Página 228 de 578

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Dez 09, 2012 8:58 pm
por marcelo l.
A fonte da The economist já derrubou o Mantega umas 10 vezes...deve ser falta de matéria de fim de ano :lol: .

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Dez 09, 2012 9:01 pm
por Túlio
Se a AAAe Inglesa for que nem esse cara, tão ferrados... :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Dez 09, 2012 9:45 pm
por Bourne
Quem derruba os teco-tecos são os alemães. Quando atiram cai o governo dissidente inteiro. :mrgreen:

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Dez 09, 2012 10:40 pm
por Túlio
É, mas tem que ser BEM teco-teco... :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 10, 2012 5:12 pm
por Brasileiro
Li que o ministro Mantega está "abatido" com o desempenho do PIB e que nem ele mais se demonstra otimista, longe das câmeras.

Consta que as empresas estão transformando todos os incentivos do governo em lucro. Ou seja, estão preferindo "comer" o dinheiro resultante de certas facilidades a investir ou produzir e contratar.

Se é verdade, eu não sei, mas se for, eu não me surpreenderia nem um pouco.



abraços]

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 10, 2012 5:17 pm
por Boss
Mas a incompetência dos empresários brasileiros também é culpa do GF. O governo é que não deve ter oferecido educação suficiente aos executivos.

Bem, com os canhões da mídia apontados para o governo (justificável, mas não deveria ser uma exclusividade dele), os empresários podem fazer as burradas deles (como já fazem faz tempo) e saírem incólumes, ou ainda como vítimas do perverso governo quase-comunista.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 10, 2012 5:20 pm
por Lirolfuti
Concordo contigo boss, isso lembra a dinheirama que obama deu para salvar os bancos americanos na crise que forao parar em beneficios e abonos ao banqueiros.
O governo devia bate a mao na mesa e dizer: se vcs quizerem cascalho que se comprometao a investir se nao vao ficar a ver navios.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 10, 2012 5:27 pm
por Boss
Isso aí seria visto como "intervenção estatal" e "mais um passo e estaremos no chavismo" pelos sábios.

Não se pode cobrar nada do setor privado (e nem do povo), ambos são coitados oprimidos pela reencarnação de Stalin.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Dez 10, 2012 6:45 pm
por Bourne
Foi isso que o Obama fez. Forçou as empresas a transformarem os incetivos em empregos no país e melhora da capacidade produtiva e competição internacional. Salvar os bancos ajudou a desvalorizar o dólar e trazê-lo para a realidade. Além das medidas protecionistas, incetivos a pequenos negócios, desenvolvimentos tecnológicos entre outros. É uma saída. Mexe com interesse, mas beneficia outros.

No Brasil o Mantega é muito otimista e fala demais. O que o torna alvo a imprensa, políticos e entendidos em geral. O problema é estrutural de capacidade de investimento e produção. As medidas de hoje vão ter efeito de fato daqui três, quatro, cinco anos. E consumo não sustenta crescimento robusto e uma hora te deixa na mão. A medida que mais ajuda atualmente é a desvalorização cambial.

O que se tem a fazer é continuar as medidas de incetivo ao investimento e esperar bombar. Nem que os incetivos e a cobrança seja mais duros. O projeto de inserção de empresas, industrias e produtos no mundo não está claro. Não espero uma economia voltada para a exportação como México, mas pelo menos forte capacidade de competição internacional em bens de elevado valor agregado.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Dez 11, 2012 9:51 am
por marcelo l.
É a taxa de câmbio
Autor(es): Yoshiaki Nakano
Valor Econômico - 11/12/2012



A revista "The Economist", na semana passada, sugeriu que a presidente Dilma Rousseff troque a sua equipe econômica se quiser ser reeleita. Em função do baixo crescimento no terceiro trimestre, de apenas 2,4% (taxa anualizada), afirma que a economia brasileira seria uma criatura moribunda. Por que tal semanário estaria preocupado com uma decisão que cabe exclusivamente ao eleitorado brasileiro? Por que depois de sermos a menina dos olhos dos investidores, numa capa da mesma revista, nossa economia se tornou moribunda?

A resposta está no próprio texto. Quando sugere que o Banco Central poderia ficar tentado a reduzir a taxa de juros, o que seria um erro, e que o ministro da Fazenda deveria ser demitido, pois as suas "previsões super-otimistas têm perdido a confiança dos investidores", ficam claras as razões e interesses por trás desse posicionamento. Isso não é comum numa revista comedida. De fato, a City de Londres e os investidores não devem estar satisfeitos, pois como a revista menciona, nos últimos 15 meses, o Banco Central derrubou violentamente a taxa de juros, em 5,25 pontos percentuais. É verdade que os investidores, ou seja, os especuladores financeiros, que tinham lucros fantásticos com simples arbitragem de juros, perderam 5,25 pontos da sua remuneração. Perderam mais, pois com o Banco Central administrando a taxa de câmbio e a Fazenda buscando a equalização da taxa de juros interna com a internacional por meio do IOF, a possibilidade de apreciação da taxa de câmbio, pela simples ação dos especuladores, desapareceu e, com isso, os ganhos acima do juros.

Ainda, a redução na taxa de juros depreciou o real e, segundo a "The Economist", ajudou o setor manufatureiro, com correspondente redução no retorno para os especuladores financeiros. É lógico que os investidores "perderam confiança", mas o saldo de investimento estrangeiro direto já ultrapassou US$ 55 bilhões até outubro deste ano! E em carteira US$ 12,7 bilhões no mesmo período. Nenhum Banco Central neste planeta paga mais do que 7,25% ao ano, no "overnight", portanto com liquidez imediata e sem risco.

Qual o real problema que estamos enfrentando? A presidente Dilma, no seu lúcido, pronunciamento na Confederação Nacional da Indústria expressou com absoluta clareza: "Vivemos um periodo de transição ? no qual os investimentos do setor real da economia tenderão a ser mais atrativos que as demais oportunidades ? Essa transição vai demorar". Tem razão a presidente. Depois da superapreciação da taxa de câmbio até 2011, com as ações da Fazenda e do Banco Central, ela está mais competitiva.

Entretanto, depois da segunda onda de desindustrialização, desde meados da década de 90, (ver o gráfico) a manufatura anda com as pernas quebradas, mas não "moribunda". Tudo indica que o efeito da segunda onda será mais persistente, pois parte significativa das empresas brasileiras se transformaram em "maquiladoras", ou simplesmente em importadoras, e de difícil reversão.

Objetivo foi alcançado pois a indústria de transformação cresceu a um ritmo anualizado de 6,1%, no 3 º trimestre

É preciso lembrar que a prolongada apreciação da taxa de câmbio reduziu os preços relativos da indústria ("tradables"), elevando preços dos setores de serviços, de construção, de geração de energia pelas hidrelétricas e da força de trabalho. Os efeitos da apreciação cambial não são transparentes, pois se dão por meio do aumento de preços de não "tradables", inflação no setor de serviços, elevação do custo de transporte, aumento de salários acima da produtividade etc.. No final, aqueles se manifestam concretamente numa forte elevação dos custos do setor não "tradables", da indústria: de 2004 até o ano passado, os insumos domésticos haviam aumentado, em termos reais, em torno de 50%, o custo unitário do trabalho em 52%, energia em 61%, insumos domésticos em mais de 40%.

Estima-se que o custo total da indústria manufatureira, em termos reais, tenha aumentado 35%, em moeda nacional, e 139%, em dólares, nesse mesmo período. Em 2012, com a depreciação do real, esse último custo foi reduzido, mas os demais continuaram subindo. Portanto, nesse contexto de redução de margem de lucro, os investimentos acabaram declinando. Como a demanda vinha aumentando significativamente e a indústria incapaz de competir com as importações, nesse quadro de custos elevados, seus efeitos dinâmicos foram transferidos para o exterior.

Agora, estamos numa transição, a taxa de câmbio, que teve uma depreciação média de 24% do segundo para o terceiro trimestre, já provocou uma significativa retração nas importações, onde o efeito ocorre no curto prazo, e terá efeito positivo sobre o crescimento do PIB. Nas exportações e nos investimentos, o efeito do câmbio é muito mais demorado, podendo levar dois anos. Mas observe-se também que os objetivos do governo foram alcançados, pois a indústria de transformação cresceu a um ritmo anualizado de 6,1%, no terceiro trimestre, portanto em franca recuperação, enquanto o consumo privado continua crescendo a um ritmo anual de 4%. Os efeitos das desonerações da folha de pagamentos com a redução no preço da energia ainda estão por acontecer nos próximos meses.

Para concluir é preciso lembrar que para acelerar o crescimento é preciso completar a transição para um novo regime de política macroeconômica em andamento. A taxa de câmbio tem que ser um pouco mais competitiva e sustentável para despertar o "espirito animal" dos empresários, inclusive para compensar o custo Brasil, que só terá solução a longo prazo. A taxa de juros deve ser menor, e acabar a indexação de todo o sistema bancário e mercado de capitais à taxa Selic, para desenvolver mercado de crédito de longo prazo. Num contexto de quase pleno emprego, para evitar a aceleração da inflação, a política fiscal tem que ser contracionista na despesa corrente. O governo tem que mudar a composição de seus gastos para ampliar investimentos públicos. Reverter as expectativas de longo prazo e mudar as "convenções" não é tarefa fácil.

Yoshiaki Nakano, mestre e doutor em economia pela Cornell University, é professor e diretor da EESP/FGV e ex-secretário da Fazenda do governo Mário Covas (SP). Escreve mensalmente às terças-feiras.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Dez 11, 2012 10:18 am
por Bourne
Parte interessante do texto do Nakano.
Estima-se que o custo total da indústria manufatureira, em termos reais, tenha aumentado 35%, em moeda nacional, e 139%, em dólares, nesse mesmo período. Em 2012, com a depreciação do real, esse último custo foi reduzido, mas os demais continuaram subindo. Portanto, nesse contexto de redução de margem de lucro, os investimentos acabaram declinando. Como a demanda vinha aumentando significativamente e a indústria incapaz de competir com as importações, nesse quadro de custos elevados, seus efeitos dinâmicos foram transferidos para o exterior.

Agora, estamos numa transição, a taxa de câmbio, que teve uma depreciação média de 24% do segundo para o terceiro trimestre, já provocou uma significativa retração nas importações, onde o efeito ocorre no curto prazo, e terá efeito positivo sobre o crescimento do PIB. Nas exportações e nos investimentos, o efeito do câmbio é muito mais demorado, podendo levar dois anos. Mas observe-se também que os objetivos do governo foram alcançados, pois a indústria de transformação cresceu a um ritmo anualizado de 6,1%, no terceiro trimestre, portanto em franca recuperação, enquanto o consumo privado continua crescendo a um ritmo anual de 4%. Os efeitos das desonerações da folha de pagamentos com a redução no preço da energia ainda estão por acontecer nos próximos meses.
O câmbio está em direção a um patamar aceitável. Assim deixando o crescimento ser puxado pelo consumo incentivado pelas importações "subsidiadas" pelo câmbio irreal distorcido pelos fluxos financeiros. Então a culpa não é do mantega pela estagnação, mas sim da estrutural e alteração da estrutura de crescimento. Ambas muito custosas.

Enquanto muitos jornais e "economistas" põe a culpa no Mantega. Não tem a mínima noção do que acontece na dinâmica da economia brasileira. Tadin... Só por que ele fala de mais. Depois não sabem por que estão terminando o doutorado e nunca aprovaram um artigo em algum grandes encontro como Anpec, SEP e outros. :roll:

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Dez 11, 2012 10:21 am
por Bourne
Enquanto isso... A carta capital afirma que é um grande plano da mídia, grande capital, neoliberais e do do PSDB para derrubar A Dona Dilma. Malditos golpistas. :lol:
Maria da Conceição Tavares: "O alvo não é o Mantega; é 2014"

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... st_id=1152

"A revista Economist sabe, e se não sabe deveria saber o que está acontecendo no mundo; a revista Economist, suponho, enxerga o que se passa na Europa; sobretudo, não é cega a ponto de não ver o que salta aos olhos em sua própria casa". (Leia nesta pág.a reportagem de Marcelo Justo sobre a Economist,direto de Londres).

" A economia inglesa despenca de cabo a rabo atrelada ao que há de mais regressivo no receituário ortodoxo, numa escalada pró-cíclica de fazer medo ao abismo. Então que motivações ela teria para criticar o Brasil com a audácia de pedir a cabeça do ministro da economia de um governo que se notabiliza por não incorrer nas trapalhadas que estão levando o mundo à breca?"

"O coro contra o Mantega não me convence. Nem nas suas alegações, nem nos seus protagonistas, nem na sua batuta".

" Não acredito nessa geração espontânea nas páginas da Economist,por mais que isso combine com o seu conservadorismo. Não acredito que a motivação seja econômica e não acredito que o alvo seja o Mantega".

"Pela afinação do coro vejo mais como algo plantado daqui para lá; o alvo é 2014 e o objetivo é fortalecer o mineiro (NR Aécio Neves)".

"A mim não me enganam. Ah, quer dizer então que o Brasil vive uma crise de confiança, por isso os empresários não investem? Sei..."

" O investimento está retraído no planeta Terra, nos dois hemisférios do globo. Bem, a isso se dá o nome de crise sistêmica. É disso que se trata. Hoje e desde 2008; e, infelizmente, por mais um tempo o qual ninguém sabe até quando irá, mas não é coisa para amanhã ou depois, isso é certo. Então não existe horizonte sistemico de longo prazo e sem isso o dinheiro foge de compromissos que o imobilizem. Fica ancorado em liquidez e segurança, em papéis de governo ricos, em especial (paga para se abrigar nos papéis alemães,por exemplo, recebendo em troca menos que a inflação)".

"Não é fácil você compensar em um país aquilo que o neoliberalismo esfarelou e pisoteou nos quatro cantos do globo. Por isso não se investe nem aqui, nem na China ou nos EUA do Obama. E porque também mitos setores estão com capacidade ociosa --no mundo, repito, no mundo".

"A política monetária sozinha não compensa isso, da mesma forma que o consumo não alarga o horizonte a ponto de estender o longo prazo requerido pelo capital. Então do que essa gente está falando?"

" Alguns deles certamente conseguem compreender o que estou dizendo. Estes, por certo não fazem a crítica que eu faria, se fosse o caso de fazer alguma. A meu ver o Brasil tem que ser ainda mais destemido na redução do superávit primário --e nisso Mantega está sendo até excessivamente fiscalista, para o meu gosto".

"Mas com certeza a malta que pede a sua cabeça não pensa assim. Também não pensa, como eu penso, que o governo deve ir mais depressa no investimento estatal, fazer das tripas coração no PAC , porque é daí, do investimento público robustecido que pode irradir a energia capaz de destravar a inversão privada".

"Mas não. A coisa toda cheira eleitoral. A economia internacional não vai crescer muito em 2013. O Brasil deve ficar acima da média. Mas, claro,nenhum desempenho radiante e eles sabem disso".

" Então imaginam ter encontrado a brecha para fincar o pé de palanque do mineiro. E começam a disparar para atingir Dilma".

"Agora pergunte o que eles propõem ao Brasil. Pergunte.E depois confira onde querem chegar olhando as estatísticas de emprego, investimento e as sondagens quanto a confiança dos empresários em Portugal, na Inglaterra, Espanha (Leia reportagem de Naira Hofmeister, direto de Madri,sobre o desmanche da economia espanhola; nesta pág)... Ora, façam-me o favor". (Excertos da conversa de Maria da Conceição Tavares com Carta Maior; 09/12/2012)

Leia também:

Mídia omite a origem da crise e ataca o governo Dilma

De repente, o Brasil virou o barnabé da hora aos olhos da crítica econômica conservadora.

A Economist, uma espécie de espírito santo do credo neoliberal, pede a demissão de Mantega e desqualifica os esforços contracíclicos do governo Dilma diante da terra arrasada criada pelos livres mercados no cenário mundial.

Assemelhados nativos tampouco afeitos ao pudor retiram a soberba do bau e voltam a pontificar como se a reforma gregoriana tivesse eliminado o mês de setembro de 2008 do calendário jornalístico. E com ele as ruínas legadas pela supremacia das finanças desreguladas.

Rapinosos homens de negócios dão a sua bicada: o problema do país é o custo da 'folha'. Os salários aqui crescem o dobro da média mundial,emendam os editoriais. Por 'média mundial' entenda-se a situação do emprego na pujante economia da Europa hoje, onde a austeridade neoliberal ressuscitou a mais valia absoluta: corta-se o salário e estende-se a carga de trabalho de quem ainda trabalha. As refeições são feitas nas filas da Cáritas que distribui um milhão de pratos de comida só na Espanha.

Governadores tucanos impávidos diante do incêndio global boicotam a redução no custo da tarifa elétrica proposto por Dilma como se não houvesse amanhã na economia dos próprios estados e no escrutínio das urnas.

O Tesouro vai cobrir a estripulia dos sapecas do PSDB. Mas jornalistas alinhados acodem em massa na sua especialidade.

O jogral que nunca desafina saboreia o PIB baixo e alardeia a primeira consolidação política do levante: tudo decorre da "ineficácia" do que chamam de 'intervencionismo estatal excessivo do governo Dilma'.

O que, afinal, deseja a turma braba que jogou a humanidade no maior colapso do sistema capitalista desde 1929 --e só poupou o Brasil porque não pode derrubar Lula em 2005, perdeu em 2006 e foi às cordas de novo em 2010?

Simples: enquanto as togas cuidam do PT e de 2014 , trata-se agora de interditar o debate da crise e sabotar a busca de um novo modelo de desenvolvimento a contrapelo dos 'mercados autorreguláveis'.

É a volta do garrote a cobiçar o pescoço soberano do país.

Compreender o papel que joga o monopólio midiático nesse estrangulamento é crucial para reagir com eficácia ao cerco.

Em que medida é possível fazê-lo sem um contraponto de vozes plurais a afrontar o monólogo conservador na formação do discernimento social? Mais que isso. Em que medida é possível restringir e vencer o embate no plano exclusivamente econômico sem alterar o desequilíbrio clamoroso na difusão das idéias? Vejamos.

O garrote da história: mídia interdita o debate e a solução da crise

Até que ponto o monopólio midiático é responsável pelo 'consenso' que jogou o mundo na pior crise do capitalismo desde 1929? A pergunta não é retórica, tampouco a resposta é desprovida de consequências políticas práticas. Imediatas, urgentes, imperativas.

Trata-se, por exemplo, de saber em que medida a formação do discernimento social, condicionado por esférica máquina de difusão de certos interesses, dificulta a própria busca de soluções para a crise.

Mais que isso. Se esse poder blindado que se avoca imune à regulação -- como se constata em tintas fortes hoje na Argentina, mas não só-- tornou-se um dos constrangimentos paralisantes dessa busca, um difusor de impasses e confrontos, como democratizá-lo?

É disso que trata o Especial de Carta Maior que emoldura o histórico '7 D' argentino com a amplitude e a urgência que o tema encerra em nossos dias (leias as reportagens e análises nesta pág)

Medicada com doses adicionais da poção que a originou, graças ao receituário reiterado pelo dispositivo midiático, a desordem neoliberal arrasta a humanidade para o seu quinto ano de arrocho e incerteza.

A rigor, não há qualquer sinal otimista de convalescença ou superação.
A OIT estima que o mundo cadastrável chegará ao final de 2012 com um exército de 200 milhões de desempregados.

O estoque não foi acumulado integralmente na derrocada iniciada em 2008, mas é ela que o robustece e realimenta.

Ademais de gerar sucessivas massas de demitidos, a desordem neoliberal torna irrealizável a tarefa projetada pelo organismo da ONU que inclui a criação de 600 milhões de vagas nos próximos dez anos --duzentos milhões para zerar o saldo acumulado; mais 40 milhões de novos empregos anuais para atender às gerações que chegam ao mercado de trabalho.

A colisão de longo curso que esses números condensam desvela a raiz política de um impasse que expõe a natureza imiscível da supremacia financeira com os requisitos indissocipaveis da vida em sociedade.O emprego e tudo o que ele adensa em termos de direitos e dignidade é um desses pontos de tensão inegociáveis. Inclua-se ademais o principio do escrutínio democrático dos conflitos, do qual o capital a juro se isenta, bem como o acervo de direitos que revestem o cristal da civilização --patrimônio humanista que o atrapalha.

Em nenhum outro lugar do planeta essa incompatibilidade revela um ambiente de conflagração tão eloquente e pedagógico quanto no cenário desconcertante da zona do euro.

Se os mercados doentes deles mesmos são capazes de reduzir o berço do Estado do Bem Estar Social a um matadouro de direitos, em que a classe média recorre a instituições de caridade para não passar fome, como na Espanha de Rajoy, o que pode esperar o resto do mundo premido pela mesma lógica?

A Europa paga em libras de carne humana o ajuste de competitividade entre economias pobres e ricas cobrado pelo esgotamento do ciclo de crédito barato e irresponsável.

A paridade intocável do euro revela-se agora o pelourinho de uma unificação subordinada aos desígnios dos mercados --e sobretudo da exportação e da finança germânica Em respeito a esse 'senhor' --e a sua senhora, Angela Merkel-- aciona-se o triturador de uma austeridade que reduz humanos a coisas, atribuindo-se às coisas a deferência que caberia aos humanos.

Saldo da reciclagem até o momento: mais de 19 milhões de desempregados na zona do euro; 119,6 milhões de pessoas -24,2% da população- no limiar da pobreza em toda a Europa; US$ 1,3 trilhão entregues aos bancos europeus para salvá-los deles mesmos, depois de se esponjarem em estripulias tóxicas e ativos podres.

O custo humano da inversão de papéis não sensibiliza a mídia conservadora.

Ela continua a rezar pela cartilha da autossuficiência dos mercados, desautorizada nos seus próprios termos por cifras épicas como essas.

Para a lógica editorial predominante, vivemos sob a irrelevância das evidências. A narrativa hegemônica, ressalvadas as exceções de analistas honestos, não cede.

No Brasil criou-se uma fronteira sanitária esquizofrênica. O noticiário internacional da crise não dialoga com a pauta local que ainda não virou o calendário anterior a 2008. O empenho em desqualificar o ativismo estatal dos governos petistas continua intacto, auxiliado pelo radicalismo golpista das editorias de política.

Hoje, a ênfase editorial, já colada à campanha tucana de 2014, consiste em provar a ineficácia das medidas contracíclicas que redefiniram o tônus da política econômica herdada do ciclo tucano neoliberal.

Incluem-se no alvo, naturalmente, a derrubada dos juros --ainda altos para o padrão internacional, mas no menor nível da história; a intervenção estatal indireta na banca, induzindo-a a cortar spreads pela concorrência agressiva das instituições públicas; as desonerações e subsídios ao setor produtivo, da ordem de R$ 45 bi (1% do PIB); a persistência de incentivos ao investimento, ao crédito e à construção civil e, mais recentemente, uma turquesa nos lucros indevidos das concessionárias de energia elétrica --impondo-lhes um desconto tarifário proporcional ao valor das amortizações consolidadas.

Três estados da federação sabotaram a medida reivindicada,entre outros, por associações industriais, como a Fiesp, o bunker parronal e SP. Os três estão sob o comando de governadores do PSDB.

Palavras de um deles que ilustra a mórbida reafirmação de um passado posto em xeque pela crise, cuja reiteração conservadora sonega o direito ao futuro aqui e alhures:

"A presidenta Dilma Roussef está fazendo uma profunda intervenção no setor elétrico a pretexto de reduzir a conta de luz".

A sebtença dá pistas da sofisticação intelectual e do arrojado arcabouço político do novo delfim a suceder Serra na preferência conservadora à presidência da República em 2014, Aécio Neves.

Recapitulemos: estamos na maior crise do capitalismo em 80 ano, produzida pelo credo do Estado mínimo associado à celebração suicida dos mercados autorreguláveis.

Por 'profunda intervenção' entenda-se a prerrogativa do poder concedente de abrir o leque de alternativas à renovação de concessões, adicionando-lhes medidas de interesse do desenvolvimento do país e de sua gente em meio à hecatombe econômica mundial.

São esses os parâmetros de um confronto mediado por um dispositivo de comunicação todo ele alinhado ao atilado equipamento analítico do senhor Neves.

Transporte-se os mesmos personagens, o mesmo iimperativo de redefinição regulatória, a mesma rebelião das naftalinas para a discussão de uma outra concessão estratégica a reclamar a atualização dos seus termos: a área das telecomunicações, cujo protocolo de funcionamento remonta a 1962.

Não se trata de um exemplo aleatório.O que está em jogo é um incontornável requisito à superação da crise, cuja origem --o corpo de interesses e idéias que a engendrou- teve no monopólio midiático um pregador de eficiência implacável.

Coube-lhe acionar a britadeira da desqualificação e disparar os mísseis do interdito contra agendas, políticas, lideranças, plataformas, governos e países recalcitrantes ou insubordinados.

Ação equivalente registra-se agora na deriva do ciclo histórico demarcada pela falência do Lehman Brothers,em 2008.

A urgência democrática é clara e corre contra o relógio da restauração em marcha.

Trata-se de afrontar a espiral descendente da recessão mundial com uma nova hegemonia de forças e políticas que afrontem e superem a desordem dos mercados desregulados em sua derradeiro cobiça: fazer do colapso o 'novo normal' sistêmico, às custas da exceção permanente de direitos e conquistas sociais.

Os interesses ameaçados por esse mutirão progressistas, do qual Brasil --com os seus limites, que não são poucos-- é um dos protagonistas de peso, jogam hoje a rodada do vale tudo.

A expressão vale tudo descreve com fidelidade o que tem sido --e será, cada vez mais-- a rotina do noticiário não apenas econômico, mas político, judicial e policial dos últimos meses.

As ideias e interesses assim veiculados amplificam a sua força material graças à abrangência de um aparato de mídia sem rival no país --assim como acontece na Argentina pautada pelos interesses do polvo difusor que atende pelo nome de 'grupo Clarín'.

A superação dessa usina de consenso asfixiante não se dará exclusivamente no plano da luta ideológica.

Os partidos e forças que evocam a democratização das comunicações tem a obrigação de dar o exemplo prático em casa.

Urge, entre outras iniciativas, materializar a democracia na vida interna das organizações e, sobretudo, na gestão participativa da sociedade sob o comando de administrações progressistas, como será a da capital paulista.

Mas o empenho beligerante com que o dispositivo midiático assumiu a defesa dos interesses associados à crise não pode ser subestimado.

Ilude-se ao ponto da irresponsabilidade suicida o governante que ainda acredita ser possível superar o círculo de ferro do colapso mundial no plano exclusivo do êxito econômico.

Política é economia concentrada.

O espessamento político da crise tem na sabotagem tucana à redução da tarifa elétrica, e na forma como ela é noticiada, uma tênue ilustração do horizonte escuro que se prenuncia.

Quem tem a responsabilidade de liderar o passo seguinte da história não pode conceder à regressividade narrativa o monopólio do diálogo político com a sociedade.

A lição é clara e vem se juntar a uma montanha desordenada de escombros históricos originários de desastres causados pela hesitação e o acanhamento político diante do dia D --como o '7D' argentino, corajosamente agendado pela democracia do país vizinho.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Dez 11, 2012 2:50 pm
por Túlio
Acho que, em termos de Argentina atual, seria melhor falar/escrever "democracia". Assim, querer vender CENSURA como "democracia dos meios de comunicação" não é mais do que PILANTRAGEM! Até porque eles influenciam cada vez menos, a prova é o Presidente Lula ter se elegido, reelegido e ainda feito sua sucessora, tudo isso com a imprensa descendo o porrete, com mensalão para mostrar mas...o Povo vota é COM O BOLSO.

Já vão longe os tempos de Roberto Marinho conseguindo fazer e a seguir desfazer um Presidente (ele deve ter se sentido um DEUS com isso, eu me sentiria, isso é PODER PURO à enésima potência!). Hoje se dá muito mais valor à internet do que a jornais e telejornais...

E quanto ao Aécio, quanto querem apostar que ele vai ter que encarar O LULA em 2014? Nem todos os jornais e tevês do mundo inteiro juntos vão ser de grande valia contra o carisma do hôme...

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Dez 11, 2012 5:46 pm
por Bourne
Lula em 2014? É mais fácil a dama de ferro mandá-lo para o gulac ou enviar um mensageiro com uma picareta de presente. [005]

O PT tem um novo grupo dominante. Os demais foram eliminados pelas lutas internas.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Dez 11, 2012 6:01 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:Lula em 2014? É mais fácil a dama de ferro mandá-lo para o gulac ou enviar um mensageiro com uma picareta de presente. [005]

O PT tem um novo grupo dominante. Os demais foram eliminados pelas lutas internas.
Alá seja louvado!!! Falta agora o PSDB :twisted: .

Leandro G. Card