Túlio escreveu: Sex Out 04, 2019 7:44 pm
1 - Sério? Deixa-se ocorrer o chamado "Apagão de Escoltas", abandona-se o N e NE ao Deus dará - e aos chinas, fora contrabandistas, traficantes e PIRATAS que já andam por lá faz tempo - e tudo isso em nome de uma QUIMERA?
2 - Na primeira metade do século passado a Imperial tinha de fato aeronaves, Pilotos e Doutrina em operação de aviação de asa fixa a partir de terra (e isso causou um monte de conflitos com o EB porque queriam fazer a mesma coisa que ele mas com aeronaves e técnicas diferentes, o que levou à criação da FAB em 1941); na segunda metade desenvolveu e mantém até hoje Doutrina e capacitação em excelente nível com aeronaves modernas de asa rotativa, inclusive embarcadas. Agora, asa fixa moderna E embarcada a Imperial nunca teve nem terá pelo menos até a metade deste século e/ou, sei lá, se o Brasil passar - imagines o tamanho do milagre - a ser um player global do nível do UK ou França, de outro jeito nem motivo há, só vaidade de almirante metido a aristocrata mesmo.
3 - Ou seja, muito mas MUITO dinheiro já foi DESPERDIÇADO - e não simplesmente perdido - e, no teu modo de ver, a solução é desperdiçar ainda mais, muito mais? E isso enquanto recursos realmente valiosos estão sendo roubados todos os dias e por todo o N/NE, sério que isso não te incomoda nem um pouquinho? Será que mudarias pelo menos um pouquinho de ideia quando - nem é SE - passarem a falar mais da região onde vives do que do Chifre da África? E pelas mesmas razões, porque onde não tem vigilância mas tem riqueza de bobeira é que o crime prospera. E por certo sabes QUEM, à falta de os "da casa" patrulharem, o faz por lá e não vai sair tão cedo, por falta de quem os tire.
Assim, sinto mas discordo, meu estimado @FCarvalho.
O Túlio,
Vamos as respostas em partes.
R1- Aqui temos um paradigma complicado de resolver. Foi feito um planejamento a pedido do poder público ainda no começo deste século para que a MB envidasse estudos sobre suas necessidades operacionais e os custos envolvidos. Isso se transformou no falecido PEAMB, amparado a nível de MD no PAED. Lá falava em segunda esquadra, dois Nae, 4 NPM, subnuc e subnac, etc... e patrulhas fluviais, navais e oceânicos.
Qual é ponto real aqui? O fato de que a alta administração naval do país elencou uma série de planejamentos sob ordens diretas do cmte em chefe que ao final e ao cabo não resultaram em nada. Nem apoio, nem diálogo e muito menos recursos. Tudo conversa para boi dormir. No que a MB errou? Duas coisas: primeiro em acreditar em conversa de político, e segundo, não ter tido a hombridade no tempo devido de alterar seus planos para coordená-los com a realidade de fato.
Por fim, todo o litoral brasileiro, inclusive a ZEE e a zona de SAR marítima, está desde sempre abandonada ao Deus dará, e isso não é nenhuma novidade para a MB. Mas com certeza deve ser para a alienação dos tupiniquins que habitam a geral e/ou palácios in terras brazilis. O que fazer? Bem, a esta altura, só vejo uma solução viável: Guarda Costeira independente - administrativa, operacional, organizacional e doutrinariamente da MB - e formada a partir da própria estrutura existente hoje na marinha. O almirantado vai gostar ou aceitar passivamente? Obviamente que não, dado que isso pode diminuir o caviar e a lagosta com vinho deles. Com a palavra a poder civil.
R2- É preciso lembrar que a aviação naval nasceu primeiro que a aviação militar, em 1916, e a MB já tinha quadros pessoal e material antes do exército começar a ter asas. E foi por causa da aviação naval que a Avex nasceu em 1919. Não conheço a fundo a história de ambas naquele período, mas posso dizer com segurança que a FAB não foi um produto da birra entre aviadores navais e militares, pelo contrário, foi uma decisão do poder civil de então, na pessoa do ministro da guerra à luz dos acontecimentos da GM II, e diga-se de passagem com apoio do próprio Getúlio Vargas. Horas, em nenhum momento no pós-FAB 1941 a marinha se resignou a ficar sem sua aviação naval, tanto que já nos anos 1950 ela começou a receber seus primeiros helos de uso naval. O problema foi que a lei que criou a FAB praticamente deixou as demais forças limitadas, e muito, a reativar suas próprias asas. A MB cuidou de fazer isso tão logo teve condições, também em relação à asa fixa com a chegada do A-12 aqui em 1956. Mas como a legislação ferrou com EB e MB no que diz respeito a isso, e a FAB ainda estava em um processo de auto afirmação generoso, por assim dizer, ficou impossível de reaver a asa fixa para a MB naquele momento histórico, com o Castelo Branco dando uma meia solução a fim de terminar com a celeuma entre FAB e MB, dado que isso já estava dando nos nervos de muita gente em Brasília e no alto cmdo do EB, e das outras forças. A Avex deu mais azar e só teve sua relevância e reativação determinadas mais de 40 anos depois.
E com relação ao que temos agora, é como escrevi, a MB entende a importância de ter sua própria aviação de asa fixa por esta exercer um ofício diferente da FAB, ainda mais para uma esquadra sem Nae. Cobertura aérea é imprescindível para nós. E os erros quanto à esquadra não podem ser colocados apenas na conta da MB, já que temos aí um MD que na prática nunca serviu para nada além de ser testa de ferro dos seguidos governos desde 1999 e cujo principal ofício sempre foi, e ainda é, manter os militares o mais afastados possível dos corredores do Palácio do Planalto e do Congresso. E portanto, das decisões e assuntos mais importantes do país. Isso obviamente levou o MD, e a Defesa, a ser apenas mais uma pasta burocrática e um assunto de segunda categoria como de fato é tratado até hoje. Então, se não temos a esquadra que precisamos, e nem os meios de patrulha necessários, isto também é responsabilidade dos governos que tivemos e temos. A MB, como as demais forças, apenas indicam e executam seus orçamentos, não os autorizam e nem mesmo controlam. Temos que dar nomes ao bois neste aspecto.
R3 - Vejamos a realidade. A MB hoje possui 6 Distritos Navais ao longo do litoral. No planejamento do PEAMB previu-se apenas 12 NaPaOc, dos quais apenas 5 seriam divididos entre N/NE. Os demais, por força da descoberta do pré-sal e da maioria dos campos de petróleo estar entre Vitória e Florianópolis ficariam baseado no sudeste e sul, mas principalmente naquela região. Previu-se ainda 46 NaPa 500 dos quais apenas 4 saíram do estaleiro. E agora a MB luta para conseguir finalizar outros 2. A classe Grajaú, de 200 ton, com apenas 12 navios jamais foi suficiente para dar conta das necessidades de patrulhamento da costa. Não há planos para navios nesta categoria na MB, apesar de haver projetos no CPN para meios fluviais. Qual o problema aqui? Falta de prioridade. A MB sempre priorizou a esquadra, e sempre o fará. A visão estratégica do almirantado é sempre de olhar o entorno estratégico sul americano como um todo, visando além da proteção em si da costa, da ZEE e da cobertura da zona SAR Atlântico, também possuir uma capacidade de intervenção e proteção das nossas principais rotas comerciais marítimas, que se interrompidas e/ou atrapalhadas, faz com que o país praticamente pare em poucos dias, dado que ainda 95% do nosso comercio exterior é feito por via marítima. Neste sentido, me parece inegável que o combo marinha de guerra e guarda costeira não podem continuar a subsistir em uma mesma instituição. E sobre isso já falei várias vezes no tópico específico. Enfim, precisamos sim, e muito, de uma força naval capaz de garantir a proteção, vigilância e defesa da costa e ZEE. Mas para isso o MD tem que fazer o seu papel. Mas isso não será possível enquanto tiver um militar por lá.
Por fim, entendo que a aviação naval de asa fixa deve permanecer e evoluir dentro de um quadro operacional e doutrinário que é plenamente válido e efetivo para o contexto de uma esquadra também efetiva e operacional dentro do Atlântico Sul. Para tanto é necessário continuar investindo no VF-1/VEC-1 e seus meios pessoal e material. E no futuro a médio/longo prazo retomar a patrulha naval e suas atividades inerentes para dentro dos quadros da aviação naval, complementados pela necessária aviação de transporte. Essa tríade, caça, patrulha e transporte na seara da aviação naval brasileira, mesmo que operando somente de terra irá nos proporcionar uma capacidade, se bem planejada e executa, jamais vista em tempo algum. Com a FAB se interiorizando, fica à aviação naval o dever se cobrir e apoiar as operações da MB em todos os seus mais amplos.
Neste sentido, tudo isso só será possível quando tivermos implementada uma Guarda Costeira que possa cumprir com muito mais proficiência o trabalho de autoridade marítima. Para isso já existem diversos PL no congresso que até o momento não passaram de meras intenções, pois nem debates geraram, seja com a MB, seja com os Estados litorâneos, e outras instituições com interesse na questão.
Assim, me parece inegável que separar a MB da função de autoridade marítima é o passo necessário e impositivo para vislumbramos a capacidade efetiva de protegere e resguardar nossos interesses em nossas águas jurisdicionais. Uma Guarda Costeira, além do orçamento, meios navais, organizacionais e pessoal necessários, também tem de obrigatoriamente dispor de maios aéreos, em diversas categorias de helos e aeronaves. Hora, isso tanto mais será possível quanto mais distante e independente for essa força da MB. Imagino que uma versão SAR naval do KC-390 poderia ser facilmente encampada por uma Guarda Costeira, o que também abriria brechas para a MB adquirir a versão básica do mesmo. E assim por diante. As opções nacionais hora em planejamento e/ou projeto podem oferecer soluções econõmicas e salutares a justificação dos investimentos feitos no próprio país, o que sabemos, é um argumento fortíssimo junto aos órgãos gestores da economia e finanças do poder político.
Mas aí eu te pergunto: a quem realmente interessa tudo isso hoje no Brasil? Tirando eu, você, o povo aqui do DB, militares, além dos poucos numerosos adeptos do tema Defesa espalhados por aí, eu não sei mais quem.
abs.