MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Sterrius
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3811 Mensagem por Sterrius » Qui Jun 13, 2013 1:55 pm

Eu sinceramente queria uma transparencia maior nos custos e lucros dessas empresas.

Por serem prestadoras de serviço público deveria haver maneiras da população saber o gasto de manter um ônibus desse rodando.

Nos discutimos o "ta caro", "ta barato" mas a verdade que fora os empresários trabalhamos com achismos. Até o governo.

Pq veja que o governo de Natal por exemplo tira sua contabilidade dos custos das próprias empresas. Não a uma fiscalização própria, logo é a raposa cuidando do galinheiro. :roll:

E muitas dessas empresas financiam as campanhas dos prefeitos, o que garante que essa caixa de pandora não será aberta.




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Clermont
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3812 Mensagem por Clermont » Qui Jun 13, 2013 5:20 pm

Tipo Palocci.

Carlos Alberto Sardenberg, O Globo - 13.06.13.

A presidente Dilma tem uma saída tão simples quanto eficiente para escapar da confusão em que se meteu: basta chamar o Palocci, nomeá-lo chefão de toda a área econômica e dizer, na posse, que ele tem plena liberdade para aplicar um poderoso ajuste nas contas públicas. Sou capaz de apostar uma garrafa de vinho (selecionada pelo Renato Machado) que o risco Brasil e os juros cairiam no mesmo dia.

Não seria um gesto assim tão fora de propósito. Na verdade, Dilma estaria simplesmente repetindo o que fez seu mentor, Lula, no começo do primeiro mandato, em 2003. Lembram-se? Palocci, então ministro da Fazenda, produziu um superávit primário maior que o obtido no governo de FHC. O Banco Central, com Henrique Meirelles, elevou a taxa básica de juros, tudo isso criando as bases para um bom ambiente macroeconômico.

Verdade que deram uma enorme sorte. O mundo desandou a crescer e a China multiplicou por 40 suas importações do Brasil. Mas se a casa aqui não estivesse em ordem teria sido impossível aproveitar a bonança externa. Como, aliás, a presidente Dilma não aproveitou a enxurrada de capitais e o bom momento dos emergentes nos últimos anos — mamata que está acabando.

Mas sabemos das dificuldades. Começa que a presidente Dilma não admite haver problemas em sua política econômica. Ainda ontem voltou a dizer que está tudo em ordem, inflação controlada, país crescendo e tudo o mais.

Deve ser, entretanto, só da boca para fora. Não é possível que não estejam vendo os dados que mostram PIB para baixo e preços para cima, mais o dólar escalando e o aumento do déficit externo. Não é possível que acreditem mesmo nas lambanças contábeis que fazem as contas públicas parecerem equilibradas.

Notícias de debates dentro do governo têm vazado para os jornalistas. Enfim, é evidente mesmo para os economistas mais próximos do governo que algo precisa ser feito. E algo mais profundo do que, por exemplo, a simples retirada do IOF para aplicações estrangeiras em títulos do governo — estimulando aquilo que antes chamavam de especulação.

Esse algo só pode ser um forte ajuste nas contas públicas — ou seja, corte severo de gastos — anunciado com credibilidade. Daí a necessidade do Palocci. Ele já fez isso, já propôs uma política de longo prazo para zerar o déficit geral do governo e tem a confiança do mercado.

Ocorre que essas virtudes transformam-se, dentro do governo Dilma, em pecados neoliberais. A própria presidente já detonou essas ideias de ajuste. Ela precisaria, portanto, mudar de ponto de vista. Não seria necessário ajoelhar no confessionário, pedir perdão e mudar por convicção. Basta a necessidade, como foi, aliás, no caso de Lula no primeiro mandato. Até hoje ele não gosta de ter assinado a Carta ao Povo Brasileiro, nem de ter deixado Palocci fazer o que fez. Mas foi flexível diante das circunstâncias.

É certo, por outro lado, que Lula nunca foi de ter algo como uma doutrina, um pensamento econômico. Dançava no vai da valsa.

Já Dilma, economista formada, tem convicções — que se mostram equivocadas. Para ela, mudar é mais difícil.

Outro problema é que Palocci está com a reputação abalada. O mercado, os agentes econômicos continuam tendo saudades dele. Já no ambiente político, a rejeição é óbvia.

Mas esse obstáculo também poderia ser driblado. Não pode o Palocci? Pois arranjem um “tipo Palocci”. E já estando com a mão na massa, poderiam buscar também um “tipo Meirelles” para o Banco Central.

Não vamos aqui citar nomes, até para não queimá-los, mas o perfil está dado: experiência, capacidade comprovada na gestão pública, credibilidade no ambiente econômico e a convicção sincera de que a variável-chave no Brasil de hoje é um superávit primário enorme, caminhando para até 5% do PIB, de modo a zerar o déficit público, medido sem truques, é claro.

Complementos: uma alta forte na taxa básica de juros para derrubar as expectativas inflacionárias; ampla privatização de infraestrutura; reformas micro para tornar o ambiente de negócios mais favorável ao empreendedor privado. Mas só precisaria anunciar mesmo o tal ajuste fiscal.

Neoliberal! — gritam. Pois é, mas a alternativa desenvolvimentista de Dilma — juros para baixo, dólar para cima e gasto público acelerado — deu em inflação alta e crescimento baixo. Se nada for mudado, daqui a pouco vem mais desemprego e mais inflação, como na Argentina.

A escolha, pois, se dá entre “tipo Cristina” e “tipo Palocci”.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3813 Mensagem por LeandroGCard » Qui Jun 13, 2013 5:58 pm

Sterrius escreveu:Eu sinceramente queria uma transparencia maior nos custos e lucros dessas empresas.

Por serem prestadoras de serviço público deveria haver maneiras da população saber o gasto de manter um ônibus desse rodando.

Nos discutimos o "ta caro", "ta barato" mas a verdade que fora os empresários trabalhamos com achismos. Até o governo.

Pq veja que o governo de Natal por exemplo tira sua contabilidade dos custos das próprias empresas. Não a uma fiscalização própria, logo é a raposa cuidando do galinheiro. :roll:

E muitas dessas empresas financiam as campanhas dos prefeitos, o que garante que essa caixa de pandora não será aberta.
Na verdade existem riscos muito grandes na gestão de serviços públicos por empresas privadas, e outros de natureza diferente mas igualmente grandes na gestão pública. E isso mesmo quando nenhuma ilegalidade é cometida. A única forma que imagino de evitar isso é realmente com a contabilidade totalmente aberta e pública.

Leandro G. Card




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3814 Mensagem por Bourne » Qui Jun 13, 2013 6:16 pm

:shock: :shock: :shock:

Vamos destruir o texto. :twisted:
Tipo Palocci.

Carlos Alberto Sardenberg, O Globo - 13.06.13.

Esse algo só pode ser um forte ajuste nas contas públicas — ou seja, corte severo de gastos — anunciado com credibilidade. Daí a necessidade do Palocci. Ele já fez isso, já propôs uma política de longo prazo para zerar o déficit geral do governo e tem a confiança do mercado.
Nas contas públicas o que interesse é a relação dívida pública/PIB como forma de medir a sustentabilidade. O que inclui perfil da dívida. Déficit zero é utopia que nem os caras os mais ortodoxos que atacam o endividamento pública nunca levaram a sério. Princialmente pós-crise 2007/08 em que as ações de curto prazo para estabilização se mostraram importantes.

No Brasil se criou uma situação única. O gasto em relação ao PIB é elevado, mas a arrecadação também. Porém a dívida pública é controlada em relação ao PIB, mas tendo um perfil de curto prazo e juros altos. A tendência nos últimos anos é tentar expandir por prazo e derrubar as taxas de juros, colocando a dívida em uma administração aceitável como em outros países em desenvolvimento e desenvolvidos.

O problema está na estrutura de arrecadação que é perversa, desequilibrado e contribui para desigualdade social e falta de competitividade. Para começar uma reforma tributária que enfatizasse tributar a riqueza e não produção em conjunto um sistema mais direto seria fundamental. Nos gastos cortar burocracia e as brechas jurídicas que permitem legalmente colocar custos de obrar e contratos na estratosfera.
Notícias de debates dentro do governo têm vazado para os jornalistas. Enfim, é evidente mesmo para os economistas mais próximos do governo que algo precisa ser feito. E algo mais profundo do que, por exemplo, a simples retirada do IOF para aplicações estrangeiras em títulos do governo — estimulando aquilo que antes chamavam de especulação.
Retirar o IOF das aplicações estrangeiras em títulos do governo é forma de forçar as taxas de juros do mercado para baixo e remodelar a estrutura da dívida com maior prazo de maturação e menor taxa de juros.
Complementos: uma alta forte na taxa básica de juros para derrubar as expectativas inflacionárias; ampla privatização de infraestrutura; reformas micro para tornar o ambiente de negócios mais favorável ao empreendedor privado. Mas só precisaria anunciar mesmo o tal ajuste fiscal.
Forte alto de juros vai atrair capital especulativo e valorizar o câmbio. Piora a balança comercial, desequilibra ainda mais o setor produtivo e ainda eleva a dívida pública. Além da visão do Sardenberg jogar todo o tipo de inflação no mesmo pacote como se tudo fosse inflação de demanda. O ajuste fiscal nesse ambiente derruba a demanda e afunda a economia. No curto e médio prazo como mostram estudos em outros países sobre efeitos estruturais de medidas da agressividade defendida pelo autor. Tanto que existe uma forte resistência a esse tipo de ajuste na academia.

Privatização não é milagre. A experiência internacional mostra que precisa ser bem planejada e construída. Inclusive contempla diversas organizações entre instituições públicas, privadas e uma discussão muito pormenorizada de como construir a regulação que exigem perspectivas pesadas de estudos quantitativos. Existem especialistas no brasil na área de infraestrutura que estranhamente (ou não) nunca foram entrevistados pela grande imprensa. Preferem chamar os caras não sabem nada.

O mais importante e que realmente faz sentido são as reformas microeconômicas que envolvem tributação, incetivos, estruturas de financiamento, educação e direcionamento dos esforços de desenvolvimento. É fundamental e os efeitos aparecem anos depois.
Neoliberal! — gritam. Pois é, mas a alternativa desenvolvimentista de Dilma — juros para baixo, dólar para cima e gasto público acelerado — deu em inflação alta e crescimento baixo. Se nada for mudado, daqui a pouco vem mais desemprego e mais inflação, como na Argentina.
Encerra com cenário apocaliptístico. Ideologizou todos os problemas do país. Então, segundo o Sardenberg, a solução para os problemas brasileiros está em elevar taxas de juros, valorizar o câmbio e ter déficit zero. Quanta besteira em um mesmo texto. Isso é desconhecer aspectos básicos da teoria e experiência econômica do mainstream que é extremamente conservadora, mas com avanços provados e discutidos. No pós-crise 2007/08 bem mais amáveis ao realismo dos aspectos microeconômicos, imperfeições de mercado e história que alguns dizem ser dominado por diversas vertentes de "neo" keynesianos. Não se enganem com o nome, pois são conservadores.

O pior que ignora totalmente problemas estruturais de longo prazo que permitem crescimentos sustentados e tem como fundamento melhorar a estrutura produtiva em capital físico, humano e tecnologia. São mudanças que dão resultado em uma, duas décadas ou mais sem uma solução fácil e rápida. Coisa que os "comentaristas econômicos" não sabem o que é e nem se interessam em saber.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3815 Mensagem por Grep » Qui Jun 13, 2013 9:03 pm

Estão cada vez mais descolados da realidade.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3816 Mensagem por Sterrius » Sex Jun 14, 2013 12:30 am

Mas fazendo barulho que muita gente ta escutando ou começando a escutar.

Não importa se eles acreditam ou não no que dizem, o que importa é o objetivo por trás dos textos.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3817 Mensagem por Bourne » Sex Jun 14, 2013 8:22 am

Agora unam o movimento de ajuste que contempla alta dos juros, valorização do câmbio de déficit zero defendido pelo Sardenberg com a acomodação que está ocorrendo no mundo. É a receita suicida.
A era do dinheiro barato está acabando?

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... ml?print=1

Linda Yueh Da BBC News
Atualizado em 13 de junho, 2013 - 20:14 (Brasília) 23:14 GMT

O nervosismo dos mercados globais dá sinais concretos de que chegou com força aos emergentes nesta semana.

Um índice que compila a média de desempenho das bolsas de valores nesses países registrou queda de 10% desde seu pico, em maio. A bolsa brasileira já caiu 20% no acumulado do ano.

A fuga de dólares vem se refletindo na cotação das moedas dos emergentes ante a divisa americana.

A rúpia indiana, por exemplo, caiu nesta semana para o menor valor do ano frente ao dólar. Já as moedas sul-africana (rand) e brasileira (real) também registraram forte desvalorização em relação à divisa dos Estados Unidos, ao atingirem a cotação mais baixa em quatro anos, patamar semelhante ao que estavam durante a crise financeira de 2008.

Por sua vez, os títulos do governo americano não estão em seus melhores dias. Na semana passada, investidores se desfizeram de um valor recorde de títulos mundiais, dos quais dois terços provinham dos Estados Unidos. Os emergentes também não ficaram imunes à essa venda.

Impacto
Mas qual é a conexão entre a venda dos títulos do governo americano e dos emergentes?

A resposta está no nervosismo dos mercados sobre um possível fim da era do dinheiro barato.

Nesta semana, o impacto está sendo mais perceptível nas economias emergentes, que vêm verificando uma forte fuga de capitais.

Após a crise financeira de 2008, esses países receberam uma enxurrada de dólares vindos dos mercados desenvolvidos.

Por trás desse movimento, havia investidores sedentos por retornos mais altos para suas aplicações.

Isso porque, em um cenário de juros próximo a zero, com a Europa em recessão e o excesso de liquidez nos Estados Unidos, decorrência das medidas de estímulo monetário tomadas pelo governo americano, eles buscaram mercados onde pudessem obter um melhor rendimento para seu dinheiro.

O alvo escolhido foram os emergentes, que sentiram menos os efeitos da crise financeira e mantinham boas perspectivas de crescimento, além de oferecerem taxas de juros mais altas.

Naquele momento, algumas nações menos desenvolvidas, como o Brasil, também se beneficiaram de um aumento no preço internacional das commodities, atraindo mais dólares para suas economias.

Como resultado da combinação de tais fatores, as moedas dos emergentes apresentaram forte valorização.

Agora a situação é diferente. O mercado sabia que a era do dinheiro barato não duraria para sempre.

Mas a forma como a torneira de dinheiro “vai fechar” dependerá de como os bancos centrais dos principais países do mundo vão abdicar da política de afrouxamento monetário.

Perigo
Os investidores descreveram a fuga de dólares das economias emergentes como “violenta”. O banco central da Indonésia, assim como o do Brasil, viu-se obrigado a agir rapidamente para tentar estabilizar o fluxo de capitais.

Na semana passada, o governo brasileiro, por exemplo, zerou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investimentos em renda fixa.

Na última quarta-feira, foi a vez de eliminar o tributo para as operações no mercado futuro do dólar (derivativos). O objetivo era conter a valorização da moeda americana em relação ao real.

O problema é que quando muito dinheiro entra e sai de uma economia, ela tende a se desestabilizar – e os resultados são amplamente conhecidos.

As circunstâncias guardam semelhança ao que resultou na crise asiática de 1998. Naquele ano, houve uma reviravolta no fluxo de capitais de curto prazo, conhecido como “dinheiro quente”, na Tailândia, o que produziu um efeito-dominó pelo Sudeste Asiático e pelo mundo emergente.

Houve uma fuga de dólares não só da Ásia, quanto da Rússia, Turquia e América Latina, embora à época tais mercados não estivessem tão interligados quanto atualmente.

Agora, há o temor de que a mesma situação aconteça novamente. Em outras palavras: a quantidade extraordinária de dinheiro barato no mundo pode transformar a “Grande Recessão” na “Grande Reversão”.

Desde a crise financeira de 2008, bancos centrais injetaram mais de US$ 12 trilhões (R$ 26 trilhões) na economia mundial.

Para se ter uma ideia de quanto esse valor representa em escala global, há no mundo apenas 15 países cujo Produto Interno Bruto (PIB), ou a soma de riquezas produzidas por uma nação, supera US$ 1 trilhão (R$ 2,15 trilhões).

A questão é saber se os emergentes estão, dessa vez, mais preparados para lidar com essa fuga em massa de capitais.

Alguns deles realmente estão – ampliaram suas reservas internacionais que podem ser usadas para conter a valorização excessiva do dólar se necessário. Além disso, a regulação financeira melhorou, um resultado das lições aprendidas durante a crise asiática.

Fim do dinheiro barato?
Não há indicações concretas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) planeje subir os juros nos próximos meses, nem de que o Banco do Japão dê um novo empurrão à economia do país.

O Banco Central europeu recentemente cortou as taxas de juros para a mínima histórica e inúmeros integrantes do Banco da Inglaterra votaram por maiores injeções de dinheiro na economia.

Mas há uma preocupação crescente de que os Estados Unidos vão começar a fechar a torneira de dinheiro barato pela qual vinham irrigando a economia mundial.

Nessa hipótese, os bancos centrais estariam contemplando o que já chamam de “estratégias de saída”.

A “saída” refere-se à reversão, por parte dos bancos centrais, dos estímulos monetários, ao se desfazerem de trilhões de ativos em dólar (títulos de governo e outros investimentos) de suas balanças de pagamento.

No auge da crise financeira, as autoridades monetárias compraram tais ativos para injetarem dinheiro em suas economias.

Além disso, as taxas de juros subiriam de 0% para níveis baixos, nas grande economias desenvolvidas.

Uma indicação de que os investidores estão preocupados é a elevação na taxa de rendimento dos títulos do governo americano.

Essa é a taxa de juros pela qual o governo americano remunera o dinheiro que pega emprestado, que, atualmente, está próximo a zero, em parte porque o Fed é uma grande comprador no mercado.

Na prática, os juros vinham sendo mantidos mais baixos para estimular a economia.

Mas, agora, a taxa de retorno para títulos do governo americano com vencimento em dez anos aumentou de menos de 2% para cerca de 2,3% nas últimas semanas.

Ainda que a taxa ainda esteja baixa, reflete uma perspectiva de que os juros vão subir no futuro. Em outras palavras, trata-se de uma aposta de que a era do dinheiro a juro zero acabará.

Saída
Para viabilizar sua estratégia de saída, um banco central deve subir os juros e vender seus ativos (títulos de governo e outros investimentos) para reabsorver o dinheiro que a própria autoridade monetária irrigou a economia.

Por exemplo, o Fed (banco central americano) pode decidir subir os juros e gradualmente vender os títulos de dívida do governo americano que possui.

Mas, a partir do momento em que o Fed começar a vender os títulos, aumenta a oferta desse tipo de investimento, o que tende a puxar o preço para baixo.

Como resultado, tanto os títulos nas mãos da autoridade monetária quanto aqueles detidos por investidores podem valer menos.

É por essa razão que alguns investidores querem se desfazer desses títulos custe o que custar, o que se refletiu na venda maciça da semana passada.

É claro que, por outro lado, os bancos centrais não querem desestabilizar os mercados, e devem agir moderamente e especificando qual será sua “estratégia de saída”.

Mas há aqueles que se preocupam em como as autoridades monetárias vão “tomar de volta” os US$ 12 trilhões (R$ 26 trilhões), equivalente a um sexto do PIB mundial, que injetaram na economia.

Cinco anos depois da crise financeira de 2008, talvez não cause tanta surpresa que os investidores acreditem que os bancos centrais começariam a contemplar como realizaram suas “estratégias de saída”.

Mas, em um cenário em que a economia mundial ainda não se recuperou, com elevada taxa de desemprego nos países desenvolvidos, a última coisa que as autoridades monetárias querem é desestabilizar novamente os mercados e, na pior das hipóteses, gerarem uma nova crise.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3818 Mensagem por Bourne » Sex Jun 14, 2013 10:54 am

Na pesquisa sobre a reforma financeira campos-bulhões de 1964-1967 e industrialização, encontrei esse artigo de 1988 sobre como funciona a lógica da industria brasileira. Em resumo, o autor argumenta que o protecionismo e incetivo do estado foi fundamental para a construção da estrutura industrial brasileira. Porém destaca como uma problema de origem as empresas ganharem ênfase no protecionismo, suprir o mercado interno em relação ao externo devido ao diferencial de retorno, levando a uma acomodação com uma industria de baixa competitividade, pouca criatividade tecnológica e e eficiência, incapaz de criar produtos industriais de maior valor agregado e capazes competir no mercado internacional.

SUZIGAN, Wilson. (1988). Estado e industrialização no Brasil. Revista de Economia Política, Vol. 8, n. 4, outubro/dezembro, p. 5-16.





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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3819 Mensagem por Wingate » Sex Jun 14, 2013 3:38 pm

14/06/2013 - 12h22 - UOL - Folha
Dívida 'estratosférica' pode quebrar Petrobras, diz Procuradoria
FILIPE COUTINHO
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA

Impedida de importar e exportar petróleo há uma semana em razão de uma dívida de R$ 7,3 bilhões, a Petrobras pode "quebrar" e gerar "caos" no mercado de ações caso pague o débito "estratosférico", segundo o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro.

A Folha teve acesso ao parecer da procuradoria no processo que tramitou no TRF-2 (Tribunal Regional Federal da Segunda Região).

Dívida impede Petrobras de importar, exportar e participar das rodadas do pré-sal

Na quinta-feira (13), a estatal tentou, sem sucesso, levar o caso ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para suspender a exigência dessa certidão de débito.

No parecer, de abril de 2012, o Ministério Público Federal opina em favor da Petrobras. À época, o valor calculado da dívida estava na casa dos R$ 6 bilhões e, segundo a procuradoria, esse débito "estratosférico" deveria ser suspenso para evitar a falência da estatal.

"Vale salientar que, no caso em tela, a agravante [Petrobras] não poderia promover o depósito judicial para suspender a exigibilidade do crédito, tendo em vista seu valor estratosférico na casa dos R$ 6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais)", diz o documento.

E a procuradoria ainda destacou: "O valor é seis bilhões e não seis milhões de reais, que se depositado 'quebraria' a Petrobras e levaria de roldão a Bolsa de Valores de São Paulo, gerando o caos no mercado acionário brasileiro".

DÍVIDA

Alvo de uma briga judicial desde 2003, a empresa reconhecia em seus balanços uma exposição máxima de R$ 4,5 bilhões. Atualmente, o valor calculado do débito é de R$ 7,3 bilhões.

A dívida que motivou o cancelamento da certidão da Petrobras está relacionada ao não recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte sobre remessas para o exterior em pagamento de plataformas petrolíferas móveis, no período de 1999 a 2002.

A empresa foi autuada em 2003 e, desde então, questiona na Justiça a cobrança da dívida.

No processo levado ao STJ, os advogados da Petrobras citam que o valor da dívida é "vultuoso".

Afirmam ainda que a empresa enfrenta "falta de disponibilidade de caixa", o que lhe levou a reduzir o próprio orçamento relativo aos investimentos do pré-sal e lhe forçou a captar recursos no exterior para honrar o plano de investimentos.

OUTRO LADO

A Folha ainda aguarda posicionamento da Petrobras sobre os impactos financeiros e efeitos operacionais em razão do cancelamento da certidão.

A empresa disse apenas que "está tomando as medidas cabíveis para recorrer dessa decisão [do STJ]".

A estatal também ainda não se posicionou sobre o parecer do Ministério Público Federal.

Editoria de Arte/Folhapress
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Wingate




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3820 Mensagem por Sterrius » Sex Jun 14, 2013 5:41 pm

Deixa eu ver se entendi.

Empresa estatal não pagou impostos que devia ao estado e por isso sofre penalidades do próprio estado.

Estadoception. :roll:




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3821 Mensagem por Bourne » Sex Jun 14, 2013 6:38 pm

Comunas!!!!!!!!!!!!!!!!! :x
Só três cidades do interior do País têm tarifa zero
14 de junho de 2013 2h 04


http://www.estadao.com.br/noticias/impr ... 2201,0.htm

GABRIELA VIEIRA - O Estado de S.Paulo

A tarifa zero para o transporte coletivo - uma das bandeiras levantadas pelos manifestantes que protestam contra o aumento da passagem em São Paulo - é uma realidade em três cidades do interior do Brasil. Os municípios de Porto Real, no Rio, Ivaiporã, no Paraná, e Agudos, em São Paulo, oferecem a gratuidade do transporte.

Somadas, as populações das três cidades não ultrapassam 100 mil habitantes, enquanto a capital paulista possui mais de 11,2 milhões de moradores, de acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da diferença de tamanho, alguns especialistas nas áreas de mobilidade urbana e administração pública acreditam ser possível a aplicação da tarifa zero na capital.

"A tarifa zero independe do tamanho da cidade. Ela é possível, mas depende do planejamento financeiro de cada município. Em uma cidade do tamanho de São Paulo, o planejamento técnico precisa ser muito maior, além de envolver também os governos estadual e federal", explica Lúcio Gregori, que foi secretário de Transportes durante a gestão de Luiza Erundina (PT), em 1990. Ele foi responsável pelo projeto da tarifa zero para a cidade, que acabou não sendo votado pela Câmara Municipal na época.

Pelo mundo. Gregori afirma que a gratuidade do transporte coletivo já é uma realidade - e bem-sucedida - em cidades de médio porte em outros países. "Nos Estados Unidos, há 32 cidades com média de 400 mil a 500 mil habitantes que adotam a tarifa zero."

Especialistas em mobilidade urbana e administração pública da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) destacam a experiência em diversas cidades de médio porte da Europa, entre elas a capital da Estônia, Talinn. Sidney, na Austrália, também oferece linhas de ônibus gratuitas. No Brasil, a cidade de Paulínia, que fica a 118 km de São Paulo e tem mais de 82 mil habitantes, teve tarifa zero até 1990.

Prós e contras. Quem defende a ideia argumenta que o transporte coletivo gratuito traz ganhos econômicos para a cidade. "Em primeiro lugar, todas as atividades econômicas só são viáveis a partir do momento em que a população consegue acessar seu local de trabalho", diz Gregori.

Já o professor Diogenes Costa, especialista em mobilidade urbana da Unicamp, acredita que o tamanho continental do Brasil e a complexidade das vias urbanas impedem a aplicação da tarifa zero em cidades maiores.

A má qualidade do transporte público já oferecido somada a um aumento significativo da demanda que a ausência de cobrança geraria provocam questionamentos sobre a viabilidade.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3822 Mensagem por Wingate » Sex Jun 14, 2013 6:52 pm

Bourne escreveu:Comunas!!!!!!!!!!!!!!!!! :x
Só três cidades do interior do País têm tarifa zero
14 de junho de 2013 2h 04


http://www.estadao.com.br/noticias/impr ... 2201,0.htm

GABRIELA VIEIRA - O Estado de S.Paulo

A tarifa zero para o transporte coletivo - uma das bandeiras levantadas pelos manifestantes que protestam contra o aumento da passagem em São Paulo - é uma realidade em três cidades do interior do Brasil. Os municípios de Porto Real, no Rio, Ivaiporã, no Paraná, e Agudos, em São Paulo, oferecem a gratuidade do transporte.

Somadas, as populações das três cidades não ultrapassam 100 mil habitantes, enquanto a capital paulista possui mais de 11,2 milhões de moradores, de acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da diferença de tamanho, alguns especialistas nas áreas de mobilidade urbana e administração pública acreditam ser possível a aplicação da tarifa zero na capital.

"A tarifa zero independe do tamanho da cidade. Ela é possível, mas depende do planejamento financeiro de cada município. Em uma cidade do tamanho de São Paulo, o planejamento técnico precisa ser muito maior, além de envolver também os governos estadual e federal", explica Lúcio Gregori, que foi secretário de Transportes durante a gestão de Luiza Erundina (PT), em 1990. Ele foi responsável pelo projeto da tarifa zero para a cidade, que acabou não sendo votado pela Câmara Municipal na época.

Pelo mundo. Gregori afirma que a gratuidade do transporte coletivo já é uma realidade - e bem-sucedida - em cidades de médio porte em outros países. "Nos Estados Unidos, há 32 cidades com média de 400 mil a 500 mil habitantes que adotam a tarifa zero."

Especialistas em mobilidade urbana e administração pública da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) destacam a experiência em diversas cidades de médio porte da Europa, entre elas a capital da Estônia, Talinn. Sidney, na Austrália, também oferece linhas de ônibus gratuitas. No Brasil, a cidade de Paulínia, que fica a 118 km de São Paulo e tem mais de 82 mil habitantes, teve tarifa zero até 1990.

Prós e contras. Quem defende a ideia argumenta que o transporte coletivo gratuito traz ganhos econômicos para a cidade. "Em primeiro lugar, todas as atividades econômicas só são viáveis a partir do momento em que a população consegue acessar seu local de trabalho", diz Gregori.

Já o professor Diogenes Costa, especialista em mobilidade urbana da Unicamp, acredita que o tamanho continental do Brasil e a complexidade das vias urbanas impedem a aplicação da tarifa zero em cidades maiores.

A má qualidade do transporte público já oferecido somada a um aumento significativo da demanda que a ausência de cobrança geraria provocam questionamentos sobre a viabilidade.
Isso sem dúvida seria interessante, porém, como "dinheiro não leva desaforo para casa", o povo acabará certamente pagando de algum modo a conta (um imposto novinho em folha, por exemplo)... :|

Wingate




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Bourne
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3823 Mensagem por Bourne » Sex Jun 14, 2013 7:08 pm

É claro que alguém paga. Porém como é um bem público tira a pressão de quem usa diretamente. Não só por ser menos favorecido ou estudante, mas também encorajar as pessoas a deixarem o carro em casa e economizar no tempo de deslocamento e investimento necessário na malha urbana. Essa é a ideia do metrô (ou parecido) que são caros e inviáveis, mas fundamentais para a cidade funcionar. Em Nova York e europa se vê engravatados pegando o metrô por que é mais fácil e convidativo do que ficar horas parado no trânsito de carro.

Outro problema é que precisa de qualidade e investimento. Não precisa ser de graça, mas ter qualidade e preço baixo o suficiente para convencer as pessoas a usarem. Em São Paulo foi segunda-feira passada. Sinceramente, o sistema de ônibus é confuso e de péssima qualidade. Nunca mais reclamo do sistema de transporte de Curitiba. Enquanto na volta peguei o metrô com um acesso do Ministro da Ciência e Tecnologia e cheguei no terminal do Tietê em menos de meia hora.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3824 Mensagem por NettoBR » Sex Jun 14, 2013 7:23 pm

Mas o transporte público de Curitiba não é o melhor do Brasil? :shock: E tu ainda reclamas? :shock: :shock:




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3825 Mensagem por Sterrius » Sex Jun 14, 2013 7:38 pm

Eu não acho que precise ir ao extremo de gratuidade.

Mas um valor simbólico como 50 centavos ou 1 real.

Mas a verdade que o sistema precisa passar por uma modernizada tb, como se informatizar. Com cobrança nas paradas e não no ônibus. Isso diminui o custo do sistema e até aumenta a segurança da viagem. Retirando as catracas e garantindo +espaço pra pessoas.




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