Enviado: Qui Ago 09, 2007 1:56 pm
Pedro Gilberto escreveu:Centurião escreveu:Pessoal,
Eu li o texto do LeandroGCard e do PRick, concordo em alguns pontos com vocês dois. Mas também acho que outros pontos precisam ser esclarecidos.
Por falta de tempo, só vou mesmo apontá-los.
1) Pelo o que eu sei, a classe média brasileira não está diminuindo. Ao contrário, foi até postado por aqui uma pesquisa afirmando que milhões de brasileiros entraram na classe média nos últimos anos. O que vocês podem estar se referindo é o achatamento da massa salarial nos últimos anos do governo FHC e no primeiro governo Lula. Isso realmente ocorreu, mas com o início do crescimento prolongado que o país parece estar experimentando (3,7% ano passado e, provavelmente 4,5-5% este ano), os salários estão se recuperando.
2) As exportações de produtos industrializados ainda estão crescendo. Somente não no ritmo das commodities. As vendas industriais no mercado interno também estão crescendo. Na média, não há desindustrialização. Pelo menos por enquanto. Em termos relativos, sim, os produtos industriais estão perdendo importância nas exportações.
3) Acredito que a temida desindustrialização não ocorrerá no Brasil, em parte pelo crédito mais acessível e também pela conscientização das empresas de que devem investir em tecnologia, criatividade e na promoção de suas marcas. Na minha opinião, empresas pequenas e médias, com grande potencial empregador e investidor em inovação, sofrem mais com os juros altos do que com o atual câmbio valorizado. Afinal, elas têm poucos meios para tomar empréstimos mais baratos fora do país. Uma vez capitalizadas, elas podem se planejar para a redução de custos que compensaria a apreciação do câmbio. Sem dinheiro, porém qualquer planejamento fica difícil. As empresas grandes sabem se proteger melhor dessas mudanças.
Independentemente do partido político na situação, acredito que estamos no caminho correto. Existe um planejamento para basear o crescimento brasileiro no aumento da renda e no barateamento do crédito. Esse modelo deu certo em outros países e parece estar se repetindo no Brasil. O que se deve fazer é tratar de remover os obstáculos para a indústria brasileira.
Claro que existem problemas, como imposto alto, infra-estrutura precária ou o câmbio valorizado, que prejudica as exportações de produtos de valor agregado. Mas, no caso do câmbio, também existem vantagens, como o barateamento de maquinário para automação industrial e de bens de consumo não produzidos no país, como processadores e memórias de computador.
Acho que não estou contando novidade para ninguém aqui, mas mesmo assim sinto-me mais confortável na discussão ao jogar uma luz em cima disso.
Abraços cordiais
Perfeito Centurião, também creio assim.
O fato do Brasil ser um grande exportador de commodities não creio que deva ser encarada como demérito; é uma característica da matriz econômica nacional.
Não há porque abandoná-la, não há dicotomia entre produzir commodities versus produtos industriais, visto que aqueles também movimentam o parque industrial na medida em que demanda meios para sua produção. O exemplo típico é do alcool combustível que precisa de plantas para obter o etanol a partir da cana, plantas essas construídas por industrias de base com aços, caldeiras, instrumentação de controle, etc. Se optar também podem ser construídas turbinas para geração de energia para uso próprio e, também, vender a rede de distribuição local. Afora a produção de máquinas (tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques) usadas em sua cadeia de produção/transporte.
Então, como uma das ações de desenvolvimento, deve-se buscar a integração destes atividades, visando através da produção de commodities fortalecer a indústria nacional que deveria produzir todos os meios e ferramentas utilizadas na cadeia de produção delas. Ademais, também deve incentivar o setor de commodities para que agreguem mais valor a seus produtos. Por exemplo ao invés de só exportar o minério de ferro bruto e soja em grãos, deve-se criar mecanismos para que se implantem plantas de esmagamento de soja e se exporter oleo e derivados e usinas de pelotização para o minério de ferro. Já houve tratamento assim para o couro cru, em que foi taxado sua exportação, para incentivar a produção de couro acabado e calçados.
Entretanto, como dito anteriormente, isso não é em detrimento daqueles setores industrias com baixo desenvolvimento. Para isso, como disse o Arthur, deve haver políticas industriais de estimulo a esses para aperfeiçoar o desenvolvimento da economia. Tempo atrás se divulgou uma intenção de se estabeler tais políticas para os setores de microeletrônica, farmácos e quimica. A escolha foi devido ao défict que esses produziam na balança comercial. Não sei se vingaram essas políticas ou adormeceram numa gaveta, mas pelo menos há/houve uma tentativa de incrementar o parque industrial.
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Exatamente, não se deve fazer como os Governo Militares, mas também nada de politica de abertura total, é necessário uma política seletiva, buscando integração, justiça social e melhor produtividade.
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