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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Dez 13, 2012 1:26 am
por Bourne
Cenário apocalíptico de Salsicha da USP. :mrgreen:
Ou o Brasil Despede Mantega, ou Mantega Despede o Brasil

http://bdadolfo.blogspot.com.br/2012/12 ... ntega.html

Amigos, ou o Brasil demite seu Ministro da Fazenda ou o Ministro da Fazenda acaba com esse país.

Não satisfeito com o desastre que foi a política de redução de energia elétrica o Ministro quer agora fazer a mesma coisa com o gás. Depois dessa só tenho uma pergunta: em quanto as ações da Petrobras irão cair?

Amigos, isso é sério: a equipe econômica está pondo em risco toda a infraestrutura energética do país. Não é possível que o analfabetismo econômico tenha alcançado tamanha envergadura. Querem diminuir o preço da energia? Então dêem regras estáveis para o setor, estabeleçam parcerias com o setor privado. O caminho para a redução do custo da energia não passa pelo voluntarismo (ou imposição governamental). O caminho para a redução do custo da energia é o respeito aos contratos, e passa pelo estabelecimento de regras claras e estáveis.
Agora entendo por que no artigo sobre a bolha no mercado imobiliário brasileiro este autor fez alguns malabarismo para provar que existe e é tão perigosa quando nos EUA. Incluindo belas aberrações amostrais, estatísticas e de construção teórica. Não por não ser da área, mas devido a ser compromissado com algumas posições.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Dez 13, 2012 2:24 am
por Sterrius
Tem muita gente que espera o apocalipse brasileiro desde 2002.

Sempre falando que +1 ou 2 anos o país explode. :lol: .
Um dia vão acertar (ja que nenhum país vive no positivo pra sempre) e vão falar "viu eu sabia, sempre avisei". :lol: :lol: :lol:

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Dez 13, 2012 6:50 pm
por Lirolfuti
China e África do Sul suspendem importações de carne brasileira

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RENATA AGOSTINI
DE BRASÍLIA
Os governos da China e da África do Sul decidiram suspender as importações de carne bovina brasileira.

O Ministério da Agricultura confirmou ter recebido nesta quinta-feira (13) notificações oficiais dos dois países sobre o assunto. Os documentos alertam o governo brasileiro sobre o embargo temporário à carne bovina do país e pedem mais esclarecimentos sobre a identificação do agente causador do mal da vaca louca num animal morto no Paraná em dezembro de 2010.

O episódio, anunciado pelo governo brasileiro na sexta-feira (7), já provocou a suspensão de importação de carne bovina do país pelo Japão.

Por enquanto, o impacto das restrições é reduzido, já que os três países têm pouco peso na pauta de exportação de carne bovina brasileira.

De janeiro a outubro, a África do Sul comprou 293 toneladas do produto. O Japão, 1,3 mil toneladas e a China, 10,1 mil toneladas. Juntos, os três países representam 1,2% das exportações brasileiras de carne bovina.

A decisão dos três países, no entanto, aumenta a pressão sobre o governo brasileiro, diante da possibilidade de um efeito cascata que atinja países com peso mais expressivo na pauta de exportações do produto.

A Rússia, principal comprador da carne brasileira, e o Irã também ameaçam barrar a entrada do produto.

Os pecuaristas venezuelanos também querem a suspensão temporária da importação de carne bovina congelada e de animais vivos do Brasil até que os governos brasileiro e venezuelano apresentem estudo de risco de contaminação pelo mal da vaca louca.

A Venezuela é quarto maior destino da carne bovina brasileira no exterior.

PRIMEIRA VEZ

Foi a primeira vez que o Brasil registrou a presença do agente causador do mal da vaca louca. A OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) decidiu, contudo, manter a classificação do país como de risco insignificante para a doença.

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura José Carlos Vaz minimizou os embargos temporários à carne brasileira.

"É natural que, ao tomar conhecimento do caso, as autoridades de cada país reajam com cautela. Mas todos estão recebendo informações e visitas do corpo técnico do ministério", afirmou.

Ele reforçou que o Brasil não possui a doença. O caso foi considerado "não clássico", já que o animal não morreu em decorrência do mal da vaca louca. A principal hipótese é que se trate de uma mutação "espontânea".

Por conta disso, o consumidor brasileiro não corre o risco de contaminação pelo mal da vaca louca ao ingerir carne bovina, garantem o Ministério da Agricultura e os produtores.

Todos os animais da propriedade envolvida no episódio foram mortos e todos os exames feitos nos últimos anos deram negativo para a vaca louca.

"Os rebanhos brasileiros são de qualidade e o sistema de defesa eficiente", reforçou Vaz. ENTENDA

A encefalite espongiforme bovina, nome científico do mal da vaca louca, foi identificada pela primeira vez no Reino Unido, em 1985.

A doença provoca a degeneração do sistema nervoso central e se caracteriza pela aparição de sintomas de nervosismo nos bovinos, que os leva invariavelmente à morte em um período que pode variar de um a seis meses.

A doença preocupa as autoridades porque pode ser transmitida para humanos e provocar perda da função motora e morte.

Nos humanos, a versão da encefalite espongiforme bovina leva o nome de mal de Creutzfeldt-Jakob. http://www1.folha.uol.com.br/mercado/12 ... eira.shtml

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Dez 13, 2012 7:11 pm
por Boss
Quando a China sofrer o "boom" de sua classe média, não terão essa opção...

A não ser que o PCC resolva controlar a dieta da população.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 14, 2012 2:22 pm
por Bourne
Pagamento de impostos no Brasil é um investimento sem retorno
? Tweet
14/12/12 - 01:23
POR SAMY

http://carodinheiro.blogfolha.uol.com.b ... m-retorno/

Um estudo divulgado pelo Instituo Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra o retorno da carga tributária de diversos países em forma de qualidade de vida.

Segundo a metodologia do estudo, dentre trinta países, o Brasil amarga a última posição no Índice de Retorno De Bem Estar à Sociedade, que é uma média ponderada da carga tributária de cada país com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Países como Austrália, Estados Unidos e Japão possuem os melhores retornos dos seus impostos, enquanto países como Argentina e Uruguai estão numa posição intermediária.

Embora o estudo do IBPT analise de forma satisfatória o problema da inefiência da máquina estatal brasileira, existe uma forma mais fácil e intuitiva de comparar a carga tributária e o IDH de cada país.

O gráfico a seguir relaciona a carga tributária, como porcentagem do PIB (dados extraídos do 2012 Index Economic Freedom da Heritage Foundation), e os 87 países que tem IDH “alto” ou “muito alto”, segundo classificação da ONU .



Diante do gráfico, pode-se observar uma correlação positiva entre carga tributária e IDH. Isto é esperado, já que melhorias em educação, saúde, segurança, etc., custam caro e, portanto, os impostos devem ser maiores para que o governo consiga arcar com melhorias.

Diante do gráfico que criamos, é possível analisar que o Brasil mantém uma relação entre impostos e IDH abaixo da média, representada pela reta. Ou seja, quando comparado com países com carga tributária próxima a nossa, o Brasil deveria entregar um melhor retorno a sua população (IDH).

Se tivéssemos um eficiência média do dinheiro arrecadado, o Brasil, com seus de 34.3% de carga tributária, deveria ter um IDH de aproximadamente 0.827 (maior do que o de países como Portugal, Polônia e Hungria). No entanto, a realidade mostra a ineficiência do dinheiro arrecadado e Brasil apreseta um IDH de 0.718, pior do que o do Equador.

A comparação com países que sabem utilizar os seus impostos de forma eficiente é ainda mais impressionante e incômoda. A Alemanha, que tem um carga tributária três pontos percentuais maior do que a do Brasil (de 37% e 34% do PIB, respectivamente) consegue fornecer aos seus cidadãos um IDH de 0.905, que é 26% maior do que o IDH brasileiro.

Alguém poderia argumentar que países como a Alemanha têm um PIB per capita muito maior e que, desta forma, seria possível fornecer mais serviços aos seus cidadãos com uma mesma carga tributária, o que é verdade. Por isso, é necessário compararmos também o Brasil com países que tem PIB per capita similares ao brasileiro.

Neste sentido, o que o gráfico anterior ainda mostra é que países com PIB per capita próximo ao brasileiro, como Cazaquistão e a Romênia conseguem melhores resultados: carga tributária menor e IDH maior.

O mais surpreendente é que até países com PIB per capita um pouco menor do que o brasileiro, como Peru e Sérvia, conseguem obter, novamente, IDH maior do que o brasileiro, com menos impostos. Ou seja, estes paíse conseguem fazer mais com muito menos impostos, sobre uma população mais pobre. A tabela a seguir reúne os dados citados.



Portanto, o governo brasileiro cobra muitos impostos, mas como não sabe utilizar de forma eficiente os seus recursos ele acaba fornecendo serviços de baixa qualidade aos seus cidadãos.

Não é atoa que teremos um pífio crescimento do PIB em 2012. Para crescer mais em 2013 (e mais do que o recém-divulgado crescimento de 0,6% do PIB no 3º trimestre), é necessário arrumar as ineficências do aparelho estatal para reduzir a carga tributária e ainda assim fornecer serviços de maior qualidade para os brasileiros.

Post em parceria com Daniel de Lima e Leonardo de Siqueira Lima , graduandos pela EESP-FGV.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Dez 15, 2012 2:17 am
por Bourne
O que esperar de 2013

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/lu ... 2013.shtml

Como escrevi na coluna passada, o ano de 2012 não será esquecido com facilidade pelo analista das coisas da economia. Foi um período de grande complexidade e, principalmente, da queda de paradigmas importantes na política econômica nas maiores economias do mundo.

Na última quarta-feira, em sua reunião mensal do comitê de política monetária, o poderoso Banco Central dos Estados Unidos deu uma última e extraordinária contribuição a essa negação de símbolos da ortodoxia econômica: a partir de agora, a política de juros próximos de zero será modificada apenas se o desemprego vier abaixo do índice de 6,5% da população ativa.

Nunca foi tão transparente como agora a existência de um duplo mandato para o Banco Central americano. Está clara a busca de uma queda dos atuais níveis de desemprego como foco principal da política de juros, pelo menos até que a inflação supere os 2,5% ao ano.

Esse limite da inflação certamente foi a azeitona na empada para reduzir as críticas --que certamente virão-- de que o Fed está inflacionando deliberadamente a economia com o objetivo de acelerar a saída da crise de crescimento.

Outra observação que se impõe depois dessa decisão do Fed é o reconhecimento de que nunca foi tão presente o pensamento do economista Lord Keynes como agora.
Mas vamos deixar o ano de 2012 para trás e olhar para os próximos 12 meses.

O leitor da Folha já sabe que sou otimista para o próximo ano. Há algumas semanas escrevi uma coluna --o alinhamento dos astros-- em que procurei explicitar as principais razões para essa minha visão.

De lá para cá os astros continuaram nesse processo de alinhamento. Os dados de crescimento da China mostram mais força, apesar de uma queda expressiva de suas exportações de produtos industriais.

Os investimentos do governo na infraestrutura voltaram a crescer e, junto com uma aceleração na expansão do consumo das famílias, mais que compensaram a queda do setor externo.
Na Europa, consolida-se --e cada vez com mais força-- a percepção de que os governos conseguiram reverter o medo de um colapso do euro que os mercados vinham precificando desde o começo do ano.

No momento em que escrevo esta coluna, as agências de notícias trazem em suas manchetes a decisão dos ministros das finanças da zona do euro de liberar --FINALMENTE-- mais de € 40 bilhões para a combalida Grécia.

Nem mesmo as declarações espalhafatosas do bufão Berlusconi de que vai novamente se candidatar ao governo da Itália nas eleições do início do próximo ano conseguiram trazer de volta a especulação contra o euro.

Nos Estados Unidos, as negociações políticas para evitar o chamado precipício fiscal na virada do próximo ano também estão sendo vistas com otimismo pelos mercados. Também os preços das ações em Wall Street devem terminar o ano com valorizações expressivas e em níveis que já superam o que existia antes do colapso do mercado de hipotecas em 2008.

Para 2013, o crescimento pode superar --não em muito-- os 2% ao ano e o desemprego pode aproximar-se ainda mais de níveis históricos. Mas a questão mais importante para acompanhar na terra do tio Sam será a volta do espírito animal dos empresários e, com isso, uma normalização dos investimentos.

Aqui no Brasil também a variável mais importante --e que deve definir a intensidade da recuperação do crescimento econômico-- será o investimento. Creio que vamos replicar o comportamento dos Estados Unidos, com o investimento voltando a crescer , mas com um atraso de dois trimestres. Por isso, o PIB, em 2013, apresentará taxas crescentes de expansão ao longo do ano.

O consumo das famílias --que representa 2/3 do PIB no Brasil-- continua na sua marcha de crescimento de 3,5% ao ano e deve replicar esse comportamento no próximo ano. Com o crescimento do investimento chegando a 6% ao ano no último trimestre do ano poderemos exibir no fechamento do ano próximo um crescimento da ordem de 3%. Mas existem alguns riscos que precisam ser monitorados.

Volto a eles em nosso próximo encontro.
:shock:

É o Mendonça de Barros com uma análise sem paixões e direta. É isso para os próximos dois ou três anos. No fundo vai depender do crescimento do investimento e indicação de uma mudança estrutural na economia ao investir mais na produção.

Diferente do salsicha da USP, The economist e outros que traçam cenário apocalípticos.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Dez 15, 2012 9:32 am
por Sterrius
Mas se a economist e alguns outros não falarem de apocalipse a cada 6 meses eles não tem audiência. È muito mais fácil ganhar a atenção falando do apocalipse que a cruel e monótona realidade de que a situação vai seguir um padrão relativamente previsível.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Dez 15, 2012 9:59 am
por marcelo l.
Bourne escreveu:
Pagamento de impostos no Brasil é um investimento sem retorno
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14/12/12 - 01:23
POR SAMY

http://carodinheiro.blogfolha.uol.com.b ... m-retorno/

Um estudo divulgado pelo Instituo Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra o retorno da carga tributária de diversos países em forma de qualidade de vida.
A questão do instituto é que ele discute o número sem pensar para onde foi esse dinheiro, quem levou e as razões que, e boa parte que eu vejo das críticas vem de setores ou pessoas que ganharam muito dinheiro com a ciranda financeira que existia no Brasil...depois nos almoços de fim de ano falam que não existe almoço grátis :lol:

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Dez 15, 2012 10:55 am
por marcelo l.
BRASÍLIA - O governo terá mais dificuldade para conceder novas desonerações tributárias em 2013 se não mudar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O Tribunal de Contas da União (TCU) negou pedido do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para rever decisão que proibiu o uso de excesso de arrecadação como medida compensatória para renúncias de receitas, como desonerações de impostos.

O entendimento dos ministros do TCU foi de que a utilização dessa justificativa contraria o artigo 14 da LRF, que determina que a concessão ou ampliação de incentivos tributários não previstos no Orçamento só poderá ser feita se acompanhada de medidas compensatórias, como elevação de alíquotas, criação de tributo ou contribuição, entre outras alternativas.

A decisão do TCU pode levar o governo a buscar a aprovação de um projeto de mudança na LRF, considerada um dos pilares da política fiscal desde que foi criada há 12 anos. O Ministério da Fazenda sempre evitou propor a mudança na legislação temendo abrir a porta para alterações mais profundas. No início deste ano, por causa da decisão do TCU, o governo chegou a preparar uma minuta de projeto de lei complementar que flexibiliza a LRF.

Segundo fontes ouvidas pelo Estado, uma solução terá de ser encontrada rapidamente porque novas medidas de corte de tributos, principalmente de ampliação dos setores beneficiados com a desoneração da folha de pagamento, estão em elaboração pelo governo para serem divulgadas em breve, como reposta ao crescimento mais lento da economia.

O espaço de R$ 15 bilhões reservado para novas desonerações na proposta de Orçamento de 2013 já foi preenchido com as medidas anunciadas na semana passada para a construção civil.

No TCU, o revisor do processo de reexame, ministro José Jorge, avaliou que a aceitação do excesso de arrecadação como contrapartida para a renúncia de receita alargaria "sobremaneira" a utilização do mecanismo, indo na contramão da transparência orçamentária. Segundo o ministro, por ausência de previsão legal, mesmo em caso de crise financeira não caberia a utilização do excesso de arrecadação como medida compensatória para a renúncia de receitas.

O revisor destacou que os benefícios concedidos pelo governo podem pôr em risco não só o equilíbrio das suas contas, como também dos Estados e municípios, que recebem parte da arrecadação federal.

Segundo o ministro, o ambiente mais adequado para a discussão sobre a possibilidade ou não de se utilizar o excesso de arrecadação como compensação para renúncia fiscal é o Congresso Nacional. Lá, disse ele, poderá ocorrer um debate mais amplo e plural sobre os riscos e benefícios dessa medida.

Os ministros do TCU avaliaram que a negativa ao pedido de reexame não vai inviabilizar a política fiscal do governo. Eles lembraram que as regras que obrigam a apresentação de medidas compensatórias não se aplicam aos benefícios tributários concedidos em caráter geral (para todos os contribuintes) nem aos chamados impostos regulatórios, o Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre Produtos Industrializados e Imposto sobre Operações Financeiras. Procurado, o Ministério da Fazenda informou que não iria comentar a decisão.

http://economia.estadao.com.br/noticias ... 8199,0.htm

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 17, 2012 2:37 pm
por marcelo l.
Por que o Brasil não investe?
Autor(es): Gil Castello Branco
O Estado de S. Paulo - 17/12/2012


O jornalista e historiador Ronaldo Costa Couto cunhou há vários anos frase curiosa: "O pri­meiro economista da história foi Cristóvão Colombo, que quando partiu não sabia para onde ia e quando chegou não sabia onde es­tava. Tudo por conta do governo". A fábula voltou à tona no anúncio do PIB brasileiro do terceiro tri­mestre, ocasião em que as previ­sões dos economistas revelaram-se um autêntico fiasco. , Palpites aparte,ficou claro que os pacotes homeopáticos do go­verno para elevar os investimen­tos privados e públicos foram insu­ficientes, o que impediu o cresci­mento sustentável da economia brasileira e o desempenho mais ro­busto do PIB. É por que os investi­mentos não acontecem?

Quanto aos investimentos pri­vados, a retração pode ser explica­da, entre outros fatores, pelo ce­nário internacional nebuloso, pe­la desindustrialização do País (de­corrente da valorização do real, da concorrência chinesa, da infraestrutura precária e dos cus­tos dos salários e bens de produção), pela falta das reformas tribu­tária, trabalhista e previdenciária e pela instabilidade das regras do jogo. Ademais, o governo anun­cia parcerias, mas desconfia dos empresários.

Nos investimentos públicos/ são inúmeros os nós a desatar. Em primeiro lugar, é preciso que os vá­rios agentes aprendam a conciliar investimento com democracia. Não por acaso, as maiores taxas de crescimento do PIB nas últimas décadas aconteceram durante as ditaduras. De fato, nas épocas do "cumpra-se", não havia as preocu­pações de hoje com o meio am­biente, com o patrimônio público e com os direitos trabalhistas, indí­genas, sociais, entre outros. Atual­mente, existem emaranhados de leis, decretos e portarias que afe­tam questões diretamente relacio­nadas aos empreendimentos. As obras passam necessariamente pelas exigências, prazos e fiscaliza­ções do Ministério Público, Ibama, Funai, Iphan, CGU e TCU, além das ONGs e da imprensa. Di­ga-se de passagem, melhor assim.

O crescimento da burocracia e do formalismo dos órgãos de con­trole foi agravado pela formação inadequada dos gestores públi­cos, pela desvalorização dos fun­cionários de carreira e pelo exces­so das funções comissionadas. Na prática, a "estrutura de fiscaliza­ção" cresceu muito mais do que a "máquina de execução".

A corrupção endêmica também influi no ritmo das obras. A inevitá­vel "faxina" do ano passado, por exemplo, afetou significativamen­te os investimentos do Ministério dos Transportes neste ano. Dian­te dos escândalos, os novos gesto­res cercaram-se de cuidados, até para não se verem envolvidos nas falcatruas que demitiram seus an­tecessores. Assim, de janeiro a no­vembro de 2011, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) investiu R$ 9,5 bilhões, enquanto em 2012, no mesmo período, as aplicações fo­ram de apenas R$ 7,7 bilhões. Na Valec, nos 11 primeiros meses de 2010, os investimentos foram de R$ 2 bilhões. Em 2011 e 2012, caí­ram para R$ 1,3 bilhão e R$ 890 milhões, respectivamente.

Todos os fatores mencionados - dentre outros que poderiam ser elencados - levam à morosidade dos empreendimentos públicos. Nos últimos 17 anos, o porcentual médio de execução dos investi­mentos da União foi de apenas 60%. De cada R$ 10 autorizados pelo Congresso Nacional, somen­te R$ 6 foram utilizados. Em 2012, não está sendo diferente. Embora o Orçamento-Geral da União (OGU) contenha dotação de R$ 904bilhões, faltando 20 dias para o encerramento do exercício, ape­nas R$ 40,6 bilhões foram desem­bolsados, incluindo os restos apa­gar. Em algumas empresas esta­tais, os resultados também são pí­fios. Na Infraero, de 2007 a 2011, foram investidos apenas 47,7% dos valores previstos. Em 2012, dos R$ 2 bilhões prometidos, so­mente 39% foram realizados até outubro. E ainda querem que gru­pos internacionais se associem à empresa brasileira.

No PAC, os anúncios oficiais re­gistram, entre 2007 e setembro de 2012, "aplicações gerais" de R$ 1 trilhão e "ações concluídas" de R$ 716,6 bilhões. Mas, se excluirmos das "ações concluídas" os emprés­timos habitacionais às pessoas físi­cas, restarão R$ 370 bilhões, o que significa pouco mais de R$ 60 bi­lhões ao ano. Esse montante mé­dio anual de "ações concluídas" envolve as estatais, o setor priva­do, o OGU, as contrapartidas dos Estados e municípios, os financia­mentos ao setor público e os subsí­dios do Minha Casa, Minha Vida. No frigir dos ovos, é muito pouco.

Na verdade, temos no PAC um grande canteiro de obras inacabadas. No último balanço, a ministra Miriam Belchior disse que os atrasos em obras são "regra do jogo". E a regra é clara, como diria ò árbi­tro Arnaldo Cezar Coelho. Entre as maiores obras, os prazos de con­clusão vêm sendo postergados, apesar de o governo conservar sempre em seus balanços a infor­mação "adequado". A Refinaria Abreue Lima, por exemplo, segundo os balanços de 2007, ficaria pronta no 4.0 trimestre de 2010. Na nova estimativa, ficará pronta em 30/11/2014. A Usina de Belo Monte, que seria concluída em ja­neiro de 2014, agora entrará em ati­vidade em janeiro de 2019. Acredi­te quem quiser.

O governo tem tentado contor­nar os entraves. Para despertar o "espírito animal" dos empresá­rios, desonerou folhas de paga­mento, baixou os juros, lançou o pacote dos portos e vai baratear a energia. Em relação aos investi­mentos públicos, criou o Regime Diferenciado de Contratações (RDC) para as obras do PAC e isen­tou-as do cálculo do superávit pri­mário. Aproximou-se também do TCU e do Ibama para reduzir as paralisações e agilizar as licenças ambientais e, ainda, lançou edi­tais para contratar centenas de funcionários para o Dnit e para a Valec. Afinal, investir é preciso.

Se os efeitos serão rápidos, são outros quinhentos. Como dezem­bro é época de previsões, quem quiser saber com precisão quanto crescerá o PIB em 2013 deve ouvir os economistas, mas, também, consultar os astros, ler as cartas e jogar os búzios...

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 17, 2012 5:29 pm
por Bourne
Transição para nova política econômica afetou PIB, diz Holland
Autor(es): Por Cristiano Romero | De Brasília
Valor Econômico - 17/12/2012

Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.br/c ... iz-holland

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Márcio Holland, explica o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano por causa da transição do país para o que chama de "nova matriz macroeconômica". Essa matriz combina juro baixo, taxa de câmbio competitiva e uma consolidação fiscal "amigável ao investimento".

Nesta entrevista ao Valor, Holland, economista doutor pela Unicamp e com pós-doutorado da Universidade da Califórnia (Berkeley), diz que, num primeiro momento, a transição para a nova matriz traz custos para empresas e investidores, acostumados a operar sob a lógica curto-prazista, baseada em juros altos e câmbio apreciado.

Na sua opinião, esse momento já passou e, agora, dada a nova matriz e com os estímulos criados pelo governo para o investimento de longo prazo, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) voltará a crescer de forma acelerada - 8% em 2013 e a um ritmo duas vezes o do PIB. "Os investidores, bancos, economistas, analistas em geral, estão revendo seus modelos de negócio."

Holland argumenta que a nova matriz não substitui o tripé câmbio flutuante-metas para inflação-disciplina fiscal adotado pelo país em 1999, mas ele sustenta que as mudanças promovidas tanto na taxa de juros (Selic) quanto no câmbio eram aguardadas há tempos pelos agentes econômicos.

Valor: Por que depois de tantos estímulos monetários e fiscais o investimento não está reagindo?

Márcio Holland : Investimento e atividade econômica andam juntos. O processo de acomodação da economia, conduzido pelo governo para corrigir inflação e outros preços da economia entre 2010 e 2012, acabou afetando as expectativas dos agentes nessa transição. Isso era esperado. O que ocorre é que, a partir de um determinado momento, começamos a implementar um conjunto de medidas que têm a ver com a transição para uma nova matriz macroeconômica.

Valor: No que consiste essa matriz?

Holland : A primeira perna é a taxa de juros, que caiu 5,25 pontos percentuais no intervalo de 12 meses. Os agentes econômicos aguardavam esse ciclo de alteração da política macroeconômica. Com essa mudança, a estrutura de incentivos está sendo preparada para um ambiente de juros baixos. Os investidores, bancos, economistas, analistas em geral, estão revendo seus modelos de negócio. Há uma fase de transição.

Valor: Essa fase impacta negativamente o investimento?

Holland : Sim porque há uma alteração na estrutura de incentivos. A economia vivia numa estrutura curto-prazista. Isso está se alterando substancialmente para uma estrutura de longo prazo. Toma tempo, é uma transição. Temos chamado a atenção para o efeito riqueza negativo.

Valor: O que seria isso?

Holland : Quando a taxa de juros cai e o câmbio se corrige, há um efeito riqueza negativo. Isso ocorre porque os agentes estão carregados de títulos de curtíssimo prazo ou seus balanços estão um pouco, digamos, dolarizados. Essa correção de "balance sheet" [balanço] é promissora. Trata-se de um fato histórico, raro, na economia brasileira. De toda forma, o efeito riqueza já foi dissolvido. As empresas se ajustaram. Passaram por uma fase de correção de estrutura de balanço em prol de prazos mais longos.

Valor: De que forma isso beneficia a economia?

Holland : Percebemos hoje o interesse dos investidores por debêntures, FDICs (Fundos de Direito Creditório), letras financeiras, letras de crédito imobiliário. Essa estrutura de incentivos está pronta. Não é instantânea, mas vem gradualmente.

Valor: Quais são os outros aspectos da matriz macroeconômica?

Holland : A segunda perna do tripé da nova matriz é uma taxa de câmbio mais competitiva, algo fundamental. Grandes economistas já descreveram a importância do câmbio para o investimento, a produção, o emprego e o crescimento. O terceiro aspecto da matriz é o que, internacionalmente, se chama de "consolidação fiscal amigável ao investimento e ao crescimento".

Valor: Do que se trata?

Holland : São as políticas fiscais anticíclicas que temos adotado, com redução da relação dívida-PIB de forma consistente e alongamento dos prazos de vencimento da dívida pública. Hoje, o prazo médio da dívida está em torno de quatro anos. Há pouco tempo, era dois anos. A relação dívida líquida-PIB está convergindo para 35% neste ano, enquanto em muitos países está acima de 100%. Estamos usando os espaços fiscais criados para promover intensa desoneração do investimento e da produção. Programamos R$ 45 bilhões em desonerações em 2012. Só na conta de desoneração da folha, estão previstos R$ 15 bilhões no próximo ano.

Valor: Embora algumas desonerações, como a do IPI, não sejam permanentes.

Holland : A desoneração da folha é permanente. Estamos desonerando 41 setores a partir de 2013 e beneficiando mais de 50 mil empresas, que representam aproximadamente 50% das exportações de manufatura.

Valor: A nova matriz macroeconômica substitui o tripé de política econômica que vigora desde 1999?

Holland : Em hipótese alguma! Tudo está sendo feito, respeitado o regime de metas para inflação. Vale lembrar que esse regime prevê inflação no centro da meta com uma banda de tolerância, e essa banda pode ser usada quando ocorrem choques de oferta. O regime de metas tem dado resultados muito importantes. Desde 2006, a inflação está dentro dos intervalos fixados pelo governo. Além disso, tenho insistido que a variabilidade mensal da inflação caiu consistentemente.

Valor: Em que proporção?

Holland : Até 2003, a inflação oscilava entre menos 0,5% e 2,5% ao mês. A partir de 2004, começou a oscilar entre 0,4% e 0,5%, com pequenos desvios em relação a esse intervalo. Isso é muito importante para o sistema econômico porque a inflação não só está dentro das metas anunciadas como está mais estável. O Robert Lucas [Prêmio Nobel de Economia de 1995] considerava a incerteza inflacionária algo importante para decisões muito severas do banco central. Inflação estável dá segurança em termos de previsibilidade.

As taxas de juros não voltam aos níveis anteriores. Esta é a expectativa de todos os analistas."

Valor: Mas a inflação brasileira não é muito alta e, por isso, menos previsível?

Holland : Cada país tem uma característica. Estamos falando de um país que está promovendo grande expansão do seu mercado, não só consumidor, mas de investimento doméstico. Estamos numa fase de expansão muito forte do investimento.

Valor: Mas como, se a Formação Bruta de Capital Fixo cai desde o primeiro trimestre de 2011?

Holland : O Brasil é um dos poucos países do mundo que têm uma expansão acumulada de investimento acima de 60% nos últimos oito anos. De 2004 até 2011, o país está entre os cinco com maior acúmulo de crescimento do investimento. Em relação ao PIB, a FBCF cresceu, nesse período, quase três pontos percentuais. A média anual de avanço no mesmo período foi superior a 6%, enquanto em muitos países houve recuo. Temos uma dinâmica muito própria de crescimento do investimento, associada à expansão de classes sociais por causa de programas de inclusão muito importantes, como o de transferência incondicional de renda. Não estou me referindo a consumo, mas ao investimento com consumo porque acho um falso dilema falar de uma coisa ou de outra. Poucos países estão vivendo isso, o que dá um dinamismo à economia que afeta a estrutura de preços...

Valor: E torna a inflação mais alta?

Holland : Inflação mais alta é algo relativo. Hoje, os economistas sabem que é bom tomar cuidado com inflação muito baixa.

Valor: Por quê?

Holland : Porque taxas de inflação muito baixas levaram os bancos centrais a terem taxas de juros muito baixas, que, por sua vez, geraram estímulos à formação de bolhas de ativos. Esse tema, sobre qual é a taxa de inflação ideal, é controverso.

Valor: Mas, em todo caso, a inflação brasileira é alta se comparada à média dos emergentes (3%).

Holland : Dá para comparar? Cada país tem uma característica e está numa fase de desenvolvimento diferente. Gosto quando o Dani Rodrik [professor da Universidade de Harvard] diz que "o mesmo tamanho não serve para todos".

Valor: O senhor acredita ser possível sustentar a taxa de juros no patamar atual. Por quê?

Holland : Os investidores têm capacidade de calcular e fazer análise de retorno 12 meses à frente porque sabem muito bem que as taxas são altamente sustentáveis. Os juros não voltam aos níveis anteriores. Esta é a expectativa de todos os analistas. O importante é que já há um alinhamento dessa taxa a incentivos claros ao investimento e à produção. O custo de oportunidade do curto-prazismo foi desmontado e dissipado. Já o custo de oportunidade de se deslocar para o médio e o longo prazos é muito interessante. Tanto é que já se vê uma expansão em emissões de dívida corporativa, algo que agora faz sentido porque, na empresa, não preciso rodar minha sobra de tesouraria no curtíssimo prazo. Posso pensar em usar essa sobra para alavancar investimento, modernizar meu parque produtivo, emitir FDIC, debêntures. Estamos, ao mesmo tempo, consolidando a nova matriz macroeconômica e os incentivos ao longo prazo.

Valor: Por exemplo?

Holland : Fizemos a Lei 12.431, que dá incentivos à emissão de debêntures para investimentos em infraestrutura. O ministro Guido Mantega já anunciou a extensão disso para FDICs, um mercado promissor. O mercado informou que há R$ 120 bilhões em projetos de investimento do governo elegíveis a essas emissões. Independentemente de qualquer outra taxa de juros no futuro, as taxas de juros de hoje no país são fundamentadas.

Taxas de inflação muito baixas levaram os BCs a juros muito baixos, que, por sua vez, geraram bolhas de ativos."

Valor: Por que tanta certeza?

Holland : Porque a inflação no Brasil se acomoda com capacidade impressionante. Há 13 meses, estava acumulada em 7,31%. Os analistas falam agora em 5,5% para este ano, num cenário de choque de preços...

Valor: Mas com a economia crescendo muito pouco, perto de 1%.

Holland : Não creio que esse fator seja tão relevante. Essa relação [entre crescimento e inflação] não é de curtíssimo prazo, mas de médio e longo prazo. Essa associação é meio anedótica. Nenhum economista sério associaria uma coisa à outra. Só para fazer o contrafactual: o Brasil cresceu 7,5% em 2010 e a inflação estava caindo.

Valor: Mas O IPCA em 2010 subiu para 5,9%.

Holland : Ocorre que, no segundo semestre de 2010, houve uma alteração de preços de commodities muito acima da queda no primeiro semestre. Isso emendou com choques de oferta domésticos, como o do etanol e de produtos hortifrutigranjeiros. Quando esse processo se dissipou, a inflação voltou a cair. Isso mostra a capacidade da inflação brasileira de se acomodar no centro da meta.

Valor: As empresas sempre aproveitaram a apreciação do real para importar máquinas e equipamentos mais modernos e baratos. Com a mudança no câmbio, o governo não eliminou esse ganho?

Holland : O consumo de bens capital no Brasil funciona assim: 50% são importados e 50% são produzidos domesticamente. Isso não se alterou com a desvalorização do real. Hoje, a relação talvez esteja em 40-60, mas no ano que vem estará em 50-50 novamente. Nenhum país produz bem de capital em sua totalidade para o consumo doméstico. Não há escala suficiente. Além disso, estamos falando de uma taxa de câmbio que foi corrigida para um nível que não afeta o custo de importação dessas máquinas.

Valor: Como não?

Holland : Porque o cenário internacional é de redução de preços de bens de capital, até por causa do excesso de oferta. Há

uma compensação.

Valor: Dá para superar o fato de que existe uma tendência de apreciação de longo prazo da moeda brasileira, uma vez que o país é exportador líquido de produtos primários e tem baixa poupança?

Holland : Desde a adoção do câmbio flutuante pelo Brasil em 1973 [fim do padrão ouro], o câmbio real efetivo não mostra tendência de apreciação. O que há são movimentos num determinado período, mas historicamente os econometristas chamam a taxa real de câmbio no Brasil de estacionária. Ela flutua em torno de uma constante.

Valor: Com o pré-sal, o Brasil deve se tornar grande exportador de petróleo. Isso não cria tendência de apreciação do real no longo prazo?

Holland : Você está falando de "dutch disease" (doença holandesa). Isso ocorreu em países que não tinham boas instituições. Não é o caso do Brasil. O país é extremamente democrático, tem estabilidade política, regras. Vai saber usar e amortecer os recursos, trazer a valor presente esses fluxos no tempo por meio de fundos, da aplicação em educação, o que acabará mitigando os efeitos sobre a economia.

Valor: Como o senhor reage à crítica de que o investimento ainda não se recuperou porque os empresários estariam temerosos com o excesso de intervenção do governo na economia?

Holland : O empresário brasileiro não está com medo. Quem está com medo são aqueles que faziam aplicações financeiras de curtíssimo prazo no Brasil; aqueles que tinham concessões com tarifas e margens muito altas; os especuladores em geral. Não temos espaço para essa atividade daqui para frente. Temos conseguido feitos históricos, como a redução dos juros e o desincentivo da atividade especulativa.

Valor: Os especuladores não têm seu papel?

Holland : Tenho que reconhecer que a atividade especulativa, como diria o próprio Keynes, é fundamental para o investimento. Ela dá liquidez aos investimentos, é importante, por exemplo, para dar hedge a agricultores e exportadores. Não questiono isso, mas a atividade especulativa pura e simples, como a de apropriar uma renda produzida no país e depois sair, sem gerar nenhum efeito produtivo para a economia. Estamos trocando esses investidores.

Valor: De que forma?

Holland : Trazendo investidores para grandes projetos no Brasil. Certamente, isso mexe no status quo de alguns poucos, que fazem muito barulho. Montamos uma estrutura, ao longo desse período de transição para a nova matriz macroeconômica, de investimento público, novas concessões e estímulo ao investimento do privado, com redução de custos em vários níveis. Isso nos faz acreditar que a taxa de investimento crescerá daqui em diante, em média, duas vezes a velocidade do PIB. E a estrutura do investimento público está pronta.

Valor: O investimento público não está crescendo abaixo do esperado?

Holland : Neste ano, está crescendo 23%, até outubro, em relação ao ano passado - R$ 50,9 bilhões, face a R$ 41,4 bilhões. Os desembolsos do PAC, no mesmo período, cresceram 27,7%. O investimento público total, incluindo o de Estados e municípios, saltou de 4% para 4,4% do PIB em 2012. Junte-se a isso o programa de concessão de rodovias e ferrovias, um dos maiores do mundo, com previsão de investimento de R$ 133 bilhões, sendo que R$ 80 bilhões nos próximos cinco anos. Há ainda o programa de portos, com previsão de R$ 54,2 bilhões até 2016 e o aperfeiçoamento do marco regulatório para aumentar a presença do setor privado. Tudo voltado para reduzir custo, aumentar a eficiência e a competitividade da economia.

Valor: Em 2012, o governo não cumpriu a meta de superávit primário. Esse programa de investimento público não impedirá que a meta de 2013 também seja cumprida?

Holland : Em hipótese alguma. A política fiscal tem sido anticíclica. Há um efeito adicional: a cada ano, a base de arrecadação tem crescido por causa do aumento considerável da formalização do mercado de trabalho. A desoneração da folha favorece esse processo porque, agora, o custo do trabalho é menor. A inclusão social também ajuda. No ano que vem, voltamos à meta de superávit cheia, sem desconto [3,1% do PIB].

Quando se está no governo tem dar uma floreada na situação. No fundo pode realmente ser isso.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Dez 18, 2012 12:05 pm
por rodrigo
Gastos de brasileiros no exterior batem novo recorde

Os gastos de brasileiros no exterior atingiram novo recorde em novembro e no acumulado do ano.

Apesar do dólar mais caro, os brasileiros gastaram US$ 1,8 bilhão em visitas a outros países no mês passado, 15% a mais do que há um ano. No acumulado de 2012, os brasileiros já gastaram lá fora US$ 20,244 bilhões, 3,9% acima do registrado no mesmo período de 2011 (US$ 19,489).

Embora os gastos no exterior estejam batendo novos recordes, o crescimento neste ano está mais moderado do que em 2011, disse o chefe do departamento econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.

Em novembro, especificamente, houve uma alta mais intensa devido à base de comparação. Segundo ele, em novembro do ano passado houve uma oscilação mais forte da moeda americana, o que retraiu os gastos de turistas brasileiros no exterior.

"Esse gasto é muito sensível às variações do dólar", observou.

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/12 ... orde.shtml

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Dez 18, 2012 1:13 pm
por Sterrius
Se os produtos fossem mais em conta no país de origem juntamente com a acessibilidade deficiente em vários estados o gasto seria bem menor!

Não é raro produtos em que é mais barato pagar a viagem de ida e volta, +1 dia e hotel +produto e ainda sim sair no lucro frente ao preço nacional.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Dez 18, 2012 2:39 pm
por rodrigo
Sterrius escreveu:Se os produtos fossem mais em conta no país de origem juntamente com a acessibilidade deficiente em vários estados o gasto seria bem menor!

Não é raro produtos em que é mais barato pagar a viagem de ida e volta, +1 dia e hotel +produto e ainda sim sair no lucro frente ao preço nacional.
Eu concordo com você, mas a maioria que viaja não declara o que compra além da cota, ficando para fiscalização (totalmente insuficiente) descobrir isso. Já o comerciante legal, que tem loja, funcionários e CNPJ, dificilmente sonega.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Dez 18, 2012 2:48 pm
por Marechal-do-ar
Para o comerciante legal, com CNPJ as taxas geralmente também são menores, logo isso não é desculpa.