Artilharia de campanha GAC AR 105mm no EB. Uma problema fácil de resolver?
Os GAC leve não possuem uma organização comum, e são via de regra formados no caso de pqdt e Slv por 2 Bia obuseiros e 1 Bia morteiros, enquanto os outros dois são formados por 3 Bia obuseiros.
O material também não é o mesmo com o M-56 equipando GAC Slv e Pqdt, M-101 no GAC Mth e L-118 no GAC Amv.
Não existe uma previsão para quantos GAC AR 105 sejam mantidos, criados ou transferidos dado que o processo de mecanização da infantaria encontra-se inconcluso e indefinido quanto ao número de unidades a serem transformadas.
De momento o que poderia ser feito é o que segue:
2 GAC Slv
1 GAC Pqdt
1 GAC Amv
1 GAC Mth
Se a organização desses GAC fosse homegenizada em 3 bia obuseiros leves, teríamos de 18 a 24 obuseiros em cada um. Esse demanda geraria 90 a 120 peças a serem adquiridas. Considerando que a AMAN e ESA, além da Escola de Logística do EB também tem prioridade no recebimento de material novo, temos 54 a 76 unidades adicionais. Somado, temos 144 a 196 peças a serem adquiridas.
No que tange aos GAC Slv, existe a necessidade de criar ou transferir mais 4 OM para o CMA, a fim de completar a dotação das bgdas inf slv que lá estão mas não possuem GAC orgânicos. Isso eleva a demanda em mais 72 a 168 peças.
Sou de opinião que o CFN deva utilizar o mesmo material adquirido para o EB. Neste caso, some-se mais 18 a 24 peças.
Total geral de 234 a 384 obuseiros leves 105mm em demanda.
Hoje no mundo existem apenas 3 obuseiros leves 105mm em produção, quer seja o L-118/119 britânico, o LG-1 MK III francês e o mais recente Boran, turco. Qualquer um destes três modelos oferece qualidades e condições de cumprir os requisitos para operar nos GAC AR acima, mas isto de fato não é o mais importante, mas a capacidade que cada empresa dispõe de entregar um produto que possa ser suportado em sua integridade durante todo ciclo de vida nas ffaa's dentro do país, da sua introdução a retirada de serviço. Esta condição é sine qua non para o EB, e para a gestão de material do MD, compreendida na legislação atual sobre Defesa e a BID no Brasil.
O LG-118 já é um velho conhecido nosso, tanto no EB como CFN, e já se sabe muito bem de suas qualidades técnicas. Falta saber se a Bae Systems está disposta a oferecer soluções que possam ir ao encontro dos requisitos estabelecidos no ROB para o obuseiro 155mm AR lançado em 2019, que por óbvio, apresenta as mesmas exigências documentais que se farão aos interessados quando da substituição dos M-56, M-101 e L-118. Da mesma forma para franceses e tucos.
Os sul-africanos chegaram a desenvolver uma proposta de obuseiro leve do seu L-7, mas com 2,2-2,5 ton não se pode dizer que ele entraria nesta categoria.
Se os números apontados acima estiverem próximos da realidade, e considerando que eles são apenas uma prévia do que existe em termos de demanda real para equipar todos os GAC AR 105 que ainda existem no EB, é fácil compreender que uma solução endógena não é possível, mas a produção sob licença e/ou importação com manutenção/suporte na íntegra realizados no país são as opções que temos para começar esse processo de modernização da artilharia de campanha leve.
Como a indústria nacional não tem como oferecer respaldo para uma produção sob licença por falta de pura e simples capacidade instalada e conhecimento, sobra a importação e dispor de um CLS que mantenha os obuseiros escolhidos operacionais dentro daquele modelo acima exposto. Isto, todos os três modelos aventados podem oferecer. Resta saber qual o melhor preço.
Seria bom um ROB ainda este ano para o novo obuseiro leve do EB/CFN. Ele pode ficar ancorado no atual sobre seu primo pesado para as AD. Um ponta pé inicial que pode nos oferecer mais e melhores condições e escolher um produto que com certeza vai ficar por aí, pelo menos, pelos próximos 30 anos.
abs