Página 227 de 578

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Dez 06, 2012 11:49 pm
por Penguin
LeandroGCard escreveu:
Penguin escreveu:Na sua opinião Leandro, qual seriam os 3 principais motivos?

[]s
Muito difícil escolher só 3, veja que para um país como nosso (com o tamanho, as riquezas e o potencial que temos) ficar estagnado em um nível de crescimento inferior ao da média da América Latina (onde existe um Paraguai, uma Bolívia e um Haiti!) 3 ou mesmo 5 motivos apenas não seriam suficientes, tem mesmo que ter muita, muita coisa errada.

Mas tentando escolher as causas mais básicas, sem detrimento das demais , eu colocaria as seguintes:

- Falta de coordenação entre os setores público e privado no planejamento dos investimentos.
Não só no planejamento, mas também na execução.

- Custos básicos fora da realidade mundial (energia, minérios, comunicações, etc...).
Como deixaram que chegássemos nessa situação?

- Empresariado extremamente provinciano.
Qual a causa disso? Mercado mais fechado historicamente?

Leandro G. Card
Muito bom Leandro. Não é mesmo fácil. Seguem alguns comentários acima.

[]s

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Dez 06, 2012 11:52 pm
por Sterrius
Só sei que é melhor o 4º trimestre e 2013 ser melhor ou vai começar a ficar difícil sustentar o mantega na posição!

Mas uma das materias acima tocou em um ponto interessante!

Se os juros caem. Por mais que vc tenha um aumento de investimento/credito. Esse aumento tem que ser brutal pra substituir a perda dos lucros pela queda do spread!


È um momento unico na economia brasileira! Onde está se tentando mudar a maneira como a economia funciona. Se funcionar os ganhos são altos, se falhar é mais do mesmo e ficaremos nesse ritmo por anos até ganhar folego pra outro salto de galinha!

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 07, 2012 12:11 am
por Bourne
LeandroGCard escreveu:O cara me pareceu bem fraquinho, não atenta para questões óbvias.

Leandro G. Card
Ele focou no básico sobre a relação entre selic, câmbio e exportações. Explicou da forma mais direta possível. Não é "um analista econômico da imprensa". Ele realmente entende a questão.

Por sinal, a Presidente Dilma não é mais a queridinha do mercado internacional. Abaixo as previsões sombrias do "the economist" e a sugestão da demissão do Mantega. Deixou de ser a imprensa séria e comprometida. :mrgreen:
06/12/2012 - 17h58
Em texto sobre a economia brasileira, 'The Economist' sugere demissão de Mantega
PUBLICIDADE

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/11 ... tega.shtml

DE SÃO PAULO

Apenas dois anos atrás, quando Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil, a economia do país vivia um boom. Ficou paralisada e agora luta para se recuperar.

Apesar do crescente esforço de estímulo do governo, a "criatura moribunda" cresceu apenas 0,6% no terceiro trimestre, metade do previsto pelo ministro Guido Mantega (Fazenda).

A descrição acima é da revista britânica "The Economist" em editorial sobre a perda de confiança na atual equipe econômica do governo. No texto, a publicação sugere a demissão de Mantega como uma alternativa para Dilma retomar a confiança dos investidores e alcançar um segundo mandato.

Fatores como a desaceleração nos preços das commodities e o endividamento das famílias são citados como ameaças à atividade econômica do país.

O termo "custo Brasil" também é usado para explicar porque o governo precisará contar com um esforço maior do lado da oferta --não do consumo-- para garantir o crescimento nos próximos anos, com mais investimento e aumento de produtividade.

Apesar de iniciativas como redução dos juros e desoneração da folha de pagamentos, a taxa de investimento vem caindo nos últimos trimestres e representa hoje 18,7% do PIB, ante 30% no Peru e 27% no Chile, lembra a revista.

A avaliação da revista é que a intromissão do governo sobre quanto deve ser a taxa de retorno em negócios como bancos e elétricas gerou desconfiança entre os investidores. "Até mais que o antecessor, Luz Inácio Lula da Silva, Rousseff parece crer que o Estado deve direcionar as decisões de investimento privado".

Diante do quadro apresentado no texto, a sugestão final é de que o Banco Central errará se decidir por mais um corte na taxa de juros e que o governo deve focar na redução de custos deixando livre o "espírito animal" do investimento privado.

A revista vai mais longe. Indica a Dilma que prove ser pragmática como diz ser demitindo o ministro Mantega. "Ela insiste que é pragmática. Se assim for, ela deveria demitir o Mantega, cujas projeções superotimistas provocaram uma perda de confiança nos investidores, e nomear uma nova equipe econômica capaz de reconquistar a confiança para negócios".

"A esperança da senhora Rousseff parece estar ligada à hipótese de que o pleno emprego e o avanço real da renda serão suficientes para garantir um segundo mandato em 2014. Isso dependerá da renovação do crescimento", afirma.

Para embasar a tese do desempenho econômico como ponto crucial para a reeleição, a revista lembra seus antecessores.

"Lula conseguiu um segundo mandato porque suas medidas tiraram milhões da pobreza. O eleitorado garantiu, de igual forma, a reeleição a Fernando Henrique Cardoso porque ele combateu a inflação. E a senhora Rousseff? Eleitores podem julgar que na tentativa de equilibrar tantas bolas "econômicas", ela deixou cair a maioria delas"
Não levo a sério a imprensa. Nem se agrada ou desagrada. Eles não sabem nada.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 07, 2012 12:48 am
por Boss
The Economist é o mesmo que colocou o "Cristo-foguete" em uma das suas capas em 2009.

Quando lembramos de 2009, vemos que os problemas brasileiros eram os mesmos de hoje, ou até piores, dado que não haviam nem os puxadinhos do GF.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 07, 2012 1:07 am
por Bourne
Imagem

:mrgreen:

Acho que eles não gostam da Presidenta Dilma mais malvada. Não consegui ver uma mudança radical de 2009 para cá.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 07, 2012 9:37 am
por LeandroGCard
Penguin escreveu: - Falta de coordenação entre os setores público e privado no planejamento dos investimentos.
Não só no planejamento, mas também na execução.
A baixa eficiência/qualidade na execução dos investimentos governamentais na verdade é um outro problema, que eu inclusive coloquei em separado na lista maior. O que me refiro aqui é a falta de coordenação mesmo entre a iniciativa privada e a governamental. Por exemplo, constrói-se uma estrada para atender alguma demanda poítica regional em um lugar, e outro lugar diferente oferece facilidades para implantação de um pólo industrial, deixando a estrada abandonada e as empresas com dificuldades logísticas. Ou contrói-se uma hidrelétrica sem escada para peixes, levando à falência os hotéis de turismo de pesca e à indigência os pescadores rio acima. Quase tudo que é feito no Brasil é assim, carente de coordenação, o que leva à falta de sinergia entre as diversas iniciativas. Desta forma os investimentos rendem muito menos do que poderiam pelo valor investido.

- Custos básicos fora da realidade mundial (energia, minérios, comunicações, etc...).
Como deixaram que chegássemos nessa situação?
É só analisar os valores ao longo da história recente e fica fácil descobrir. Isso veio do programa de privatizações do governo FHC. Para privatizar os setores um dos principais argumentos foi justamente garantir a rentabilidade, o que implicou em aumentos sistemáticos dos preços muito acima da inflação. Ná época pouca gente percebeu o que estava acontecendo, pois o tombo geral da inflação foi muito grande e a maioria só queria festejar, mas os preços dos setores privatizados (energia, minérios, telecomunicações, etc...) e dos administrados (química, farmacêutica, etc...) mantiveram aumentos mínimos definidos pela inflação passada, o que levou em pouco tempo a aumentos proporcionais dos preços acima de 300% ou mesmo mais. E para conter a inflação que isto provocava foi usada a ferramenta dos juros astronômicos, o que levou à explosão da dívida pública.

Se eu virasse imperador do Brasil o FHC e sua camarilha estariam na cadeia, em prisão perpétua por crime de lesa-pátria (o Lula pegaria uma pena menor, só por corrupção mesmo :lol: ).
- Empresariado extremamente provinciano.
Qual a causa disso? Mercado mais fechado historicamente?
As causas aqui são múltiplas e variáveis ao longo do tempo, a questão é tão complexa que talvez algum dia eu escreva um livro sobre ela. A coisa começa desde o início de nosso processo de industrialização após a abolição da escravatura (houve iniciativas anteriores, mas foram esporádicas), com as empresas fundadas pelos imigrantes (que eram os peões em seus países de origem, e não os empresários ou engenheiros), passa pela falta de tradição da nossa sociedade com relação às atividades industriais e da pouca visão dos governos em incentivar a substituição das importações ao invés das exportações e chega à extrema volatilidade de nossa economia nas últimas décadas, com taxa de inflação e câmbio variando loucamente e juros escorchantes até hoje.

E existem fatores sócio-culturais envolvidos também, como a falta de identificação de nossas elites com o país e sua tradição exploratória que vem desde a colonização. Este é um problema bastante complexo mesmo, e se eu mencionasse alguns dos exemplos que conheço você nem acreditaria.

Um grande abraço,


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 07, 2012 9:13 pm
por Bourne
A resposta da Dona Dilma. :mrgreen:
Dilma: de maneira nenhuma considerarei sugestão de demissão de ministro
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012 16:15 BRST Imprimir [-] Texto [+]

http://br.reuters.com/article/topNews/i ... 07?sp=true

1 de 1Versão na íntegra
BRASÍLIA, 7 Dez (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff saiu em defesa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta sexta-feira, ao afirmar que "de maneira nenhuma" consideraria a sugestão de demiti-lo.

"Em hipótese alguma o governo brasileiro, eleito pelo voto direto e secreto do povo brasileiro, vai ser influenciado por opinião de uma revista que não seja brasileira", afirmou Dilma, referindo-se a artigo publicado pela revista britânica The Economist, que sugere a demissão de Mantega.

"E acho que não é correto também o seguinte: não vejo diante dessa crise gravíssima pela qual o mundo passa, com países tendo taxas de crescimento negativas, escândalos, quebra de bancos, quebradeiras, eu nunca vi nenhum jornal propor a queda de um ministro", acrescentou ela a jornalistas após encerramento da reunião de chefes de Estado do Mercosul.

Mantega foi criticado pela imprensa internacional pelo fraco desempenho da economia no terceiro trimestre, cujo crescimento ficou em apenas 0,6 por cento, com os investimentos registrando a pior retração em mais de três anos.

Para a presidente, os resultados mostram recuperação da economia.

"Nós estamos crescendo a 0,6 (por cento) neste trimestre. Iremos crescer mais no próximo trimestre. Então a resposta é: de maneira alguma levarei em consideração esta, diríamos, sugestão (de demissão do Mantega). Não vou levar."

Dilma também buscou mostrar que a economia brasileira está mais sólida do que a de outros países, argumentando que nenhum banco do porte do norte-americano Lehman Brothers quebrou no país.

Mais cedo, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, já havia saído em defesa do seu colega da Fazenda.

"No dia em que a Economist nomear ministro no Brasil, deixaremos de ser uma República Federativa", afirmou o ministro.

Nos bastidores da equipe econômica, há avaliações de que Mantega não corre o risco de perder o cargo neste momento, uma vez que ele está bastante alinhado com a percepção da própria presidente Dilma sobre como conduzir a economia.

"Ela não jogaria para a plateia", afirmou uma fonte, referindo-se à possibilidade de a presidente trocar o ministro da Fazenda apenas para agradar uma parte do mercado descontente com os rumos da economia.

(Reportagem de Hugo Bachega, em Brasília, e Patrícia Duarte, em São Paulo
Mais uma lição para não acreditar na imprensa. Em um ano ela te joga da extratosfera e no outro vira um coitado todo errado.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 07, 2012 9:38 pm
por JT8D
LeandroGCard escreveu:Este é um problema bastante complexo mesmo, e se eu mencionasse alguns dos exemplos que conheço você nem acreditaria.

Um grande abraço,


Leandro G. Card
Agora eu fiquei curioso :mrgreen:

[]´s,

JT

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 07, 2012 10:53 pm
por LeandroGCard
JT8D escreveu:
LeandroGCard escreveu:Este é um problema bastante complexo mesmo, e se eu mencionasse alguns dos exemplos que conheço você nem acreditaria.

Um grande abraço,


Leandro G. Card
Agora eu fiquei curioso :mrgreen:

[]´s,

JT
São casos de brasileiros em cargos de gerência, direção e presidência de empresas brasileiras e multinacionais que tomam as decisões mais absurdas por falta de conhecimento, visão, coragem ou simples competência, a ponto de levar seus departamentos ou mesmo a empresa inteira a fechar as portas. As situações são como nos exemplos abaixo:

- Decidir esconder do mercado um equipamento cuja representação de venda com 30% de comissão foi obtida de uma empresa dos EUA para evitar concorrência no setor de serviços, cuja renda é toda da empresa. Só que dava para vender pelo menos 1 equipamento por mês, cada um por US$350 mil (lucro de US$105 mil por unidade), e os serviços mal rendiam R$30 mil mensais nas melhores épocas.

- Donos de bancos comprando empresas industriais e colocando seus executivos financeiros de confiança para gerenciá-la, os quais imediatamente iniciavam programas de redução de custos que incluíam fechar a engenharia e trocar todos os técnicos experientes por estagiários. Em um ano o lucro dobrava, no ano seguinte os custos com a baixa qualildade engoliam os lucros, e quatro anos depois os produtos da empresa estavam fora do mercado e ela era vendida por uma fração do valor pago inicialmente (com grande prejuízo), para funcionar como simples linha de montagem de alguma multinacional. Vi isso acontecer várias vezes.

- Empresários serem convencidos a comprar linhas de fabricação inteiras que estavam sendo desativadas em outros países e transferí-las para o Brasil, só para depois descobrir que o novo produto que substituiu aquele fabricado naquela linha estava sendo exportado para nosso país com características mais avançadas, qualidade superior e custo menor.

- Empresas pagando fortunas a consultorias na Europa e nos EUA para desenvolver alguma tecnologia, só para depois ver a mesma consultoria vender a tecnologia desenvolvida para os concorrentes por uma fração do que custou desenvolvê-la.

- Empresas implementando "técnicas modernas de gestão" como Kanban, Kaizen, 5S, reengenharia, etc... como receitas de bolo, sem saber como realmente tirar vantagem delas, e gastando rios de dinheiro para obter melhorias apenas setoriais, sem aumentar a lucratividade total, ou reduções de custos que engessavam a empresa e a faziam perder mercado.

- Realização de cópias (engenharia reversa) de produtos existentes no exterior para vender aqui (coisa que os orientais fazem o tempo todo também), mas insistindo em copiar até os erros e defeitos do produto, por não conseguir identificar que eram erros e defeitos. E geralmente a reprodução dos problemas acarretava em custos enormes de produção e do produto final (pois os defeitos obviamente não constavam do projeto original), em alguns casos até inviabilizando a cópia.

- Tentativas de aperfeiçoar produtos cujo projeto foi importado sem tentar compreender as razões de cada detalhe, implicando em custos astronômicos para reproduzir o que não existia aqui quando o que existia era até melhor, em termos de materiais, subsistemas, componentes e técnicas de produção.

- Adquirir por preços elevados tecnologias avançadas de projeto e manufatura selecionadas por técnicos competentes, e depois utilizar apenas uma pequena fração do potencial desta tecnologia por desconhecimento do seu verdadeiro potencial por parte dos tomadores de decisão, que sequer compareciam às reuniões onde este potencial seria explicado (e em alguns casos as reuniões se repetiam por meses ou mesmo anos e os gestores sempre davam uma desculpa para não comparecer).


E por aí vai, acompanhei e ainda acompanho muitas outras situações deste tipo além das citadas, e não apenas em empresas pequenas e médias mas até em algumas das maiores montadores de automóveis instaladas no Brasil. Vi empresas tradicionais indo à falência ou sendo vendidas abaixo do valor por cometer repetidamente erros deste tipo. E nunca aprendiam.

É uma coisa muito triste de se observar, parece que o pessoal está só brincando de ser empresário ou executivo, sem na verdade ter nenhuma idéia do que estão fazendo. E depois correm todos para implorar proteção do governo à industria nacional, e vivem falando em privatização de tudo o que puderem meter a mão.


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 07, 2012 11:26 pm
por Sterrius
Assim realmente fica dificil leandro!

E o mais triste que esse tipo de expertise demora pra aprender. E demora muito. E como da pra ver, as vezes nem o tempo regride todo o ganho.

Vamos apanhar muito ao longo dos anos ainda pra chegar la.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Dez 07, 2012 11:44 pm
por Bourne
Se acostumaram a serem protegidos (ainda o são) e não tem motivação para preencher mercados globais como os asiáticos e outros países. assim possuem o privilégio de brincar. E os maiores beneficiados pela privatização no Brasil foram os grupos financeiros e industriais nacionais. Diferente de outros que foi basicamente comprado por estrangeiros.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Dez 08, 2012 9:43 am
por JT8D
LeandroGCard escreveu: - Donos de bancos comprando empresas industriais e colocando seus executivos financeiros de confiança para gerenciá-la, os quais imediatamente iniciavam programas de redução de custos que incluíam fechar a engenharia e trocar todos os técnicos experientes por estagiários. Em um ano o lucro dobrava, no ano seguinte os custos com a baixa qualildade engoliam os lucros, e quatro anos depois os produtos da empresa estavam fora do mercado e ela era vendida por uma fração do valor pago inicialmente (com grande prejuízo), para funcionar como simples linha de montagem de alguma multinacional. Vi isso acontecer várias vezes.
Essa é clássica.
Obrigado por dividir conosco suas experiências. São coisas que se aprendem ao longo de uma vida de lutas e que não se ensinam nas escolas.
É por essas e outras que eu acho graça quando leio que o problema do Brasil é falta de mão de obra técnica qualificada.
É evidente que nosso maior problema é o baixo nível cultural de nossos gestores. São pessoas despreparadas e que têm como únicos atributos (aliás, extremamente valorizados pelo "mercado") a ambição, a ganância e o carreirismo, geralmente acompanhados das mais variadas falhas de caráter.
Qualquer semelhança com nossos políticos não é mera coincidência.

Abraços,

JT

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Dez 08, 2012 5:29 pm
por Túlio
LeandroGCard escreveu:
JT8D escreveu: Agora eu fiquei curioso :mrgreen:

[]´s,

JT
São casos de brasileiros em cargos de gerência, direção e presidência de empresas brasileiras e multinacionais que tomam as decisões mais absurdas por falta de conhecimento, visão, coragem ou simples competência, a ponto de levar seus departamentos ou mesmo a empresa inteira a fechar as portas. As situações são como nos exemplos abaixo:

- Decidir esconder do mercado um equipamento cuja representação de venda com 30% de comissão foi obtida de uma empresa dos EUA para evitar concorrência no setor de serviços, cuja renda é toda da empresa. Só que dava para vender pelo menos 1 equipamento por mês, cada um por US$350 mil (lucro de US$105 mil por unidade), e os serviços mal rendiam R$30 mil mensais nas melhores épocas.

- Donos de bancos comprando empresas industriais e colocando seus executivos financeiros de confiança para gerenciá-la, os quais imediatamente iniciavam programas de redução de custos que incluíam fechar a engenharia e trocar todos os técnicos experientes por estagiários. Em um ano o lucro dobrava, no ano seguinte os custos com a baixa qualildade engoliam os lucros, e quatro anos depois os produtos da empresa estavam fora do mercado e ela era vendida por uma fração do valor pago inicialmente (com grande prejuízo), para funcionar como simples linha de montagem de alguma multinacional. Vi isso acontecer várias vezes.

- Empresários serem convencidos a comprar linhas de fabricação inteiras que estavam sendo desativadas em outros países e transferí-las para o Brasil, só para depois descobrir que o novo produto que substituiu aquele fabricado naquela linha estava sendo exportado para nosso país com características mais avançadas, qualidade superior e custo menor.

- Empresas pagando fortunas a consultorias na Europa e nos EUA para desenvolver alguma tecnologia, só para depois ver a mesma consultoria vender a tecnologia desenvolvida para os concorrentes por uma fração do que custou desenvolvê-la.

- Empresas implementando "técnicas modernas de gestão" como Kanban, Kaizen, 5S, reengenharia, etc... como receitas de bolo, sem saber como realmente tirar vantagem delas, e gastando rios de dinheiro para obter melhorias apenas setoriais, sem aumentar a lucratividade total, ou reduções de custos que engessavam a empresa e a faziam perder mercado.

- Realização de cópias (engenharia reversa) de produtos existentes no exterior para vender aqui (coisa que os orientais fazem o tempo todo também), mas insistindo em copiar até os erros e defeitos do produto, por não conseguir identificar que eram erros e defeitos. E geralmente a reprodução dos problemas acarretava em custos enormes de produção e do produto final (pois os defeitos obviamente não constavam do projeto original), em alguns casos até inviabilizando a cópia.

- Tentativas de aperfeiçoar produtos cujo projeto foi importado sem tentar compreender as razões de cada detalhe, implicando em custos astronômicos para reproduzir o que não existia aqui quando o que existia era até melhor, em termos de materiais, subsistemas, componentes e técnicas de produção.

- Adquirir por preços elevados tecnologias avançadas de projeto e manufatura selecionadas por técnicos competentes, e depois utilizar apenas uma pequena fração do potencial desta tecnologia por desconhecimento do seu verdadeiro potencial por parte dos tomadores de decisão, que sequer compareciam às reuniões onde este potencial seria explicado (e em alguns casos as reuniões se repetiam por meses ou mesmo anos e os gestores sempre davam uma desculpa para não comparecer).


E por aí vai, acompanhei e ainda acompanho muitas outras situações deste tipo além das citadas, e não apenas em empresas pequenas e médias mas até em algumas das maiores montadores de automóveis instaladas no Brasil. Vi empresas tradicionais indo à falência ou sendo vendidas abaixo do valor por cometer repetidamente erros deste tipo. E nunca aprendiam.

É uma coisa muito triste de se observar, parece que o pessoal está só brincando de ser empresário ou executivo, sem na verdade ter nenhuma idéia do que estão fazendo. E depois correm todos para implorar proteção do governo à industria nacional, e vivem falando em privatização de tudo o que puderem meter a mão.


Leandro G. Card

Post magnífico, um dos melhores, mais claros e instrutivos que já li no DB desde que me registrei. Muito obrigado pela aula, Leandro véio!!!

E se confirma dramaticamente a frase "o Brasil cresce a despeito de si mesmo"...

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Dez 09, 2012 8:40 pm
por Guerra
E o ministro da futura potência que esta sendo passada pelo México? Cai ou não cai? :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Dez 09, 2012 8:48 pm
por Túlio
Guerra, seu COMUNAZZZ Cubano, sossegaí, POWS!!! :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: