Juliano Lisboa escreveu:Alcantara escreveu:
Exatamente.
Se duas aeronaves diferentes estiverem carregando uma carga semelhante (por exemplo, 4 mísseis BVR e 2 WVR), isso não significa que a interação das ondas eletro-magnéticas (sinal de radar) entre esta carga e a fuselagem gerará o mesmo RCS.
Eu acredito que devemos pensar em um
"fator de indiscrição", ou seja, um multiplicador que
piora o indice RCS de cada aeronave ("suja" o RCS). Exemplo: se o indice de indiscrição para 4 BVR + 2 WVR for igual a 10, deveríamos pegar o RCS de cada caça e multiplicar por esse valor e, então, veríamos o nível de piora na furtividade. Isso, claro, é uma analogia aos cálculos muito mais elaborados do mundo real.
Entre duas aeronaves de índices RCS muito diferentes, sem sombra de dúvida a que tiver o menor RCS "limpa" terá também menor RCS resultante do "fator de indiscrição" causado pelas armas.
Aqui um estudo de RCS de aviões, bombas e misseis.
http://forum.keypublishing.com/showthre ... er-missile
Interessante estudo do Keypublishing,
Obviamente não há como comprovar que de fato esses números estão corretos, mas é sem dúvida interessante.
Aqui uma explicação científica um pouco melhor.
http://www.globalsecurity.org/military/ ... ft-rcs.htm
Quanto ao 'tamanho' da aeronave x proporcionalidade do RCS, infelizmente a coisa não é bem assim.
Por exemplo:
Um Typhoon com AMRAAM (ou Meteor) semi camuflados na fuselagem (4 deles) x 2 ASRAAM terá necessariamente maior RCS do que um Gripen com 4 Meteor projetados para fora da asa (cabides e tudo mais) e 2 mísseis de curto alcance na ponta da asa?
O que acontece com RCS é que ele é resultante da "colaboração" de todos os elementos presentes na aeronave que refletem ondas de radar.
A coisa tem proporções exponenciais quando dois ou mais desses 'reflexos' de radar colidem.
A grosso modo o feixe de radar move em ondas, ou seja, a grosso modo quando o feixe de radar atinge uma superfície ele tem 3 opções:
Refletir de volta
"Ser absorvido" (material "RAM").
Refletir em outra direção
Refletir de volta.
Caso simples - configuração limpa da aeronave... aeronave "pelada" sem nada.
É óbvio. Bateu, voltou... em uma configuração 'limpa' estaremos gerando o RCS "padrão" da aeronave. O que muitas vezes vemos nas propagandas e folhetos e Powerpoints da vida e o que ajuda a causar uma enorme confusão.
Sim... nesse caso aeronaves menores tem uma chance maior de ter RCS menores sem dúvida.
Caso complexo - diferentes perfis de missão...
Aqui é a onde a coisa complica e pode embolar com o conceito de "Refletir em outra direção".
Vamos lá...
A grosso modo ondas de radar são como ondas do mar atingindo um objeto na praia. Dependendo dos objetos que tais ondas encontram ele pode refletir e bater em outra superfície aumentando o seu retorno e criando ondas 'secundárias'. Ou seja, mesmo em uma aeronave 'pequena' (e as vezes nesse caso pode ser até pior) quando a onda de radar bate nos seus mísseis, bombas, pods, tanques, cabides, etc, existe um retorno. Se uma "onda" que iria ser refletida em outra direção "colide" com um outro objeto, um retorno não presente anteriormente pode ocorrer.
Talvez seja até mais fraco (depende de mais variáveis) que um retorno direto sem dúvidas, mas dependendo da distância e do instrumento utilizado para medição, tal retorno pode ser "percebido" e consequentemente aumentando o "RCS" da aeronave atingida pelo radar do adversário.
Ou seja... tamanho de maneira alguma é 'documento' no mundo do RCS.
Existem experimentos simples que você pode fazer em casa com água de um lado e mover a água em 'ondas' contra um objeto com diferentes perfis (cargas).
Outro experimento mais óbvio é cobrir um objeto com areia na sua parte frontal... dependendo da quantidade de água em forma de ondas que você mover (potencia / pulso do radar), tal colisão irá 'limpar' mais e mais áreas do objeto. Oscilando a potencia das ondas e a sua frequência, superficies que não estavam sendo 'limpas' anteriormente acabam sendo limpas. O experimento sempre tem que ter a água em um declive, assim quando você empurrá-la, a quantidade de 'areia' que irá retornar ao seu ponto inicial seria 'em tese' e a super grosso modo, seria a reflexão do seu radar. Quanto mais forte as ondas... mais chances de você 'limpar' o objeto de impacto.
Quem tiver oportunidade de brincar com isso e modelos, vai achar a super grosso modo resultados interessantes. Tipo quantidade de areia que retorna/quantidade de areia no meio do caminho, quantidade de areia que vai em outras direções, etc.
"Ser absorvido"
Aqui fazemos o uso de materiais absorventes de ondas de radar (RAM). Normalmente tais materiais são aplicados à superficies com grande reflexo estimado do RCS.
Mesmo nesse caso, a história de vários cabides e dependendo dos seus ângulos e o que é carregado também afeta a quantidade de 'ondas' que são absorvidas e refletidas... ou seja... talvez um reflexo menor por conta do RAM, mas dependendo do emissor e seu equipamento utilizado, pode ser o suficiente para atrair a sua atenção.
No experimento com água... RAM é fazer uso de um "papel absorvente"... não absorve tudo, mas ajuda.
Refletir em outra direção:
Aqui novamente o bicho pega porque toda aeronave vai 'dispersar' um número de ondas em direções diferentes e dependendo do que a aeronave está carregando alguns desses reflexos podem ser de retorno ao emissor (dependendo do ambiente e sua sensibilidade).
Isso tudo dito aí ainda tem outras variáveis que são condições atmosféricas, altitude, ângulo de impacto das ondas de radar. E é por isso que muita gente cita a tal da "RCS" frontal para propósito de debate (mais raro na prática) que é algo na prática não tão fácil assim de acontecer.
A coisa é tão séria que como citei a alguns dias atrás, as aeronaves de 5 geração hoje em serviço (F-22 e F-35) apesar de contarem com uso extensor de RAM e superficies que "refletem" ondas em outras direções não são mais consideradas furtivas quando utilizam armamento externo, tanques e sensores.
O F-22 nesse quesito tem até equipamentos específicos que mascara a sua falta de assinatura de radar e a aumentam para que ele pareça uma aeronave 'normal'.
Bom... Se aeronaves que foram projetadas para serem discretas, apresentam sérios desafios em termos de RCS quando levam armamentos externos. O que diria aeronaves de 4 geração?
O fato delas levarem armamentos internos é plenamente justifícavel e não é a toa que isso acontece. Esses elementos contribuem gigantemente para o aumento do RCS e para piorar o tamanho da aeroanve é uma variável importante no que diz respeito ao RCS, mas pode ser totalmente afetado pelas cargas levadas pela aeronave (além de outras variáveis).
Enfim... desculpem pelo longo post... tem mais sobre o assunto que dá para falar por dias e dias e dias e dias, mas isso é o que dá para dizer aqui de maneira relativamente simples.
[]s
CB_Lima