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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sex Nov 28, 2008 8:50 pm
por ademir
Crotalus escreveu:É Ademir, tens razão. Eu errei. Não expliquei direito que não precisa desmatar para desenvolver a agropecuária. Em mata se faz plano de manejo obedecendo a capacidade de resiliância do ecossistema, só se retira o que pode ser retirado sem prejuizo maior. Mas há muito campo aberto disponível.
Você não errou, defendeu a expansão das areas para a agropecuaria desde que tivessemos um plano de manejo que levasse em consideração preceitos cientificos, ai deixa subtentido que não almeja apenas queimar toda a floresta e "bota" gado la. O que eu questionei no post acima foi se podemos ver algum resquicio de inteligencia em argumentos do tipo "devemos preservar a Amazonia apenas em fotografia".
Eu discordo de grande parte do discurso ambientalista, o que eu defendo é que o estado brasileiro crie condições favoraveis para que os cientistas brasileiros possam produzir conhecimento la, gerando assim lucro de maneira inteligente. E que tambem promova um projeto serio de preservação, para que não exista margem para argumentos do tipo "os brasileiros estão destruindo a floresta, é legitimo que, para a defesa do meio ambiente, haja uma intervenção neste pais".
Não podes negar que o vies ambientalista predominante favorece uma intervenção da OTAN como o fizeram em Kosovo. Soma a isso a "guerra fria" que se está montando hoje com a "entende" Venezuela/Rússia contra os EUA e seus cupinchas. Vamos ter que optar por um dos lados e dos comunas é que não vai ser não. Então o paradoxo vai acontecer: não ficaremos em cima do muro, vamos matar venezuelanos, cubanos e russos com apoio (negociado mantendo nossa soberania) dos EUA e seus cupinchas. O que acha?
Eu acho que deveriamos ficar menos condicionados a necessidade de optar por lado para que nossa soberania seja preservada, que o Brasil não entrara nesta de bolivarianismo ja esta claro, mas se a situação nos obrigar a fazer alianças estrategicas com este bloco para que possamos defender nossos interesseses, que haja estas alianças, o mesmo vale para os ianques.
Nem "pro-bolivariano", nem "pro-EUA", nossa postura não pode ser outra senão "pro-BRASIL".
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sáb Dez 06, 2008 11:13 am
por Edu Lopes
Jobim: proteger Amazônia é tarefa do Brasil
Publicada em 06/12/2008 às 00h04m
José Meirelles Passos
WASHINGTON - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, deixou claro nesta sexta-feira - falando a acadêmicos americanos, funcionários do governo dos Estados Unidos e investidores internacionais - que o Plano Estratégico Nacional de Defesa, a ser aprovado nos próximos dias, terá como um de seus objetivos essenciais a proteção da Amazônia e também da área marítima onde o Brasil vai explorar petróleo em águas profundas (a zona do pré-sal).
- O submarino de propulsão nuclear que vamos construir, em colaboração com a França, será destinado a defender a área que vai de Vitória a Santos - disse ele, acrescentando que o Brasil também produzirá três submarinos convencionais, movidos a diesel.
Jobim teve participação intensa, interrompida duas vezes por aplausos, no seminário "Perspectivas para as relações Brasil-EUA no novo governo americano", promovido pelo Woodrow Wilson Center, na capital americana. Ele reafirmou que o Brasil é um país pacífico, mas sugeriu que não titubearia em utilizar a força caso isso seja necessário. A nova política de defesa, disse, visa a deixar o país preparado para qualquer emergência:
- A tradição do Brasil é a de não recorrer ao conflito nunca. Mas, se tiver necessidade disso, é preciso ter condições para encarar a situação. Precisamos ter capacidade de dizer não. É o que chamamos de capacidade dissuasória de defesa.
O ministro foi incisivo ao falar sobre a Amazônia, região que provoca freqüentes discussões entre os americanos. Eles gostariam de vê-la intocada. Jobim disse que esse tipo de pressão, feita por políticos e organizações ambientalistas estrangeiras, não será mais aceita pelo Brasil:
- A Amazônia tem uma agenda ecológica que é produzida fora do país e que acaba empurrando a sua população de 20 milhões de pessoas para a marginalidade, pois acham que a região não pode se desenvolver. O Brasil sabe que compete a ele preservar esse espaço, para o bem do país e do mundo. Mas isso cabe apenas ao Brasil fazer, e do jeito que acharmos melhor. Não vamos fazer isso para o deleite de europeus que desejam um parque cheio de árvores para visitas de fins de semana - afirmou, sob aplausos.
Povo da Amazônia precisa de "trabalho e renda"
Ele disse ainda que a população da Amazônia "não precisa de esmola mas sim de trabalho e renda". E concluiu:
- Se não houver isso, ela vai para a economia informal e a ilegalidade, para sobreviver.
O ex-subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, Thomas Pickering, foi taxativo:
- Devemos respeitar o que Jobim disse sobre a questão ecológica. O Brasil é agora um poder emergente.
John Danilovich, ex-embaixador dos EUA em Brasília, disse que o novo governo precisa se engajar com o Brasil em assuntos internacionais deixando de ver o país apenas como grande vizinho:
- O Brasil já chegou à maturidade. Deixou de ser o país do futuro: o Brasil já chegou lá.
Blairo Maggi participou do evento
O governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, que participava do evento, reforçou o argumento de Jobim sugerindo que os estrangeiros deveriam pagar pela preservação da Amazônia:
- Queremos uma política própria para a Amazônia. Mas vamos precisar da ajuda do resto do mundo.
Jobim participou de um painel em que se discutiu se há espaço para o relacionamento estratégico entre os dois países. Vários participantes trataram de definir, segundo seus cálculos, o atual grau de relacionamento. O ministro brasileiro demonstrou estar cansado desse tipo de discussão:
- Não temos mais tempo para pensar em aprofundamento de diálogo. Devemos é pensar no que se pode fazer imediatamente.
Demonstrando impaciência com discussões apenas retóricas, ele arrematou, provocando risos na platéia:
- Não importa se a parceria é estratégica, meio estratégica ou relativamente estratégica. Essas questões semânticas deixamos para os companheiros do Itamaraty, que são bons em lidar com advérbios e com adjetivos.
Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/1 ... 875051.asp
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Seg Dez 08, 2008 1:11 pm
por irlan
Decreto restringirá entrada de ONGs em terra indígena
Seg, 08 Dez, 07h41
Um decreto à espera da assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva criará restrições para a entrada de pesquisadores, missionários e organizações não-governamentais em terras indígenas. O texto obriga os religiosos, cientistas e ONGs a submeterem seus projetos à prévia análise do Ministério da Justiça. Se a reserva estiver próxima à faixa de fronteira ou na Amazônia Legal, a autorização dependerá ainda da avaliação do Ministério da Defesa e do Conselho de Defesa Nacional.
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O decreto é parte da estratégia do governo para controlar a ação das organizações não-governamentais e coibir a biopirataria e a exploração ilegal de recursos no Brasil, especialmente por estrangeiros. O documento chegou à Casa Civil uma semana antes do julgamento da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol (RR) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para a próxima quarta-feira.
O texto obriga que pessoas físicas e jurídicas que queiram desenvolver atividades nas reservas entreguem ao Ministério da Justiça um plano de trabalho que especifique o objetivo do projeto, o prazo necessário para sua execução, as estimativas de gastos e as fontes de financiamento. Além disso, as ONGs precisam ter cadastro no Ministério da Justiça.
Caso o pesquisador seja estrangeiro, precisará de visto específico e deverá indicar o percurso a ser feito na terra indígena e as datas previstas para o início e término dos estudos. Ele não poderá, portanto, valer-se do visto de turista para entrar na reserva. No caso de ONG estrangeira, os responsáveis deverão apresentar o comprovante de autorização para funcionamento no Brasil e certidão de regularidade emitida pelo ministério.
A licença para entrar na reserva será cancelada se o objeto do estudo for alterado sem a autorização do Ministério da Justiça. Os pesquisadores deverão, nesta hipótese, deixar imediatamente a região. O estrangeiro poderá ser deportado se não tiver visto específico para a atividade que for desenvolver. O pesquisador, missionário ou ONG que estiver em terra indígena quando o decreto for publicado terá 180 dias para pedir autorização do Ministério da Justiça, preenchendo todos os requisitos previstos no texto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Seg Dez 08, 2008 2:08 pm
por rafafoz
Até que em fim o governo está fazendo alguma coisa contra essas ONGs.
Demoro mais começou menos mal.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Ter Dez 09, 2008 12:46 pm
por ademir
Carbono de floresta põe ONGs em choque
Dois relatórios de entidades ambientalistas têm conclusões opostas sobre benefício de mitigar clima cortando desmatamento: um dos documentos diz que gerar créditos de carbono por floresta em pé premia poluidor; outro, que é única forma de manter as matas
Pedro Dias Leite escreve para a “Folha de SP”:
Dois documentos publicados nos últimos dias colocaram lenha na fogueira da discussão sobre o futuro das florestas, com visões muito diferentes sobre a tática de utilizar compensações financeiras para combater o desmatamento, conhecida como Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, na sigla em inglês).
A discussão é central no debate sobre o aquecimento global porque as mudanças no uso da terra -principalmente o desmatamento tropical- respondem por 20% da emissão anual global de gases-estufa.
De um lado, o grupo ambientalista internacional Amigos da Terra afirma que o Redd não só não cumpre o seu objetivo como pode acabar por ter o efeito contrário, piorando as coisas. De outro, o Global Canopy Programme afirma que a tática é o modo mais eficiente de proteger as florestas.
O Redd é uma das principais propostas para conter o aquecimento global e faz parte das discussões em curso até a próxima semana em Poznan, Polônia, para definir o regime de proteção ao clima após 2012, quando o Protocolo de Kyoto expira. Ontem foi o Dia das Florestas em Poznan.
Uma das propostas para o mecanismo prevê que países ricos comprem créditos de carbono gerados pela manutenção das florestas em pé. O dinheiro serviria para incentivar desmatadores a abandonarem suas atividades; os créditos poderiam ser usados para compensar, em parte, a emissão de gás carbônico por queima de combustíveis fósseis países ricos.
Num relatório divulgado na semana passada, a Amigos da Terra diz que o mercado de carbono de florestas prejudica as comunidades locais, incentiva a corrupção nos países mais pobres, premia os poluidores e não barra as emissões.
O problema é que os países desenvolvidos continuariam a poluir e a consumir, com uma preocupação menor em diminuir suas emissões. "Os países ricos querem comprar sua rota para escapar de parar de poluir", disse um dos autores do relatório, Joseph Zacune.
A iniciativa também acabaria por beneficiar os desmatadores, porque o valor seria pago com base no que essas atividades lucrariam se continuassem a destruir as florestas, incentivando um aumento antes da proibição. Além disso, nações que desmatam mais acabam sendo mais ajudadas do que aquelas que fazem o seu dever e conservam suas florestas.
A visão é combatida por Andrew W. Mitchell, diretor e fundador do Global Canopy Programme, editor de um "Little Redd Book" sobre o tema.
"Trabalho com conservação há 35 anos e tudo o que tentamos até agora não funcionou. Estamos perdendo 13 milhões de hectares de florestas por ano. Acabar com isso é difícil e caro, deve custar entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões por ano. Esse dinheiro não vai surgir da filantropia."
Segundo ele, o Redd nem foi definido ainda, já que o modelo final só será decidido no ano que vem, então as críticas de que premia quem desmata mais são precipitadas. Sobre a "fuga" dos países ricos, ele diz que uma coisa não exclui a outra. "Existe uma consciência nos países desenvolvidos de que não é "ou", mas sim "e'", diz.
"A razão por que as árvores caem é porque as florestas valem mais mortas do que vivas. O serviço que elas produzem não é reconhecido pelos governos nem pelo mercado, então elas têm de ser convertidas em alguma outra coisa que valha dinheiro", afirma Mitchell.
Brasil
O governo do Brasil é contra usar florestas para gerar créditos de carbono, e propõe que o Redd seja alimentado por doações voluntárias.
Governos estaduais, no entanto, são favoráveis ao mercado. O do Amazonas assinou neste ano um acordo com a rede de hotéis Marriott para compensar emissões usando a conservação de uma unidade de conservação estadual.
No mês passado, o governador Eduardo Braga assinou um acordo com seu colega Arnold Schwarzenegger, da Califórnia, que abre a possibilidade de investimentos californianos em Redd no Amazonas.
"A posição do governo brasileiro contra a iniciativa é positiva, mas existe uma preocupação muito grande com a política de "saldo de desmatamento", em que a derrubada de uma parte da floresta é compensada com a conservação ou a expansão de uma outra", diz Zacune.
Já Mitchell diz que o Brasil precisa e deve fazer parte dele. "Ninguém paga o país pelo serviço que ele presta ao mundo, de conservar as florestas e evitar a emissão de gás carbônico. A perda de capital natural é enorme para o mundo."
(Folha de SP, 6/12)
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Seg Dez 15, 2008 12:00 pm
por Edu Lopes
Regularização de lotes na Amazônia pode levar mil anos
João Domingos
BRASÍLIA - O governo concluiu que o cipoal de leis e decretos que regulamentam a questão fundiária na Amazônia tornou impossível a regularização das terras na região, o primeiro e mais importante passo para o controle do desmatamento e início do processo de desenvolvimento sustentável. A legislação é tão confusa que a Lei 6.383/76 (das terras devolutas), condiciona a regularização de uma área à ausência de problemas em toda a gleba onde essa propriedade está inserida. Ou seja, dentro de um mesmo loteamento, se o vizinho cometer uma irregularidade, o morador ao lado não conseguirá retificar a sua situação.
As exigências são muitas: é necessário certificar toda a gleba, levantando o histórico dos remanescentes naturais e georreferenciamento por satélite com precisão de 50 centímetros. Exigiria, portanto, um trabalho de campo inviável. Nesse trabalho, se for descoberto dentro da gleba um morador que não tenha respeitado a preservação de 80% da reserva florestal ou não tenha tornado sua área produtiva, após um ano ali, nenhum loteamento do conjunto poderá sair da ilegalidade.
Nesse ritmo e cenário jurídico, segundo estimativas oficiais, só para regularizar as terras no Pará, seriam necessários 286 anos, levando-se em conta o número de servidores dos órgãos ambientais existentes. No Amazonas, não dá nem para saber se a Floresta Amazônica ainda estará de pé quando o trabalho for concluído. Calcula-se que serão necessários 1.372 anos para que seja feita a varredura em todo o Estado, conclui um estudo do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Diante de tal realidade, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, fez o que governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre faz quanto está diante de um impasse: montou um grupo de trabalho para tratar do tema. Esse grupo é chefiado por Dilma, com participação dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, Meio Ambiente, Agricultura, Minas e Energia, Integração Nacional e Assuntos Estratégicos.
Deverá apresentar as soluções para que as terras da Amazônia Legal - hoje só 10% são posses legais - sejam regularizadas num curto espaço de tempo.
Pacote
O grupo de trabalho já chegou a algumas conclusões. A principal é que a maçaroca legal inviabiliza qualquer plano para a regularização das terras na Amazônia. Portanto, no mínimo nove leis e três decretos referentes à região terão de ser modificados para que as regras sejam simplificadas. Uma medida provisória já está sendo escrita para as alterações legais, visto que o governo considera que o assunto é de extrema urgência.
"Não tem regularização fundiária na Amazônia porque a lei não permite que seja feita", chega a dizer o ministro de Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. "Com a legislação atual, podemos criar dez órgãos, chamar o Exército, que não regularizamos."
Exagero à parte de Cassel, a participação do Exército tem mostrado que, mesmo com a legislação tão criticada, é possível fazer um trabalho de regularização na Amazônia, embora lento. Hoje, 56 militares trabalham junto com 45 técnicos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) numa área de 8 174,26 hectares na tentativa de regularização das terras que margeiam a BR-163, a Cuiabá-Santarém.
Conforme um levantamento dos técnicos que integram o grupo de trabalho comandado por Dilma, dos 502,2 milhões de hectares da Amazônia Legal (61% de todo o território brasileiro), 120 milhões são de terras indígenas, 67 milhões estão disponíveis para destinação a agricultores, 38 milhões foram transformados em assentamentos, 66 milhões são de áreas de conservação federal, 57 milhões de conservação estadual, 50 milhões do Instituto de Terras do Amazonas (Iteam), 15 milhões repassados pela União ao Estado de Rondônia, 7 milhões das Forças Armadas e 81,9 milhões com outras ocupações, como cidades.
Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/not ... politica01
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sáb Dez 20, 2008 8:35 am
por Edu Lopes
Foi esse tal de Jean-David Lévite que disse, ontem, que "
A Amazônia está desaparecendo e pertence a todos nós, ao contrário do que o Brasil defende..." (tá na edição do GLOBO de hoje).
Sarkozy cobrará do Brasil metas de redução de CO2
Andrei Netto
PARIS - Em sua primeira visita oficial ao Brasil, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, vai cobrar do governo brasileiro a criação de metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Dez dias depois da 14ª Conferência do Clima (COP-14) das Nações Unidas, durante a qual aprovou seu próprio programa ambiental - chamado Pacote Energia/Clima -, a União Européia vai defender no Rio a adoção de objetivos numéricos também por países emergentes, visando a um acordo na COP de Copenhague, em 2009.
A revelação foi feita ontem, em Paris, pelo conselheiro diplomático do governo francês, Jean-David Lévite, às vésperas da viagem de Sarkozy ao Brasil. O chefe de Estado viaja para participar, no Rio, das cúpulas Brasil/União Européia e Brasil/França, que ocorrerão na segunda e na terça-feira.
A menos de um ano da 15ª COP, na Dinamarca, o bloco europeu quer garantir a mobilização de países em desenvolvimento, já que as nações industrializadas serão obrigadas a se comprometer a reduzir suas emissões de dióxido de carbono (CO2).
"Se queremos chegar a um acordo em Copenhague, vamos precisar de um esforço mais sério, com objetivos numéricos", afirmou Lévite. "Estamos muito organizados com o Pacote Energia/Clima e somos os primeiros, dentre os países industrializados, a pôr metas claras sobre a mesa."
A pressão sobre os emergentes se dará porque a Europa tem convicção de que os Estados Unidos, sob administração de Barack Obama, vão se incorporar às negociações internacionais. "Se o Japão se unir ao esforço, vamos nos voltar aos países em desenvolvimento para solicitar mais progressos. Queremos que o Brasil aceite obrigações numéricas, já que é o quarto maior emissor mundial de gases de efeito estufa", avisa o diplomata.
Depois de aprovar seu pacote 3x20 - 20% de redução das emissões, 20% de economia de energia e 20% de energias renováveis até 2020 -, a União Européia se sente no direito de cobrar os demais países. Nem o Plano Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC), anunciado pelo Ministério do Meio Ambiente em 1º de dezembro, em Brasília, e bem-sucedido na 14ª COP, na Polônia, vai reduzir a pressão.
No PNMC, o Brasil se comprometeu - desde que receba recursos internacionais - a reduzir o desmatamento da Amazônia em até 73% até 2017. Entretanto, o País ainda não tem metas de redução de emissões de CO2. O receio na Europa é de que o Brasil compense o desmatamento com aumento da poluição gerada pelo desenvolvimento industrial.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse ainda não ter metas de redução das emissões, mas afirmou que o governo trabalha para estimá-las.
Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/not ... cia=pais04
Cobrar redução de emissões do Brasil é fácil, quero ver é cobrar dos EUA, Japão, China. Eles poluem e nós pagamos a conta.
Esses franceses...
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sáb Dez 20, 2008 10:54 am
por jauro
'A Amazônia pertence a todos nós', diz francês
Às vésperas do encontro de Lula com Sarkozy, assessor do governo da França diz que a UE cobrará do Brasil redução de gases
Deborah Berlinck
PARIS. A União Européia (UE) quer que o Brasil assuma agora o compromisso de uma meta para redução de suas emissões de gases poluentes, como fez o bloco na semana passada, em Bruxelas, ao decidir diminuí-las em 20% até 2020. O governo brasileiro sempre se opôs à idéia, alegando o princípio das "responsabilidades diferenciadas": cabe aos grandes poluidores pagar a maior parte da conta do estrago e dar o primeiro passo.
O presidente francês Nicolas Sarkozy não concorda. Em entrevista, seu conselheiro diplomático, Jean-David Levitte, disse que "países como o Brasil podem e devem fazer mais", e entrou em terreno delicado para nacionalistas brasileiros, dizendo que a Amazônia "é de todos":
- O Brasil tem que aceitar a negociação e aceitar fazer um esforço traduzido por números precisos. A Amazônia está desaparecendo e pertence a todos nós, ao contrário do que o Brasil defende. O Brasil vai precisar se mexer e se engajar mais.
Este será um dos desafios de Sarkozy nos dois dias de sua visita oficial ao Brasil, a partir de segunda-feira: convencer o governo Lula a mudar sua política sobre o assunto. Mas há outros temas delicados, como a reforma do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil batalha há anos para obter uma cadeira permanente no conselho. França, Inglaterra e Alemanha apóiam a reforma, para incorporar Brasil e outras potências, como Japão e a própria Alemanha. Mas Itália e Espanha - porque vão ficar de fora -- são contra.
Levitte disse ontem aos jornalistas que a Itália "aceitou fazer um pequeno gesto". Não disse qual. Mas o tema será discutido entre Lula e Sarkozy:
- São negociações duras e difíceis, porque a União Européia não tem posição única.
Uma coisa é certa: com ou sem oposição dos países, o governo brasileiro quer uma menção à ampliação no Conselho de Segurança no documento da cúpula Brasil e União Européia.
- O que não pode é não entrar (uma menção) - comentou um negociador brasileiro.
Imigração é outro dos temas delicados do encontro
A política agrícola européia - atacada pelo Brasil como altamente protecionista - e imigração são outros temas difíceis dos encontros. Sarkozy quer explicar a Lula a política de imigração da UE. O presidente brasileiro tem batido forte contra um plano adotado pelos europeus, por iniciativa da França, que prevê imigração seletiva e a expulsão em massa de clandestinos. Chegou a levantar a questão com o Papa Bento XVI, na visita oficial a Roma, em novembro.
- A reforma foi extremamente mal vista pela América Latina, no entanto outras regiões de onde muito mais imigrantes chegam à Europa, como a África, compreenderam o procedimento com mais naturalidade. Não demos a atenção necessária à América Latina, e isso causou muitos mal-entendidos, sobre os quais pretendemos nos explicar melhor - reconheceu Levitte.
Sarkozy vem ao Brasil para participar de duas cúpulas: uma entre a União Européia e o Brasil e outra bilateral entre França e Brasil. O encontro bilateral será marcado pelo anúncio de parceria estratégica com o Brasil, que resultará em "plano de ação concreto", segundo Levitte. Os dois países vão assinar tratados para preservar florestas na fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa, criar uma rede de pesquisas na Amazônia e transferir tecnologia para combater o garimpo ilegal na floresta.
Jornalzinho FDP, colocando como nacionalista quem defende a Amazônia de interesses estrangeiros.
Também, temos que entender que os dirigentes e propietários desse JFDP são de um lugar sem identidade nacional definida.
Obs FDP-feito de papel.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sáb Dez 20, 2008 11:37 am
por Centurião
Edu Lopes escreveu:Foi esse tal de Jean-David Lévite que disse, ontem, que "
A Amazônia está desaparecendo e pertence a todos nós, ao contrário do que o Brasil defende..." (tá na edição do GLOBO de hoje).
Sarkozy cobrará do Brasil metas de redução de CO2
Andrei Netto
PARIS - Em sua primeira visita oficial ao Brasil, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, vai cobrar do governo brasileiro a criação de metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Dez dias depois da 14ª Conferência do Clima (COP-14) das Nações Unidas, durante a qual aprovou seu próprio programa ambiental - chamado Pacote Energia/Clima -, a União Européia vai defender no Rio a adoção de objetivos numéricos também por países emergentes, visando a um acordo na COP de Copenhague, em 2009.
A revelação foi feita ontem, em Paris, pelo conselheiro diplomático do governo francês, Jean-David Lévite, às vésperas da viagem de Sarkozy ao Brasil. O chefe de Estado viaja para participar, no Rio, das cúpulas Brasil/União Européia e Brasil/França, que ocorrerão na segunda e na terça-feira.
A menos de um ano da 15ª COP, na Dinamarca, o bloco europeu quer garantir a mobilização de países em desenvolvimento, já que as nações industrializadas serão obrigadas a se comprometer a reduzir suas emissões de dióxido de carbono (CO2).
"Se queremos chegar a um acordo em Copenhague, vamos precisar de um esforço mais sério, com objetivos numéricos", afirmou Lévite. "Estamos muito organizados com o Pacote Energia/Clima e somos os primeiros, dentre os países industrializados, a pôr metas claras sobre a mesa."
A pressão sobre os emergentes se dará porque a Europa tem convicção de que os Estados Unidos, sob administração de Barack Obama, vão se incorporar às negociações internacionais. "Se o Japão se unir ao esforço, vamos nos voltar aos países em desenvolvimento para solicitar mais progressos. Queremos que o Brasil aceite obrigações numéricas, já que é o quarto maior emissor mundial de gases de efeito estufa", avisa o diplomata.
Depois de aprovar seu pacote 3x20 - 20% de redução das emissões, 20% de economia de energia e 20% de energias renováveis até 2020 -, a União Européia se sente no direito de cobrar os demais países. Nem o Plano Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC), anunciado pelo Ministério do Meio Ambiente em 1º de dezembro, em Brasília, e bem-sucedido na 14ª COP, na Polônia, vai reduzir a pressão.
No PNMC, o Brasil se comprometeu - desde que receba recursos internacionais - a reduzir o desmatamento da Amazônia em até 73% até 2017. Entretanto, o País ainda não tem metas de redução de emissões de CO2. O receio na Europa é de que o Brasil compense o desmatamento com aumento da poluição gerada pelo desenvolvimento industrial.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse ainda não ter metas de redução das emissões, mas afirmou que o governo trabalha para estimá-las.
Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/not ... cia=pais04
Cobrar redução de emissões do Brasil é fácil, quero ver é cobrar dos EUA, Japão, China. Eles poluem e nós pagamos a conta.
Esses franceses...
Os franceses vão tentar encher o nosso saco da forma que conseguirem para defender seus agricultores ineficientes. Isso é parte do jogo. Eles sabem que essas palavras não alteram nada. Ao contrário, o baixinho vai nos dar parte dos meios para garantir que nenhuma declaração desse tipo nos cause mais preocupações. Pelo menos na área militar.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sáb Dez 20, 2008 1:19 pm
por Marino
Direto da fonte
Sonia Racy
Tudo nosso
Um paulistano daqueles bem tranqüilos foi passar alguns dias em Roraima e voltou preocupado. Instalado por três dias no melhor hotel de Boa Vista, o Aipana - point de políticos e turistas - ele cruzou com:
1. um inglês que tem uma ONG para ajudar ribeirinhos da fronteira:
2. uma italiana que fala bem o português e organiza excursões de europeus;
3. dois alemães que trabalham com exportação de madeira para seu país;
4. um grupo de mórmons americanos que tenta atrair indígenas para sua fé;
5. um norueguês que acompanha projetos na reserva Raposa-Serra do Sol.
É, não vai ser fácil desinternacionalizar a Amazônia.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sáb Dez 20, 2008 7:10 pm
por Edu Lopes
É só um desses FDP se perder no mato. Ai vão chamar BIS.
Não dá pra levar a sério a maioria das notícias publicadas sobre a Amazônia, mas que dá uma dor no coração ler certas coisas, isso dá.
Não sou nacionalista! Sou apenas BRASILEIRO!
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Seg Dez 22, 2008 8:53 am
por Marino
Globo:
Viagem à Amazônia
DENIS LERRER ROSENFIELD
Visitei, no início de dezembro, a Amazônia a convite do Comando Militar da Amazônia. A viagem se fez dentro do Programa Calha Norte, voltado para a manutenção da soberania nacional e da integridade territorial da região amazônica e para a promoção do desenvolvimento regional. As observações a seguir são de minha inteira responsabilidade e não envolvem nenhuma das autoridades militares que fizeram parte dessa missão.
O objetivo da missão era visitar os PEF (Pelotões Especiais de Fronteira), postos avançados do Exército nas fronteiras da Amazônia, Brigadas do Exército, o VII Comar (Manaus) e o Distrito Naval de Manaus, abrangendo, portanto, as três Forças. Os locais visitados foram: Manaus, Barcelos, São Gabriel da Cachoeira, Maturacá, Sucurucu e Boa Vista.
A visão aérea da região, sobretudo na viagem à fronteira norte em direção à Venezuela e à Guiana, é de completo despovoamento, com floresta amazônica cerrada. Os Pelotões Especiais de Fronteira, no caso das visitas a Sucurucu e a Maturacá, situam-se, podemos dizer, in the middle of nowhere. Se não fossem eles, teríamos uma região totalmente desprotegida, que apenas poderíamos dizer que se trata de terra brasileira. A soberania não é somente uma questão abstrata de demarcação territorial, mas de efetiva presença brasileira. Sem o Exército e as Forças Armadas em geral, as portas estariam abertas para que essa região pudesse se tornar de outras nações, o que, no vocabulário atual, significa "patrimônio da humanidade". Não nos deixemos seduzir por esse jogo ideológico das palavras.
A presença militar nessa região de fronteira é constituída em torno de 26 unidades militares, claramente insuficientes para as reais necessidades do país. Hoje, fala-se muito, a partir de um decreto assinado pelos ministros da Justiça e da Defesa, de ampliação para mais 28 PEF, assegurando a soberania nacional nessas terras indígenas. Há, porém, um componente demagógico nessa discussão, pois os pelotões existentes possuem muitas carências. Não há, atualmente, recursos para a construção desses novos PEF. O que houve foi um ato de desviar a atenção do julgamento da Raposa Serra do Sol, com o intuito de favorecer a demarcação contínua.
O Estado brasileiro nessas regiões é completamente ausente. Ou melhor, a sua presença se faz unicamente graças às Forças Armadas. Toda a região de fronteira amazônica se caracteriza pelos mais diferentes tipos de ilícitos, de tráfico de drogas a desmatamento, passando por contrabando de armas e garimpo. Trata-se, literalmente, da lei da selva. As fronteiras são extremamente permeáveis, pois, por exemplo, a distância entre um pelotão e outro varia de 150 a 300 quilômetros.
O Cimi e a Funai têm propagado a idéia de que o Exército não é necessário, pois os índios defendem a fronteira. Nada de mais falso. Os índios não têm nenhum sentido inato de pátria. Os ianomâmis, por exemplo, vivem em pequenas aldeias, com pouco contato com os civilizados, brancos e caboclos, alimentando-se basicamente de farinha e de pouca caça. Circulam entre fronteiras e são tutelados pela Funai e por missões religiosas que inculcam ainda mais neles o sentido do isolamento, da separação e, mais recentemente, a idéia de nação, distinta da brasileira. Quem defende a fronteira é o Exército.
O que existe são brasileiros índios. São índios que se tornaram brasileiros, o que significa, nas regiões visitadas, que se tornaram brasileiros graças à sua incorporação ao Exército. Nem teriam, não fosse isso, o domínio de nossa língua. Não faz o menor sentido falar de defesa do território nacional, de nossa soberania, sem as Forças Armadas. Quem o faz, na verdade, está fazendo um jogo contra o próprio país. No dizer de um membro da comitiva: são "brasileiros índios" e não "índios brasileiros". Os índios se incorporam voluntariamente ao Exército, que se torna um meio de sua integração ao Brasil. Ganham, em suas próprias tribos, prestígio e melhoram a sua condição de vida. Guardam, também, as suas tradições, voltando às suas aldeias, no interior desse processo de aculturação que os faz brasileiros. É isso que suscita a reação da Funai e do Cimi, que têm como objetivo segregá-los e isolá-los, dentro de um outro projeto político.
Em São Gabriel da Cachoeira, há um batalhão completamente indígena, de diferentes etnias. Em Maturacá, o Pelotão é constituído por indígenas de 22 etnias. Todos uniformizados e bem treinados para a guerra na selva. Segundo os comandantes militares, trata-se dos melhores "guerreiros da selva". Presenciei uma cerimônia militar altamente impactante. É difícil não ser sensível a ela. O local foi em São Gabriel da Cachoeira, numa colina, que dá para o Rio Negro. Lá, a tropa estava perfilada, para uma formatura, com a presença do comandante Militar da Amazônia, o general Heleno. Fazia parte do ritual cantar o Hino Nacional. Naquele ermo do mundo, os soldados indígenas cantavam o hino a plenos pulmões, numa adesão poucas vezes vista. É como se a sua alma falasse através desse canto, dessas palavras, numa irmandade que conferia a todos os presentes uma mesma união, uma união nacional.
Os brasileiros indígenas são índios aculturados, que se sentem brasileiros. Terminam se identificando com os caboclos, que são o resultado da miscigenação de brancos com índios. O caboclo é o nativo da região, e termina servindo, para o indígena, como modelo de integração ao mundo não indígena. É um equívoco conceitual opor índios aos brancos, dentro de uma região que já é o produto de um processo de aculturação e, sobretudo, de miscigenação racial, com casais constituídos de diferentes raças e etnias. O caboclo é fruto de todo o processo histórico brasileiro. Os que se opõem à aculturação e propugnam pelo isolamento visam, na verdade, a se opor a todo o processo histórico que resultou na nação brasileira.
DENIS LERRER ROSENFIELD é professor de filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Seg Dez 22, 2008 9:27 am
por Quiron
Não é a primeira nem a segunda vez que autoridades francesas mencionam essa conversa de amazônia do mundo. Seria bom alguma autoridade brasileira ameaçar melar os negócios com eles caso esse papo continue.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Seg Dez 22, 2008 1:43 pm
por Tupi
Os franceses também tem seu quinhãozinho na amazonia. É a Guiana Francesa. Lá assim como nas demais Guianas, no sul da Venezuela e da Colombia; no leste do Equador e do Perú ou no norte da Bolivia. É tudo Amazônia.
Se algum cidadão dentre estes paises citados; diz que a Amazônia é de todos. Ele não esta errado. Desde que ele estajá falando da parte que lhes pertence e não da nossa.
Pois a nossa é só nossa apesar de parecer que não é de ninguém.
Esse tipo de declaração por parte de um representante de outro estado. Tem que ser interpelado pelo Itamaraty. Se os caras falam o que querem e de nossa parte ficamos caladinhos, fica aquela impressão. Quem cala consenti.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sex Dez 26, 2008 2:23 pm
por ademir
Brasil e França criam instituto para explorar Amazônia
Protocolo adicional prevê a criação de um Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica, focado na pesquisa científica e tecnológica
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy assinaram no Rio de Janeiro um ambicioso acordo para a exploração conjunta da Amazônia. O plano, que acabou ofuscado pela parceria militar e os olhos azuis da primeira-dama francesa, Carla Bruni, prevê atividades de pesquisa e exploração dos recursos genéticos do bioma amazônico, acesso aos conhecimentos tradicionais e o desenvolvimento de produtos "de interesse ambiental, econômico e social", com a "repartição justa e eqüitativa dos benefícios" gerados.
Um protocolo adicional prevê a criação de um Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica, focado na pesquisa científica e tecnológica. O órgão será constituído de núcleos a serem instalados na região fronteiriça entre o Amapá e a Guiana Francesa. Pelo acordo, as atividades de exploração dos recursos dependerão da anuência de cada governo.
Segundo a Folha apurou, será criado grupo de trabalho com a missão de fazer um levantamento, por sensoriamento remoto, da situação atual dos recursos naturais, tanto do lado francês como do brasileiro. Regularização fundiária, zoneamento ecológico e econômico também estão no alvo do estudo conjunto.
"A concepção é que só se protege bem o que se conhece bem", disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. A parceria também prevê a promoção do manejo sustentável, com a criação de uma cadeia produtiva e análise de novos mercados para colocação dos subprodutos da madeira.
Em discurso, Sarkozy disse que "a única chance de a Guiana Francesa se desenvolver é se ligando ao Brasil, senão fica em um beco sem saída".
Legislação
Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, deputado André de Paula (DEM-PE), a parceria é "positiva". "Não conheço os termos, mas vejo com bons olhos. Trata-se de uma questão central, e a parceria nos ajuda a dispor de tecnologias. Não adianta falar de preservação, sem gerar alternativas de sustentabilidade", disse.
Já o deputado Mendes Thame (PSDB-SP), membro da comissão, classificou o acordo de "pirotecnia". "Falta uma lei que defina parâmetros para a partição justa dos benefícios. Não há um marco legal", afirmou. Thame acha que há risco de o Brasil perder para a França direitos sobre recursos do bioma amazônico. "A França vem, investe um pouquinho, e fica detentora dos direitos", disse. (Claudio Dantas Sequeira e Raphael Gomide)
(Folha de SP, 24/12)