Mas Padilha:
Tem a certeza de que esses convites são enviados?
Não tinha conhecimento disso, mas a ser verdade é a prova de que realmente a nossa Marinha está mal, em qualidade (sem que se avançe para o up-grade das VdG), e em quantidade.
Na verdade temos em termos de fragatas 3 VdG relativamente novas e ainda bastante operacionais e 2 fragatas da classe
João Belo, com mais de 30 anos, e que sinceramente já não representam grande valor militar para as modernas exigências ao nível de solicitações militares navais de superfície.
Estas duas
João Belo poderão ser brevemente (daqui a um ano) por 2 OHP, o que representará um acréscimo em termos qualitativos, mas quantitativamente ficaremos na mesma.
O nosso único reabastecedor (o
NRP Bérrio) está velho, e a Marinha já disse que a sua substituição era uma das prioridades, embora não hajam para já datas para essa compra de um novo AOR.
Talvez isso explique o porquê dessa recusa na participação.
A Espanha tem 6 fragatas
Santa Maria (baseadas nas OHP) e actualmente conta com 4 fragatas F-100 (classe
Álvaro de Bazán).
Se Portugal tem neste momento e para todos os efeitos apenas as 3
Vasco da Gama, e se uma tem que estar quase sempre integrada numa força conjunta da NATO, sobram 2, das quais uma está sempre em prontidão e a outra em manutenções ligeiras.
O que resulta que de facto nos estamos a aproximar rapidamente do ZERO NAVAL, para o qual talvez nem tenhamos que esperar por 2020.
Teremos 5 fragatas, 2 submarinos, um novo reabastecedor de esquadra e um Navpol, para além dos 10 NPO's.
No passado contámos sempre com 7 fragatas (nos anos 60 e 70 as 4
João Belo e as 3
Pereira da Silva) e mais recentemente ainda contámos com as 3
Vasco da Gama e com as 4
João Belo), para além das cerca de 10 corvetas das classes
Batista de Andrade e
João Coutinho.
O que se perspectiva para o futuro próximo parece-me sinceramente pouco, mas infelizmente o Estado português parece investir apenas no que possa dar retorno, como auto-estradas com portagem, hospitais SA etc.
As FA's estão ao abandono, e a população na sua generalidade está-se nas tintas para isso, o que faz com que as FA's passem para o fundo da agenda política dos governos no pós 25 de Abril, terminada que ficou nesa altura a guerra colonial.
Eu por mim acredito que a CPLP poderia e deveria ter uma boa vertente militar para que em acções conjuntas de manutenção de paz se pudesse articular (nomeadamente as marinhas brasileira e portuguesa) para essas missões no Atlântico sul e em África.
Criar-se-ia uma nova realidade estratégica no Atlântico sul.
Mas Portugal está de pantanas, entregue à sua sorte enquanto navega à deriva.
É o fim.