidente executivo da Ford, Mark Fields, atribui o fraco resultado à deterioração das condições da economia e cita atividade desaquecida, inflação alta e desvalorização cambial. "O Brasil está em recessão por conta da incerteza política gerada pelas eleições. O crescimento negativo também é esperado na Argentina e na Venezuela, com riscos políticos e de câmbio no momento", disse em teleconferência.

Maior montadora dos EUA, a General Motors registrou queda de 27% das receitas e recuo de 20% nas vendas na América do Sul no terceiro trimestre ante o mesmo período de 2013. O vice-presidente e diretor financeiro da GM, Chuck Stevens, destacou em teleconferência que a piora das vendas no Brasil, na Venezuela e na Argentina levaram o faturamento da montadora a cair US$ 900 milhões na América do Sul no terceiro trimestre.

"O setor automobilístico inteiro no Brasil está enfrentando ventos contrários. As condições do mercado na América do Sul têm sido desafiadoras", disse o executivo. No terceiro trimestre, por exemplo, a desvalorização das moedas locais teve um impacto negativo de US$ 300 milhões na receita, destacou Stevens.

Na francesa Renault, o faturamento no Brasil caiu 9% no acumulado dos nove primeiros meses. A queda vista no mercado brasileiro, no entanto, foi menor que a registrada na Argentina, onde as cifras caíram 25,7% após medidas adotadas pelo governo para restringir importações e aumentar impostos.

Projeção da consultoria Euromonitor prevê que o mercado brasileiro de automóveis deve terminar o ano com 3,25 milhões de unidades registradas, volume 9,1% menor que o do ano passado.

http://correiobraziliense.vrum.com.br/a ... oras.shtml

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Nov 06, 2014 8:24 am
por Bourne
Tadinha das montadoras.

Agora tem argumentos para terem mais subsídios e subvenções para não demitires e elevarem preços. Ou fazerem os dois mesmo ganhando as benesses. A segunda possibilidade é mais provável.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Nov 06, 2014 9:11 am
por suntsé
Da uma dozinha danada :(

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Nov 06, 2014 9:41 am
por mmatuso
E assim caminha a humanidade, montadoras fabricando os cacarecos aqui com preço de carro de luxo do primeiro mundo e chantageando para não demitir e receber ajuda, como se precisassem.

Que situação patética.

E a dentuça nada de se mexer para mudar as coisas agora ela vai "governar do jeito que quer".

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Nov 06, 2014 5:45 pm
por Bourne
Os projetos não estão mais tão ruins e descolados do mundo desenvolvido (EUA e Europa) e em desenvolvimento (china e ásia em geral). Salvo exceções como motor pré-histórico da renault 1.6 8v e os monzatec da chevrolet.

O problema é que eles tem um poder fantásticos de arranjar benesses. E não são simpáticos à uma integração com as cadeias globais. Elas fazem lobie para manter o mercado fechado e proteger da concorrência deles mesmas. Aí pode negociar bombar o preço e vender mais caro do que o produzido no exterior.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Nov 06, 2014 9:10 pm
por Bourne
Essa é a realidade dos preços atuais do mercado brasileiro. No brasil os preços são mais altos, mas em geral em torno de 30%.

Salvo os nichos como Camaro que são feitos para enfiar a faca no consumidor e se vender como carro de luxo que não é. A chevrolet faz o mesmo com Cruze que tem o preço maior que os sedan médios do mercado e não entrega nada demais.
Aqui vs. lá fora: por que o carro no Brasil é tão caro?
LEONARDO CONTESINI 25 SETEMBRO, 2014 519


Fonte http://www.flatout.com.br/aqui-vs-la-fo ... -tao-caro/

Aqui vs. lá fora: por que o carro no Brasil é tão caro?
Preços de carros no Brasil. Há quem diga que eles são altos devido às margens de lucros dos fabricantes por aqui, o chamado “lucro Brasil”. Outros dizem que a culpa é dos impostos em cascata sobre toda a produção do carro — da matéria-prima à revenda nas concessionárias —, o chamado “custo Brasil”. Na verdade é um pouco de cada. A margem de lucro média sobre os carros no Brasil é mais alta que em outros países, mas a carga tributária também é. Isso sem mencionar o custo de produção, políticas econômicas nacionais, poder de compra e dos salários de cada país.

Por aqui as margens de lucro podem chegar a 10%. O dado vem de um levantamento feito pela consultoria IHS, que também apontou uma margem média mundial de 5%, enquanto nos EUA é de apenas 3% — embora seja importante notar o volume de produção americano, que permite margens menores para lucrar em escala.

Os impostos por sua vez, correspondem a 29% dos preços na Argentina e de 6 a 9% nos EUA, enquanto a média mundial fica em 16%. No Brasil esse número é duas vezes maior: 32%. Isso sem falar em medidas protecionistas, como o Imposto de Importação e o “super IPI” para os carros de fabricantes que não produzem no Brasil, o que ajuda a nivelar os preços por cima.

VWProduçao

Ainda há a questão do custo de produção. Em 2011 a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro fez um levantamento sobre o custo da energia industrial em 27 países que revelou que o Brasil tem a quarta tarifa de consumo industrial mais cara do grupo, ficando apenas atrás da Itália, República Tcheca e Turquia. Nos EUA o custo do megawatt-hora (MWh) é de 125 reais; na China, 142 reais; na Coreia, 171 reais; na Alemanha, 213 reais; e no Brasil 329 reais. Isso significa que a energia elétrica necessária para usar exatamente os mesmos pontos de solda de uma estrutura fabricada na Alemanha fica 55% mais cara no Brasil.

Além disso, temos os encargos trabalhistas mais altos do mundo industrializado, como mostra um levantamento feito pela rede mundial de auditoria e contabilidade UHY em 2013. No Brasil, paga-se 57,56% do valor bruto do salário em tributos, enquanto a média global é de 22,52%. Com um custo elevado, fica mais caro produzir carros baratos, o que acaba jogando o preço dos carros intermediários e topo-de-linha ainda mais para cima.

Independentemente de qual seja a sua opinião nessa discussão, todos concordam ao menos em uma coisa: eles são caros demais por aqui. Especialmente se você comparar o salário médio do brasileiro, que chegou a R$ 1.166 em 2014 com o da população de outros países com quem mantemos relações comerciais no ramo automotivo, como o México, os EUA e a Argentina, que têm salários médios de US$ 609 (R$ 1.475), US$ 3.263 (R$ 7.905) e US$ 593 (R$ 1.438) respectivamente. Sim, ganhamos menos que os argentinos e os mexicanos, em média.

Mas como estatísticas são apenas estatísticas, achamos melhor mostrar o que isso tudo significa na prática. Para isso, selecionamos alguns dos modelos vendidos por aqui que também podem ser encontrados em outros países. Alguns deles são fabricados aqui e exportados para o México e Argentina. Outros são importados de lá para o Brasil, e ainda há os modelos produzidos localmente em cada mercado. Veja como eles se comparam:

Volkswagen Gol 1.6 Trendline / CL 1.6

Preço no Brasil: R$ 38.820
Preço no México: R$ 27.271
Preço na Argentina: R$ 27.881

Chevrolet Montana 1.4 / Tornado 1.8

Preço no Brasil: R$: 36.800
Preço no México: R$ 35.089
Preço na Argentina: R$ 36.077

Chevrolet Cruze 1.8 automático

Preço no Brasil: R$ 86.900
Preço no México: R$ 40.926
Preço nos EUA: R$ 44.435
Preço na Argentina: R$ 79.053

Ford Fiesta SE 1.6 automático

Preço no Brasil: R$ 53.900
Preço nos EUA: R$ 37.786
Preço no México: R$ 40.050
Preço na Argentina: R$ 55.720

Honda Civic EX/LXS

Preço no Brasil: R$ 65.900
Preço nos EUA: R$ 51.320
Preço no México: R$ 53.200
Preço na Argentina: R$ 66.800

Chevrolet Camaro SS

Preço no Brasil: R$ 222.000
Preço nos EUA: R$ 86.702
Preço no México: R$ 101.620
Preço na Argentina: R$ 230.108

Ford Ranger XLT Diesel Manual

Preço no Brasil: R$ 113.170
Preço na Argentina: R$ 105.960

Jeep Cherokee Limited

Preço no Brasil: R$ 177.000
Preço nos EUA: R$ 75.330
Preço no México: R$ 77.815

Fiat 500C 16v automático

Preço no Brasil: R$ 66.300
Preço nos EUA: R$ 54.500
Preço no México: R$ 57.000
Preço na Argentina: R$ 65.000

Ford Fusion EcoBoost

Preço no Brasil: R$ 108.700
Preço nos EUA: R$ 75.510
Preço no México: R$81.330

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Nov 06, 2014 11:11 pm
por LeandroGCard
Fazer todo este estudo comparativo e sequer mencionar a defasagem cambial de nossa moeda sobrevalorizada me parece um exercício de futilidade.


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Nov 06, 2014 11:42 pm
por NettoBR
http://www.youtube.com/watch?v=Dniab2nTgMc

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Nov 07, 2014 1:57 am
por Bourne
Mais um sinal que dançaram: fazer manifestação pública e se colocar como a verdadeira esquerda e heterodoxa.

Dois erros. Principalmente, o segundo que esquerda política nada tem a ver com heterodoxia econômica. Isso é politicagem que é feita no Brasil. No resto do mundo é normal partidos de esquerda chamarem para seus quadros economistas chamados do mainstream. Por exemplo, o Andres Velasco e José Ocampo no Chile, Joseph Stiglitz e Paul Krugman nos EUA, Olivier Blanchart, Jean Tirole e Thomas Piketty na França.

Ou mesmo heterodoxos terem comportamento de ortodoxos e se envolver nas grandes questões e revistas, tal como Nelson Barbosa, José Luiz Oreiro, Gilberto Lima. Por que sabem que não podem viver em uma bolha e precisam debater para fazer valer seus pontos. Um grande exemplo é o Charles Goodhart que foi presidente do banco da Inglaterra. A maioria no Brasil recusa debate sério com dados, estudos e modelos. Preferem criam o "eu contra eles" ou " nós somos bons e eles maus". Parece aqueles tempos dos anos 1980 e 1990s quando todo mundo tinha uma solução e a solução dos outros era errada. inclusive está tão certo, mais tão certo, que não precisa debater e discutir.

Esses do manifesto estão na friendzone. Acharam que ganharam com Dilma, mas na real nunca foram considerados e a politica anterior pode ter tido pouco a ver com inspiração neles e mais uma tentativa frustrada de implantar um modelo que morreu na praia. Dos nomes que vejo tens uns dois ou três bons (marcados em vermelho) dentro da razoabilidade que é interessante ouvir e ler os trabalhos. Os demais não fedem ou cheiram e que entraram na politicagem extrema.

Uma característica do manifesto é ser plágio descarado dos economistas europeus sobre o programa de austeridade europa. Me dá a impressão que pegaram os mesmo argumentos e jogaram no brasil, maquiando com dados interessantes. A situação não tem nada a ver. O problema do Brasil é outro, a estrutura fiscal muito diferente, endividamento maquiado pela divida liquida, estrutura de financeiro pública interna e bombada pelo tesouro, o ambiente regulatório é ruim, etc...

O ajuste é real e necessário. Se não fizer o orçamento não fecha e vai alimentar inflação e recessão. O Nelson Barbosa e Octaviano canuto batem nisso há anos. A situação é extrema e não fazer é irresponsabilidade e caminha para o fundo do poço. A próxima desgraça se continuasse como antes é perder o grau de investimento que vai levar empresas nacionais endividadas para dificuldades e criar custos/riscos elevados. A implosão vai ter um custo alto. O Lila é patrocinador dessas medidas por não ser doido. É bem assessorado por mais não acreditem. Ele conversa com muita gente e não é teimoso.

Ontem vão ocorrer os cortes são custeio e subsídios. O custeio por que é mais fácil cortar quinquilharias dos servidores e máquina pública. Os subsídios é de onde viriam o dinheiro pesado. Nessa conta põe incentivos setoriais e crédito subsidiado. Dai uns 50 bi surgem só da readequação do crédito e evitar emprestar para quem não precisa, tipo grandes empresas como Friboi.
Para especialistas, imprensa tradicional quer impor política econômica que foi derrotada nas urnas

Fonte http://www.revistaforum.com.br/blog/201 ... economica/

Por Redação

Um manifesto capitaneado por Maria Conceição Tavares, Luiz Gonzaga Belluzzo, Marcio Pochmann e outros pensadores da economia brasileira faz um contraponto ao que tem sido apregoado pelos meios de comunicação tradicionais no que diz respeito às políticas econômicas que o segundo mandato de Dilma Rousseff deve seguir.

Para eles, o resultado do processo eleitoral deixou claro que a maioria da população brasileira “rejeitou o retrocesso às políticas que afetam negativamente a vida dos trabalhadores e seus direitos sociais”. Criticam também aquilo que chamam de opinião única a respeito do rumo certo à economia brasileira divulgada por jornais e revistas.

“(…) os meios de comunicação propagaram quase exclusivamente a opinião que a austeridade fiscal e monetária é a única via para resolver nossos problemas. Isto vai na contramão da opinião de economistas de diferentes matizes no Brasil, mas reverbera o jogral dos porta-vozes do mercado financeiro. Estes defendem solucionar a desaceleração com a “credibilidade” da adesão do governo à austeridade fiscal e monetária, exigindo juros mais altos e maior destinação de impostos para o pagamento da dívida pública, ao invés de devolvê-los na forma de transferências sociais, serviços e investimentos públicos”, diz o manifesto.

Em outro momento, o manifesto também rejeita o argumento que relaciona gasto público e inflação. “Tampouco compreendemos o argumento que associa a inflação ao gasto público representado por desonerações que reduzem custos tributários e subsídios creditícios que reduzem custos financeiros. A inflação, aliás, manteve-se dentro da meta no governo Dilma Rousseff a despeito de notáveis choques de custos como a correção cambial, o encarecimento da energia elétrica e a inflação de commodities no mercado internacional”, criticam os economistas.

Os economistas se revelam preocupados com a “carência de bens públicos”. “O que nos preocupa é a possibilidade de recessão e a carência de bens públicos e infraestrutura social reclamada pela população brasileira. Atendê-la não é apenas um compromisso político em nome da inclusão social, é também uma fronteira de desenvolvimento, estímulo ao crescimento da economia e em seguida da própria arrecadação tributária”, analisam.



A seguir, confira o manifesto na íntegra:

“Economistas pelo desenvolvimento e pela inclusão social

A campanha eleitoral robusteceu a democracia brasileira através do debate franco sobre os rumos da Nação. Dois projetos disputaram o segundo turno da eleição presidencial. Venceu a proposta que uniu partidos e movimentos sociais favoráveis ao desenvolvimento econômico com redistribuição de renda e inclusão social. A maioria da população brasileira rejeitou o retrocesso às políticas que afetam negativamente a vida dos trabalhadores e seus direitos sociais.

É de se esperar que o pluralismo de opiniões fortaleça nossa democracia depois da pugna eleitoral. Desde 26 de outubro, contudo, a difusão de ideias deu a impressão de que existe um pensamento único no diagnóstico e nas propostas para os graves problemas da sociedade e da economia brasileira.

Sem o contraponto propiciado pela campanha e pelo horário eleitoral gratuito, os meios de comunicação propagaram quase exclusivamente a opinião que a austeridade fiscal e monetária é a única via para resolver nossos problemas. Isto vai na contramão da opinião de economistas de diferentes matizes no Brasil, mas reverbera o jogral dos porta-vozes do mercado financeiro. Estes defendem solucionar a desaceleração com a “credibilidade” da adesão do governo à austeridade fiscal e monetária, exigindo juros mais altos e maior destinação de impostos para o pagamento da dívida pública, ao invés de devolvê-los na forma de transferências sociais, serviços e investimentos públicos.

Subscrevemos que este tipo de austeridade é inócuo para retomar o crescimento e para combater a inflação em uma economia que sofre a ameaça de recessão prolongada e não a expectativa de sobreaquecimento.

O reforço da austeridade fiscal e monetária deprimiria o consumo das famílias e os investimentos privados, levando a um círculo vicioso de desaceleração ou mesmo queda na arrecadação tributária, menor crescimento econômico e maior carga da dívida pública líquida na renda nacional.

Entendemos que é fundamental preservar a estabilidade da moeda. Também somos favoráveis à máxima eficiência e ao mínimo desperdício no trato de recursos tributários: este tipo de austeridade, sim, denota espírito público e será sempre desejável. Rejeitamos, porém, o discurso dos porta-vozes do mercado financeiro que chama de “inflacionário” o gasto social e o investimento público em qualquer fase do ciclo econômico.

Tampouco compreendemos o argumento que associa a inflação ao gasto público representado por desonerações que reduzem custos tributários e subsídios creditícios que reduzem custos financeiros. A inflação, aliás, manteve-se dentro da meta no governo Dilma Rousseff a despeito de notáveis choques de custos como a correção cambial, o encarecimento da energia elétrica e a inflação de commoditiesno mercado internacional.

A austeridade agravou a recessão, o desemprego, a desigualdade e o problema fiscal nos países desenvolvidos mesmo tendo sido acompanhada por juros reais baixíssimos e desvalorização cambial. No Brasil, a apreciação cambial estimulada por juros reais altos aumenta o risco de recessão, ao acentuar a avalanche de importações que contribui para nosso baixo crescimento.

É essencial manter taxas de juros reais em níveis baixos e anunciar publicamente um regime fiscal comprometido com a retomada do crescimento, adiando iniciativas contracionistas, se necessárias, para quando a economia voltar a crescer. A atual proporção da dívida pública líquida na renda nacional não é preocupante em qualquer comparação internacional.

O que nos preocupa é a possibilidade de recessão e a carência de bens públicos e infraestrutura social reclamada pela população brasileira. Atendê-la não é apenas um compromisso político em nome da inclusão social, é também uma fronteira de desenvolvimento, estímulo ao crescimento da economia e em seguida da própria arrecadação tributária.

Esta opinião divergente expressa por parte importante dos economistas brasileiros não pode ser silenciada pela defesa acrítica da austeridade, como se o mantra que a louva representasse um pensamento único, técnico, neutro e competente.

Um dos vocalizadores desse mantra chegou a afirmar que um segundo governo Dilma Rousseff só seria levado a caminhar em direção à austeridade sob pressão substancial do mercado, o que chamou de “pragmatismo sob coação”.
Esperamos contribuir para que os meios de comunicação não sejam o veículo da campanha pela austeridade sob coação e estejam, ao contrário, abertos para o pluralismo do debate econômico em nossa democracia.

Maria da Conceição Tavares (UFRJ)
Luiz Gonzaga Belluzzo (UNICAMP e FACAMP)
Ricardo Bielschowsky (UFRJ)
Marcio Pochmann (UNICAMP)
Pedro Paulo Zahluth Bastos (UNICAMP)
Rosa Maria Marques (PUC-SP)
Alfredo Saad-Filho (SOAS – Universidade de Londres)
João Sicsú (UFRJ)Maria de Lourdes Mollo (UNB)
Vanessa Petrelli Corrêa (UFU)
Carlos Pinkusfeld Bastos (UFRJ)
Alexandre de Freitas Barbosa (USP)
Lena Lavinas (UFRJ)
Luiz Fernando de Paula (UERJ)
Hildete Pereira Melo (UFF)
Niemeyer Almeida Filho (UFU)
Frederico Gonzaga Jayme Jr. (UFMG)
Jorge Mattoso (UNICAMP)
Carlos Frederico Leão Rocha (UFRJ)
Rubens Sawaya (PUC-SP)
Fernando Mattos (UFF)
Pedro Rossi (UNICAMP)
Jennifer Hermann (UFRJ)
André Biancarelli (UNICAMP)
Bruno De Conti (UNICAMP)
Julia Braga (UFF)
Ricardo Summa (UFRJ)
William Nozaki (FESP)”

Foto: Commons

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Nov 07, 2014 2:03 am
por Bourne
LeandroGCard escreveu:Fazer todo este estudo comparativo e sequer mencionar a defasagem cambial de nossa moeda sobrevalorizada me parece um exercício de futilidade.


Leandro G. Card
Não vejo assim.

Primeiro que não é estudo. Um mero exercício especulativo, se muito. Segundo que não está errado por que são valores reais para dentro. Para comparação de produtos extremamente semelhante serve, pois deveriam teoricamente ter o preço final semelhantes. Independe da taxa de câmbio. Os custo dos insumos e tecnologias não muda tanto de país para país, deixando claro diferenças de produtividade, estrutura competitiva e custos tributários. É a ideia por trás da paridade do poder de compra.

A crítica pode estar no uso da taxa nominal, mas aí poderia usar a comparação com renda nacional parar criar um índice real. O problema vai para longa discussão e ter resultados inteligíveis para o público em geral. Ou pior, vai pelo caminho de discutir qual seria o cambio real e em qual patamar seria neutro. Uma discussão dessas vai para o campo nebuloso que podem dar resultados bem estranhos dependendo do autor.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Nov 07, 2014 10:13 am
por LeandroGCard
Bourne escreveu:
LeandroGCard escreveu:Fazer todo este estudo comparativo e sequer mencionar a defasagem cambial de nossa moeda sobrevalorizada me parece um exercício de futilidade.


Leandro G. Card
Não vejo assim.

Primeiro que não é estudo. Um mero exercício especulativo, se muito. Segundo que não está errado por que são valores reais para dentro. Para comparação de produtos extremamente semelhante serve, pois deveriam teoricamente ter o preço final semelhantes. Independe da taxa de câmbio. Os custo dos insumos e tecnologias não muda tanto de país para país, deixando claro diferenças de produtividade, estrutura competitiva e custos tributários. É a ideia por trás da paridade do poder de compra.

A crítica pode estar no uso da taxa nominal, mas aí poderia usar a comparação com renda nacional parar criar um índice real. O problema vai para longa discussão e ter resultados inteligíveis para o público em geral. Ou pior, vai pelo caminho de discutir qual seria o cambio real e em qual patamar seria neutro. Uma discussão dessas vai para o campo nebuloso que podem dar resultados bem estranhos dependendo do autor.
Veja, não seria necessário entrar em todos os detalhes sobre o valor ideal da moeda, bastaria pelo menos comentar que ela também exerce influência nos preços comparados e colocar uns dois exemplos com variações razoáveis para cima e para baixo. Isso pelo menos não deixaria esquecer a influência deste fator. Do jeito que foi feito qualquer flutuação da moeda (como está ocorrendo agora) pode acabar até por inverter os resultados para alguns dos carros usados como exemplo. E aí como é que fica a análise da produtividade e tudo mais, muda totalmente só porque a moeda flutuou?

Eu sei que ficaria um tanto mais complicado, mas se a situação econômica do país fosse simples de avaliar já teria sido resolvida há muito tempo :wink: .


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Nov 07, 2014 1:02 pm
por Bourne
:roll:
O ajuste fiscal e o combate à inflação: o que dizer?
7 de novembro de 2014 por mansueto

Fonte http://mansueto.wordpress.com/2014/11/0 ... que-dizer/

Algumas pessoas, em geral estúpidas, acham que o fato de você não apoiar o governo significa que a pessoa torce sempre para “o quanto pior melhor”. Por favor, me retirem deste grupo.

Independentemente de apoiar ou não o governo, gostaria muito de ver a presidente Dilma nos surpreender, montar uma boa equipe econômica e conseguir negociar um pacote de reformas que aumentasse a confiança dos empresários e recuperasse o superávit primário do setor público.

No entanto, o governo está emitindo sucessivos sinais equivocados para o mercado, o que aumenta cada vez mais o custo de ajuste. Infelizmente, por enquanto, não tenho uma única noticia positiva para dar para as pessoas que converso e que visitam o Brasil, pois o governo está batendo cabeça. Há vários erros.

(1) a novela de quem será o ministro da fazenda já deveria ter sido resolvida. Os nomes que circulam nos jornais e a relutância da presidente definir quem quer que seja passa a impressão de uma disputa entre ela e o ex-presidente Lula. Nada bom para acalmar os mercados;

(2) O governo vem falando de um ajuste fiscal duríssimo para 2015 sem aumento de carga tributária e apenas com cortes de gasto, mas sem prejudicar o investimento e o social. Qualquer economista com conhecimento básico de finanças públicas sabe que isto não é possível. O governo não deveria prometer ajuste “duríssimo” para 2015 porque não poderá entregar;

(3) O governo deveria se comprometer com a recuperação do primário maior para 2016 e 2017 e, ao longo de 2015, fazer o que for possível em conjunto com uma agenda positiva de reformas estruturais junto ao Congresso. Mas para ganhar a confiança do mercado precisaria de uma equipe econômica muito boa, convicção para negociar reformas estruturais com o Congresso e administrar de forma exemplar a sua base aliada. O problema do presidencialismo de coalizão é quando o presidente é um mau gestor de sua base;

(4) Governo precisa de um bom portavoz na área econômica que pode ser o novo ministro. Mantega e Mercadante dão sinais contraditórios que aumentam, desnecessariamente, o nervosismo do mercado. Nada contra os dois que fazem o melhor que podem para ajudar a presidente, mas não estamos mais em campanha eleitoral e já deveriam falar dos detalhes do que pretendem fazer. Falar em ajuste fiscal com a manutenção do emprego e da renda não significa coisa alguma. A propósito, não entendo porque o ministro Mantega ainda não se desligou do governo. Será que quer ficar?

(5) O PT e seus economistas simpatizantes atrapalham enormemente a tarefa do ajuste econômico do governo. Aqui a única saída é pedir ajuda ao presidente Lula para controlar o PT, algo que só ele consegue fazer. A resolução do PT foi um convite ao acirramento dos ânimos e, hoje, circulou na internet um manifesto de economistas por desenvolvimento com inclusão social (clique aqui), no qual defendem a manutenção do crescimento dos gastos públicos, juros reais baixos e se mostram contra aumento do superávit primário. É uma visão alternativa que a meu ver é totalmente equivocada e dificulta o trabalho do governo. O mais irônico é que a grande maioria deles votou na presidente confiando que não haveria necessidade de ajuste.

(6) Por fim, como a eleição já acabou, chegou a hora de o governo apresentar um plano econômico muito claro do que pretende fazer. Ele pode decidir que não vai fazer ajuste algum e xingar o mercado financeiro. Seria uma loucura, mas se esse for o plano que então anuncie. Mas se pretender corrigir o rumo equivocado e porque não dizer desastroso de sua política econômica, mostre rapidamente de que forma fará isso. Mas e se o ” tempo” do governo for diferente do “tempo” do mercado? Neste caso nós pagaremos o pato, pois precisamos muito das verdinhas que vêm de fora.

A impressão que tenho é que o governo se preparou muito para as eleições e pouco para o pós-eleição. Se não corrigir rapidamente esta falha, pagará muito caro por subestimar o tamanho do ajuste necessário e correrá o risco de, em menos de um ano, se transformar em um governo “pato manco”, que ficará reagindo à crises e aos movimentos do mercado.

O que fará o governo?

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Nov 07, 2014 1:29 pm
por LeandroGCard
Se não corrigir rapidamente esta falha, pagará muito caro por subestimar o tamanho do ajuste necessário e correrá o risco de, em menos de um ano, se transformar em um governo “pato manco”, que ficará reagindo à crises e aos movimentos do mercado.
Ué?

E quando é que, desde 2008, o governo foi diferente disso?


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Nov 07, 2014 1:34 pm
por nveras
LeandroGCard escreveu:
Se não corrigir rapidamente esta falha, pagará muito caro por subestimar o tamanho do ajuste necessário e correrá o risco de, em menos de um ano, se transformar em um governo “pato manco”, que ficará reagindo à crises e aos movimentos do mercado.
Ué?

E quando é que, desde 2008, o governo foi diferente disso?


Leandro G. Card
Já acontecia antes, quando, ao invés de arrumar a casa, perdiam tempo falando de marolinhas, que nada nos afetava e de que éramos credores do FMI.